sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Apple versus FBI: o impasse do Estado ilegítimo

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Após praticarem vigilância maciça contra cidadãos de todo mundo, EUA já não podem usar “terrorismo” como pretexto para atacar privacidade

Por Yochai Benkler, no The Guardian |Tradução: Rafael A. F. Zanatta


O confronto entre a Apple e o FBI (Federal Bureau of Investigation) não é, como muitos sustentam, um conflito entre privacidade e segurança. É um conflito sobre legitimidade.

As agências de segurança nacional dos Estados Unidos insistem em exercer um poder sem controle juntamente com o discurso “confie em nós, nós somos os caras bons”, mas a maioria dos usuários não tem essa confiança. O terrorismo é real, e a vigilância pode às vezes ajudar a preveni-lo, mas o único caminho para a acomodação sustentável entre tecnologias de sigilo e o policiamento adequadamente informado é por meio de uma reforma profunda nos freios e contrapesos do sistema nacional de segurança.

O princípio mais importante que o governo Obama e o Congresso norte-americano precisam considerar nesse conflito é: “Médico, cura-te a ti mesmo”.

O FBI, para recapitular, está exigindo que a Apple desenvolva um software que lhe permita acessar os dados protegidos do telefone de trabalho de um dos autores do ataque de San Bernardino1.

A Apple recusou-se a fazê-lo, argumentando que, para construir a habilidade de acessar um telefone, estaria efetivamente criando um “backdoor” que tornaria vulneráveis todos os seus telefones.

O debate está sendo enquadrado publicamente pelos dois lados como um profundo conflito entre segurança e liberdade; entre direitos civis dos usuários para garantir sua privacidade e os fins legítimos da aplicação da lei e da segurança nacional. No entanto, essa é a maneira errada de pensar sobre isso.

O problema fundamental é a quebra de confiança nas instituições e organizações. Em particular, a perda de confiança na supervisão da estrutura de segurança nacional estadunidense.

É importante lembrar que a decisão inicial da Apple de redesenhar seus produtos de modo que a própria Apple seja incapaz de obter os dados de um usuário foi uma resposta direta às revelações de Snowden. Aprendemos com ele que o sistema de segurança nacional norte-americano passou os anos após o 11 de setembro esvaziando o sistema de supervisão delegada que limitou a vigilância da segurança nacional após o escândalo Watergate e a denúncia de abusos de órgãos de inteligência nos anos 1960 e 70.

A criação, pela Apple de um sistema operacional impermeável até mesmo a seus eventuais esforços para quebrá-lo foi uma resposta à perda global de confiança nas instituições de supervisão da vigilância. Ela encarnou uma ética que dizia: “Você não precisa confiar em nós; você não precisa confiar nos processos de supervisão de nosso governo. Você simplesmente precisa ter confiança na nossa matemática”.

Muitas pessoas que conheço e admiro estão preocupadas com o presente impasse. Afinal, e se você realmente precisar de informações de um terrorista prestes a agir, ou um sequestrador com uma criança de refém? São preocupações reais e legítimas, mas nós não vamos resolvê-las olhando para os lugares errados. A dependência do FBI no All Writs Act de 1789 diz: “Eu sou o governo e você deve fazer o que é ordenado!”. De acordo com tal lógica, é irrelevante saber se os atos do governo são legítimos ou ilegítimos – porque o dever dos cidadãos é obedecer uma ordem legalmente emitida.

O problema com a abordagem do FBI é que ela trai exatamente a mentalidade que nos colocou na bagunça em que estamos agora. Sem comprometimento do governo norte-americano com a transparência e a supervisão democrática com instituições que funcionem efetivamente, os usuários irão escapar para a tecnologia. Se a Apple for forçada a abrir seus sistemas, os usuários irão para outros produtos. As empresas estadunidenses não possuem o monopólio sobre a matemática.

Nos dias tumultuosos após as revelações de Snowden, houve diversos comitês e forças-tarefa criados para propor reformas. Até mesmo um grupo de revisão formado por ex-funcionários da Casa Branca e da Agência de Segurança Nacional (NSA) propuseram reformas estruturais extensivas sobre como a vigilância operava e com era supervisionada. Nem o governo nem o Congresso conseguiram implementar de forma significativa qualquer uma dessas reformas.

A tecnologia da Apple é uma resposta à sede dos usuários por tecnologias que possam garantir privacidade e autonomia, em um mundo onde eles não podem confiar em qualquer instituição, seja do governo ou do mercado.

Por isso, é do interesse vital da segurança nacional dos EUA construir um sistema institucional de supervisão robusta e prestação de contas da vigilância e dos poderes investigativos. Precisamos de restrições significativas sobre a coleta e uso dos dados; precisamos de mecanismos de avaliação verdadeiramente independentes, com completo acesso à informação necessária e capacidade técnica proficiente para exercer tal avaliação.

Talvez mais importante, precisamos pôr fim à cultura de impunidade que protege as pessoas que dirigem programas ilegais e continuam a prosperar em suas carreiras depois de serem expostas, mas persegue vingativamente os whistleblowers que expõem tais ilegalidades.

Somente um sistema assim, que oferece supervisão significativamente transparente e consequências reais para aqueles que violam a confiança, possui qualquer chance de ser confiável o suficiente para remover a reivindicação global por plataformas que preservem a privacidade do usuário e segurança mesmo às custas do enfraquecimento das capacidades de policiamento e das agências nacionais de segurança.

O caso da Apple não tem a ver com o equilíbrio entre liberdade e segurança; mas com a confiabilidade das instituições ou tecnologias que independem de confiança. Não será possível resolver tal caso passando um rolo compressor na tecnologia a serviço de instituições não confiáveis.

1 Referência a atentado praticado em San Bernardino (Califórnia), em dezembro de 2015. Dois atiradores mataram 14 pessoas e feriram 22. Foram apontados pelo FBI como extremistas islâmicos. Leia mais naWikipedia. [Nota de Outras Palavras]


Fonte; OUTRA PALAVRAS
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MST exige veto completo da lei antiterrorismo: Vai criminalizar ainda mais movimentos sociais

publicado em 26 de fevereiro de 2016 às 11:07
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NOTA MST repudia Lei antiterrorismo e exige o veto completo do projeto
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem à público repudiar o projeto de lei enviado pelo Poder Executivo que tipifica o crime de terrorismo. A proposta é desnecessária e inconsequente. Infelizmente, soma-se a outras iniciativas de setores conservadores do Congresso Nacional que querem implementar uma escalada autoritária nas leis brasileiras, mudando inclusive a própria Constituição, como é o caso da maioridade penal.
Vivemos tempos em que tudo é criminalizado. Jovens pobres e negros são os maiores alvos da violência e de um sistema de justiça criminal seletivo e com claro recorte de classe.
Por essa razão, ao invés de enviar projetos de lei que reforcem a escalada conservadora legislativa, o governo poderia começar por retirar do ordenamento jurídico entulhos autoritários como a Lei de Segurança Nacional que, vez ou outra, serve para criminalizar legítimas lutas sociais.
A proposta é desnecessária, por que já existem leis mais que suficientes para enquadrar qualquer eventual ação de grupos terroristas no Brasil.
O Estado brasileiro oferece mais polícia e menos justiça indistintamente. O projeto de lei intensificará o que já tem sido aplicado aos movimentos e organizações sociais que lutam por seus direitos.
Acerca desse fato, destacamos a afirmação do Relator Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Edison Lanza, acerca dos riscos em relação aos movimentos sociais.
Segundo o relator Lanza, “leis antiterrorismo muito ambíguas ou abertas têm sido utilizadas para criminalizar movimentos sociais no continente. A própria Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Chile, em 2014, por usar sua lei antiterror contra ativistas do povo indígena Mapuche. A definição que está sendo construída no Brasil usa termos complicados, como extremismo político, ocupação de prédios públicos e apologia ao terrorismo”.
Por isso, o MST segue na defesa da luta, nas ruas e nas ocupações, reafirmando: lutar não é crime e nem terrorismo!
Exigimos que a presidenta VETE integralmente o projeto de lei 2016/2015 que tipificou o terrorismo.

