terça-feira, 26 de julho de 2016

Diga não ao golpe

A vocação suicida da elite

POR FERNANDO BRITO · 26/07/2016


A natureza colonial de nossa elite, antes de significar a adesão à metrópole, implica a renúncia à ideia de ter um destino próprio. Ela não se vê e não se quer como parte – privilegiada que seja – de uma nação, para o que é necessário compreender pertencer a um povo.

Num rabisco sociológico, não tem sentimentos de pertença – de ligação natural, de mesmo heterogênea, fazer parte de uma coletividade nacional. O prior, ainda seguindo este esboço, é que esta elite serve como referência para um grupo imensamente – e ponha imensamente num país com o grau de urbanização e o tamanho do Brasil – que a elas imita, porque a ele quer e crê pertencer.

Duro, mas preciso, o artigo da jornalista Eleonora de Lucena, na Folha de hoje, é um retrato agudo do comportamento desta elite, que não é apenas suicida, porque mata, ou tenta matar ao longo da história, a vocação do Brasil para ser uma das grandes – e certamente a de mais “biodiversidade” humana – nações deste planeta.

Escracho

Eleonora de Lucena*, na Folha

A elite brasileira está dando um tiro no pé. Embarca na canoa do retrocesso social, dá as mãos a grupos fossilizados de oligarquias regionais, submete-se a interesses externos, abandona qualquer esboço de projeto para o país.

Não é a primeira vez. No século 19, ficou atolada na escravidão, adiando avanços. No século 20, tentou uma contrarrevolução, em 1932, para deter Getúlio Vargas. Derrotada, percebeu mais tarde que havia ganho com as políticas nacionais que impulsionaram a industrialização.

Mesmo assim, articulou golpes. Embalada pela Guerra Fria, aliou-se a estrangeiros, parcelas de militares e a uma classe média mergulhada no obscurantismo. Curtiu o desenvolvimentismo dos militares. Depois, quando o modelo ruiu, entendeu que democracia e inclusão social geram lucros.

Em vários momentos, conseguiu vislumbrar as vantagens de atuar num país com dinamismo e mercado interno vigoroso. Roberto Simonsen foi o expoente de uma era em que a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) não se apequenava.

Os últimos anos de crescimento e ascensão social mostraram ser possível ganhar quando os pobres entram em cena e o país flerta com o desenvolvimento. Foram tempos de grande rentabilidade. A política de juros altos, excrescência mundial, manteve as benesses do rentismo.

Quando, em 2012, foi feito um ensaio tímido para mexer nisso, houve gritaria. O grupo dos beneficiários da bolsa juros partiu para o ataque. O Planalto recuou e se rendeu à lógica do mercado financeiro.

Foi a senha para os defensores do neoliberalismo, aqui e lá fora, reorganizarem forças para preparar a reocupação do território. Encontraram a esquerda dividida, acomodada e na defensiva por causa dos escândalos. Apesar disso, a direita perdeu de novo no voto.

Conseguiu, todavia, atrair o centro, catalisando o medo que a recessão espalhou pela sociedade. Quando a maré virou, pelos erros do governo e pela persistência de oito anos da crise capitalista, os empresários pularam do barco governista, que os acolhera com subsídios, incentivos, desonerações. Os que poderiam ficar foram alvos da sanha curitibana. Acuada, nenhuma voz burguesa defendeu o governo.

O impeachment trouxe a galope e sem filtro a velha pauta ultraconservadora e entreguista, perseguida nos anos FHC e derrotada nas últimas quatro eleições. Privatizações, cortes profundos em educação e saúde, desmanche de conquistas trabalhistas, ataque a direitos.

O objetivo é elevar a extração de mais valia, esmagar os pobres, derrubar empresas nacionais, extinguir ideias de independência. Em suma, transferir riqueza da sociedade para poucos, numa regressão fulminante. Previdência, Petrobras, SUS, tudo é implodido com a conversa de que não há dinheiro. Para os juros, contudo, sempre há.

Com instituições esfarrapadas, o Brasil está à beira do abismo. O empresariado parece não perceber que a destruição do país é prejudicial a ele mesmo. Sem líderes, deixa-se levar pela miragem da lógica mundial financista e imediatista, que detesta a democracia.

