terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Globo na vanguarda do crime

José Carlos de Assis vê conluio de O Globo com procurador para beneficiar empresas de construção estrangeiras

publicado em 26 de janeiro de 2016 às 12:43
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A lei de repatriação e a MP da leniência representam um risco para a Lava-Jato? Sim. Sempre soubemos que, a longo prazo, as elites vão se compor de maneira a reduzir prejuízos que tiveram nessas operações. É o caso das legislações que vêm a posteriori. A MP 703 (que permitiu à CGU fazer acordo de leniência) e a lei da repatriação (que permite trazer recursos para o Brasil mediante pagamento de multa) são exemplo disso. A repatriação vem sendo falada desde o caso Banestado. É uma medida para socorrer as elites. Procurador Santos Lima, em entrevista a O Globo.
O desafio impertinente do Procurador à Presidenta

por José Carlos de Assis, no GNN
TER, 26/01/2016 – 09:12
Está sendo articulada no Rio uma audiência dos mais representativos dirigentes sindicais e empresariais do Brasil ao Ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, com o fim de apresentar ao Governo um desagravo da cidadania contra a crítica impertinente de um dos procuradores da Lava Jato, em Curitiba, Carlos Fernando dos Santos Lima, à expedição da medida provisória que regula os acordos de leniência.
Recorde-se que a sugestão da MP (que tomou o número 703) partiu justamente daqueles dirigentes numa reunião com a Presidenta Dilma Roussef no início de dezembro.
Em declarações anteriores, a própria Presidenta explicou o sentido da MP como sendo essencial para separar empresas de empresários eventualmente envolvidos com a Lava Jato, de forma a punir empresários que venham a ser condenados por corrupção mas mantendo as empresas em funcionamento, inclusive como contratadas do setor público, de forma a preservar empregos.
A crítica do procurador, estimulada por O Globo, e não se sabe a soldo de quem, vai no sentido de quebrar as empresas de construção, levando ao desemprego e à ruína centenas de milhares de trabalhadores delas e de suas cadeias produtivas.
Já é estranho um procurador da República, abusando da liberdade de opinião, atacar abertamente a Presidenta da República e a seu Governo por atos absolutamente legais praticados dentro da institucionalidade e com base em suas prerrogativas.
Ainda mais estranho é a cobertura que suas falácias obtiveram de O Globo, refletindo posição editorial do próprio Globo semanas atrás.
Para quem conhece, como eu, o funcionamento desse jornal – trabalhei nele –, não se trata de uma declaração espontânea. O Globo não transmite notícias. Fabrica-as. Ele foi buscar no Paraná o papagaio vaidoso que devia vocalizá-las.
Em relação aos propósitos ocultos do jornal, esta é mais uma evidência da determinação dele de quebrar as grandes empresas brasileiras de engenharia a fim de abrir espaço para as internacionais e enfraquecer nossa capacidade de manter grandes empresas de construção e desenvolver um setor de defesa genuinamente nacional.
A aliança Globo-procurador da República é uma agressão à nacionalidade e, do  ponto de vista concreto, um instrumento de multiplicação do desemprego e de generalização da miséria, o que se revela nos ataques reiterados ao Estado nacional.
Espera-se que o Ministro da Justiça saia da letargia e reaja ao ataque violento do procurador. Do contrário, perderá totalmente a autoridade já debilitada pelos desmandos da Lava Jato. Infelizmente, esse tipo de impertinência não  é por acaso. Em má hora, por excesso de boa fé na conduta futura de procuradores, a Constituinte conferiu um leque absurdo de poderes ao Ministério Público.
Era uma espécie de compensação dialética pela ausência absoluta de seu poder sob a ditadura. A prática se revelou desastrosa. Os procuradores mandam  mais que qualquer autoridade eleita. E não prestam contas sequer a si mesmos.
Esse erro terá de ser reparado numa futura Constituinte que venha a tratar da reforma do Estado, e não apenas da reforma política. Nas discussões que temos tido na Aliança pelo Brasil esse é um ponto vital.
Temos que acabar com o caráter corporativo do Estado, pelo qual procuradores, promotores, juízes, tribunais se colocam abertamente acima da lei. É um absurdo, por exemplo, que o chefe do Ministério Público Federal seja nomeado automaticamente como o primeiro de uma lista tríplice votada por sua corporação. Isso não é democracia. É um mandarinato. E um convite claro à anarquia.

J. Carlos de Assis — Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de “Os sete mandamentos do jornalismo investigativo”, Ed. Textonovo, SP, 2015. 

Fonte: VIOMUNDO
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Socialismo em alta

25 anos após o fim da guerra fria, EUA vivem “love affair” com o socialismo


(Punho erguido no comício de Bernie Sanders no Colorado. Foto: Nat Stein)

Enquanto no Brasil a direita segue repetindo platitudes sobre o socialismo (assim como faz a direita norte-americana mais apatetada), o termo está em alta no país-símbolo do capitalismo. Tudo se deve ao senador Bernie Sanders, o pré-candidato democrata à presidência que conseguiu roubar os holofotes da rival Hillary Clinton. Auto-denominado “socialista democrático”, Sanders, ao contrário de muita gente que se diz de esquerda por aqui, não economiza no uso da palavra. E faz bem, porque pesquisas recentes mostram que boa parte do eleitorado democrata hoje se define como socialista. Não é incrível?

“Socialism” foi escolhida “a palavra do ano” em 2015 pelo dicionário online Merriam-Webster. É atualmente a 7ª palavra mais buscada em todos os tempos no dicionário e a pesquisa por seu significado aumentou 169% no ano passado. “O fato de um candidato à presidência de um partido majoritário abraçar o socialismo mostra que o termo superou as definições do tempo da guerra fria”, publicou o Merriam-Webster em seu site. O verbete que o dicionário norte-americano dedica ao socialismo também se modernizou: o conceito aparece mais identificado com a social-democracia europeia, com a regulação da economia pelo Estado e as políticas sociais aplicados em países como a Suécia e a Dinamarca do que com (como repetem sem parar os bolsomitômanos) o totalitarismo da finada União Soviética ou da Coreia do Norte.

Desde que Bernie começou a ameaçar Hillary, pipocam por toda parte artigos perguntando se “a América estará finalmente pronta para o socialismo”.



Ora, a História mostra que foi preciso muito sangue derramado para conter os ímpetos socialistas na terra do tio Sam. Existiu um socialismo cristão por lá desde o século 19, anterior portanto à revolução russa. Nos primeiros anos do século 20, um forte movimento sindical de cunho socialista e anarquista foi reprimido com tortura, prisões, pena de morte e deportações (leia mais aqui e aqui). Durante o macartismo, a partir da década de 1950, comunistas passaram a ser acusados de “espionagem” em favor da URSS e executados na cadeira elétrica. Mas, nos anos 1960, ativistas dos direitos civis como os Panteras Negras continuavam a se identificar como comunistas ou socialistas.



(Cartaz dos Panteras Negras por Emory Douglas, 1969)

Se o socialismo, mesmo perseguido, nunca morreu inteiramente nos EUA, pode-se dizer que nos últimos meses resolveu sair do armário. Já há inclusive quem fale que a América vive um novo love affair com o socialismo… Um facilitador para esta redescoberta é que agora não existe um inimigo da pátria que “represente” o socialismo. Ou seja, o socialismo voltou a ser o que é em sua essência, uma forma de ver o mundo. E o socialista deixou de ser o “traidor da pátria”. Não existe mais razão para perseguir pessoas que pensem desta maneira, ainda mais em um país onde a liberdade de pensamento é o artigo número um da Constituição.

Uma pesquisa do instituto Gallup de junho de 2015 revelou, de forma surpreendente, que 47% dos norte-americanos disseram que poderiam votar num candidato que se intitula “socialista”. Entre os democratas, o número dos que votariam em um socialista para a presidência sobe para 59%. O mais impressionante é que até entre os republicanos há gente que não veria problema em votar em alguém que se denominasse assim: 26% deles disseram que também poderiam votar num político dito socialista.

Outra pesquisa, feita entre os eleitores democratas no estado do Iowa neste mês, mostra que 43% deles usariam a palavra “socialista” para se descrever a si mesmos. Um número maior do que os que disseram ser “capitalistas”: 38%. Uma terceira sondagem, patrocinada pelo jornal The New York Times em conjunto com a cadeia de TV CBS em novembro de 2015, revelou que também os apoiadores de Hillary Clinton possuem uma imagem positiva do socialismo. 56% dos eleitores aptos a votar nas primárias do partido Democrata disseram ver de forma positiva um governo identificado com o socialismo, contra 29% que têm uma visão negativa. O número é ainda maior entre os jovens (63%) e afro-descendentes (70%). O interesse no socialismo tem tudo a ver com a crescente desigualdade no país: 88% dos eleitores democratas ouvidos pela pesquisa disseram que o abismo entre pobres e ricos é um assunto urgente a ser enfrentado.