Coordenação Nacional do MST
Fonte: VIOMUNDO
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ONU critica aprovação de lei antiterrorismo

O projeto de lei inclui definições demasiado vagas e imprecisas, o que não é compatível com a perspectiva das normas internacionais de direitos humanos        


Direitos Humanos da ONU
Mídia Ninja
SANTIAGO (26 de fevereiro de 2016) – O Escritório para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) criticou hoje (26/02) a recente aprovação de uma lei antiterrorismo (PL 2016/15) no Congresso Federal do Brasil.

“O projeto de lei inclui disposições e definições demasiado vagas e imprecisas, o que não é compatível com a perspectiva das normas internacionais de direitos humanos”, disse o Representante do ACNUDH na América do Sul, Amerigo Incalcaterra.

“Essas ambiguidades podem dar lugar a uma margem muito ampla de discricionariedade na hora de aplicar a lei, o que pode causar arbitrariedades e um mau uso das figuras penais que ela contempla”, acrescentou.

O Representante ressaltou a necessidade de que o Brasil garanta os direitos às liberdades de reunião e associação pacífica e a liberdade de expressão, entre outros direitos, no contexto da luta contra o terrorismo. “As disposições do projeto por si só não garantem que essa lei não seja usada contra manifestantes e defensores de direitos humanos”, disse.

Incalcaterra citou ainda a opinião de quatro relatores especiais da ONU, que em novembro de 2015 julgaram a proposta de lei antiterrorismo no Brasil como “muito ampla”.

“A estratégia mundial contra o terrorismo deve ter como pedra angular a proteção dos direitos humanos, as liberdades fundamentais e o Estado de Direito”, finalizou o Representante do ACNUDH.


Fonte: CARTA MAIOR
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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A chuva, o apagão e outras coisas


Situação dos Principais Reservatórios do Brasil - 24/02/2016




REGIÃO SUDESTE / CENTRO-OESTE (situação atual 50,34%)

  • Principais Bacias
  • Principais Reservatórios
  • Situação Atual

Rio Parnaíba


38,71% da regiãoSerra do Facão(3,23% da região)34,68%


Emborcação(10,65% da região)44,36%


Nova Ponte(11,21% da região)31,26%


Itumbiara(7,76% da região)43,58%


São Simão(2,50% da região)84,1%


Rio Grande

25,38% da regiãoFurnas(17,18% da região)59,75%


Mascarenhas de Moraes(2,15% da região)62,18%


Marimbondo(2,68% da região)90,13%


Água Vermelha(2,19% da região)99,75%

Rio Paraná

3,03% da regiãoIlha/3 Irmãos(3,03% da região)95,87%

Rio Paranapanema


5,77% da regiãoJurumirim(1,99% da região)85,98%


Chavantes(1,62% da região)96,2%


Capivara(1,94% da região)98%

Outras
(31,87% da região)



REGIÃO SUL (situação atual 95,63%)

  • Principais Bacias
  • Principais Reservatórios
  • Situação Atual

Rio Iguaçu

50,93% da regiãoS. Santiago(16,30% da região)100%


G. B. Munhoz(30,39% da região)99,96%


Segredo(2,29% da região)100,21%

Rio Jucuí

16,08% da regiãoPasso Real(15,02% da região)88,64%

Rio Uruguai

29,77% da regiãoPasso Fundo(8,72% da região)99,47%


Barra Grande(15,21% da região)97,12%

Outras
(3,22% da região)



REGIÃO NORDESTE (situação atual 31,09%)

  • Principais Bacias
  • Principais Reservatórios
  • Situação Atual

Rio São Francisco

96,86% da regiãoSobradinho(58,20% da região)29,72%


Três Marias(31,02% da região)29,06%


Itaparica(6,62% da região)47%

Outras
(3,14% da região)



REGIÃO NORTE (situação atual 42,35%)

  • Principais Bacias
  • Principais Reservatórios
  • Situação Atual

Rio Tocantins

96,17% da regiãoSerra da Mesa(43,68% da região)21,56%


Tucuruí(51,53% da região)55,55%

Outras
(3,83% da região)



RegiãoCapacidade Máxima de Armazenamento MW.mês

SUDESTE / CENTO-OESTE205.002
SUL19.873
NORDESTE51.859
NORTE14.812




Fonte: OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA

Uma crise de percepção que precisa ser superada

O Brasil e a era dos narcisos

Por Flavio Aguiar, na Rede Brasil Atual:

Vivemos tempos de intolerância em alta, egos em estado de exaltação e simultânea exaustão, consumismo desenfreado de auto-imagens nas redes virtuais, que muitas vezes nada têm de sociais. Antigamente havia a máxima “diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”. Hoje, a equação mudou de rumo: vale o “digo-te o que consumo e vais saber quem eu sou”. E na sociedade brasileira isso se multiplicou nos espaços de uma classe burguesa em que muitos gostam de se pensar como vivendo dentro de um supermercado de luxo na Europa ou em Miami, Nova Iork, tanto faz. Também se multiplicou nos espaços de uma classe média onde muitos gostam de se ver como desfrutando de privilégios semelhantes aos dos mais ricos.

Esta é uma das razões da crise social que está na base, no bastidor, no porão e no sótão das atuais histerias políticas e econômicas que a velha mídia gosta de alimentar falando da “crise”. Com os aumentos do salário mínimo, a elevação do padrão de vida daqueles a quem o saudoso Florestan Fernandes chamava “os de baixo”, muita gente do andar de cima e do andar intermédio sentiu, além de ter perdido parte do seus poder aquisitivo do trabalho alheio, a perda de status social. Estes não suportam ter agora de disputar espaço no shopping center, no aeroporto, na rua, na universidade, no elevador social e na escada rolante com aqueles que antes olhavam de cima.

Os governos do PT podem ter cometido outros erros, mas cometeram este, de base, que pode ser fatal: achar que o processo de mudança da paisagem social que promoveram poderia passar batido, sem conflitos, sem ódios desatados, sem ressentimentos.

Na América Latina, e o Brasil não é exceção, sempre que uma crise social se apresenta, há a tendência de resolvê-la com recursos ao autoritarismo seletivo, seja por onde for. Foi assim em 45, quando Getulio foi derrubado não por seu autoritarismo, mas por seu “populismo”, foi derrubado pela direita e não pela esquerda. Foi suicidado em 54 pelo mesmo motivo, com o famoso manifesto dos coronéis reclamando de quando os operários estavam ganhando. Foi assim em 64 também, com a ameaça das reformas de base.

Por que seria diferente agora? A diferença é que, como os militares não estão mais disponíveis para golpes, tenta-se o golpe por outros meios, além da mídia golpista: o Judiciário e o aparelho policial.

Este aparato golpista faz de tudo para inverter o que se poderia chamar de “a narrativa Brasil”, a narrativa de um país que hoje serve de exemplo ao mundo inteiro em termos de políticas sociais de combate à miséria, à pobreza e à exclusão.

Como vivemos em tempos de individualismo feroz, os protagonistas deste golpe capitalizam o narcisismo como arma, dispondo-se a produzir as manchetes mais espetaculares a cada dia e assim tornarem-se os “heróis” desse ressentimento dos que não aguentam que pobres ou ex-pobres não tenham mais de mendigar salários em vez de exercer direitos, não aguentam a ideia de que pobres e ex-pobres tenham descoberto que têm direito a ter direitos, que é o direito-base de todos os outros.