Amargando uma derrota histórica, a esquerda precisa se reinventar, superar divisões, construir um projeto nacional e encontrar liderança à altura do momento.

A novidade vem da energia das ruas, das ocupações, dos gritos de “Fora, Temer!”. Não vai ser um passeio a retirada de direitos e de perspectiva de futuro. Milhões saborearam um naco de vida melhor. Nem a “teologia da prosperidade” talvez segure o rojão. A velha luta de classes está escrachada nas esquinas.

*Eleonora de Lucena é repórter especial da Folha e foi Editora-executiva do jornal de 2000 a 2010



Fonte: TIJOLAÇO

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Roberto Requião
Dia 31 vamos as ruas dizer que o Brasil é dos brasileiros, não é dos banqueiros, nem dos interesses geopolíticos de outros países. Soberania

Emir Sader
Stédile: “Se não aceitarem Dilma de volta, vamos parar este País”



Carta Maior
Em Aracaju, Dilma convoca a resistência para dia 31: 'A força do povo brasileiro é o mais forte argumento que temos para colocar na mesa'



  1. Pesquisa Ipsos também mostra que apoio ao impeachment de Dilma cai. De 61% em março para 48% hoje 



  2. Paulo Nogueira Jr: 'A percepção (no mundo) é que a renda está se concentrando, que as elites não são confiáveis (daí) Brexit, Trump, etc

    Dia 31/07 de qual lado você está? Confirme presença no evento: http://bit.ly/29T9do9 #ForaTemer


Fonte: CARTA MAIOR
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BBC: pesquisa da Ipsos mostra o contrário do Datafolha. Cai apoio ao impechment, eleição é a saída

POR FERNANDO BRITO · 26/07/2016



Só 16% dos brasileiros querem que Michel Temer permaneça até o final do atual mandato presidencial.

Um número completamente diferente do que alegou a Folha ao exibir a pesquisa Datafolha, há dez dias.

É isso o que aponta o Ipsos, uma consultoria que faz pesquisas em toda a América Latina, publicada hoje pela BBC e pelo Valor, este exclusivo para assinantes.

52% querem a convocação de nova eleição presidencial, seja convocada por Temer (38%) ou por Dilma (14%). 20% querem a volta de Dilma até a conclusão de seu mandato e só 16% querem que Temer fique até 2018, restando 12% que não sabem ou não quiseram responder.



É esta “pequena diferença”, que a Folha descreve como “sem interesse jornalístico” que torna escandalosa a fraude jornalística cometida contra seus leitores.

Fraude, não erro, porque o dado estava disponível para os editores – ou diretores – do jornal, embora tivessem ficado ocultos na versão divulgada do questionário, como denunciou The Intercerpt e este blog teve a felicidade de encontrar.

Para que não haja dúvida do que a Folha achou que era “jornalístico”, reproduzo ao lado a miniatura de sua manchete do domingo, 17 de julho.

Há mais na pesquisa.

O apoio ao impeachment de Dilma perdeu a maioria absoluta que registrava até a pesquisa anterior da Ipsos: agora são 48% que o desejam (11% a menos do que em abril, quando a Câmara autorizou o início do processo) e 34% que são contrários.

Mais dados, do site da BBC:

“Quanto a avaliação pessoal de Temer e Dilma, a rejeição a ambos permanece bastante elevada.

De acordo com o levantamento, entre junho e julho, a porcentagem de pessoas que desaprovava totalmente ou um pouco o interino recuou de 70% para 68%. Para a petista, o indicador recuou de 75% para 71%. A aprovação de Dilma, por sua vez, foi de 20% para 25%. E a de Temer ficou estável em 19%.

Os resultados, em geral, indicam que o apoio à Dilma é maior no Nordeste e entre pessoas de menor renda e escolaridade. Temer tem mais aprovação nas demais regiões do país e entre os mais ricos e com mais anos de estudos.”

A aprovação a Temer, estimada pela Folha em 14%, fica, segundo o Ipsos, na metade: 7%.

Fonte: TIJOLAÇO
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Um golpe misógino, elitista e midiático, que tem o apoio de uma classe média semi-culta, semi- informada e alienada que acredita pertencer a uma casta superior. Uma legião de midiotas que circula diariamente pelas catedrais de consumo a procura de capas de livro para decoração de estantes em uma verdadeira procissão de embotados, zumbis chiques, reféns de folhetins midiáticos decadentes, pessoas carentes de mentiras sinceras.