Apesar de não se furtar de falar de socialismo ou de posar para fotos com o punho erguido, célebre símbolo comunista, Bernie Sanders tem se mostrado disposto a esclarecer que o mundo de hoje é diferente e que a esquerda evoluiu. “Da próxima vez que me atacarem como socialista, lembrem-se que eu não defendo que o governo deva confiscar a mercearia da esquina ou deter os meios de produção”, disse ele. “O que eu acredito é que a classe média e os trabalhadores deste país, que produzem a riqueza, merecem um padrão de vida decente e seus ganhos devem subir, não baixar.” Não à toa, enquanto Hillary conta com o suporte financeiro de bancos e emissoras de TV, os principais doadores de Bernie são sindicatos e entidades ligadas aos trabalhadores.





(Doadores de Bernie Sanders…)





(…e doadores de Hillary Clinton)

Nesta entrevista ao humorista Seth Mayers, Bernie explica por que o socialismo não é um palavrão. Ele cita países como a Noruega, em que a saúde é um direito de todas as pessoas, como aliás quase toda a Europa, diferentemente do que acontece nos EUA, onde quem não tem dinheiro para custear um plano de saúde privado morre na rua (assista ao documentário Sicko, de Michael Moore, sobre o tema). Ou países em que a educação é pública e gratuita e todo jovem pode ir à universidade, não apenas quem pode pagá-la, ao contrário dos EUA. E em que os governos trabalham para as classes menos favorecidas e não para os bilionários.

“Para mim, socialismo democrático significa que nós podemos criar uma economia que funcione para todos, não apenas para os muito ricos. Socialismo democrático significa que nós podemos reformar um sistema político que hoje não é só absolutamente injusto como é, em muitos aspectos, corrupto”, disse Bernie em um discurso na Universidade de Georgetown em novembro, desmontando a falácia da “terra das oportunidades iguais para todos” e da “meritocracia”. Aonde quer que ele vá, arrasta multidões. Esta semana, milhares de simpatizantes de sua candidatura marcharam em 35 cidades dos EUA. Aqui, na terra de Obama:

E pensar que diziam que o socialismo estava na pior, hein? Mesmo que Bernie Sanders não saia candidato à presidência, a sementinha está plantada. Sempre que os EUA enfrentarem crises econômicas, que o fosso entre os pobres e ricos aumentar e que mais gente estiver morando nas ruas, uma palavra vibrará nos ouvidos dos norte-americanos: por que não tentamos o socialismo?

Fonte: SOCIALISTA MORENA
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Apagão na informação da velha mídia



Situação dos Principais Reservatórios do Brasil - 25/01/2016

REGIÃO SUDESTE / CENTRO-OESTE (situação atual 41.77%)
Principais Bacias
Principais Reservatórios
Situação Atual

Rio Parnaíba
38,71% da região Serra do Facão (3,23% da região) 34.56%

Emborcação (10,65% da região) 39.07%

Nova Ponte (11,21% da região) 25.79%

Itumbiara (7,76% da região) 31.1%

São Simão (2,50% da região) 89.2%


Rio Grande
25,38% da região Furnas (17,18% da região) 46.26%

Mascarenhas de Moraes (2,15% da região) 57.82%

Marimbondo (2,68% da região) 88.82%

Água Vermelha (2,19% da região) 95.9%


Rio Paraná
3,03% da região Ilha/3 Irmãos (3,03% da região) 57.59%


Rio Paranapanema
5,77% da região Jurumirim (1,99% da região) 92.99%

Chavantes (1,62% da região) 80.6%

Capivara (1,94% da região) 83.43%

Outras
(31,87% da região)


REGIÃO SUL (situação atual 93.6%)
Principais Bacias
Principais Reservatórios
Situação Atual

Rio Iguaçu
50,93% da região S. Santiago (16,30% da região) 99.54%

G. B. Munhoz (30,39% da região) 99.86%

Segredo (2,29% da região) 98.97%

Rio Jucuí
16,08% da região Passo Real (15,02% da região) 88.01%

Rio Uruguai
29,77% da região Passo Fundo (8,72% da região) 97.77%

Barra Grande (15,21% da região) 86.9%

Outras
(3,22% da região)


REGIÃO NORDESTE (situação atual 12.83%)
Principais Bacias
Principais Reservatórios
Situação Atual

Rio São Francisco
96,86% da região Sobradinho (58,20% da região) 5.41%

Três Marias (31,02% da região) 18.29%

Itaparica (6,62% da região) 36.57%

Outras
(3,14% da região)


REGIÃO NORTE (situação atual 23.21%)
Principais Bacias
Principais Reservatórios
Situação Atual

Rio Tocantins
96,17% da região Serra da Mesa (43,68% da região) 16.08%

Tucuruí (51,53% da região) 26.42%

Outras
(3,83% da região)

RegiãoCapacidade Máxima de Armazenamento MW.mês

SUDESTE / CENTO-OESTE 205.002
SUL 19.873
NORDESTE 51.859
NORTE


Fonte: OPERADOR NACIONAL DO SISIEMA ELÉTRICO
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Todos os anos , nos meses de janeiro, a velha mídia entoa o mantra do apagão.

Tem sido assim desde o primeiro governo do PT, em 2003.

Um possível apagão pela falta de energia elétrica, com uma tonalidade de pânico ao fundo, é apresentado à população pelos veículos da velha mídia.

Curiosamente , o único apagão que de fato aconteceu, se deu no governo de Fernando Henrique Cardoso, quando a população conviveu com racionamento de energia.

Este ano, com a chuvarada de janeiro a velha mídia ainda, disse ainda, não entrou firme na possibilidade do país ficar às escuras, e também nada informou sobre a situação dos reservatórios das cinco regiões do país.


Se é justo alertar a população quando os reservatórios estão em níveis baixos, também é justo informar quando os reservatórios estão com reservas razoáveis.


No entanto, na velha mídia a manipulação é tanta que a informação gera desinformação, como no exemplo:

" comprei um pedaço de carne para fazer um churrasco, porém a carne é boa"

Assim sendo, o PAPIRO, disponibiliza a situação atual do reservatórios em 25.01.16




segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Onda de Calor no Ártico

Alarme climático: Polo Norte 30ºC acima da média

As temperaturas no Polo Norte estiveram acima do ponto de fusão do gelo, devido à onda de calor que atingiu a região na tempestade Frank.



esquerda.net
  Allan Hopkins/Flickr
As temperaturas no Polo Norte atingiram em dezembro os 0.7º C, ou seja, estiveram acima da temperatura de fusão do gelo. Os valores chegaram a atingir mais 30º C do que a média para esta altura do ano, o valor mais alto desde que os registos começaram, em 1900. Desde 1948, só há três registos de momentos em que a temperatura terá ultrapassado os 0º C no Ártico, mas não há, até agora, nenhum registo nos meses de janeiro, fevereiro ou março. 2015 foi o ano mais quente na região desde 1900, e 2016, sendo um ano de El Niño, provavelmente não lhe ficará atrás. A temperatura subiu tanto devido à passagem da tempestade Frank, uma das cinco tempestades mais fortes de que há registo no Ártico e que também provocou mau tempo e cheias no Reino Unido, Islândia e Estados Unidos.

Nível médio da água do mar pode aumentar mais rápido que previsto

O aumento da temperatura no Polo Norte ganha contornos ainda mais alarmantes com um novo estudo, publicado recentemente na revista “Nature Climate Change” e citado no jornal Público. Os autores estudaram 26 locais na região Oeste da Gronelândia entre 2009 e 2015, e pesquisavam o impacto numa camada de gelo poroso dos Verões quentes, particularmente os de 2010 e 2012, que causaram um grande derretimento.

Os cientistas descrevem que esta camada de gelo poroso, que atinge os 80 m de profundidade, estava a capturar e a acumular nos seus interstícios parte da água derretida, mas deixou de o conseguir fazer. Os investigadores estimavam que esta camada estivesse a reter 30 e 40% do gelo derretido. A água que não é retida escorre para o mar, o que pode aumentar o nível médio da água de forma mais grave e célere do que o previsto.

Por ouro lado, este escoamento da água do gelo derretido pode reforçar mecanismos de reforço positivo, estimulando um derretimento ainda maior. Isto porque a água ao escorrer esculpe a superfície do gelo, criando zonas lamacentas e, logo, mais escuras. Esta alteração da cor da superfície reduz o seu albedo, isto é, a capacidade de reflexão da luz solar, que é máxima no gelo puro, aumentando a absorção de luz. Por sua vez, a absorção de luz pelo gelo aumentará a temperatura à superfície, acelerando o derretimento.

As alterações nesta camada sensível de gelo poroso são praticamente irreversíveis. Mesmo que houvesse a criação de uma nova camada durante os próximos Invernos, o processo demorará décadas e não acontecerá seguramente num clima cada vez mais quente.

Os autores do estudo, citados pelo Público, estimam que se tenham perdido mais de nove milhões de milhões (ou seja, nove biliões) de toneladas de gelo no último século. Quando todo o gelo da Gronelândia derreter, o nível médio do mar subirá sete metros, com efeitos devastadores.

