terça-feira, 5 de julho de 2016

Justiça seletiva

Cunha continua a levar vida de marajá enquanto Dirceu apodrece na cadeia: que Justiça é essa? 

Postado em 04 Jul 2016
por : Paulo Nogueira
A vida não é justa
Nada mostra tão dramaticamente bem a qualidade da Justiça brasileira quanto os casos comparados de Eduardo Cunha e José Dirceu.

Eduardo Cunha janta nos melhores restaurantes e é recebido pelo interino num palácio enquanto Dirceu apodrece na cadeia.

E no entanto olhe para a biografia de ambos.

Cunha é a mais espetacular vocação de corrupto que já apareceu na política brasileira. As histórias que os delatores contam dele impressionam mesmo pelo padrão nacional de roubalheira.

Nestes dias, soubemos que um operador de Cunha ameaçou incendiar a casa de um delator com os filhos dentro para que ele fechasse a boca.

Repito: incendiar a casa com os filhos dentro.

Onde estamos? Na Chicago dos anos 20?

Soubemos também que Cunha forçou um homem seu na Caixa a assinar uma carta de demissão com a qual o mantinha refém. Este homem informou que Cunha ficava com 80% do dinheiro achacado de empresas que faziam negociatas com a Caixa.

Repito: 80%.

As contas preliminares indicam que Cunha roubou assim 30 milhões de reais. Isso apenas na Caixa.

Tão empenhada em pedalinhos, a Polícia Federal parece absurdamente incapaz de localizar o dinheiro desviado por Cunha. Para isso também Moro, o sabe-tudo, não tem informação nenhuma.

Como Cunha roubou livremente durante décadas, a quanto chegará sua fortuna subterrânea hoje? Tudo que temos de concreto, neste terreno, derivou dos suíços, que mostraram documentos sobre as contas secretas milionárias de Cunha na Suíça.

Cunha é uma aberração porque a Justiça brasileira é uma aberração.

Informações recentes dão conta de que num culto evangélico em Brasília ele disse confiar na “justiça divina”.

Ora, ora, ora.

Se existe Deus, e se há qualquer coisa parecida com justiça divina, Cunha está simplesmente frito. Ele tem é que confiar, sim, na justiça dos homens que compõem o Judiciário nacional.

Sua liberdade é um insulto aos brasileiros. A posteridade cobrará das autoridades de hoje a pusilanimidade, a omissão e a injustiça com que um meliante desta natureza é tratado.

O que será dito do STF, por exemplo? Como os historiadores explicarão que o ministro Teori Zavascki esperou Cunha encerrar o processo de afastamento de Dilma na Câmara, com seus métodos imundos, para só então tomar alguma providência contra ele?

Caro Teori: a vingança da história é terrível. Seus netos e bisnetos não gostarão nem um pouco de saber de seu papel num episódio de tamanha importância na política nacional.

Às vezes me pergunto o que Cunha teria que fazer para ser preso. Matar a sogra? Abrir fogo contra os fieis de uma igreja? Roubar um banco?

Ele parece invulnerável.

É evidente que ele conhece muita coisa indecente sobre muita gente. Ele não roubou sozinho. Teve sempre cúmplices, como seu homem na Caixa.

Imagine o medo de seus comparsas se ele, desesperado, contar o que fez e com quem fez.

Seus sócios nas delinquências são reféns dele. Mas não é possível que todo o Brasil também seja.

Moro, por exemplo: veja o cuidado extremo com que ele cuida do caso da mulher de Cunha. A PF não conseguiu sequer intimá-la a dar esclarecimentos em duas tentativas.

Isso se chama medo. Covardia. Porque Cunha tem poder enorme de retaliação. Cunha sabe muito sobre muita gente poderosa.

E então somos obrigados a vê-lo na vida luxuosa de sempre, falando em justiça divina e outras barbaridades, uma monstruosidade que nos insulta e nos desmoraliza a todos como uma sociedade séria.

Enquanto isso, sob acusações infinitamente mais brandas do que as que pesam contra Cunha, e a maior parte delas sequer provadas, Dirceu vai morrendo na prisão.