Tais personagens – juízes, procuradores, um ou outro policial – protagonizam um narcisismo grotesco, preferindo o vigor das manchetes ao rigor da profissão que deveriam abraçar. São movidos por uma paródia grosseira da frase da rainha de Branca de Neve: “Diga-me, jornal meu, haverá alguém hoje mais famoso do que eu?” E assim se transformam nas bruxas caçadoras de inocentes e culpados indiscriminadamente, fabricando seus culpados antes mesmo que esses tenham a chance de se defender.

Mas a desconstrução da narrativa Brasil atinge muito mais gente. Por exemplo, intelectuais, escritores, artistas que se movem pelo mesmo gesto de pequenos narcisos. Tornaram-se frequentes agora as “metáforas do exagero” para descrever o Brasil. Recentemente fomos brindados aqui na Alemanha por um escritor em ascensão no mercado brasileiro, com frases bombásticas e vazias do tipo “O Brasil é um país xenófobo, homofóbico, racista, corrupto etc., numa retórica que nada diz porque dilui as acusações em generalidades sem rumo. Chegou a afirmar que os escritores brasileiros não se interessam por política, só escrevem para uma elite (os saraus da periferia de São Paulo e de outras cidades não existem…) e que ele, o escritor em questão, consegue ser ouvido só porque foi convidado para falar na Alemanha. É um modo solerte, mas desconchavado, de auto-promoção: venho de um país de borra (para não dizer coisa pior), mas vejam como eu sou bacana…

Li entrevista de outro escritor na mesma situação de estar ascendendo no mercado, no mesmo diapasão, esta dada aí mesmo no Brasil. Li igualmente entrevista de renomado cientista que trabalha no Brasil com pérolas do tipo “o brasileiro é muito ignorante”… “fazer pesquisa de ponta aqui é pior é mais difícil do que no resto do mundo”… Gostaria de saber que “mundo” é este a que o cientista se referia: provavelmente inclui apenas chamado “circuito Elizabeth Arden” da diplomacia brasileira, Nova York, Londres, Paris… O resto não existe.

Não sei onde dará esta crise. Mas sei para onde vai este narcisismo desenfreado. Vai acabar numa tremenda duma ressaca, que não haverá Engov que cure.


Fonte: Blog do Miro
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Boulos: o capitalismo do 1%

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Em apenas cinco anos, a metade mais pobre da humanidade perdeu 38% de sua riqueza. Os lucros dos bancos não param de crescer. É a isso que chamam de “austeridade” — ou “ajuste fiscal”…
Por Guilherme Boulos
Uma economia para o 1%. Com esse título, a organização não governamental britânica Oxfam lançou no mês passado um estudo sobre as desigualdades no mundo. Pela primeira vez na história o 1% mais rico superou em renda e patrimônio os 99% restantes. Os dados basearam-se no Relatório anual de 2015 do banco Credit Suisse.
O estudo mostra que a metade mais pobre da humanidade (3,6 bilhões de pessoas) viu sua riqueza cair 38% nos últimos cinco anos, perda de US$1 trilhão. E se apropriou de apenas 1% do aumento da riqueza global desde 2000. Enquanto isso, o 1% mais rico abocanhou a maior parte deste incremento.
A riqueza da metade mais pobre equivalia em 2010 à dos 388 homens mais ricos do mundo. Nos últimos anos, essa indecência só se agravou: as 3,6 bilhões de pessoas mais pobres agora têm o mesmo que 62 membros do Clube dos bilionários.
Os resultados são alarmantes. Mostram que, desde o estouro da crise em 2008, a desigualdade tem aumentado incrivelmente. Enquanto as políticas de “austeridade” achatam a renda dos trabalhadores e atacam os sistemas de seguridade social, o lucro dos bancos bate recordes, assim como os ganhos de altos executivos.
Quem viu o lucro do Bradesco avançar 14% no ano passado, em plena recessão, não deveria estranhar os resultados apresentados pela Oxfam. No entanto, o relatório foi seguido de ruidosa chiadeira. Os defensores da ordem foram a campo tentando desqualificar os dados do Credit Suisse por sua metodologia. Alegaram, principalmente, que o uso do conceito de riqueza líquida (renda e patrimônio, com subtração das dívidas) distorcia os resultados.
Vale pontuar que, semanas atrás, quando o mesmo Credit Suisse fez um duro prognóstico da recessão brasileira apontando-a como a pior da história, não vimos nenhum articulista da direita nacional fazer suas ponderações “metodológicas”.
De toda forma, a própria Oxfam se encarregou de responder o questionamento sobre a riqueza líquida, afirmando que “os 50% mais pobres são, na maioria, pessoas lutando para sobreviver com pouca ou nenhuma riqueza para apoiá-los. Apesar desse número incluir aqueles em dívida –riqueza negativa, mas com algum patrimônio– é importante notar que esses são a exceção e não a regra”.
Além disso, foi alegado que, se excluídas as dívidas do cálculo, haveria uma mudança na distribuição da riqueza global e os números não seriam tão chocantes. Isso não é verdade, diz a Oxfam, “já que excluindo a dívida dos 10% mais pobres, a fatia da riqueza do 1% mais rico se modifica pouco, passando de 50,1% para 49,8%”. Ou seja, as desigualdades mundiais não se resolveriam com alteração metodológica.
Há quem prefira atacar os dados a deparar-se com a realidade. Compreensível. Afinal não deve ser fácil para os amantes da ordem reconhecer que seu sistema meritocrático da “oportunidade para todos” desandou numa plutocracia onde 1% tem mais que todos os 99% restantes.
O capitalismo fracassou em suas promessas. O mundo de hoje é muito mais desigual que o do século passado. Nem todos os perfumes da Arábia, nem o cinismo do discurso neoliberal conseguirão maquiar esta realidade.
Aí está Bernie Sanders, pré-candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos. Aí está o “Podemos”, na Europa. E o fortalecimento de diversos movimentos populares mundo afora. Será difícil silenciá-los ante a profundidade do abismo que separa o 1% da maioria trabalhadora

Fonte: OUTRAS PALAVRAS
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O narcisismo exagerado que se vê, e como se vê, nos dias atuais não é um fenômeno brasileiro, é mundial.

e exibir, mostrar que tem alguma coisa, faz parte da estratégia do capitalismo para seduzir as pessoas.

Pessoas que pouco ou nada tem, comparadas com aquelas que de fato controlam e detêm a riqueza mundial - o 1% - comportam-se como se fossem abastadas, endinheiradas, superiores aos demais.

Até mesmo nos inúmeros programas religiosos de TV, pode-se ver pessoas que teriam sido salvas por receber o Senhor em suas vidas, declarando que já possuem um carro, um celular e um pequeno negócio.

Acreditam que atingiram a máxima felicidade e realização pessoal e, assim sendo, na cultura do individualismo , se acham vencedoras.

O mundo vive em crise, e o aspecto mais significativo desta crise é a percepção.

Vive-se uma crise mundial de percepção.

Em nuestra América, os governos populares que se iniciaram no início deste século em praticamente todos os países do continente, contribuíram para melhorar a paisagem social de milhões de pessoas, no entanto, não questionaram as raízes e as estruturas do modelo capitalista.

Ajudaram a formar cidadãos e, consequentemente , narcisos.

O cidadão globalizado, hoje, é um narcisista explícito que colabora para a evasão de privacidade individual e coletiva.

O sistema gosta e incentiva este comportamento, mas omite as informações relevantes, preservando a expansão de mais narcisos.

Melhorar a qualidade vida das pessoas priorizando o consumo, já deu.

A satisfação das pessoas, o emprego e a qualidade vida, já não passam mais por selfies.

É necessário ir além.

Governos, com políticas de médio e longo prazo que façam investimentos em saúde publica, educação pública, segurança, mobilidade, saneamento básico e cultura, certamente , se implementadas tais políticas, criarão, naturalmente, as condições para emprego, empreendedorismo e renda.

O foco deve ser estrutural e não cosmético, como é a política de se incentivar o consumo das famílias.