Fonte: CARTA MAIOR
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sábado, 23 de janeiro de 2016

A Ascensão do Mediocre

Programas policialescos não podem ter carta branca para violar direitos


Charge: Junião
O Ministério Público Federal em São Paulo ajuizou ação civil pública contra a Record e a União em decorrência de violações de direitos no programa “Cidade Alerta”. Estudo aponta que programas policialescos violam cotidianamente 12 leis brasileiras e 7 tratados multilaterais.
22/01/2016 
Por Helena Martins (*), especial para a Ponte Jornalismo
 
“Atira, meu filho; é bandido”. Essa foi uma das frases proferidas por Marcelo Rezende, do programa Cidade Alerta, da Rede Record, ao transmitir, ao vivo, uma perseguição policial a dois homens que seriam suspeitos de roubo. A ação culminou com um tiro disparado à queima roupa pelo integrante da Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas (Rocam) da Polícia Militar de São Paulo contra aqueles que, repetidas vezes, foram chamados de “bandidos”, “marginais” e “criminosos” pelo apresentador.
 
 
 Charge: Junião
A cobertura, feita em junho do ano passado, foi objeto de representação elaborada pelo Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação e pela ANDI – Comunicação e Direitos ao Ministério Público Federal em São Paulo. As organizações apontaram que houve desrespeito à presunção de inocência e incitação à desobediência às leis ou decisões judiciais. No texto, foram descritas as cenas e também as leis desrespeitadas pelo canal, em especial a Constituição Federal, que veda a veiculação de conteúdos que violem direitos humanos e façam apologia à violência, e o Código Brasileiro de Telecomunicações, que determina que “os serviços de informação, divertimento, propaganda e publicidade das empresas de radiodifusão estão subordinados às finalidades educativas e culturais inerentes à radiodifusão” (Art.38, d).
 
Agora, o Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública contra a Rede Record e a União. O órgão pede que a emissora transmita uma retratação, por dois dias úteis, mostrando não compactuar com o comportamento hostil e com a incitação à violência perpetrada por Marcelo Rezende. Em caso de descumprimento, o grupo deverá pagar multa de R$ 97 mil por dia. O MPF requer ainda que a União cumpra com o seu dever e fiscalize o programa.
 
As medidas são importantes para enfrentar a perversidade praticada todos os dias pelos chamados programas policialescos. Não é mais possível calar diante de conteúdos midiáticos que se valem de uma concessão pública para ir ao ar e, então, violar direitos de forma sistemática, como comprova pesquisa realizada pela ANDI em colaboração com o Intervozes, a Artigo 19 e o Ministério Público Federal. O estudo (**) aponta que pelo menos 12 leis brasileiras e 7 tratados multilaterais são desrespeitados cotidianamente por esses programas, entre eles a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
 
A análise de 28 programas veiculados por emissoras de rádio e televisão em dez estados diferentes, ao longo de 30 dias, constatou que 1.936 narrativas possuíam violações. Entre elas: 1.709 casos de exposição indevida de pessoa; 1.583 de desrespeito à presunção de inocência; 605 de violação do direito ao silêncio; 151 ocorrências de incitação à desobediência ou desrespeito às leis; 127 de incitação ao crime e à violência; 56 casos de identificação de adolescentes em conflito com a lei; 24 registros de discurso de ódio e preconceito; 18 ocorrências de tortura psicológica e degradante, entre outros crimes.
 
Os números servem para comprovar práticas que podem ser observadas praticamente sempre que ligamos o rádio e a TV, especialmente no período do almoço ou no turno da tarde, já que, por serem considerados jornalísticos, os tais policialescos não são submetidos à classificação indicativa – permanecendo, assim, facilmente acessíveis às crianças e aos adolescentes. Poucas são as emissoras que não aderiram à fórmula que combina exploração de sensações (a começar pela dor de quem passa por situações violentas), merchandising e populismo. A estética (e, portanto, a ética) deles penetra também os tradicionais programas jornalísticos, inclusive porque estes passaram, na última década, a buscar responder ao crescimento da audiência daqueles.
 
Como consequência, temos veículos que levam a praticamente todos os lares brasileiros discursos que criminalizam, sobretudo, setores cujos direitos são historicamente negados, como os jovens negros suspeitos de atos infracionais. Discursos que criam estereótipos sobre comunidades ou populações inteiras, que tratam a violência de forma superficial e que apresentam como resposta aos problemas a redução da idade penal e outras expressões do Estado penal.
 
Ao passo que este vem se tornando cada vez mais necessário para regular a vida em sociedade com base na força, na vigilância, na produção do medo e na exclusão, também cresce o papel dos meios de comunicação na produção do que Eugenio Raúl Zaffaroni chama de “criminologia midiática”. Esta constrói uma imagem do real na qual estão, em lados absolutamente opostos, as pessoas boas, vulneráveis, e a massa criminosa. Isso é feito, claro, por meio da fabricação do estereótipo do criminoso, de campanhas de ‘lei e ordem’, de ideias rígidas, como a suposta impunidade dos adolescentes que entram em conflito com a lei, entre outros artifícios.
 
A justificativa para a seletividade penal necessária à manutenção deste sistema excludente e opressor é, assim, construída e reforçada todos os dias. A retórica de que “bandido bom é bandido morto” é exemplo disso. Ademais, ao praticar populismo penal, apresentando, por exemplo, a privação de liberdade em um sistema penal falido como resposta à demanda de segurança, tais programas – e as emissoras responsáveis por eles – privam a sociedade de ter acesso a uma informação plural, contextualizada e completa. Ignoram, por exemplo, o fato de o Brasil ocupar hoje o patamar de terceiro País com a maior população carcerária – posição que galgou, sobretudo, nos últimos dez anos, quanto também vimos o crescimento da violência, o que deixa claro que a saída proposta é absolutamente equivocada.
 
A figura carismática, o tom apelativo, a apresentação de respostas fáceis e a tentativa de ocupar o papel do Estado como mediador de conflitos e detentor da possibilidade de aplicação do direito abrem caminhos para a eleição de parlamentares – e, em breve, possivelmente de mandatários de cargos no Executivo. Alçados à posição de representantes da sociedade, esses apresentadores muitas vezes passam a integrar a chamada “bancada da bala” e a adotar agendas conservadoras, em especial em relação à segurança pública e aos direitos humanos, contra os quais também rotineiramente são proferidos discursos inflamados no rádio e na TV.
 
Para enfrentar essa lógica, é necessária, de imediato, uma mudança de postura dos órgãos responsáveis pela fiscalização dos conteúdos veiculados pelas emissoras de rádio e televisão, em especial o Ministério das Comunicações (MiniCom). Hoje, o Ministério tem recuado de seu poder fiscalizador e sancionador. Além de não monitorar os programas, atua apenas diante de denúncias ou de casos com grande repercussão pública. Além disso, pesquisa mostra que, em diversos casos, houve omissão ou restrição da ação do órgão ao considerar apenas dois dispositivos legais do Código Brasileiro de Telecomunicações para analisar conteúdos, embora haja muitos outros relacionados à questão.
 
A postura omissa do MiniCom resulta em uma carta branca para práticas criminosas. Entre 2013 e 2014, apenas duas emissoras de TV foram multadas por violações cometidas por programas policialescos: a TV Band Bahia, multada em R$ 12.794,08, e a TV Cidade de Fortaleza, que pagou R$23.029,34. No primeiro caso, a apresentadora Mirella Cunha humilhou um suspeito negro por oito minutos. No segundo, dois programas da emissora veicularam o estupro de uma menina de nove anos de idade. Nas duas situações, a ação do Ministério ocorreu após denúncia e pressão por parte da sociedade civil.
 
No caso que envolve o apresentador Marcelo Rezende, essa permissividade mais uma vez ficou clara. Assim como o MPF, o MiniCom recebeu do Intervozes denúncia sobre a ocorrência de desrespeito à presunção de inocência e incitação à desobediência às leis ou decisões judiciais. Não obstante, em resposta encaminhada pelo Departamento de Acompanhamento e Avaliação de Serviços de Comunicação Eletrônica, o órgão disse que segue analisando denúncia, mas que o Poder Judiciário deveria ser procurado em busca de reparação. Segundo o comunicado, “só depois de ocorrer a condenação do culpado, é que o Ministério das Comunicações poderá, com a sentença condenatória transitada em julgado, instaurar processo administrativo contra a entidade detentora da outorga para executar o serviço de radiodifusão, ‘por abuso no exercício da liberdade de radiodifusão por ter sido este meio utilizado para prática de crime’.”.
 
Além do longo prazo para a sociedade ter retorno de algo que, pelas características da mensagem televisiva, tem forte impacto imediato, em geral as multas são irrisórias e não há uma campanha pública que mostre a ocorrência da sanção nem o problema cometido pela emissora. Assim, essas medidas acabam sendo insuficientes para desestimular práticas equivocadas. Essa situação torna ainda mais urgente a atuação crítica da sociedade e de órgãos com posicionamentos contundentes, como tem sido o Ministério Público Federal, em relação aos grupos midiáticos.
 
Nunca é demais lembrar que a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa devem conviver harmonicamente com os demais direitos e podem, inclusive, ser fundamentais para a promoção deles, caso sejam utilizadas com esse fim. Diante de tudo isso e tendo em vista a complexa conjuntura vivenciada no Brasil, sobretudo no campo dos direitos humanos, defendemos algo que pode ser feito desde já, como ocorre em democracias consolidadas ao redor do mundo: não aceitar violações. Se não enfrentarmos coletivamente essa agenda, estaremos fadados a viver em uma sociedade paralisada pelo medo e sujeita à reprodução de discursos que ampliam desigualdades sociais e legitimam a exclusão de grupos populacionais por meio da criminalização, do encarceramento ou do extermínio.
 