Um golpe que, se consolidado, mergulhará o país em um caos social e ainda se estenderá por toda a America latina.

Uma elite suicida, assim como em atos de terrorismo, causará sofrimento em grande parte da população brasileira.

Em um momento de radicalização mundial, o golpe significa o assassinato do futuro, um retrocesso de décadas.

Impedir o golpe é tarefa diária e, assim sendo, o escracho, as ocupações e manifestações nas ruas devem se intensificar nos próximos dias, aproveitando a vitrine dos jogos olímpicos.

Dia 31, um domingo que não será apenas mais um domingo - onde o auge da idiotice toma conta da grande mídia e invade a solidão das pessoas das grandes cidades - uma grande manifestação vai acontecer nas ruas das principais cidades brasileiras em defesa da democracia e contra o golpe do retrocesso, elitista, misógino, midiático, anti-democrático.

O Brasil não é um sistema financeiro.

O Brasil é um conjunto de pessoas que ocupa um território bem definido, e que tem necessidades reais, evolutivas.


A Ipsos é uma empresa francesa de pesquisas, que atua em 80 países, e financiou a própria enquete cujo resultado escancarou a rejeição ao golpe. Pesquisa Ipsos: 89% consideram que o Brasil está no rumo errado; gestão Temer tem 7 vezes mais desaprovação que aprovação. E aí Datagolpe?

Fonte: CARTA MAIOR

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Curtas - 25.07.2016

'A tendência geral é de radicalização de todo mundo' (relatório da Europol, serviço de polícia da UE).

Fonte: CARTA MAIOR
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Atletas russos encontram obstáculos fora do comum a caminho do pódio

Fonte: DIÁRIO DA RUSSIA
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Fonte: CARTA MAIOR
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ALERTA: TRÊS MIL PESSOAS MORRERAM EM 2016 TENTANDO CHEGAR NA EUROPA

Cerca de 3 mil pessoas morreram este ano tentando entrar na Europa pelo Mar Mediterrâneo, segundo a OIM (Organização Internacional para as Migrações). Pelo terceiro ano consecutivo, o número de mortes de imigrantes e refugiados ultrapassa 3 mil.
Fonte: IG
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O golpe acabou com os jogos



    Fonte: Redes Sociais
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    Al-Qaeda exorta a sequestro de cidadãos ocidentais e atentados nas Olimpíadas no Rio



© East News/ Pacific Press
08:49 25.07.2016URL curta
062810

O atual líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, teria pedido aos seus companheiros que sequestrassem pessoas do Ocidente para trocá-los por jihadistas presos até que o último muçulmano preso seja libertado.

O apelo foi feito em uma entrevista de áudio com o chefe do grupo terrorista, postada na Internet, informou o SITE Intelligence Group.

"Na gravação al-Zawahiri exorta à luta contra "os cruzados, traidores e inimigos do Islã", luta que ele pretende lançar tomando reféns nos países ocidentais. Ele sugere trocar ocidentais capturados por jihadistas mantidos em prisões dos "ateístas" até que o último homem muçulmano aprisionado e a última muçulmana aprisionada sejam libertados".

© AFP 2016/ EVARISTO SA
Itamaraty confirma presença de 45 chefes de Estado e de Governo na abertura das Olimpíadas

Não é pela primeira vez que Al-Zawahiri, envolvido na organização de vários atentados terroristas por todo o mundo, inclusive o 9/11, apela a sequestros de pessoas. Em 2012 ele chamou os jihadistas a tomarem como reféns turistas ocidentais nos países muçulmanos.

Segundo as informações, o líder do grupo terrorista, que atualmente está foragido dos serviços de segurança ocidentais, poderá se esconder em uma base do Talibã na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão.

Ainda não se sabe se a recente gravação é verdadeira.

Na quarta-feira o site The Foreign Desk informou sobre diretivas aos islamistas para realizar ataques durante os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, emitidas por um grupo afiliado da Al-Qaeda. De acordo com as instruções que apareceram na mídia social, os alvos prioritários dos jihadistas seriam atletas britânicos, americanos, franceses e israelenses, bem como espectadores e hóspedes de alto nível, tais como chefes de Estado dos países ocidentais.