A plutocracia forçou isso, e os líderes petistas jamais defenderam Dirceu como deveriam — um dos capítulos mais sombrios, mais repulsivos da história do PT.

Dirceu preso e Cunha solto: nada ilustra mais a ausência absoluta de Justiça no Brasil do que isso.
A vida não é justa

Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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segunda-feira, 4 de julho de 2016

Busões vão entrar na linha

Letreiros de ônibus do município do Rio serão padronizados

Objetivo é facilitar a comunicação com passageiros. Veja como será a padronização nas partes frontal e traseira dos coletivos

Rio - A partir deste mês de julho, todos os ônibus municipais do Rio de Janeiro terão seus letreiros padronizados, com objetivo de facilitar a comunicação com os usuários.

No visor principal, no canto esquerdo, todos os coletivos deverão mostrar a abreviatura de seu tipo de serviço (Troncal, Integrada, Circular, etc) e o número da linha, em uma mensagem fixa. No canto direito, aparecerá o destino principal da linha, sendo trocado na ida e na volta do itinerário.


Padronização do letreiro frontal dos ônibus Foto: Divulgação

Logo abaixo, no segundo painel, no canto esquerdo superior, os ônibus mostrarão os bairros mais importantes (no máximo dois), as principais vias (no máximo duas) ou outras informações operacionais. As mensagens passarão por até dois segundos no painel.

No quarto letreiro, no canto inferior dos ônibus, aparecerá o tipo de parada (BRS) e a tarifa dos coletivos, também com mensagens de dois segundos.

Na parte de trás dos ônibus aparecerá uma mensagem fixa com a abreviatura de seu tipo de serviço (Troncal, Integrada, Circular, etc) e numeral da linha. Nos letreiros laterais, aparecerá a mesma mensagem alternada com o tipo de parada. A padronização é uma determinação da Secretaria Municipal de Transportes.


Padronização do letreiro traseiro dos ônibus
Foto: Padronização - ônibus traseira

Fonte: O DIA
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O carioca está sofrendo com as mudanças nas linhas de ônibus do município.

Primeiro foi a mudança das cores dos veículos.

Por muitas décadas os ônibus da cidade tinham as cores de cada empresa. Somente olhando a cor do veículo em uma parada o carioca já identificava a linha e o destino. Era bem fácil. Além disso, os empresários do setor caprichavam na pintura dos veículos, fazendo dos busões obras de arte em movimento. Alguns interessantes, outros nem tanto. Margaridas em fundo verde eram inconfundíveis. Lá vem o 232, dizia o passageiro no ponto. Alguns mereceram crônicas na grande imprensa, como o laranja mecânica.

Todo na cor laranja, a linha 434 ligava o grajau ao leblon, passando pelo maraca, lapa, praia da glória, praia do flamengo, praia de botafogo, capacabana, ipanema e leblon. Um verdadeiro passeio turístico pela cidade maravilha, recomendado até por algumas agências de viagem e turismo, para turismo barato, mochileiros, estudantes, etc. Na zona sul da cidade o circular era uma referência. As linhas circulavam apenas na zona sul, por mais de uma empresa, mas com uma pintura padronizada em bege, azul e vermelho. Peguei o circular na praia do leblon, corri demais, perdi a condição...era um trecho da música do cantor Ritche. Com o passar dos anos, algumas linhas receberam uma padronização na cor, sempre quando operadas por mais de uma empresa do setor. Foi o caso da linha 461, que ligava,e ainda liga, por via expressa, São Cristóvão a Ipanema e , quando criada, gerou uma grande polêmica. Uma parcela da burguesia reaça de Ipanema tentou inviabilizar o 461, alegando que a linha iria facilitar o acesso de suburbanos e farofeiros à praia de Ipanema. Depois de muita discussão, o 461 venceu, e continua até hoje, e é conhecido como pró-farofa. As cores de cada empresa nos ônibus, certamente facilitavam para o passageiro e ainda deixavam a cidade com mais cor, luz e um certo ar anárquico e caótico bem ao estilo carioca. Infelizmente, para muitos, isso acabou e os busões baixa renda, de duas ou mais portas, que circulam hoje pela cidade são todos na cor cinza com discretas indicações de cores das regiões onde circulam. Até mesmo os frescões, de uma porta, foram padronizados em um azul escuro, algo bem diferente de um passado recente quando com suas cores extravagantes ainda tinham frases nas laterais, como "clima de montanha".