(*) Helena Martins é jornalista e representante do Intervozes no Conselho Nacional de Direitos Humanos.
 
(**) Ainda inédito, o estudo faz parte de um amplo programa de monitoramento de violações de direitos humanos em veículos de comunicação brasileiros. Como parte do projeto, já foram lançados dois guias que apresentam mais informações sobre os programas policialescos; conheça o volume 1 e o volume 2.

Fonte: BRASIL DE FATO
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Programas policialescos nas emissoras de TV aberta, e são muitos, estão seguindo a mesma estética das redes sociais.

Aliás, não apenas os programas policialescos, os conteúdos das TV's, principalmente as TV's abertas, estão se alinhando, de alguma forma, com a estética de linguagem e comentários das redes sociais na internete.

É uma estratégia, desesperada, de minimizar a queda nas audiências.

O mesmo acontecerá em breve com jornalões e revistas impressas, que atualmente em versão digital, permitem uma aproximação com os conteúdos das redes sociais.

Isso significa que com o surgimento da internete e das redes sociais, o jornalismo da velha e grande mídia se rebaixou aos padrões da rede, vulgarizou-se, fazendo da informação, seu principal e nobre produto, algo precário, rasteiro e, paradoxalmente, desprovido de informação.

A nova estética de comunicação e linguagem que emerge por conta desse alinhamento, alimenta e se alimenta da polarização na política, repercutindo nas redes sociais e na velha mídia uma disputa que se alastra por toda a sociedade.

Assim sendo, apresentadores de praticamente todos os telejornais, como Raquel Sheherazade do SBT, por exemplo, reproduzem o senso comum, rasteiro e desprovido de conteúdo, que no entanto acaba por ser , de alguma forma, bem recebido por parcela da população e de outras empresas de mídia.

Cresce o número de novos colunistas medíocres na velha mídia.

O mesmo se aplica aos programas policialescos, que em um passado próximo não tinham o discurso corrosivo e violento do presente mantendo até mesmo algum respeito com o telespectador.

Esse fenômeno, que classifico com A Ascensão do Medíocre, deve-se em grande parte seu crescimento a inoperância do Estado e de seus órgãos de fiscalização.

Ignorando a atuação histórica nefasta dos meios de comunicação da velha mídia e também a necessidade de novas regras para civilizar e domesticar o setor, os Governos do PT permitiram que - por desconhecimento, falta de foco, ou ambos - a situação chegasse ao estágio atual de barbárie, onde apresentadores de programas de TV incitam assassinatos ao vivo, para delírio e prazer da audiência, que de certa forma aprova os atos de violência.

Esse fenômeno também se desloca para o esporte, onde modalidades de lutas supostamente esportivas levam os telespectadores ao delírio com cenas de pessoas ensanguentadas, violência extrema nos golpes e até mesmo membros partidos, tudo isso com uma audiência considerável.

O mesmo se dá nas telenovelas, onde a violência, e a trapaça são enaltecidas e roubam a cena.

Os anseios, desejos e instintos mais primitivos das pessoas, que na internete puderam se manifestar devido ao anonimato propiciado pela rede mundial de computadores, ao que parece emergem de forma avassaladora no mundo real em uma regressão social que, por motivos políticos e ideológicos, tem sido amplamente apoiada e incentivada pela velha mídia, do Brasil e do mundo.

Os casos de estupro e de violência contra mulheres cresce em números assustadores.

O novo jornalismo e também o novo Judiciário estão perfeitamente alinhados com a nova realidade.

Esse retrato da sociedade atual não é apenas brasileiro, mas mundial, sendo que em cada país determinadas especificidades prevalecem sobre outras, mas que na totalidade refletem o estágio atual do capitalismo dominante, violento, selvagem, antidemocrático e com um viés de organização criminosa.

A situação no Brasil é preocupante e exige uma ação imediata do poder público, pois, caso contrário, as disputas passarão a acontecer nos espaços públicos, como alguns acontecimentos recentes já evidenciaram.

O sangue que escorre , hoje, é um produto altamente valorizado nos meios de comunicação e o novo protagonista emergente, o medíocre, se alinha perfeitamente com tais conteúdos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Imprensa aloprada

O papel da mídia na atual 'crise' brasileira

 A mídia se tornou um partido que passou a atuar no jogo político de maneira privilegiada, sem precisar de votos ou prestar contas aos seus eleitores.

Geniberto Paiva Campos



“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma” – Joseph Pulitzer


1. Parece haver um problema de matriz cultural interferindo no cotidiano da política brasileira.

Durante décadas fomos educados para respeitar o que se apresentava na forma impressa, assumindo como verdadeiras as suas notícias, informações e, eventualmente, suas (raras) opiniões. Jornais, revistas e outros tipos de publicação gozavam de um respeito reverencial, o qual era transferido aos jornalistas, editores, diagramadores e até linotipistas, todos profissionais envolvidos na nobre missão de (bem) informar.

Os jornalistas brasileiros eram profundamente respeitados e admirados pelos diversos segmentos populacionais que dependiam do acesso aos órgãos da imprensa para obter informações confiáveis. E que sabiam reconhecer a veracidade e o estilo da escrita destes profissionais.

Com o advento das mídias eletrônicas (rádio e televisão) a partir do século passado, esse sentimento de respeito e admiração transferiu-se para os profissionais dessas novas áreas.

Em reciprocidade, havia um profundo respeito desses profissionais para com os seus leitores, radiouvintes e telespectadores. Para com o seu público, enfim.

Esse acordo informal entre os jornalistas e o público consumidor de notícias, baseado na verdade e na decência, raramente era descumprido. Havia uma ética implícita nesse relacionamento.

Como esperado, muitos jornalistas que alcançavam notoriedade profissional enveredavam pela política. São vários os exemplos desse fato. Positivos e negativos. Esse entrelaçamento entre jornalismo e política não causou maiores prejuízos aos comunicadores, nem tampouco à política ou à gestão pública. E a comunicação social passou a ser exercida de maneira mais cuidadosa. E na medida que a Comunicação passou a ser algo mais complexo e ganhou as cátedras acadêmicas, os jornalistas assumiram maior importância no âmbito da sociedade.

O que viria a acarretar profundas mudanças nesse relacionamento respeitoso entre os órgãos de comunicação e os seus fiéis seguidores foi a percepção crescente da importância da Informação numa sociedade agora essencialmente urbana e industrializada, que ao adquirir novos hábitos culturais, tornou-se uma sociedade de consumo de massa.

A TV, o rádio, o jornal e as revistas assumiram gradativamente o papel de orientadores desse consumo. E perceberam que era facilmente alcançável orientar outras escolhas dessa sociedade “em trânsito”.

2. A criação dos grandes conglomerados midiáticos foi a evolução natural desse processo. O qual tornou-se irreversível pela força incontida da comunicação através do rádio, e principalmente da TV, nos hábitos de consumo e na formação da opinião (a temida “opinião pública”) da sociedade. Consequentemente, a mídia tornou-se orientadora não só dos hábitos de consumo como também das mais diversas escolhas dos cidadãos. Principalmente com o avanço do conceito de “propaganda”. Na prática, tudo poderia se transformar em “produto”. Objeto de desejo dos indivíduos (também chamados de “público alvo”), desde que bem manipulado pelas técnicas dessa nova arte. A partir desse ponto os acordos éticos, implícitos no relacionamento entre mídia e público foram “flexibilizados”. O sistema capitalista entendeu perfeitamente, e passou a usar, sem maiores escrúpulos, a força incontida da publicidade e da propaganda na formação de hábitos e comportamentos dessa nova sociedade, valendo, principalmente, para quem viesse a dispor do controle da mídia, impressa e eletrônica. (E o conceito de cidadania evaporou-se. Foi para o espaço… E o Jornalismo, enquanto missão social, e serviço público, foi extinto)

Em muitos países do chamado primeiro mundo as autoridades públicas, percebendo precocemente a imensa força política dos aglomerados midiáticos, estabeleceram regras e limites, através de legislação específica. Sendo os exemplos mais evidentes a Inglaterra e os Estados Unidos da América. O que não veio a ocorrer na América Latina e especificamente no Brasil. Abrindo uma imensa via para a atuação dos órgãos de comunicação, agindo sem qualquer controle legal. E a mídia, habilmente e absolutamente livre em suas manobras, espertamente passou a associar esse controle – essencialmente democrático – com a censura à liberdade de expressão. De modo que o Brasil entrou no século 21 permitindo a propriedade cruzada dos meios de comunicação. Embora a Constituição, promulgada em 1988, a proibisse expressamente. Mas este artigo dependia de uma regulamentação infra-constitucional, nunca posta em prática. Simplesmente porque isso não era do interesse de três ou quatro famílias proprietárias de conglomerados de rádios, TVs, revistas e jornais.