"Um pequeno ataque à faca contra americanos/israelenses nestes locais terá um efeito maior na mídia do que quaisquer ataques em outros lugares", indica uma das mensagens citadas pelo site The Foreign Desk.



ROGÉRIO SANTANA/GERJ
Preso último suspeito de planejar ataque nos Jogos Olímpicos 2016"Entre os meios de realização de ataques é indicado o veneno, explosivos e armas de fogo que podem ser adquiridas facilmente nas "favelas" brasileiras. Também segundo tais diretivas, as bombas podem ser facilmente instaladas em drones e direcionadas contra multidões".

No último dia, as forças de segurança brasileiras prenderam dez suspeitos de planejar ataques durante as Olimpíadas

Fonte: DIÁRIO DA RUSSIA
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E o esporte como via pública de inclusão social ?

Manifestantes foram as ruas protestar contra os Jogos Olímpicos na passagem da tocha por São Paulo, na Av. Paulista



Fonte: CARTA MAIOR
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Tentativas de apagar a tocha olímpica refletem cansaço com evento das corporações

24 de julho de 2016 às 15h03

Em Cascavel foi com extintor; em Jundiaí com Coca-Cola litro


Sem Clima para os Jogos: a Pálida Chama Olímpica da Rio 2016

Adriano de Freixo e Thiago Rodrigues*

Nas últimas semanas, a tocha olímpica tem percorrido inúmeras cidades brasileiras sob o patrocínio do principal grupo de mídia do país, do maior banco privado nacional, de uma montadora de automóveis japonesa e da mais famosa multinacional de refrigerantes.

Neste percurso por terras brasileiras do símbolo que pretensamente representaria o espírito olímpico, o que tem chamado atenção – mais até do que própria tocha – são as inúmeras tentativas de apagá-lo em diversos pontos do Brasil.

Longe de ser algo inédito – pois atos similares já ocorreram anteriormente em outros países-sede – ou de ser uma demonstração da proverbial iconoclastia brasileira, tais protestos têm que ser entendidos no contexto da crescente reação global à forma como os megaventos esportivos são organizados, assim como às entidades que os organizam, como o COI e a FIFA.

Esses organismos esportivos traduzem seu imenso poderio econômico – visto que o esporte é um negócio cada vez mais lucrativo que se configura em milionárias verbas publicitárias e/ou decorrentes das vendas dos direitos de transmissão dos eventos – em grande influência política, possibilitando, inclusive, sua ingerência em questões internas dos países e/ou cidades que sediam os eventos por eles organizados, conseguindo, por exemplo, alterar legislações nacionais para remover entraves legais à realização dessas competições.

Em 2013 e 2014, tal reação já se manifestou como um dos pontos da agenda dos diversos protestos de rua ocorridos no Brasil, em que apareceram com destaque as críticas aos altos gastos para a realização dos grandes eventos esportivos (Copa do Mundo e Olimpíadas) e o descontentamento com a ingerência da FIFA e do COI visando o atendimento de suas exigências pelo governo brasileiro.

Questionamentos similares também aconteceram em outras partes do mundo. Recentemente, os cidadãos de Viena, na Áustria, se opuseram através de um referendo a que a cidade se candidatasse a sediar os jogos olímpicos de 2028, por avaliarem que os altos custos do evento, por conta das exigências do COI, não compensariam os eventuais benefícios gerados por ele.

Na mesma direção, o parlamento sueco recusou a possibilidade de que Estocolmo se candidatasse a sediar os jogos de 2022, por avaliar que a cidade tem questões mais importantes a cuidar, uma vez que eventuais prejuízos teriam que ser cobertos com dinheiro público.

Tais reações negativas da cidadania dos países democráticos têm levado as duas grandes organizações esportivas internacionais a preferirem que seus grandes eventos aconteçam em países com regimes mais fechados, como a China, a Rússia ou Catar, onde o controle estatal restringe as manifestações contrárias por parte da opinião pública, e as mudanças legais enfrentam menos resistência parlamentar; ou em países chamados “emergentes” como o Brasil, ansiosos por maior projeção internacional e com instituições “democráticas” significativamente permissíveis ao poder corruptor dos interesses econômicos mobilizados pelos “megaeventos”.