Depois dessa mudança radical nas cores, veio o inferno, que foi e tem sido, a mudança de itinerários e extinção de algumas linhas e, ainda , a criação por parte da prefeitura de uma terminologia ligada ao tipo de serviço, como integrada, circular, troncal, etc...

Dias atrás, enquanto caminhava próximo da região da central do Brasil, no centro da cidade, presenciei o seguinte diálogo entre duas pessoas em um ponto de ônibus;

- aquela linha que ia pra Ipanema acabou ?
- é, eu acho que num tem mais não. num aparece.
- porra, além de acabar com a linha os caras tão colocando no lugar destino esse tal de troncal. Que porra é essa de troncal ?
- também num sei não, é melhor perguntar ao fiscal ali.
- já perguntei e nem ele sabe. falou pra esperar que logo vai encostar um ônibus pra ipanema.


Mais um problema para o carioca. As empresas de ônibus passaram a colocar no lugar do destino da linha palavras como troncal, integrada, circular, parador, direto e, em alguns casos e dependendo da época do ano expressões como feliz natal, bom ano novo, bom dia, etc. Além disso, outros painéis no para brisa e na lateral, produzem uma infinidade de informações que mais causam poluição visual do que produzir informação relevante e objetiva.

Parece que agora a prefeitura vai dar uma organizada nos letreiros dos busões. O carioca agradece em meio a caretice cinza dos busões da cidade.

O equilíbrio cínico de Fernando Henrique

O “mico” de Fernando Henrique na Al Jazeera, agora legendado. E vergonhoso… Assista

POR FERNANDO BRITO · 03/07/2016



A boa alma do Marco Villas Boas conseguiu e colocou em seu canal do Youtube uma versão com legendas em português da vergonhosa entrevista de Fernando Henrique Cardoso ao programa Up Front, da qual falei em post anterior, com cópia apenas em inglês. Assista e veja se não é exatamente o que se descreveu. Para abrir a legenda, clique na engrenagem e escolha “Português”. É imperdível

Fonte: TIJOLAÇO
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Al Jazeera': "Preferiria ter uma nação mais equilibrada para mostrar ao mundo", diz FHC 

Ex-presidente fala a TV do Qatar sobre por que ele apoia o impeachment

Matéria publicada neste domingo (3) na TV Al Jazeera conta que semanas antes dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o Brasil está enfrentando uma grave crise política e econômica.

A reportagem comenta que a presidente suspensa Dilma Rousseff está aguardando uma votação final do seu processo de impeachment em curso sobre as acusações de que ela quebrou as regras orçamentais durante sua campanha de reeleição. Os apoiadores de Dilma, no entanto, dizem que ela é vítima de um golpe.

Al Jazeera Is Brazil's Dilma Rousseff a victim of a coup?



"Este é um crime contra a Constituição. Este é um crime político. É uma falta de responsabilidade", diz Fernando Henrique Cardoso

Em uma entrevista especial, Mehdi Hasan fala ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por que ele apoia o impeachment de Dilma.

"Este é um crime contra a Constituição. Este é um crime político. É uma falta de responsabilidade", diz Cardoso.

O ex-presidente também expressa preocupação sobre a forma como um processo de impeachment de Dilma pode afetar a imagem do Brasil em um momento em que o Rio receberá os Jogos Olímpicos de Verão.

"Eu preferiria ter uma nação mais equilibrada para mostrar ao mundo", diz Cardoso.

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Levante e Democracia Corintiana escracham Globo e Temer no Itaquerão

03 de julho de 2016 às 21h20
Fora Temer 4Fora Temer 2
Faixas e cartazes com mensagens contra o governo interino de Michel Temer foram erguidas neste domingo no jogo entre Flamengo e Corinthians, no estádio Itaquerão, na capital paulista. O ato foi uma articulação entre o Levante Popular da Juventude e o Coletivo Democracia Corintiana

Fonte: VIOMUNDO
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O mico de Fernando Henrique diz muito sobre a velha mídia brasileira nesse momento do processo de impeachment.