Aí se encontra a mudança, pois para implementar as políticas de curto e médio prazo, o sistema de democracia representativo vigente é inapropriado e obsoleto.

Como é de praxe no Brasil, e mesmo em outros países, os governos preferem políticas e programas que possam ser implementadas durante a gestão, pois caso deixem para os governos seguintes os programas serão inevitavelmente interrompidos, já que na proto política que se pratica no Brasil e no mundo, concluir programas de um outro partido é algo impensável para os políticos, pois, na visão deles ( visão ? ) caso o façam, irão valorizar o trabalho iniciado por outro.

O povo, você, caro leitor, não é priorizado.

Se faz necessário e urgente para a implementação de políticas e programas de curto e médio prazo, que tais políticas e programas sejam elaborados, e aprovados por comitês da população, que também serão responsáveis pela implementação e acompanhamento na aplicação dos recursos, independente dos partidos políticos que estejam no governo.

Esse trabalho popular e participativo deve acontecer nas esferas municipal, estadual e federal.

Somente assim se poderá construir sociedades equilibradas, em ambientes de serviços gratuitos e de qualidade, com segurança , pessoas educadas e com acesso a cultura.

O desenvolvimento social estará garantido e consequentemente o trabalho, o emprego e as atividades empreendedoras e de inovação tenderão a florescer.

Para tanto, o país precisa superar a crise de percepção em que a maioria da população está inserida, e este é trabalho árduo, já que não terá apoio dos grandes meios de comunicação, que , como se sabe trabalham incessantemente para manter a população na ignorância e na alienação.

Para além de políticas de incentivo ao consumo e de rompimento com as bases do capitalismo atual,significa um novo que ainda não apareceu na cena política do país.



A Estrada e o Violeiro


 Sidney Muller
Sou violeiro caminhando só, por uma estrada caminhando só
Sou uma estrada procurando só levar o povo pra cidade só
Parece um cordão sem ponta, pelo chão desenrolado
Rasgando tudo que encontra, a terra de lado a lado
Estrada de Sul a Norte, eu que passo, penso e peço
Notícias de toda sorte, de dias que eu não alcanço
De noites que eu desconheço, de amor, de vida e de morte
Eu que já corri o mundo cavalgando a terra nua
Tenho o peito mais profundo e a visão maior que a sua
Muitas coisas tenho visto nos lugares onde eu passo
Mas cantando agora insisto neste aviso que ora faço
Não existe um só compasso pra contar o que eu assisto
Trago comigo uma viola só, para dizer uma palavra só
Para cantar o meu caminho só, porque sozinho vou à pé e pó
Guarde sempre na lembrança que esta estrada não é sua
Sua vista pouco alcança, mas a terra continua
Segue em frente, violeiro, que eu lhe dou a garantia
De que alguém passou primeiro na procura da alegria
Pois quem anda noite e dia sempre encontra um companheiro
Minha estrada, meu caminho, me responda de repente
Se eu aqui não vou sozinho, quem vai lá na minha frente?
Tanta gente, tão ligeira, que eu até perdi a conta
Mas lhe afirmo, violeiro, fora a dor que a dor não conta
Fora a morte quando encontra, vai na frente um povo inteiro
Sou uma estrada procurando só levar o povo pra cidade só
Se meu destino é ter um rumo só, choro em meu pranto é pau, é pedra, é pó
Se esse rumo assim foi feito, sem aprumo e sem destino
Saio fora desse leito, desafio e desafino
Mudo a sorte do meu canto, mudo o Norte dessa estrada
Em meu povo não há santo, não há força, não há forte
Não há morte, não há nada que me faça sofrer tanto
Vai, violeiro, me leva pra outro lugar
Eu também quero um dia poder levar
Toda gente que virá
Caminhando, procurando
Na certeza de encontrar


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Para além do cata-vento e do girassol

A Transparência e a transparência da mídia brasileira

A grande mídia reclama para si credibilidade. Contudo, o que entrega na prática é um produto opaco contaminado de distorções e inverdades.        


João Feres Júnior*  
reprodução
Escrever sobre a mídia brasileira é uma atividade que exige do redator com algum senso crítico uma resiliência inumana, pelo menos um estômago reptiliano, para suportar a total falta de escrúpulos e falta de profissionalismo jornalístico que impera nas redações dos grandes veículos noticiosos de nosso país. O caso que quero tratar aqui é o da recente onda de publicações acerca da ONG internacional Transparency Internacional e o “escândalo da Petrobrás”. O Estadão dessa vez foi mais longe que a concorrência. Um editorial do dia 12 de fevereiro abre com o seguinte período: “Entre muitas outras proezas fantásticas, todas elas carregadas nas tintas da mistificação e do ilusionismo, o lulopetismo gaba-se de ter logrado projetar o Brasil no cenário internacional”.

De cara já impressiona o nível elevado de politização do texto, e aqui me refiro à politização no sentido do estabelecimento de campos de exclusão separando o eu que fala de seu inimigo. Essa concepção da política como guerra, quando praticada no campo do discurso, vem sempre acompanhada de farta linguagem pejorativa. Só nesta curta passagem temos “proezas fantásticas” com sabor claramente irônico, “mistificação”, “ilusionismo” e “lulopetismo”. Não é somente o tom vitriólico da overture, que mais faz lembrar um panfleto incendiário de extrema esquerda ou extrema direita, mas também o uso de termos como “lulopetismo”, que foi cunhado com o intuito explicito de ofender e rebaixar tanto Lula quanto o PT. O Wiktionary traz a seguinte definição: “petismo com o culto à personalidade de Luiz Inácio Lula da Silva”. Logo em seguida ilustra o uso do termo com uma citação de Ronaldo Caiado.

Que os adversários políticos de Lula e do PT façam isso é de se esperar, pois batalhas terminológicas são parte da política inclusive em regimes democráticos. Agora, que a grande mídia se utilize do termo com abandono isso é sinal alarmante do nível elevado de sua politização ou, porque não dizer, de partidarização. O termo não é usado somente por jornalistas militantes do quilate de Augusto Nunes e Merval Pereira, mas também em editoriais dos jornais O Globo e Estado de S. Paulo.

O editorial do Estadão então prossegue argumentando que a única projeção no cenário internacional de verdade que o “lulopetismo” logrou foi fazer do escândalo de corrupção da Petrobrás o “segundo maior esquema de desvio criminoso de recursos públicos do mundo”, segundo pesquisa divulgada pela “ONG Transparência Internacional”. Mantendo o tom de agressão, o texto segue dizendo que o “escândalo do petróleo” é “emblemático da corrupção generalizada que, hoje se sabe, tomou conta da administração federal a partir da determinação de Lula e sua tigrada de viabilizar, fosse como fosse, o projeto de perpetuação do PT no poder”; e que o “grande legado” de Lula foi “a inoculação da administração com o vírus da maracutaia”. Novamente uma enxurrada de termos pejorativos, agora acolchoando a tese de que foram Lula e o PT que criaram a corrupção na administração pública em nosso país. Tal tese não resiste ao exame mais superficial da história recente do Brasil, ou mesmo ao estudo dos autos das Operações Lava Jato e Zelotes, nos quais, só para citar um exemplo, Aécio Neves já foi citado por três delatores diferentes como receptor de propinas milionárias, isso sem falar do ex-presidente de seu partido, o PSDB, Sérgio Guerra. Ora, é compreensível que uma pessoa mistificada pela ignorância possa aderir a tal tese, mas um editor de grande jornal, com o conhecimento que essa posição exige, adotá-la dessa maneira é sinal inequívoco da conversão da prática jornalística em instrumento de ação política.