No Brasil de 2016, as Olimpíadas, até agora, parecem ter empolgado somente os jornalistas e comentaristas esportivos dos canais abertos e fechados pertencentes ao principal oligopólio midiático nacional. Em meio a uma intensa crise política e econômica, a população, de modo geral, não tem demonstrado muito entusiasmo pelos jogos, apesar dos esforços de seus patrocinadores em promovê-los.

No Rio de Janeiro, a cidade-sede, a crise nacional se mistura com a crise local e o prometido “legado olímpico” é questionado e visto com desconfiança por amplos setores da sociedade. Anos de obras públicas, transtornos no já caótico trânsito carioca e promessas de novas alternativas no transporte público, redundaram em construções mal-acabadas ou entregues parcialmente.

Além disso, a edificação de unidades desportivas e da infraestrutura para as delegações esportivas levou ao truculento despejo de centenas de famílias vivendo no entorno do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca e à gentrificação do centro do Rio de Janeiro travestida de “revitalização urbana”.

As denúncias de superfaturamento e do envolvimento entre empreiteiras e políticos, soma-se à insatisfação geral causada pela falência financeira do estado do Rio de Janeiro. A ajuda financeira emergencial enviada pelo governo interino federal foi condicionada às obras tidas como “fundamentais” para a realização das Olimpíadas – e não aos projetos completos – e à segurança dos Jogos, enquanto os serviços fundamentais aos cidadãos estão comprometidos – a agonia de uma das maiores e mais tradicionais universidades públicas do país, a UERJ, é um bom exemplo disto – e os salários dos servidores estaduais atrasados.

No campo da segurança pública, a chegada de tropas da Força Nacional, do Exército da Marinha mudou a rotina da Zona Oeste, cercou favelas e expôs exercícios militares voltados à contenção de manifestações e eventuais “ataques terroristas”.

A Lei sobre Terrorismo, aprovada em tempo recorde em dezembro de 2015, e sancionada em março de 2016, é ambígua o suficiente para afirmar que não visa criminalizar movimentos sociais enquanto define como “atos de terrorismo”, além das ações contra infraestrutura estatal, “sabotar o funcionamento (…) de instituições bancárias e sua rede de atendimento” (Lei 13.260/16, Art. 2, § 2º, IV).

Lembrando das Jornadas de Junho de 2013, e de como bancos foram alvo das manifestações, fica aberto o espaço nebuloso para que protestos possam ser, não apenas “criminalizados”, mas efetivamente securitizados em tempos de golpe conservador.

Além disso, a penúria estadual somada às reiteradas denúncias do fracasso do programa das UPPs, num contexto de volta dos confrontos entre traficantes e policiais nas “comunidades pacificadas”, pode deixar uma brecha para que o “estado de calamidade” de hoje no Rio, se transforme, em “estado de emergência” e as tropas fiquem.

Assim, nesse quadro, a tocha, longe de representar o espírito olímpico, passou a ser vista, por parte de setores expressivos da nossa sociedade, de forma explícita ou não, como o símbolo de um conjunto de frustrações e de expectativas não atendidas. Ela parece muito mais associada aos interesses das grandes corporações e a uma entidade perdulária, invasiva e envolvida em transações nebulosas, do que aos chamados “ideais olímpicos” preconizados pelo Barão de Coubertin.

Desse modo, a personagem principal que prepara o clima para cada Olimpíada percorre o Brasil sem clima nenhum para recebê-la. A alegria forçada dos apresentadores de TV não é suficiente para dar fôlego à brasa morna dos Jogos no Rio de Janeiro. E coroando tudo isso, segue o odor fétido e o lixo flutuante de uma Baía de Guanabara que seria despoluída para a Olimpíada, mas não foi.


*Professores do Departamento de Estudos Estratégicos e Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense – UFF e Coordenadores do Laboratório de Estudos sobre a Política Externa Brasileira – LEPEB/UFF.


Fonte: VIOMUNDO
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A Vila Olímpica está um lixo, mas para a Globo o que vale são seus funcionários levando a tocha. 
Postado em 24 Jul 2016
por : Kiko Nogueira


Sandra Annenberg não gostou de ser chamada de “fofa” por Bonner

No domingo, 24, correu o mundo a notícia de que a delegação australiana se recusou a se hospedar na Vila Olímpica.