Questionado, naturalmente e como deve ser, por um jornalista isento quanto ao processo de impeachment, Fernando Henrique falou, nada disse e correu de um lado para outro na tentativa de atribuir legalidade à um processo ilegal e criminoso.

Jamais o tucano de alta plumagem seria questionado dessa forma por jornalistas da velha mídia brasileira.

Ao término de suas tontas respostas, Fernando Henrique ainda falou em equilíbrio para o Brasil.

Não sei o que anda acontecendo já que nos últimos dias tem se falado muito em equilíbrio. Até mesmo o novo treinador da seleção brasileira de futebol na globo, ontem, em entrevista durante o futebol às 16 horas de domingo, disse que o foco da seleção será o equilíbrio.

Talvez seja uma onda de equilíbrio vindo por aí.

Por outro lado, um ex-presidente que distorce os fatos, defende um golpe ilegal, ainda tem o cinismo de falar que gostaria de mostrar um Brasil mais equilibrado ao mundo por ocasião das olimpíadas.

Fernando Henrique , com suas declarações e cinismo, é a expressão do desequilíbrio moral e intelectual que assola o país , e é lamentável que tudo isso, incluindo o golpe, esteja sendo mostrado ao mundo.

Durante os jogos olímpicos, o mundo não verá um Brasil equilibrado. Verá um Brasil que é um microcosmo de todo o mundo atual.

sábado, 2 de julho de 2016

O menos corrupto

A maior revelação das delações: o PT é o menos corrupto dos grandes partidos.

Postado em 02 Jul 2016 por : Paulo Nogueira

o delator Machado: “Não sobra ninguém no PSDB”


Um esclarecimento, antes de tudo.

Não sou petista. Não tenho vínculo nenhum nenhum com o PT.

É o tipo de aviso que acho detestável, e que abandonei há tempos. Mas neste caso abro uma exceção.

Vamos lá.

As múltiplas delações vão deixando clara uma coisa que não recebeu ainda a devida atenção: ao contrário da narrativa incessante da mídia nestes últimos anos, desde que Lula subiu ao poder, o PT é o partido menos corrupto entre os grandes que estão aí.

Está de fora aí, naturalmente, o pequeno PSOL, um exemplar reduto de integridade e combatividade.

Observe as revelações sobre o PMDB. Numa das últimas delações, surgiu a acusação de que um operador de Eduardo Cunha ameaçou queimar a casa de um delator com os filhos dentro.

De novo: queimar com os filhos dentro.

Não é a primeira vez que delatores narram ameaças físicas associadas a Eduardo Cunha.

Ainda no campo do PMDB, pertencem ao terreno do espanto, também, as delações de Sérgio Machado.

E com Machado vamos ao PSDB, citado por ele. “Fui do PSDB dez anos. Não sobra ninguém”, disse Machado. Mas frase símbolo foi essa: “Todo mundo conhece os esquemas do Aécio”.

Todo mundo não. O público em geral desconhecia as roubalheiras de Aécio, graças à proteção infinita dada a ele pelas empresas jornalísticas.

Um antigo reduto milionário das propinas de Aécio, Furnas, só ganhou os devidos holofotes agora, depois de muitos anos de pilhagem. Delcídio falou em Furnas, Machado falou em Furnas — e a grande imprensa nunca investigou Furnas. Nem ela e muito menos a Polícia Federal.

Aécio virou um campeão de aparições em delações. Consagrou-se como a pior espécie de corrupto: aquele que rouba na sombra e, à luz do sol, faz sermões contra a corrupção.

Virou um morto vivo na política, por isso. Sua ladroagem saiu enfim da escuridão.

Perto do que se sabe agora que ele fez, o aeroporto privado que mandou construir com verba pública perto de sua casa de campo em Minas virou insignificância.

No terreno do PSDB, FHC teve também sua taxa de verdade e de merecidas humilhações nas delações. Ficou claro que o assalto à Petrobras foi enorme em seu governo. O filho de FHC foi citado numa negociata multimilionária na Petrobras.