Mas o pior ainda está por vir. Lá pelo meio do texto, o editor do Estadão volta com a mesma referência do início: “Mas é preciso levar em conta que a pesquisa feita pela Transparência Internacional ...”. Paremos aqui. Ora, para refutar a acusação de que Lula e o PT inventaram a corrupção uma pessoa precisa fazer algum esforço para buscar fontes alternativas de informação ou reavivar sua memória do passado já distante. Mas este editorial contém uma inverdade muito mais flagrante. Ao contrário do que ele afirma duas vezes, a ONG Transparência Internacional (TI), que produz entre outras coisas um índice de percepção da corrupção em cada país, não fez pesquisa alguma, mas sim uma votação em seu site.

Como quase sempre, o diabo mora nos detalhes, e para saber os detalhes é preciso investigar, coisa que a grande mídia nacional se privou de fazer neste caso. A diferença entre pesquisa e votação é grande. Só para nos atermos à TI, seu Índice de Percepção da Corrupção tem como base outros índices elaborados por instituições que ela, TI, considera idôneas. Tais instituições elaboram seus índices baseadas na opinião de experts, por meio de procedimentos que o site da própria TI não esclarece. Mas a notícia alardeada não tem nada a ver com o índice. Ela é produto de uma nova iniciativa da TI chamada Unmask the Corrupt, dentro da qual a ONG decidiu fazer uma votação aberta aos internautas dos maiores casos de corrupção no mundo, com um pequeno detalhe, a própria TI forneceu a lista de 15 casos para serem votados, como me informou uma de suas funcionárias. Dos 15 casos escolhidos pela TI só o Escândalo da Petrobrás era brasileiro, os outros todos de países tão díspares quanto EUA, Ucrânia, Angola, Líbano e Guiné Equatorial.

A essa altura do campeonato o leitor mais crítico começa a duvidar dos motivos não somente da mídia nacional, mas também da Transparência Internacional. Como uma ONG cujo principal capital deve ser a credibilidade faz uma votação desse tipo? Qual o significado possível do resultado dessa votação? Ora, até as pedras do chão sabem que pouquíssimos internautas teriam conhecimento de todos esses casos de corrupção. Não existe uma aldeia global de internautas com informação total. Pelo contrário, o internauta tende a conhecer muito mais o que acontece em seu país do que em outros países do mundo, particularmente notícias de corrupção, que são geralmente matéria de política nacional. Da lista da TI somente dois casos atraíram cobertura internacional, o da FIFA e do vice-presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, que recebeu intensa cobertura da mídia internacional em língua inglesa devido aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos no país. Isso, juntamente com o fato da Ucrânia ter uma população grande (45 milhões de habitantes) e estar polarizada politicamente explica o caso Yanukovych ter vencido a votação. Mas como explicar o segundo lugar da Petrobrás?

Não é difícil. A cobertura do caso Petrobrás na mídia internacional não é intensa. Ou seja, é muito razoável supor que os votos no caso tenham vindo esmagadoramente de internautas brasileiros. Agora, a comparação entre as nações-sede dos casos já explica quase tudo. De um lado Brasil, mais de 200 milhões de habitantes, quinto país no mundo em número de usuários de internet (à frente de Rússia, Alemanha, França e Reino Unido) de outro Portugal, República Dominicana, Tunísia, Angola, Chechênia, Líbano, Panamá, Egito, Mianmar, Guiné Equatorial e Ucrânia. Como seria possível que internautas desses países, muitos deles extremamente pobres e carentes no acesso à internet, poderiam competir com os internautas brasileiros em tal votação? Os dois casos corrupção escolhidos pela TI em países mais populosos que o Brasil são o de uma companhia pública na China e outro do estado do Delaware nos EUA. Mas estes também não são competição. A China restringe fortemente o acesso de seus cidadãos à internet. Já o caso norte-americano diz respeito a um estado nanico cujo caso de corrupção teve pouquíssima reverberação pública e política. Em suma, nessa competição da infâmia, as cartas pareciam marcadas para o Brasil vencer. Não foi dessa vez, contudo, mas ficou com um honroso segundo lugar.

Há algo mais a se dizer sobre a falta de propósito e a distorção dos resultados produzidos pela votação da TI. Em contextos altamente politizados, como os do Brasil atual, EUA, Ucrânia e tantos outros países, a internet reflete ou mesmo intensifica a radicalização encontrada na política. Pesquisas sobre temas nas redes sociais feitas durante o período eleitoral e durante as manifestações de 2013 mostraram a existência clara de pelo menos dois grandes grupos de internautas que trocam informações endogenamente: um petistófilo e outro tucanófilo, ou seria melhor dizer Petistófobo, pois se define mais pelo ódio ao PT do que pela adesão imediata ao PSDB. Mas se a TI coloca em votação somente o “escândalo da Petrobrás”, então os 11900 eleitores brasileiros que votaram nele eram provavelmente em sua esmagadora maioria do campo petistófobo. Em outras palavras, um internauta petistófilo não teria incentivos para votar particularmente porque a TI sequer listou o Mensalão Tucano, ou o Trensalão, ou a Privataria Tucana, etc. Em suma, o que revela essa votação? Que internautas petistófobos curtem o site da TI.

Não obstante o parco valor da votação promovida pela TI, a grande mídia brasileira noticiou em massa. Deu no Valor Econômico, na Folha de S. Paulo, no Estadão (matéria e editorial), no Jornal Hoje e no Jornal Nacional. Nenhum desses meios cometeu o abuso de tomar votação por pesquisa, como fez o editorial do Estadão, mas todos noticiaram essa eleição mal-ajambrada, para dizer o mínimo, da Transparência Internacional como uma notícia relevante. O Jornal Nacional deu o tom. Afetando uma seriedade de personagem de dramalhão mexicano, William Bonner abre a edição do dia 10 de fevereiro com as seguintes palavras: “Nesta quarta-feira (10), a imagem da empresa que já foi orgulho brasileiro se transformou em cinzas. O mundo conheceu o resultado de uma enquete que a ONG Transparência Internacional organizou na internet”.

A grande mídia nacional e algumas de suas fontes reclamam para si credibilidade. Contudo, o que entregam na prática é um produto opaco contaminado de distorções e inverdades. Até quando a democracia brasileira vai suportar essa empulhação?

*Instituto de Estudos Sociais e Políticos - IESP
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

Fonte: CARTA MAIOR
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Com raríssimas exceções, transparência na velha mídia não existe, nunca existiu.

E é provável que jamais exista, sejam elas, as mídias, privadas ou chapas brancas.

Os regimes comunistas do século passado proibiam a imprensa privada , que se autodenominava livre.

Por outro lado, a imprensa oficial, única, desses regimes comunistas comportava-se da mesma maneira, ou seja, controlava a informação.

Os regimes comunistas com suas imprensas oficiais acabaram, com bem poucas exceções, e a imprensa livre, privada é praticamente hegemônica no mundo atual.

Assim sendo, se organizou de tal forma na globalização atual, que se comporta como se fosse, é de fato o é, um conglomerado midiático, único, mundial, chapa branca do modelo econômico.

E faz tudo isso de forma "democrática", já que a "democracia" prevalece.

Os regimes comunistas não tiveram a sutileza necessária da "Democracia Vibrante" atual , porém acertaram ao criar regras para o funcionamento da imprensa .

O capitalismo globalizado atual acertou ao deixar a imprensa "livre e democrática" sem restrições.

Um é o cata-vento e o outro é o girassol, como na música de Aldir Blanc , e acabam por se encontrar no sumidouro do espelho.

O novo limpo que surge neste poço sujo e decadente da informação mundial, tem sido chamado de sujo, e , em alguns casos até mesmo criminalizado, como o Wikileaks.

Radicalizar a transparência e a informação é algo necessário e inspirador no contexto mundial e, novas iniciativas devem ser saudadas e incentivadas, já que as tecnologias da informação favorecem o surgimento de novas mídias e novas formas de comunicação e informação.

Obter as informações, por quaisquer meios, e divulgá-las tem sido o trabalho de novas mídias.