Qual um trem desgovernado, esses conglomerados foram gradativamente assumindo um papel cada vez mais relevante e decisivo no jogo político. E, rapidamente, os donos das organizações jornalísticas assumiram o papel de empresários. E que dispunham de um produto de alto valor para venda: a formação da opinião pública. Tornando-se bilionários. Criando cidadãos de segunda classe, despolitizados e absolutamente crentes (e militantes) daquilo que a mídia decidia divulgar como verdade. E, mais ainda, dispostos a ir às ruas e avenidas do país, propagando as palavras de ordem dos conglomerados midiáticos. Estes, meros porta-vozes do neoliberalismo.

Estava criado, portanto, um novo partido político. O qual passou a atuar no jogo político de maneira privilegiada. Por não precisar de votos. Ou de prestar contas aos seus eleitores ou à justiça eleitoral. Por prescindir de realizar convenções e debates para indicar seus candidatos e escolher seus projetos e propostas. Usando, ao extremo, o seu poder político, tornou-se o quarto poder (com tendência a assumir o primeiro lugar nessa hierarquia). Exercido no âmbito familiar e restrito aos proprietários das empresas jornalísticas, que se tornaram verdadeiras dinastias.

E os jornalistas? Estes, com raras e honrosas exceções, foram se transformando em meros serviçais dos seus patrões. Dispostos, para garantir os vínculos com suas empresas, a assimilar, acriticamente, as ideias e os projetos do interesse das suas organizações. Raramente coincidentes com os interesses nacionais.

(George Orwell ao publicar, em meados dos anos cinquenta, o seu profético livro “1984”, jamais poderia imaginar que a sua ficção política iria, tão rapidamente , assumir foro de realidade. O seu imaginário “Big Brother” e a Novilíngua tornaram-se verdades singelas, passando a conviver naturalmente com as sociedades mais vulneráveis e dóceis ao seu apelo).

3. Diziam os poetas e seresteiros, antenas da raça: “o tempo não para…” E não permite recuos e a volta ao passado, completam os descrentes e os cínicos. E, como falava um antigo compositor cearense: “ o passado é uma roupa que não se veste mais”.

Daí que o mundo mudou. Na Comunicação essas mudanças foram intensas. E introduziram novas e interativas formas de relacionamento nessa área. A síntese perfeita emissor (ativo) >>> receptor (passivo) foi superada por algo totalmente novo, muito sério, profundo e definitivo, denominado apropriadamente pelos teóricos de Revolução Digital. E nada será como antes, profetizaram, definitivos, os rapazes mineiros do “Clube da Esquina”.

O telefone celular, a internet, conectaram as pessoas com a facilidade permitida pelas novas e surpreendentes tecnologias de comunicação. E que não param de evoluir. E quem não evoluir, aderindo à nova onda, vai ficando para trás.

Em resumo, o receptor de notícias e informações deixou de ser a instância passiva dessas novas formas de conexão. A interatividade tornou-se um dos elementos irreversíveis da Comunicação. Como consequência, tornou-a mais democrática.

Essa revolução, como esperado, provocou um choque nos conceitos e nos fundamentos das empresas de comunicação que presumiam ter conseguido a forma perfeita – e definitiva – de controle da notícia, da arte de transformar opiniões em fatos, criar verdades. Enfim, de manipular o seu público de acordo com os seus interesses de lucro e acumulação.

Para onde caminha a humanidade nestes tempos novos e surpreendentes? Como será a comunicação dessa nova era?

São perguntas que estão sendo respondidas na vivência do dia-a-dia. Podemos ter, pelo menos, uma certeza, (ou, que seja, uma nobre e democrática aspiração): não voltaremos aos tempos obscuros do domínio incontrastável da mídia hegemônica.

Com a palavra os teóricos da Comunicação. Os para sempre conectados militantes das chamadas mídias sociais. E, claro, os estrategistas políticos. Essa luta apenas começa.


Fonte: CARTA MAIOR
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As espúrias relações entre a mídia e o Judiciário

         No Brasil a 'lógica da notícia' substituiu a 'lógica do direito: nós já sabemos todos os vereditos antes mesmo dos julgamentos.        


Tatiana Carlotti
reprodução
Com auditório lotado, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé promoveu na noite desta quinta-feira (21.01) um debate entre o deputado Wadih Damous (PT-RJ), o jurista Pedro Estevam Serrano e o jornalista Paulo Moreira Leite. Na pauta: “a mídia e a judicialização da política”, com ênfase na politização e desmandos do Judiciário brasileiro e na ditadura da opinião pública, perpetrada pelo Partido da Imprensa Golpista (PIG) neste país.

Abrindo as discussões, Pedro Estevam Serrano explicou a corrupção sistêmica que existe hoje no país entre dois subsistemas sociais: o da comunicação, que define o que é notícia e o que não é; e o da Justiça, que determina o legal e o ilegal. Segundo o jurista, o problema é quando a “lógica própria do direito” é substituída pela “lógica da notícia”. “Nesses casos, a gente já sabe o resultado [do julgamento] antes dele ocorrer”.

Serrano sustenta que “a sociedade não é democrática quando isso ocorre”. “Processos judiciais que recebem atenção da mídia são exercidos de forma corrompida”. A defesa nesses casos não passa de “mera maquiagem”, “uma coisa é o que está no processo, outra é o que a mídia cria”, afirmou. O problema se agrava, apontou, quando a “corrupção sistêmica” passa a ser usada de forma refletida e racional. “Neste caso, a disfuncionalidade acaba servido para que o Judiciário, ao invés de agente de direito se torne um agente de exceção”.

Fraude é a nova forma de autoritarismo
Ao avaliar que as formas autoritárias não deixaram de existir na sociedade brasileira, ele apontou que agora elas precisam satisfazer as formas democráticas: “a conduta ilícita hoje é realizada com aparência de licitude. A fraude é a nova forma de autoritarismo, expressando medidas próprias de um estado de ditadura no interior da democracia”.

Para tal, um dos mecanismos é a eleição de um “inimigo” coletivo, que sob a alcunha de “terrorista” ou outro termo, passa a ser desprovido de sua condição humana, perdendo a “proteção jurídica e política que qualquer ser humano precisa”. Serrano citou como exemplo, a campanha midiática contra os réus do julgamento da AP 470, o chamado Mensalão. Ele também alertou o uso desse procedimento na Operação Lava Jato.

Chamando a atenção para “o processo de exceção na América Latina” que se dá em um contexto de fortalecimento da corrupção sistêmica entre mídia e jurisdição, ele ponderou que embora esse processo seja mais ameno no Brasil, do que foi em Honduras e no Paraguai, ocasionando na destituição de presidentes democraticamente eleitos, existe “uma potencialidade disso se tornar cada vez mais grave [aqui no Brasil] e se transformar num caso sistêmico”.

Serrano defendeu, ainda, a necessidade de um controle social sobre a magistratura e, principalmente, sobre a Polícia Federal. “A violência é institucionalizada. É preciso submeter a Polícia Federal ao controle da sociedade civil”. Ele também denunciou a promiscuidade no meio da jurisdição”, citando o caso dos vazamentos de informações pela polícia. “Se a informação é do interesse de todos, ela deve ser divulgada de forma oficial, por meio de assessoria de imprensa e para todos os órgãos de comunicação. Um agente policial, pessoa física, não pode ser a fonte da imprensa”.

Sob a premissa de que a “Jurisprudência não é uma ciência, como falam os positivistas, mas um campo de luta, onde há disputa de poder”, Serrano comentou a necessidade de valorização e fortalecimento dos juristas progressistas no país. “Não há uma faculdade de direito relevante neste país que não tenha quadros importantes no plano progressista. Nós não somos ouvidos”.

Desmandos da Lava-Jato
Em seguida, o jornalista Paulo Moreira Leite mencionou a tentativa de golpe que a direita vem promovendo no país. “A minha geração viveu a vitória da recuperação da democracia que culminou na Constituição. Não foi total, muita coisa ficou para ser regulamentada, mas nós não tínhamos a noção da importância dela na época. Nossos adversários querem se livrar da Constituição de todas as maneiras”.

Moreira Leite citou, como exemplo, as aspas de um livro, de um juiz brasileiro que, mencionando os direitos e garantias individuais, afirma que o indivíduo deve estar livre de coerção física e psicológica. “Esse juiz se chama Sérgio Moro. Ele sabe o que está acontecendo quando prende uma pessoa”, denunciou o jornalista, relatando a situação dos réus da Operação Lava Jato, “presos antes de serem julgados” e sob “coerção psicológica”. “As pessoas estão presas injustamente, não tiveram como se defender. ”

Paulo Moreira aproveitou para responder a todos os que apoiam a Operação Lava Jato, argumentando que “pelo menos pegaram os empreiteiros”, ou que não se trata de uma operação seletiva: “ou assumimos que o direto vale para todos, ou não vai dar certo. Pegaram [os empreiteiros] porque existe uma questão política. A justiça brasileira vem sendo um instrumento de restauração conservadora”.