E Dilma enquanto isso? Nada. De Lula, parece piada neste momento, mas o maior ataque contra ele derivou de pedalinhos.

Um político ligado a FHC, Xico Graziano, alimentou durante muito tempo a fábula de que Lulinha era dono da Friboi. Agora, foram investigar a Friboi no âmbito da Lava Jato e encontraram não Lula, mas Henrique Meirelles, o czar de Temer na economia. Meirelles comandava a Friboi na época em que a empresa é acusada de dar propinas.

E assim, com fatos, se desfaz o mito de que o PT inventou a corrupção no Brasil.

É um efeito colateral, e brutalmente indesejado pela plutocracia, da Lava Jato.


Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO

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Alquimia interior



Fonte; ALMANAQUEIRAS
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sexta-feira, 1 de julho de 2016

Fraude do impeachment e corrupção de Temer



Fonte: CARTA MAIOR
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Fraude do impeachment e corrupção de Temer

Por Glenn Greenwald, no blog The Intercept:

Desde o começo da campanha para impedir a presidente democraticamente eleita, Dilma Rousseff, a principal justificativa era de que ela havia se utilizado do artifício conhecido como “pedaladas” (“peddling”: atraso ilegal de pagamentos aos bancos estatais) para mascarar a dívida pública. Mas nesta semana, enquanto o Senado conduz o julgamento do impeachment, esta acusação foi suprimida: o relatório de peritos do Senado concluiu que“não há indício de ação direta ou indireta de Dilma” em nenhuma destas manobras orçamentárias.


Como colocou a Associated Press: “Auditores independentes contratados pelo Senado brasileiro disseram em relatório divulgado na terça-feira que a presidente suspensa Dilma Rousseff não agiu na modificação da contabilidade de que foi acusada no julgamento de seu impeachment”. Em outras palavras, os próprios técnicos do Senado esvaziaram o primeiro argumento na defesa de que o impeachment era outra coisa que não um golpe.

O relatório não isenta Dilma totalmente, concluindo que Dilma abriu linhas de crédito sem a aprovação do Congresso, o que é parte do caso do impeachment. Mas foi a acusação das pedaladas que dominou todo o debate.










Se o impeachment de Dilma foi de fato motivado por seu motivo declarado – a quebra de leis – esse relatório devastador deveria interromper o percurso do impeachment. Elio Gaspari, importante colunista da Folha de São Paulo, maior jornal brasileiro, escreveu na terça-feira – sob o título “Há Golpe” – que, a luz deste novo relatório, o Impeachment de Dilma pode não ter sido um “golpe” no sentido de que teria sido realizado extrajudicialmente, mas é um golpe no sentido de que é realizado sem eleições: por “estratagemas” através de “práticas ardilosas”.

Mas, é óbvio, o impeachment nunca teve algo a ver com qualquer suposta quebra de lei de Dilma – esse era apenas o pretexto para remover uma presidente democraticamente eleita por motivos ideológicos – o que explica porque a destruição da mais importante acusação contra ela sequer arranhou a dinâmica do impeachment. Mesmo o Estadão, jornal veementemente contrário a Dilma, documentou esta semana como os principais defensores do impeachment mudaram instantaneamente seu raciocínio: do argumento de que as pedaladas exigem o impeachment para o discurso de que, na verdade, isso nunca foi importante em primeiro lugar. Estas são as ações de pessoas dedicadas a um fim sem se importar com as justificativas: eles estão determinados a impedir Dilma por razões ideológicas, então a destruição do caso judicial contra ela não faz diferença.






Ainda mais significante são as crescentes evidências da enorme corrupção do substituto de Dilma, Michel Temer. Em apenas 30 dias desde que assumiu, Temer perdeu três dos seus ministros por conta da corrupção. Um deles, seu aliado extremamente próximo Romero Jucá, foi flagrado em gravação conspirando pelo impeachment de Dilma como uma maneira de estancar as investigações sobre corrupção, bem como indicando que os militares, a mídia e os tribunais estavam tomando parte na conspiração pelo impeachment.