Naturalmente, o sistema decadente acusa tais mídias de colocar em risco o equilíbrio mundial, o que na realidade é apenas uma maneira de manter o controle da informação e a alienação das pessoas.

Maneira e forma nada democráticas, aliás antidemocrática, já que todas as pessoas em qualquer parte do planeta tem o direito de saber sobre decisões que venham a afetar suas vidas.

A informação hegemônica , hoje em todo o mundo, é um circo teatralizado que não produz conteúdos informativos relevantes e, assim como o próprio sistema em que está inserida, tem data de validade, sem antes provocar, alimentar e sustentar mentiras e conflitos que contribuirão para a morte de milhares ou milhões de pessoas por todo o planeta.






Comemoração

Em comemoração aos quatro anos do PAPIRO, que acontecerá no dia 1°de março deste ano, publico artigo postado aqui neste blogue no dia 13/06/2012.
Passados quase quatro anos, como o conteúdo continua atual.



Para Não Dizer Que Não Falei de Futebol
13 de junho de 2012

No início desta postagem, uma pressão atormenta o autor.

Com o tempo bastante reduzido para tratar assuntos que exigem tempo  livre, o cursor do monitor , exigindo uma nova palavra a ser digitada, revela o tempo que passa, a palavra que ainda não veio, o texto que se faz necessário.

O diálogo com o monitor, ao som das teclas sendo manuseadas, aprofunda o tempo, silencia a palavra, clama pelo texto.

A criação se faz, pela dúvida, angústia, pelo tempo , pelo pulsar do cursor, pelo diálogo com a máquina, que nada mais é que um diálogo com o autor, com texto que não vem, com o tempo que vai.

A angústia da palavra perfeita , pedida incessantemente pelo pulsar do cursor, é o sofrimento da criação.

O marcador de tempo, ao lado direito no canto baixo do monitor é implacável. 

Nesses tempos, em que os olhos do mundo se voltam para o Rio de Janeiro, o tempo é curto para as necessidades dos homens, do planeta , da vida.

A conferência sobre o meio ambiente, a Rio +20, trata do nosso tempo, do tempo futuro, do tempo perdido, do tempo da terra, do tempo da vida.

Certamente seria o assunto a ser abordado , com as mudanças climáticas que alteram o tempo nas cidades, o nível dos oceanos, os humores dos animais.

Vinte anos se passaram da Rio 92, duas décadas, um bom tempo, para que medidas fossem tomadas, já naquela ocasião numa corrida contra o tempo, para aliviar o sofrimento da Terra, dos animais , dos vegetais.

Agendas foram estabelecidas, protocolos foram firmados, medidas concretas, porém, não foram tomadas.

Os vinte anos que se passaram, não foram anos em que se priorizassem a luz, a vida, os animais, as pessoas .

A primeira década, e ao mesmo tempo a última do século XX, foi a década das trevas, do reinado neoliberal, da tortura à democracia, da homogeneização da ignorância, da exclusão de todas as formas de vida.

Não foi um tempo em que a Terra estivesse no centro de todas as preocupações, pelo contrário, o que se discutia, o que se via, o que se lamentava, era a obsessiva ocupação de todos os espaços, a exploração voraz de todos os recursos naturais, o êxodo cada vez maior de populações afetadas, um gigantesco contingente de pessoas sendo jogado na miséria.

Tudo em nome em privilégio de poucos, para poucos.

As formas e métodos de extração e produção  não permitem que todos possam usufruir do tempo presente, construindo uma civilização para o tempo futuro onde somente poucos, bem poucos, possam viver.

O crescimento ilimitado, a generosidade infinita do planeta, já apresentam sinais inequívocos, desde o tempo da Rio 92, que o modelo atual é um fracasso total, talvez o maior de todos os tempos no contexto de um consenso civilizacional em escala global.

Assim sendo, ainda na expectativa do meu tempo, para encontrar um assunto a ser abordado nesse artigo, torna-se inevitável a escancarada interdependência entre  todos os grandes temas  do momento na imprensa brasileira.

O garimpo em busca da  verdade, em que memórias de uma guerra suja  sobre o tenebroso período da ditadura militar, certamente irá clarear o comportamento sobre a violência no tempo presente.

Também trará luz sobre as cachoeiras de corrupção que inundam a vida do país.

Corrupção que aflora pelas denúncias de livros sobre  privatarias, que ainda não foram investigadas.

Privatarias, que nasceram no período das trevas, em que a terra não foi ouvida.

Privatizações estranhas, que evoluíram para mesadas, que evoluíram para tentativas de golpes de estado, onde a imprensa , ainda no tempo presente, deseja ocupar o lugar da alta corte, e julgar e condenar seus adversários políticos.

Política que agoniza com as atuais formas de representação da democracia representativa, mas que , no tempo presente, não representa os interesses dos povos , da vida da terra.

Política sequestrada por não políticos, para benefício de poucos apostadores, em uma economia irreal.

Economia que não suporta os atuais meios de extração e produção de bens, beneficiando apostadores, corruptos, não políticos, torturadores que , de forma cínica e mentirosa, característica do tempo presente, dizem estar a serviço da humanidade do planeta.

Planeta que grita por um modelo sustentável, que é o assunto da Rio + 20, onde corruptos, torturadores, mentirosos, não políticos, exploradores, assassinos, estarão discutindo o presente, o futuro.
 
Assim nossa imprensa, em um cardápio variado de assuntos, no tempo presente, não demonstra clareza na abordagem dos temas.

Ignora uma CPI  que já foi criada e que ainda não foi instalada.

Não se sente a vontade com a comissão da verdade.

Ignora as memórias de uma guerra suja.

Apela para uma grande mesada  que não aconteceu, ou , se aconteceu, foi com seus parceiros políticos.

Trata a questão ambiental com sendo assunto para o futuro, assim como fez na Eco 92, em 1992.

Prefere fofoca , onde ministro desequilibrado está no foco.

São inúmeros os assuntos, mas o tempo é curto.

O cursor é implacável.

O relógio um carrasco.

Assim, teremos nos próximos dias, desse tempo de dúvidas, uma imprensa confundindo os leitores, acusando governos democratas em processo de reeleição em ditadores.

Ocultando os assuntos, fragmentando os contextos, infantilizando o noticiário ambiental.

Como a pauta, repleta de assuntos, não atende aos interesses da grande imprensa, é bem provável, nestes tempos de mentira, que novos factóides apareçam para desviar a atenção dos desatentos leitores, telespectadores e ouvintes da grande imprensa.

Entretanto nem tudo está perdido, o Vasco é líder do campeonato brasileiro de futebol.

Trabalho, Pão e Cultura

PF: Não há irregularidades em campanhas do PT feitas por Santana

publicado em 22 de fevereiro de 2016 às 22:18
João Santana
André Richter, Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) concluiu que não foram encontradas irregularidades nos pagamentos do PT pelos serviços prestados pelo publicitário João Santana nas campanhas eleitorais da presidenta Dilma, do ex-presidente Lula e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
O relatório da Polícia Federal, com as informações, foi citado pelo juiz federal Sérgio Moro ao deferir o pedido de prisão de Santana e de sua mulher, Mônica Moura.
De acordo com a PF, as suspeitas em relação ao publicitário e Mônica Moura são referentes a cerca de US$ 7,5 milhões que teriam sido recebidos pelos dois no exterior, por meio de uma empresa offshore que seria controlada pela empreiteira Odebrecht.
“Os valores referentes aos pagamentos pelo préstimo de serviços de João Santana e Mônica Moura para as campanhas eleitorais de Luiz Inácio Lula da Silva (2006), Fernando Haddad (2012) e da atual presidente da República Dilma Rousseff (2010 e 2014) totalizam R$ 171.552.185,00. Não há, e isto deve ser ressaltado, indícios de que tais pagamentos [das campanhas] estejam revestidos de ilegalidades”, concluíram os delegados no relatório citado pelo juiz Sérgio Moro em sua decisão.
No despacho no qual autorizou a prisão dos investigados na 23ª fase da Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro citou os valores do relatório da Polícia Federal e disse que, “ao que tudo indica”, os recursos foram declarados.
A empresa Odebrecht, alvo de investigação da Operação Lava Jato, confirmou, por meio de nota, que agentes da Polícia Federal realizaram ações nos escritórios da companhia em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, visando ao cumprimento de mandados de busca e apreensão. Informou ainda que “está à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento”.