Os atletas chegaram no sábado e encontraram um pequeno Vietnã. O site The Age deu o comunicado dos australianos ao COI, em que as queixas vão de fios elétricos descobertos a banheiros bloqueados e escadarias sem luz.

Torneiras foram abertas e descargas foram dadas simultaneamente, à guisa de “teste de stress”. Água escorreu das paredes acompanhada de um forte odor de gás.

A resposta de Eduardo Paes foi 100% brasileira. A nossa vila, garante ele, “é mais bonita que a de Sydney”. Que beleza, temos Carnaval, temos um Fusca e um violão, sou Flamengo, tenho uma nega chamada Teresa etc etc.

Naquele mesmo domingo, uma outra Olimpíada, impecavelmente organizada, estava sendo desenhada na Globo.

O Esporte Espetacular, principal programa da área na emissora, não deu absolutamente nada sobre o vexame. Jornalistas e apresentadores se dedicaram a cantar as maravilhas da passagem da tocha olímpica pela cidade cenográfica.

Regis Rösing, Cleyton Conservani e mais uma uma moça que berra muito narravam como 2 500 manés eram privilegiados de arrastar seus corpinhos suados naquele território mágico.

Foram 5 quilômetros em que não faltaram efeitos especiais, como um carro atirado para o alto, pegando “de surpresa” o coitado do repórter que fingia estar trabalhando a sério.

Haverá duas versões da Rio 2016: a da Globo e a real. O grupo se apropria dos Jogos como faz com o futebol, a Fórmula 1, o cinema ou a política. Não há grande negócio que não passe pela Globo. O que você pensa que é público, na verdade, tem dono.

Acabam acontecendo situações surreais e a ridícula prova no Projac não é a única delas.

Funcionários globais foram escalados para carregar a tocha. Sandra Annenberg foi apenas a mais patética. Também fizeram parte da festa Glenda Kozlowski, Isabela Scalabrini, Marcos Uchoa, elencos inteiros de novelas. Galvão Bueno, se não foi ainda, irá.

O colunista de TV Flávio Ricco estranhou em sua coluna no Uol: “entende-se que os [contratados] da Band e Record, que também têm os direitos de transmissão, não estão bem preparados fisicamente”.

Recentemente, o ator Henri Castelli esteve no programa de Fátima Bernardes. O assistente de Fátima, um humorista sem graça chamado Felipe Andreoli, apareceu carregando o fogo olímpico com a mulher dele, Rafa Brites.

Fátima falava da cena animadíssima, até que Henri lhe chamou a atenção.

— Mas ele é de Barretos?, perguntou Henri.

— Acredito que não, respondeu ela.

— Por que ele está conduzindo a tocha, então?

— Eu vou conduzir na sexta-feira da próxima semana, dia 29, falou Fátima, desconcertada. Eu escolhi uma cidade próxima do Rio muito por conta das gravações. Mas ele… Eu vou ficar devendo pra você, mas tenho certeza que alguém da produção já deve estar ligando. A gente vai ter a informação. Se não for hoje, mando a resposta amanhã.

Desnecessário dizer que a explicação nunca viu a luz do sol. Fátima e os demais paus mandados não têm ideia clara de por que estão fazendo essa palhaçada.

Que tipo de acerto é esse com o Comitê Olímpico? Qual o protocolo? Qual o critério? Há cachê para os corredores da Globo? O lutador de MMA Lyoto Machida, por exemplo, ganhou 21 mil reais do governo do Pará. O sujeito que apresenta o Jornal Hoje pagou mico de graça? É medo de perder o emprego? É pela pátria? É pela tartaruga do Doutor Roberto Marinho?

Jamais saberemos. A Rio 2016 já está mergulhada na confusão entre jornalismo e entretenimento em que a Globo é especialista. O duro é que nem obrigando os empregados mais ou menos famosos a atuar nesse teatro a coisa empolga.

Metade dos brasileiros não concorda com a realização e 63% acham que haverá mais prejuízos que benefícios com os Jogos, segundo o Datafolha.

E ninguém contava com o auxílio luxuoso do ministro Alexandre de Moraes, uma das cabeças mais brilhantes de sua geração, e sua engenhosa guerra ao terror.