Sobre a representação do PSDB para colocar o PT na ilegalidade, Moreira Leite foi categórico: “é o que fizeram com o Partido Comunista antes, utilizando-se de um pretexto no estatuto. A democracia está ameaçada nesse processo. Isso está acontecendo”. Segundo o jornalista os ataques da direita só poderão ser enfrentados se formos capazes de debater o valor da democracia e de questionar a absoluta falta de elementos concretos para o pedido do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Destacando o absurdo da tese das pedaladas fiscais, que motivaram o pedido do impeachment, ele destacou “vale tudo” e que “há pessoas dispostas a fazer esse tipo de serviço. É preciso ter estômago para fazer isso. Quem faz sabe que está fraudando, sabe que é mentira. E eles vão fazer”. Moreira Leite também comentou a necessidade de uma mudança na política econômica do governo, avaliando positivamente a decisão do Copom de não aumentar a taxa de juros Selic.

E passou o recado: “A capacidade de sacrifício [do povo] é grande, mas sem resposta acontece o que sempre acontece: as pessoas desanimam. O que está vindo [exigirá das pessoas] ter de sair de casa muitas vezes”.

Lava Jato está a serviço de um projeto político partidário
Concluindo os trabalhos, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) falou sobre a espetacularização da Justiça, destacando que a Constituição brasileira é uma das mais avançadas no mundo, “mas na ´vida real´ é que são elas”. Ele lembrou que a Carta Magna de 1988 deu condições ao Ministério Público Federal ser hoje o mais poderoso e arbitrário do mundo.

Em sua visão, o aspecto mais preocupante é a excessiva politização da Justiça brasileira: “e no mau sentido, a Justiça fazendo política. O que o juiz Sérgio Moro faz é política. Ele é um agente político e eu ousaria dizer partidário. A Lava Jato, com sua seletividade, está a serviço de um projeto político partidário”. Segundo Damous, todas as vezes que o Judiciário se curva para dar satisfação à opinião pública, ele atua autoritariamente porque “sai da dimensão da ordem que arbitra para ser um protagonista da política, fazendo coro com a chamada opinião pública”.

Lembrando que a opinião pública vem sendo a expressão do fascismo no país, Damous salientou que “o desprezo por direitos e garantias fundamentais gera uma preocupação, uma perplexidade e uma ameaça à democracia”. E questionou: “é aceitável que órgãos de imprensa façam campanhas por condenações judiciais, tomando partido e divulgando a sua versão da acusação, enquanto à defesa resta apenas a nota de rodapé?”

Citando uma charge de O Globo, publicada nesta quinta-feira (21.01), que transmite a ideia de que os advogados são piores do que os bandidos, Damous destacou que isso não é “mera piada de mau gosto”, mas reflexo de um discurso que mostra a “espúria ligação entre grandes setores da imprensa com setores do poder Judiciário brasileiro”. Em sua visão, Sérgio Moro é produto disso. “Ele fala o que o senso comum quer ouvir”, lamentou.

O deputado foi taxativo: “Essa história de prisão preventiva como regra para obter delação premiada é uma forma análoga à tortura, porque é coação”. Segundo Damous, as condenações vão acontecer, “isso já estava anunciado”. Ele também passou o recado: “Nós não podemos ter medo e, mais do que nunca, devemos defender a democracia e a Constituição que custou um preço caro para várias gerações de brasileiros”.

Por fim, questionado pela plateia sobre o absurdo pedido de extinção do PT pelo deputado Carlos Sampaio, vice-presidente jurídico do PSDB, Damous garantiu: “eu vou cuidar disso”.

No final do debate, houve o lançamento dos livros “A Outra História da Lava Jato, de Paulo Moreira Leite; e “A Justiça na Sociedade do Espetáculo”, de Pedro Serrano.  

Fonte: CARTA MAIOR
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O Brasil em ação: corro, opção, ou corrupção

A mídia golpista não nos deixa muita opção ao nos escancarar diariamente manchetes infames, inverídicas, desrespeitosas, virulentas.     


José Carlos Peliano*
reprodução
Explico melhor. Aproveitei o título porque me soou bem nos ouvidos. A brincadeira com palavras ainda é uma alternativa de aliviar o espírito num país que afunda em lama de um jeito ou de outro

Da chuva que resolveu descer de vez das nuvens desde fins de dezembro pela maior parte do país, dos extenuantes processos de corrupção, do afogamento do rio Doce pela negligência desumana da Samarco e pelo descaso inominável que alguns ditos brasileiros fazem país afora.

A opção de correr do título é a de sair atrás de lugar nenhum e procurar qualquer lugar do Brasil onde ainda se possa respirar melhor, andar descalço pelas ruas, sentar na frente de casa para conversar e saudar os passantes, e ver o sol se por para não ter de cantar a música Epitáfio dos Titãs.

A mídia golpista não nos deixa muita opção ao nos escancarar diariamente manchetes infames, inverídicas, desrespeitosas, virulentas. Sabem que mentem e atacam para jogar mais lama no ventilador, mas não se importam, querem isso mesmo.

Onde está a honestidade e o respeito público das concessões de rádios e TVs? A bendita imparcialidade noticiosa dos jornais e revistas? Querem derrubar o país simplesmente porque não querem mais o governo eleito democraticamente.

Mas não vamos mais perder tempo com esses pulhas. Vamos negá-los, não os assinando nem os lendo mais. Exemplo magnífico nos deu a professora Sylvia Moretzsohn, representante do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Rio, que cancelou esses dias sua assinatura de quase 30 anos da Folha de São Paulo

As razões alegadas foram postas numa carta endereçada ao jornal onde ela afirma categoricamente que tudo tem limite. Ela afirma não rejeitar opiniões de direita, ela defende a pluralidade. Mas a notícia tem de repassar a informação com substância e não ser simplesmente opinativa e ponto.

Acredito que a professora foi muito generosa e demorou a tomar a atitude pois o referido jornal assim como os demais da grande mídia golpista só informam o que querem e bem entendem. Serão certamente lembrados mais tarde como os que ajudaram nas tentativas de afundarem o Titanic do país.

Mas a lama está esparramada por todos os lados. O lamaçal escorre Brasil afora superando e destruindo os diques e barreiras antes reconhecidos pela maioria esmagadora dos brasileiros. Da dignidade, do respeito, da cidadania, da humanidade.

Hoje a lama permite tudo como fizeram, por exemplo, Wanderley Silva, ex-lutador de MMA, e João Pedrosa, jornalista. Ambos, como outros que jogam no mesmo time, disseminam ódio e calúnias na internet.

O primeiro culpou a presidenta pelo atraso de uma obra em Goiás e o segundo tem culpado o governo por qualquer coisa, além de ter atacado por impropérios de baixo nível a vida pessoal de Chico Buarque.

Tudo porque este, um dos maiores compositores do Brasil de todos os tempos, tem apoiado o governo atual e seu partido. O compositor decidiu entrar na Justiça contra este e outros caluniadores.

Isso beira o fim do mundo. Ninguém respeita mais ninguém, tudo é possível fazer inclusive falar mal abertamente, mesmo sem razão ou sem a menor evidência como prova, de qualquer um em qualquer lugar a qualquer hora.

A questão é mais ou menos essa: se as coisas já não estão boas do lado da economia, aqui e no mundo, se as perspectivas de melhora são turvas e pouco objetivas, e se a solução for atirar para qualquer lado a torto e a direito, o que vai sobrar e quem vai sobrar? E quem vai recolher os escombros?

O deputado Carlos Sampaio do PSDB/SP resolveu participar do tiroteio entrando com uma ação no STF pedindo extinção do PT. Alega usuais absurdos políticos, os quais são sempre acobertados legalmente pela imunidade parlamentar, ou seja, disse e escreveu o que quis e bem entendeu.

Só que o argumento maior é o dos casos citados e julgados de corrupção. Como se o seu partido não tivesse também participado da lama, até agora conhecida, com pelo menos cerca de US$ 300 milhões! Sendo o mesmo motivo, espera-se que ele peça também a extinção de seu partido.

Aqui uma digressão. Criticam quem defende o PT e o governo por atacar na mesma moeda a oposição. Jogar lama na lama. Se alguns membros do PT receberam propina, dizem, porque revidar com casos de propina da oposição?

Duas razões. A primeira, velha conhecida, é que a mídia golpista só dá manchetes do PT e do governo. Assim, o contraponto nas redes sociais é oportuno, urgente e necessário. A segunda, até há pouco sabida mas escondida oficialmente, é que o PSDB já era do time da corrupção há muito. Pelo menos desde 1999 ao contrário do que nos empurraram goela abaixo desde o mensalão.

O Juiz substituto da 3a Vara Federal do Rio de Janeiro aceitou denúncia do Ministério Público Federal sobre pagamento de propina da empresa holandesa SBM Offshore a técnicos da Petrobras de 1999 a 2012. Período do 2o governo de FHC. Finalmente, um magistrado resolve passar a oposição a limpo.

Uma curiosidade, o Juiz Vitor Barbosa Valpuesta, substitui o juiz antigo que andava passeando nos carros apreendidos de Eike Batista em processo judicial aberto no Rio de Janeiro.

Por ser um Magistrado novo, o Juiz deve ter aceitado a denúncia por estar fora da rede de influência de outros juízes conservadores em cujos gabinetes dormitam alguns processos de denúncia contra intermediários ou membros da oposição.

Por fim, mas não menos importante, exatamente para fechar com chave de ouro, veio hoje a público uma informação, já cochichada há tempos pelos corredores oficiais e não, mas ainda não testemunhada oficialmente por ninguém. Sobre FHC.