Fonte: VIOMUNDO
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FHC, Globo e o exílio de Mirian Dutra
Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Na última semana, estouraram algumas bombas na blogosfera: as ligações entre o triplex dos Marinho, a Globo e a Brasif - a empresa responsável pelo envio de dinheiro à ex-amante de FHC.

No domingo, Miriam Dutra dá entrevista exclusiva ao DCM, um blog político de perfil progressista, em que denuncia o conluio entre Globo, Veja e FHC, para abafar um escândalo.

No dia seguinte, a Lava Jato, tchan, tchan, tchan, tchán!, aparece qual a sétima cavalaria para salvar a honra da Globo!

Prendam o "marketeiro da Dilma"!

Manchetão em todos os jornais!

Dez, vinte minutos no Jornal Nacional!

Coletiva da força-tarefa na Globo News!

A Lava Jato inicia intempestivamente uma nova operação, mais bombástica, mais sensacionalista que nunca. Aquela outra operação, a Triplo X, parece ter sido definitivamente enterrada, ou então a engavetaram à espera de uma saída para a armadilha em que caíram desde que se descobriu conexões entre a Mossack Fonseca, empresa investigada pela Lava Jato, e o triplex dos Marinho em Paraty.

Um dos delegados presentes à coletiva de ontem admite que a força-tarefa escolheu o momento mais oportuno para deflagrar a operação.

Sergio Moro está sempre à mão, aceitando e autorizando todas as violências requeridas pelo Ministério Público, o qual, por sua vez, opera em harmonia com os barões da mídia.

O maior publicitário político da América Latina, que faz campanhas no mundo inteiro, é preso porque a força-tarefa identificou transferências bancárias no exterior.

Pela mesma razão, poder-se-iam prender todos os empresários brasileiros que fazem negócios no estrangeiro, a começar pela Globo.

Não há nenhum vínculo provado entre as contas de Santana no exterior e campanhas no Brasil. Não interessa. Os jornais inferem essa ligação. O próprio Moro, aparentemente, também infere, ou os jornais dizem que ele infere (o que dá na mesma) insistindo na prática de julgar pela imprensa antes do réu ter a mera chance de se defender.

A Lava Jato abusa de "bilhetinhos" encontrados, aos quais dá o sentido que deseja, para montar narrativas já escritas de antemão.

As investigações da fase Triplo X - repito - foram estranhamente engavetadas. Não há mais referência a Mossack Fonseca na mídia, desde que se encontrou vínculos dessa com a Globo.

Reitero: o novo ataque da Lava Jato cumpriu uma agenda estritamente oportuna à Globo, porque o escândalo envolvendo Miriam Dutra, e as conexões em paraísos fiscais da emissora com Mossack Fonseca, vinham gerando grande constrangimento à família mais rica do país.

Agora não se fala mais nisso.

Agora o assunto é apenas João Santana.

A oposição tem os olhos injetados de maldade, e voltou a ter esperança de herdar o poder, mesmo que através de um golpe midiático-judicial.

Por que esse desespero para prender João Santana, se ele mesmo se prontificou, desde o primeiro momento, a esclarecer todas as dúvidas junto a Sergio Moro?

Bem, acho que eu descobri.

Não é notícia exclusiva 100% porque, a bem da verdade, a dica veio do blog Desenvolvimentistas, que publicou um post falando de uma portaria de Fernando Henrique, enquanto Ministro da Fazenda, isentando a TV Globo da CPMF, em 1994.

Só que em 1994 ainda não havia CPMF. O imposto se chamava, à época, IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira).

O Desenvolvimentistas, contudo, chegou muito perto. Ele acertou o número da portaria (de fato, é a número 4), mas cometeu algumas confusões.

O Cafezinho foi atrás das portarias assinadas por Fernando Henrique Cardoso assim que assumiu o Ministério da Fazenda.

uma portaria, a número 38, de 19 de janeiro de 1994, que inclui jornais entre as entidades isentas do pagamento do Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF). A portaria visava excluir as instituições públicas (União, estados, etc) e entidades privadas de natureza pública (partidos, sindicatos, etc) da cobrança do imposto. Acabou por incluir também jornais e revistas.

Entretanto, essa não ainda não é a prova do crime, porque é uma portaria muito geral, beneficiando horizontalmente jornais e editoras.

A portaria com a qual FHC efetivamente pode ter pago parte de sua dívida política com a Globo, que liderou a operação, junto com Antonio Carlos Magalhães, para "exilar" Miriam Dutra na Europa, foi a número 4, de 10 de janeiro de 1994, editada antes daquela outra citada anteriormente.

Essa portaria beneficia diretamente a Globo, dando isenção de IPI (Imposto de Produtos Industriais) para a importação de alguns maquinários específicos.

Os primeiros itens listados, no Anexo em que se informam quais são os produtos para os que se dá isenção fiscal sobre sua importação, são unidades de processamento de vídeo, modelos: MTV 200-BÁSICO, MTV 200-CGA e MTV 200-VGA, dentre outros.

Na verdade, este sempre foi o modus operandi da TV Globo. Desde sua fundação, a sua relação com os governos sempre se deu na forma de troca de favores políticos. A Globo ajudava a sustentar a ditadura, na forma de isenção de impostos de importação de seus maquinários, ou mediante novas leis - isso é importante dizer - feitas especificamente para ela, e não para o conjunto das emissoras de televisão.

Hoje sabemos, através da desclassificação de documentos, que a Globo recebeu, inclusive, crédito de bancos públicos dos Estados Unidos, porque interessava àquele país fortalecer a Globo, por considerá-la uma agente de seus interesses políticos e econômicos - mesmo que esses se confrontassem com os interesses brasileiros.

A ditadura ajudou a Globo a derrubar seus concorrentes, como a TV Excelsior, da qual a Globo herdou o espólio. Uma das empresas da Globo, listadas num informe recente da Anatel é a Rádio Excelsior Ltda (rádio).

As histórias de sonegação, corrupção, troca de favores políticos, envolvendo a Globo, não tem fim.

A Globo tem (ou tinha: notícias sobre a Globo são obscuras, visto que não temos imprensa profissional honesta no Brasil) empresas nos mercados de seguro e imobiliário, e sempre abusou de sua concessão pública para chantagear ou pressionar governos, em todos os níveis, em prol desses negócios.

Ou seja, quando você ler ou ouvir a Globo falar em "lobistas", referindo-se em geral a operadores de meia pataca que exercem lobby profissional em Brasília, não se esqueça de quem sempre foram os maiores lobistas do país: os Marinho.

Só que essas histórias nunca foram investigadas ou contadas. Certamente não é coisa que irá aparecer no Jornal Nacional ou Fantástico.

E agora, em 2016, vemos a Globo liderar uma campanha golpista, junto com suas empresas "dependentes" (Folha, Estadão, Veja, etc), e com apoio de setores delinquentes do Estado (e contaminados politicamente pela própria mídia) para ligar a corrupção ao PT, e somente ao PT.

Com isso, trabalha-se para derrubar o governo via golpe hondurenho, através de um processo de cassação política no TSE, ou paralisá-lo de tal forma que force a presidenta a renunciar.