Um informante chave nas investigações, o ex-Senador e executivo da construção civil Sergio Machado, agora disse que Temer recebeu e controlou R$ 1,5 milhão em doações ilegais de campanha, enquanto outro informante disse, na semana passada, que Temer era “beneficiário” de R$ 1 milhão em subornos. Além disso, Temer está agora impedido por uma ordem judicial de disputar qualquer eleição por 8 anos por conta de sua violação das leis eleitorais. Para lembrar: este é quem, em nome da “corrupção”, as elites brasileiras empossaram no lugar da Presidente eleita.

Enquanto isso, o partido de Temer, PMDB, é virtualmente o mais corrupto deste hemisfério. Seu Presidente da Câmara Eduardo Cunha – que presidiu o processo do impeachment – está agora suspenso pelo Supremo Tribunal, e o Conselho de Ética da Câmara acaba de votar por sua cassação uma vez que ele mentiu sobre contas bancárias na Suíça, recheadas de dinheiro de suborno, em seu nome. O mesmo executivo da construção, Machado,testemunhou que três líderes do PMDB – incluindo Jucá – receberam pagamentos num total de R$ 71,1 milhões em subornos. Ao mesmo tempo, dois aliados chave de Temer do PSDB, partido de centro-direita derrotado por Dilma em 2014 – o Ministro das Relações Exteriores de Temer, José Serra, e o oponente de Dilma em 2014, Aécio Neves – estão ambos sob investigação por corrupção.

Ate decidir apoiar o impeachment de Dilma e empoderar seus próprios líderes corruptos, o PMDB era um importante aliado de Dilma. O partido de Dilma, o PT, tem sua própria cota de figuras corruptas. Mas o PMDB é pouco mais que um partido de negociação que existe para lubrificar as engrenagens da corrupção e das propinas em Brasília. A ironia por trás do fato de que este partido tenha sido alçado ao poder em nome da luta contra a corrupção é grande demais para ser posta em palavras. Como afirmou o New York Timesem maio, o partido de Temer é o que controlou, e agora arruinou, o Rio: “o mesmo partido que criou uma bagunça no Rio está agora gerindo o país”.

Por mais expressivos que a corrupção de Temer e a fraude do impeachment de Dilma já fossem, dois novos eventos nesta semana vieram reforça-lo. Primeiro, Temer jantou com dois membros do Superior Tribunal Federal – o órgão que preside a investigação sobre a corrupção e o processo do impeachment. Também estiveram presentes o Ministro das Relações Exteriores, Serra, e seu aliado próximo Aécio: ambos alvos da investigação sobre corrupção. Temer está literalmente se reunindo secretamente com os próprios juízes que estão julgando o impeachment e os processos de corrupção (ao mesmo tempo em que políticos brasileiros, preparando a imposição de medidas de austeridade, estão votando por bajular estes juízescom um aumento em seus salários).

Segundo, ao mesmo tempo em que Temer está se reunindo em privado com estes juízes chave, reportagens revelaram que ele está trabalhando duro em um acordo para “salvar a pele” de Cunha, um dos políticos mais corruptos do país. Temer se reuniu com Cunha nesta semana. Um plano sendo ativamente discutido permitiria Cunha renunciar e então ter seu processo criminalatribuído a juízes favoráveis. Outro prevê que Cunha simplesmente renuncie à presidência da Câmara para aumentar as chances de que ele não seja expulso da mesma por completo. Pior ainda, o Globo reportou hoje que Toemer está agora trabalhado ativamente com Aécio para garantir que o sucessor de Cunha seja favorávela ele: alguém que “não trabalhe pela cassação de Eduardo Cunha”.

Basta pensar sobre o que aconteceu quando estava em jogo o controle do quinto país mais populoso (e rico em petróleo) do mundo. A presidente democraticamente eleita sofreu impeachment apesar da falta de indícios de corrupção pessoal: por políticos que estão afundados em escândalos de subornos e propinas. O principal pretexto utilizado para impedi-la acaba de ser derrubado pelo relatório dos próprios auditores independentes do Senado. E o homem marcado pela corrupção que implantaram no lugar dela – que tem atualmente uma taxa de reprovação de 70%, e quem 60% do país quer que sofra o impeachment – está agora se reunindo secretamente com os juízes cuja suposta independência, credibilidade e integridade eram o principal argumento contra a classificação deste processo de “golpe”, tudo enquanto ele conspira para salvar seu companheiro de partido enriquecido por propinas. E eles estão procedendo para impor uma agenda de direita de austeridade e privatizações que a democracia nunca permitiria.