Luis Nassif comenta em seu blog que está finalizando a biografia de um interessante homem público brasileiro, o ex-ministro Antônio Dias Leite, oriundo da Cepal.

Em entrevista a Nassif em 2007 Dias Leite comenta da personalidade não muito confiável de FHC. Ressalta sua pouca disposição administrativa, a que chama de inação administrativa, a qual não tem paralelo no país.

E a inação se agravava por sua peculiar mania de afirmar não afirmando. Isto é, prometia na frente e não cumpria atrás, mesmo atuando na frente de um jeito positivo e operante, mas não na retaguarda.

Um ex-presidente que tem sua cara revelada, a qual já afirmou várias vezes críticas mordazes à presidenta e apoios ao seu processo de impedimentos, hoje à beira do ostracismo, é também colaborador do lamaçal em que se encontra o país.

Corro? Qual opção? Acho que correr sim mas igualmente respirar fundo e tirar da força da cidadania um voto de confiança nos demais que como eu querem um Brasil melhor. NÀO VOTO NULO, VOTO NU-LO-CAL CERTO: A URNA! Mas renovando, nada de dar salvo conduto para quem já sabemos que não valem a lama que fazem no Congresso Nacional!

Fonte: CARTA MAIOR
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O caso PF-Estadão: o retrato da formação de quadrilha entre polícia e mídia

estadopink
A manchete do Estadão de hoje, não foi desmentida apenas pela nota divulgada ontem à noite pelo Instituto Lula, que reproduzo ao final.
Foi desmentida pelo próprio documento que deu origem à sua publicação: as declarações de Lula ao delegado da Polícia Federal, cujas indagações a Lula nem precisariam ser feitas porque, sem qualquer elemento senão suposições, é impensável obter alguma informação neste tipo de depoimento.
A coisa chega ao absurdo – além dos citados pelo ex-presidente – de Lula ser indagado – vejam bem! – sobre um “documento” de um suposto lobista onde “há uma solicitação dos trabalhadores da indústria aeronáutica sueca para que o declarante (Lula) manifestasse seu apoio à contratação da SAAB (fabricante dos Gripen) junto à Presidenta Dilma Rousseff”.
Francamente, em que isso serve a uma investigação policial?
É tão “legítimo” imaginar – veja que maravilha, um delegado de polícia e uma redação de jornal que se contentam em imaginar – que a contratação do “filho do Lula” (porque é  só por isso que o negócio provoca interesse), dois anos depois, pela empresa deste fulano fosse o pagamento de propina- além do mais irrisória e desproporcional diante de um negócio de quase R$ 30 bilhões – fosse pagamento pelo “lobby” dos sindicatos suecos.
E tratar como “combinação” uma visita de um governador de Estado (Eduardo Campos) e do presidente de uma grande montadora (Clodomiro Belini, da Fiat) pedindo, que fosse, a prorrogação  de uma legislação (dos tempos de FHC, aliás) o que tem de ilegítimo.
Não tem, mas tem de ter.
A mente deformada da Polícia Federal e da mídia conservadora funciona assim: “já temos o criminoso, vamos encotrar o crime ou algo que possa se parecer com crime”.
É a lógica da ditadura, bem exposta pelo jurisconsulto Merval Pereira, ontem.
Que só não ofende aos fascistas e aos covardes, hoje sobrando neste país.
A nota do Instituto Lula:

Estadão distorce depoimento de Lula

Em sua desesperada campanha para envolver o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em atos ilícitos que jamais foram cometidos, O Estado de S.Paulo voltou hoje (22) a manipular informações sobre a edição de medidas provisórias dirigidas ao desenvolvimento regional.
Lula jamais admitiu que tenha havido “compra de MPs” em seu governo ou que tenha tratado com lobistas sobre sua edição. O que ele chamou de “coisa de bandido” foi uma suposição levantada pelo delegado, que pediu a Lula para formular juízo sobre uma palavra “no sentido pejorativo”.
Isso fica bem claro na leitura do depoimento prestado por Lula ao delegado Marlon Cajado na condição de informante (nem como testemunha, nem como investigado) em 6 de janeiro deste ano, páginas 5 e 6:
(…) apresentado ao Documento 04, o qual trata de trecho encontrado em material computacional do escritório da Marcondes e Mautoni, que trata da MP 512/2010, afirmando que, “a MP foi combinada entre o pessoal da Fiat, o presidente Lula e o governador Eduardo Campos, e perguntado se a informação procede, o declarante [Lula] diz que “combinação”, nesse sentido pejorativo, é “coisa de bandido” e que não ocorreu, esclarecendo que se reuniu algumas vezes com o então governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos, o qual levou Beline [Cledorvino Belini, presidente da Fiat América Latina e presidenta da Anfavea de 20 10 a 2013], não se recordando se ele estava na condição de representante da Fiat e/ou de presidente da Anfavea, e que foram esclarecidos os benefícios da construção da fábrica da Fiat em Pernambuco (…)
No mesmo depoimento, Lula esclareceu que as MPs 471/2009 e 512/2010 foram debatidas com governadores, líderes políticos, sindicais e empresariais dos Estados do Nordeste, Norte e Centro-Oeste, para prorrogar e estender a novos projetos os incentivos fiscais estabelecidos desde 1997 e 1999 às indústrias automotivas e de autopeças nestas regiões.
Desde 1o. de outubro de 2015, O Estado de S. Paulo vem tecendo uma rede de desinformação sobre estas MPs, sonegando ou falseando dados sistematicamente, em prejuízo de Lula, de seus familiares e dos leitores. A obsessão do jornal é vincular a edição das MPs (ou qualquer ato do ex-presidente Lula) a um suposto favorecimento a empresas e escritórios de lobby e consultoria.
Mesmo tendo sido informada que a empresa LFT, de Luiz Cláudio Lula da Silva, só foi contratada para prestar serviços à Marcondes e Mautoni em 2014, a reportagem do Estado omitiu deliberadamente este fato e associou o contrato à MP editada em 2009, cinco anos antes.
Exposta publicamente esta incongruência, o jornal tentou vincular o contrato à compra dos caças suecos Grippen, decidida pelo governo brasileiro em dezembro de 2013, quando Lula não era mais presidente da República.
As duas hipóteses foram negadas por Lula, por serem absurdas, como se pode conferir na íntegra do termo de depoimento do ex-presidente à Polícia Federal, que está ao final desse texto.
As notícias manipuladas do Estadão levaram o jornal a acreditar em seus próprios delírios, a ponto de afirmar que “o esquema (de compra de medidas provisórias), que resultou na Operação Zelotes, foi revelado numa série de reportagens do Estado em outubro”.


Só Que Não
A Operação Zelotes foi deflagrada em março de 2015, a partir de investigações iniciadas em 2013, que apontaram o favorecimento de grandes empresas (inclusive do setor de comunicação) em decisões do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). Os desvios seriam da ordem de R$ 19 bilhões.
A partir da “série de reportagens” do Estadão, como num passe de mágica, a Operação Zelotes se transformou numa devassa em torno do contrato da LFT com a Marcondes e Mautoni, e o desvio de R$ 19 bilhões sumiu do noticiário. A manipulação de hoje no portal do Estadão é mais um nó nessa teia de intriga e desinformação.
Leia, abaixo, a íntegra do depoimento:

Fonte: TIJOLAÇO
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O perigo da parceria jurídico- midiática

A resposta à charge fascista do Globo



Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

A OAB divulgou charge resposta à charge puxa-saco de patrão e fascista de Chico Caruso, publicada no jornal O Globo.


A Globo, representante maior do golpismo no Brasil, lidera a campanha para criminalizar a política.

Nessa campanha, tudo que se relaciona com a política é igualmente criminalizado: os empresários que tem negócios com governos, blogueiros, movimentos sociais, sindicatos, simples militantes, e até mesmo, cúmulo do banditismo midiático, os advogados que defendem os empresários.

Os advogados, neste momento, estão sendo um estorvo para a mídia, porque eles, armados com seus conhecimentos constitucionais, estão se interpondo no caminho do golpe.

Não foi à tôa que um maiores constrangimentos do golpismo nojento que vimos em 2015 foram manifestos de juristas contra uma tentativa de impeachment sem base legal.

O golpe, para ser consumado, precisa levar políticos e empresários à execração pública, destruir um monte de empresas para produzir crise e desemprego, manter réus presos por tempo indeterminado (até forçá-los a entrar no jogo sujo das delações combinadas), ignorar quaisquer vícios ou erros nos processos.

Os advogados já entenderam que se trata de um processo puramente político, uma nefanda conspiração judicial, cujos julgamentos são feitos antecipadamente na mídia.

Sergio Moro ignora solenemente, com chancela da mídia, qualquer mínima defesa por parte dos réus. Os tribunais superiores, por sua vez, acoelham-se dirante da virulência dos meios de comunicação, que não hesitam em apelar para todo o tipo de ameaça.

Com este entendimento, os advogados se viram forçados, pelas circunstâncias, a fazer a batalha da comunicação. É a única maneira de defenderam seus clientes, já que a justiça está submetida de maneira quase absoluta a uma lógica midiática, ao invés de submetida às leis.