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      A tocha olímpica deveria ser levada por cidadãos locais comprometidos com o desenvolvimento do esporte como via pública de inclusão, só que não, fizeram a desonra da chama olímpica grandes empresários e pseudo jornalistas/celebridades.


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      Funcionários da Globo vivendo numa bolha, que patético. Que esteja aí a oportunidade de bilhões de seres humanos verem o golpe que está em curso no Brasil.


      Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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      Encontros Cariocas - 6 Domingo


      Encontros Cariocas - 6   Domingo


      Era Apenas mais um Domingo

      Era um dia de domingo, como um domingo qualquer, repetitivo, sem novidade, com uma certa atmosfera melancólica comum aos domingos.

      O silêncio no prédio onde morava, também indicava que era um dia de domingo. Um prédio de oito andares, um apartamento por andar, tranquilo, com moradores educados, cultos, que mantinham uma excelente convivência. Algo raro, mas real. Morava no primeiro andar.

      Na sexta-feira que antecedeu o domingo comum, repetitivo, com atmosfera melancólica, aconteceu uma reunião de condomínio onde todos os moradores participaram. Como sempre acontece nas reuniões , o clima foi excelente, repetitivo, sem novidades, onde o respeito a opinião balizava o encontro. Nada de novo em um condomínio bem administrado, habitado por pessoas cultas, elegantes, e bem educadas. Também, como sempre acontecia ao final das reuniões de condomínio, um clima de descontração tomava conta do lugar, com conversas amenas, sem polêmicas, temas leves, lúdicos e que sempre, como em todas as vezes no repetitivo e previsível condomínio, terminava o encontro falando-se sobre comida, receitas, pratos especiais, onde era permitido um mínimo de indiscrição, como por exemplo referências ao aroma agradável que as cozinhas de alguns apartamentos exalavam por todo o condomínio. Em um momento máximo de indiscrição, que para aquelas pessoas seria uma deselegância impensável, foi dito por um dos presentes que os aromas das cozinhas eram um convite, mais do que um convite, uma sedução dos sentidos, para que pelo menos todos os moradores pudessem se dirigir ao local. Como todos os moradores eram pessoas finas e muito educadas, houve um consenso de que ninguém se importaria caso os demais desejassem conhecer as delícias forjadas em um processo que para todos flertava com a magia, a alquimia dos alimentos. Com esse consenso determinando o final da reunião, todos se retiraram para suas casas, e como sempre acontecia ao final, cumprimentos, sorrisos e votos de felicidade.

      Ao chegar em casa, depois de mais uma reunião repetitiva, algo chamou pela minha atenção, já que por morar no primeiro andar e fazer minhas refeições em casa, diariamente, forjando meus alimentos ao fogo, a probabilidade de que meus alimentos fossem os responsáveis pelos comentários, era alta.

      Foi então que naquele domingo, igual a todos os domingos, tive um ideia para atiçar os sentidos de meus educados e previsíveis vizinhos. Resolvi que faria, como de fato fiz, um prato que produzisse um forte e irresistível aroma.

      Fui ao mercado e fiz as compras para, o que de fato foi, o grande prato do domingo. Uma bela peça de maminha de alcatra, batatas inglesas, sal grosso, brócolis e orégano.

      Já em casa temperei lavando a maminha com sal grosso, deixando pedaços de sal envoltos na peça. Em seguida salpiquei bastante orégano, coloquei em bandeja e levei ao forno já aquecido. Em paralelo cozinhei as batatas e o brócolis.

      A medida que a carne cozinhava, um aroma intenso de churrasco e orégano impregnava todo o condomínio. Nesse momento, ao me debruçar na área de serviço de minha casa, ouvi um chamado do vizinho do segundo andar, pedindo mil desculpas pela indiscrição e perguntando se aquele cheirinho fantástico e irresistível vinha de minha casa. Disse que sim e o vizinho logo lembrou do consenso da reunião de dois dias atrás, dizendo que convocaria todos os moradores para comparecer, em conjunto, em minha casa para conhecer o prato.

      Respondi que ficassem a vontade, que viessem imediatamente e que até mesmo pudessem degustar .

      Passados alguns minutos, estavam todos lá, na sala de minha casa.

      Preparei o prato em uma grande baixela de porcelana, colocando a peça de maminha ao centro e o brócolis e as batatas em posições opostas, próximo das extremidades. Reguei as batatas e o brócolis com azeite extra virgem.