Talvez seja útil informar, antes de encerrar o post, que no dia seguinte à assinatura da Portaria 4, Fernando Henrique Cardoso participa de outro importante ato de governo. Cardoso assina junto com Itamar Franco, que desde o sucesso do plano real, implementado no segundo semestre de 1993, tornara-se um presidente apenas decorativo, o decreto nº 1.041, de 11 de janeiro de 1994.

Esse decreto é um presente de mãe para sociedades imobiliárias, operadores do mercado financeiro e sócios de empresas estrangeiras, dentre outros felizardos.

Mas isso é outra história.

Por essas e outras que a Globo precisa abafar desesperadamente qualquer investigação sobre si mesma, e para isso conta hoje com o auxílio luxuoso de Sergio Moro e demais golpistas, que sequestraram alguns aparelhos judiciais e os usam para fazer o jogo sujo daqueles que, há mais de sessenta anos, tentam atrasar nosso desenvolvimento.

Em suma, a agenda da Lava Jato é a agenda da Globo.

Fonte: Blog do Miro
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CNT/MDA: avaliação positiva do governo Dilma sobe de 8,8% para 11,4%

Avaliação negativa caiu de 70% para 62,4%

O governo Dilma é regular para 25,2% dos entrevistados
O governo Dilma é regular para 25,2% dos entrevistados
Na pesquisa anterior, divulgada em outubro de 2015, o governo foi avaliado de forma positiva por 8,8% dos entrevistados, 70% haviam avaliado negativamente e 20,4% consideraram o governo regular.
Na pesquisa divulgada nesta quarta-feira, a avaliação do governo é considerada péssima por 44,7% dos entrevistados e ruim por 17,7%. Para 1,7%, o governo é considerado ótimo, enquanto 9,7% o consideram bom. O governo é regular para 25,2% dos entrevistados.

O desempenho pessoal da presidenta é aprovado por 21,8% dos entrevistados. O índice de desaprovação chega a 73,9%. Na edição anterior, esses percentuais foram de 15,9% e 80,7%, respectivamente.

A pesquisa também perguntou aos entrevistados se eles consideram que a presidenta Dilma está sabendo lidar com a crise econômica. Setenta e nove por cento responderam que ela não está sabendo lidar com a crise e 16,8% disseram que ela está conduzindo bem a situação.
A pesquisa da CNT, encomendada ao instituto MDA, entrevistou 2.002 pessoas de 137 municípios de 25 unidades da Federação entre 18 e 21 de fevereiro

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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No dia em que o Senado abre o pré-sal para empresas estrangeiras, assunto não aparece na capa dos jornais; Requião ameaça romper com governo Dilma

publicado em 24 de fevereiro de 2016 às 12:40
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Da Redação
Está marcada para esta quarta-feira, a partir das 14 horas, a votação do PLS 131, do senador José Serra, no Senado.
Na prática, ele permite a empresas estrangeiras que explorem campos do pré-sal sem fazer parceria com a Petrobras. Isso enfraquece a estatal brasileira, que explora o pré-sal a U$ 8 dólares o barril.
Como o risco é próximo de zero, equivale a entregar o pré-sal de bandeja para Shell, British Petroleum e outras empresas.
O argumento de Serra é de que a Petrobras não tem dinheiro para participar obrigatoriamente, com 30%, da exploração de todos os campos.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) estranhou que uma decisão de tal importância seja tomada em caráter de urgência, ou seja, que o projeto de Serra não seja discutido nas comissões do Senado antes de ir à votação no plenário.
O governo Dilma foi omisso.
Requião e alguns colegas ameaçam romper com o governo se o projeto for aprovado. O senador paranaense disse ao blog do Esmael que suplentes de senadores licenciados para servir no ministério de Dilma votaram com Serra ontem à noite, quando o Senado manteve o regime de urgência por 33 votos a 31, com 16 ausentes. Dentre os ausentes, os petistas Jorge Viana e Walter Pinheiro.
“Se os suplentes de senadores que estão nos ministérios não tivessem apoiado o projeto entreguista do petróleo teríamos enterrado essa barbaridade”, disse Requião. O senador acha que a votação desta tarde pode determinar o fim do governo Dilma na defesa dos interesses nacionais.
No twitter, ele se mostrou mais otimista hoje: “Quero acreditar que o Senado ontem viveu um pesadelo entreguista, hoje acorda e enterra o projeto anti Nação de Serra”.
O fato é que o assunto não dominou as capas de jornais — dedicadas, como sempre, à destruição do governo Dilma.
Nas páginas internas, a Folha noticiou com o singelo Senado vota projeto que desobriga Petrobras de explorar pré-sal. Ou seja, que alívio entregar campos do pré-sal exclusivamente à Shell e à British Petroleum!
O motivo é óbvio: à mídia não interessa provocar debate sobre um assunto que mexe com o brio dos brasileiros. É melhor, mesmo, fazer tudo na surdina.
A assessoria do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) convocou os eleitores a se manifestar enviando e-mails para os senadores, que deverão votar a partir das 14 horas. Indicou o endereço http://www25.senado.leg.br/web/senadores/em-exercício

Fonte: VIOMUNDO
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Atordoada e alarmada com as denúncias sobre o tríplex de Paraty, as trapaças com FHC e o caso da jornalista Mirian, o  Grupo Globo fez mais do mesmo ao fazer todo esse barulho sobre mais uma etapa da operação Java Jato.

O objetivo é o de mudar o foco e colocar toda a atenção da população sobre o governo Dilma , Lula e o PT.

Tendo conhecimento da nova pesquisa de opinião que apresenta melhora na avaliação da Presidenta Dilma e, também, sabendo com antecedência do programa de propaganda política obrigatória que o PT colocou no ar, ontem, nas emissoras de rádio e de TV ( as emissoras de rádio e de TV sabem com antecedência o horário e o conteúdo dos programas  de propaganda de partidos políticos, pois recebem o material dos partidos para divulgação no dia e horário estabelecidos, ´muitas vezes com tempo suficiente para conhecer o conteúdo ), a velha mídia e as oposições agendaram, pelas redes sociais , o tal panelaço do dia de ontem.

Um factoide para gerar notícia nas primeiras páginas  dos jornais, fazendo do jornalismo da velha mídia um jornalismo de mentira, um fabricante de  notícias em interesse próprio e, ao mesmo tempo, um setor visceralmente alinhado com  o que de existe mais retrógrado nas oposições ao governo, com o intuito escancarado de derrubar um governo democraticamente eleito.

Tá bandeira demais, cuidado brother, cuidado sábio senhor, estão tentando esconder as trapaças , mas o bico é grande e o rabo de globo é imenso.

A tática é sempre a mesma , ou seja, sufocar a população com notícias sobre supostos crimes de Dima, Lula e o PT.
 
A falação obsessiva toma conta da velha mídia durante alguns dias e , com isso, as trapaças e crimes dos tucanos e de globo ficam na gaveta, em pequeninas notas nos jornais.

Tá bandeira demais, agora é a tal da operação acarajé.

E a operação triplo X, que se referia ao tríplex do Guarujá, que depois com a aproximação com o tríplex de Paraty foi para a geladeira ?

Tudo isso em função de um desejado golpe de estado.

Do triplo X ao acarajé, o que o povo precisa é de trabalho, pão e cultura, e , claro, de  uma imprensa limpa e honesta.

Viramundo
Gilberto Gil


Sou viramundo virado
Nas rondas da maravilha
Cortando a faca e facão
Os desatinos da vida
Gritando para assustar
A coragem da inimiga
Pulando pra não ser preso
Pelas cadeias da intriga
Prefiro ter toda a vida
A vida como inimiga
A ter na morte da vida
Minha sorte decidida

Sou viramundo virado
Pelo mundo do sertão
Mas inda viro este mundo
Em festa, trabalho e pão
Virado será o mundo
E viramundo verão
O virador deste mundo
Astuto, mau e ladrão
Ser virado pelo mundo
Que virou com certidão
Ainda viro este mundo
Em festa, trabalho e pão