Então a mídia passou a atacar também os advogados, com todas as suas armas: editoriais, charges, manipulação da informação.

A OAB - mais esperta que o governo, por exemplo, que nunca responde - entendeu que, se quiser defender os advogados, precisa responder com as mesmas armas da mídia.

A charge-resposta da OAB:


Ainda sobre este assunto, vale ler a manifestação de Wadih Damous à violência simbólica do Globo aos advogados.

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No Brasil 247.

DAMOUS: CHARGE DE CARUSO “AFRONTA E DESRESPEITA” ADVOGADOS

Deputado federal Wadih Damous, ex-presidente da OAB-RJ, cobrou o comando nacional da entidade a se manifestar contra a charge de Chico Caruso no Globo, para ele, "instrumento do puxa saquismo" do cartunista com os donos do jornal; charge traz o seguinte diálogo: "- E esse aí, é mocinho ou bandido? – Pior: é advogado!"

21 DE JANEIRO DE 2016 ÀS 17:08

247 – O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) criticou duramente em sua página no Facebook a charge assinada por Chico Caruso e publicada nesta quarta-feira pelo jornal O Globo. Para ele, que é advogado, a charge "afronta e desrespeita" a categoria e é ainda um "instrumento do puxa saquismo" do cartunista com os patrões.

A charge de Caruso traz o seguinte diálogo: "- E esse aí, é mocinho ou bandido? – Pior: é advogado!". Damous criticou: "ultrapassou a todos o limites do achincalhe". "A tal charge afronta e desrespeita uma categoria profissional que possui uma honrada folha de serviços prestados ao país", acrescentou.

O deputado cobra a OAB para se manifestar contra "na defesa da advocacia agredida". Leia abaixo a íntegra de seu texto:

O PUXA SACO E A ADVOCACIA

A charge assinada por Chico Caruso, no jornal O Globo, ultrapassou a todos o limites do achincalhe. A tal charge afronta e desrespeita uma categoria profissional que possui uma honrada folha de serviços prestados ao país. E não a tratemos como mera piada de mau gosto. Trata-se, na verdade, de um ataque ao Estado de Direito e aos princípios dele decorrentes, como o devido processo legal, a presunção de inocência e o direito à defesa. Já não basta a criminalização geral de tudo e de todos. Agora, tentam desqualificar até o advogado de defesa. A charge jornalística sempre foi um poderoso e democrático instrumento de crítica política. Com Chico Caruso, foi rebaixada a uma espécie de extensão da linha editorial do jornal. Ou seja, instrumento do puxa saquismo. Esses são os tempos bicudos em que vivemos, onde imperam a mediocridade e a selvageria do senso comum. Espero que a OAB, de imediato, se manifeste na defesa da advocacia agredida.



Fonte: Blog do Miro
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Brasil vive cerco impiedoso da mídia


Por Lúcia Rodrigues, na revista Caros Amigos:

O ex-ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula, Roberto Amaral, classificou como cerco impiedoso, o que os meios de comunicação impõem ao país. A afirmação foi feita no Fórum Social Temático, em Porto Alegre, durante a mesa de debates sobre Democracia e desenvolvimento em tempos de golpismo e crise.

Para ele, a democracia corre risco gravíssimo. “Eu vivi 64 e, hoje, os meios de comunicação comandam a política brasileira, os partidos de centro, de direita, as associações de classe. Querem destruir a atividade civil”.

Amaral frisa que por trás do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff há algo mais preocupante. “Alguns pensam que a ameaça é sobre o mandato da Dilma. Mas esse é o menor dos perigos. O que eles querem é destruir o PT, e depois destruir todos os partidos de esquerda e progressistas. Não vão se contentar com a destruição de Dilma, em seguida vão querer aniquilar o presidente Lula. Por que tanto ódio?", questiona.

Ele ressalta que não há motivos para esse tipo de reação. “Em nenhum momento (o governo) ameaçou o capitalismo e a hegemonia de poder. Não fizemos a reforma agrária, a reforma política, a reforma tributária, não peitamos os meios de comunicação.”

“A direita latino americana aceita quase tudo, menos a participação popular. Para eles, é imperdoável o aumento do salário mínimo. Isso uniu a direita contra nós. Por isso, é preciso esmagar o ovo da serpente fascista”, enfatiza o ex-ministro.

O Fórum Social Temático continua nesta quinta, 21, com várias mesas de debates. O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, é um dos debatedores ao lado do ex-governador de Porto Alegre, Olívio Dutra, na atividade que discute a resistência contra a ofensiva imperialista na América Latina. Em outra mesa também na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a filosofa Marilena Chauí e o ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, ao lado de outros convidados debatem a luta contra o monopólio da mídia.

O Fórum Social Temático termina neste sábado, 23, com a assembleia de movimetnos populares. Em agosto, em Montreal, no Canadá, será realizado o Fórum Social Mundial. Esta será a primeira vez que um encontro do Fórum ocorre em um país do primeiro mundo. A cidade foi indicada por ativistas canadenses na última edição do evento, que ocorreu no ano passado, na capital da Tunísia.

Fonte: Blog do Miro
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Lá pelo início da década de 1990 o maestro Tom Jobim, sim, o Tom, deu uma declaração ao Gordo quando entrevistado no programa de Jô Sores.

Tom afirmou que temia médicos , advogados e religiosos.

O primeiro por atuar em um campo onde a vida e a morte das pessoas passam pelas mãos desses profissionais.

Os advogados por "determinar" se as pessoas podem ou não viver em liberdade.

E, por fim, os religiosos que dizem ter ligação direta com Deus.

Passados alguns dias da entrevista e Tom foi interpelado pela OAB para prestar esclarecimentos sobre sua declaração, que , segundo a OAB, feria a categoria de advogados.

Tom se retratou.

Naqueles anos, que já começam a ficar distantes, já existia uma atuação política da velha mídia em favor de políticos e partidos do campo da direita, como no caso das eleições presidenciais de 1989 em que o grupo Globo promoveu a vergonhosa manipulação, em favor de Collor, do debate final entre os candidatos Collor e Lula.

No entanto a manipulação político- midiática daqueles anos pode ser comparada como um aperitivo de entrada, frente ao banquete farto com que a velha mídia se alimenta com o noticiário manipulado e enviesado dos dias atuais.

De forma realista, a declaração de Tom não foi tão absurda, já que uma parcela de médicos , advogados e religiosos, frente ao poder que exercem sobre seus clientes e seguidores em função dos assuntos envolvidos, por vezes se utilizam desse poder e da fragilidade natural dos clientes - fragilidade fruto do desconhecimento dos assuntos abordados e que definem aspectos como vida e morte, liberdade e cárcere e ainda um poder superior - para obter diferentes vantagens, sendo as vantagens financeiras as mais comuns.


Antenado com o comportamento nada ético de parcela desses profissionais, principalmente sobre  o poder que exerciam sobre as pessoas,  João Saldanha, lá pelos anos da década de 1980, assim se manifestou:

"no futuro, em lugar de botequins, as esquinas terão faculdades de Direito"

Em alguns acasos , como no caso de médicos, até mesmo casos de abusos sexual e estupro tem sido relatados por pacientes que foram vitimas da turma do jaleco branco.

Essa é a realidade, que quando expressa de forma generalizada, como na declaração de Tom, incomoda , e com razão, uma parcela de profissionais, no caso Advogados, que trabalham sem se deixar corromper e em defesa da justiça e dos direitos humanos.

No entanto, toda charge política - e no caso a charge trata de política - como no caso da charge do jornal O Globo , deve ser compreendida no tempo e momento em que foi publicada.

E o momento atual é de um cerco jurídico - midiático contra os valores democráticos que visa destituir um governo legítimo e destruir um partido político de orientação popular e de esquerda.

Desta forma que a charge deve ser compreendida e, assim sendo, o grande perigo atualmente não são os advogados e sim uma parcela do Judiciário e de jornalistas, principalmente o jornalismo da velha mídia.

E por serem o perigo real que ameaça a democracia , um grupo de Advogados lançou, corretamente, um manifesto alertando a população contra a atuação de uma parcela do Judiciário - juízes e advogados - que em conluio com a velha mídia tentam desestabilizar o país e passar por cima de valores democráticos.

Certamente o manifesto desses Advogados foi recebido como um  empecilho, uma ameaça aos grupos que desejam atropelar a democracia, daí, a charge do Jornal O Globo.

Aliás, as charges de O Globo , como bem descrito no artigo acima, sempre se caracterizam como uma extensão do pensamento editorial do jornal e, para isso, Chico Caruso, o chargista , é apenas um capacho de seus patrões.

Analisando por esse ângulo, a charge de Chico Caruso no jornal O Globo não é tão absurda , já que a figura do advogado retratado no charge pode ser entendida como os magistrados e advogados que atualmente trabalham, com a velha mídia, para violar a democracia.

Esse cerco midiático deve ser combatido, e a declaração dos Advogados pode ser compreendida como a enzima que poderá catalisar a reação da sociedade civil contra a tentativa de golpe em curso.

Essa reação , que já existe em escala piloto em sites e blogues da internete, deve passar para a escala maior, de grande produção, até mesmo com ações responsáveis e objetivas de desobediência civil que atinjam , principalmente, as empresas da velha mídia.