      Levei a baixela para a mesa de jantar, bem próxima de um grande janela que dava vista para a rua. Pedi, educadamente, para que todos se aproximassem da mesa, enquanto fatiava a carne. Era apenas mais um domingo, igual a todos os monótonos domingos, no condomínio repetitivo e previsível da classe média burguesa.

      Fatiei a carne e ofereci aos presentes. Como eram pessoas muito educadas, todos disseram que não iriam aceitar, pois estavam apenas ali para conhecer minha cozinha. Já sabia, de antemão, que meus educadíssimos e elegantes vizinhos não estavam ali para fazer uma boquinha, Insisti mais uma vez que aceitassem, mas como previsto e previsível, todos agradeceram e não provaram. Por outro lado, percebi que alguns estavam com suas bocas cheias d'água.

      Foi então que comecei a arremessar a carne. as batatas e o brócolis pela janela, jogando na rua e, ao mesmo tempo dizendo para os meus previsíveis vizinhos que fazia aquilo já que ninguém queria comer.

      Era apenas mais um domingo.

      sexta-feira, 22 de julho de 2016

      114 anos do descobrimento



      Campeão Mundial de Clubes  - 1952

      Tetra Campeão Brasileiro  - 1970, 1984, 2010, 2012

      Campeão da Copa do Brasil - 2007

      Campeão da Primeira Liga  - 2016

      Bicampeão do Rio-São Paulo - 1957 e 1960

      31 vezes campeão carioca  -  1906, 07, 08, 09, 11, 17, 18, 19, 24, 36, 37, 38, 40, 41, 46, 51, 59, 64, 69, 71, 73, 75, 76, 80, 83, 84, 85, 95, 2002, 05, 12

      Muito prazer ! 

      Sou o Fluminense Football Club, mas pode me chamar de Fluminense, Tricolor, Fluzão, Nense, Guerreiro.

      Fui descoberto na cidade do Rio de Janeiro em 21 de julho de 1902.








      Carioca proibido de ficar doente durante os jogos olímpicos

      Pacientes são dispensados de hospitais federais por reserva para Olimpíada

      Pacientes estão sendo dispensados e cirurgias foram desmarcadas em hospitais federais, para dar conta de uma reserva de leitos para a Olimpíada 2016 no Rio de Janeiro.Novos pacientes também não estão sendo atendidos. Vinte leitos foram bloqueados, nas especialidades de ortopedia, cirurgia geral, ginecologia e pediatria.

      Foram contabilizados cerca de 21,5 mil pacientes aguardando cirurgia. As informações são de reportagem daGlobo News.

      Fonte: JORNAL DO BRASIL
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      Povo que "pensa que está doente"



      Fonte: BRASIL DE FATO
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      Tá feia a coisa pro carioca.

      Em tempos de olimpíada do terror, o carioca nem doente pode ficar.

      Nos hospitais federais da cidade maravilha, leitos que antes eram usados para a população, agora estão reservados para vítimas da olimpíada.

      Com o bloqueio dos leitos hospitalares, o carioca, que sempre encontra uma solução para os inúmeros problemas que aparecem, naturalmente se deslocará para as rezadeiras, mães de santo, cirurgias espirituais, raizeiros, pajelanças e outras modalidades não menos relevantes.

      Enquanto isso, na vila olímpica foi inaugurada uma clínica exclusiva para atletas. A clínica oferece o que existe de mais moderno e avançado em equipamentos para exames de raio X, imagens e similares. Algo inédito em jogos olímpicos. A alegação para a estrutura médica é que os atletas sofrem muitas contusões em pés, pernas, joelhos e toda parte de locomoção.

      O carioca, por outro lado, sofre as mesmas contusões diariamente, e em grande quantidade de pessoas, caminhando pelas ruas e calçadas da cidade repletas de obstáculos, buracos, depressões e tudo que se possa imaginar para dificultar a mobilidade das pessoas e, no entanto, as autoridades não estão nem aí para as contusões graves que as pessoas sofrem na selva urbana maravilha.

      Não são apenas os leitos hospitalares. A cidade está bloqueada à população nativa.

      Que passem logo esses jogos e devolvam a cidade para o povo.