Sejam quais forem os motivos para se livrar de Dilma, a ilegalidade e a corrupção claramente não tiveram na a ver com isso. É só olhar para o relatório divulgado esta semana pelo Senado, ou o rosto da pessoa que instalaram, para ver como essa é a verdade.

Esclarecimento: este artigo foi editado em 1 de Julho para retificar que os 41% de aumento salarial eram apenas para servidores do judiciário, e se dará de forma parcelada em quatro anos – e, conforme fonte ligada ao judiciário, não compreende as perdas salariais da categoria nos últimos anos. Mas tramita na Câmara, em regime de urgência, um projeto de lei que aumentará o salário dos juízes do STF de 34 para mais de 39 mil reais.

Fonte: Blog do Miro
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Quem matou Nicinha?


Quem matou Nicinha?
charge de Vitor Teixeira
























Fonte: BRASIL DE FATO
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Fonte: MAB
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Ossada encontrada pode ser de Nicinha, liderança do MAB assassinada em lago da usina de Jirau


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Fonte: MAB
A militante do MAB em Porto Velho (RO), Nilce de Souza Magalhães, foi assassinada em janeiro deste ano e seu corpo estava desaparecido.
Nesta terça-feira (21), o corpo de Nilce de Souza Magalhães, mais conhecida como Nicinha, foi encontrado no lago da barragem da Usina Hidrelétrica Jirau, em Porto Velho (RO). A liderança do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) havia sido assassinada no início do ano e seu corpo estava desaparecido desde o dia 7 de janeiro.
O cadáver foi achado em um local há apenas 400 metros de distância da antiga moradia da militante, que vivia em um acampamento de pescadores no rio Mutum. Descoberto por trabalhadores da hidrelétrica, o corpo estava com as mãos e pés amarrados por uma corda e ligado a uma pedra.
Duas filhas de Nicinha, chamadas ao Instituto Médico Legal para fazerem o reconhecimento do corpo, confirmaram que o relógio e as roupas encontradas com o corpo eram da mãe. Apesar disso, a comprovação virá apenas com o resultado do exame de DNA, em aproximadamente 15 dias.
Impunidade
Nicinha foi vista pela última vez na barraca de lona onde morava com seu companheiro, Nei, em um acampamento com outras famílias de pescadores, atingidas pela Usina Hidrelétrica (UHE) Jirau, na localidade chamada de “Velha Mutum Paraná”.
Há cerca de dois meses, Edione Pessoa da Silva, preso após confessar o assassinato da militante, fugiu da Penitenciária Estadual “Edvan Mariano Rosendo”, localizada em Porto Velho (RO), onde estava detido.
A liderança era conhecida na região pela luta em defesa das populações atingidas, denunciando as violações de direitos humanos cometidas pelo consórcio responsável pela UHE de Jirau, chamado de Energia Sustentável do Brasil (ESBR). Filha de seringueiros que vieram do Acre para Abunã (Porto Velho) em Rondônia, onde vivia há quase cinquenta anos, foi obrigada a se deslocar para “Velha Mutum Paraná” junto a outros pescadores. No local, não existia acesso à água potável ou energia elétrica.
Nilce realizou diversas denúncias ao longo desses anos, participando de audiências e manifestações públicas, entre as quais, apontou os graves impactos gerados à atividade pesqueira no rio Madeira. As denúncias geraram dois inquéritos civis que estão sendo realizados pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual sobre a não realização do Programa de Apoio à Atividade Pesqueira e outro, de caráter criminal, em função de manipulações de dados em relatórios de monitoramento.
Ainda emocionados pelo aparecimento do corpo de Nicinha, lideranças do MAB reafirmaram a necessidade de esclarecimento do caso e punição aos culpados. Em breve, um ato político em homenagem a militante será convocado em Porto Velho.
Fonte: Blog da Luciana Oliveira
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