quarta-feira, 2 de dezembro de 2015


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COP - 21. A Última Chance para Mudar. Um Outro Mundo É Possível

COP21 - A última chance de salvar o planeta

A indústria do petróleo, que não tem interesse em um acordo restritivo e punitivo, passou da negação do aquecimento global às pressões sobre legisladores.


Leneide Duarte-Plon, de Paris* Adam Cohn / Flickr
Se dependesse das grandes companhias petrolíferas não somente não se falaria de aquecimento global mas a 21a Conferência da ONU pelo Clima-COP21 não chegaria ao resultado esperado por cientistas e ecologistas. A conferência se realiza no fim do ano que viu todos os recordes de temperatura serem batidos e o nível de concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera atingir um nível inédito.

O lobby do petróleo tenta agir como fez a indústria do tabaco, que durante anos ocultou os efeitos nocivos do cigarro para a saúde. O problema é que, como se sabe, os danos do aquecimento global não são apenas sobre a saúde humana. A própria vida no planeta está ameaçada se não mudarmos de modelo energético.

A indústria do petróleo e do gás não tem interesse em um acordo restritivo e punitivo. As companhias de petróleo passaram da negação pura e simples do aquecimento global às pressões sobre os legisladores em diversas instâncias mundiais.

Nos Estados Unidos, principal poluidor do planeta per capita, a indústria petrolífera gastou, em 2014, 141 milhões de dólares em lobby, segundo a ONG Center for Responsive Politics, que só leva em conta as despesas realizadas em nível federal. Num relatório da companhia americana Chevron, o aquecimento global é visto até como algo positivo “pois vai permitir a exploração do petróleo no Ártico com custos de 25% a 50% mais baixos”. Entenda-se: o degelo acelerado tem suas vantagens para a Chevron, o resto do mundo que exploda.

O carvão, o petróleo e o gás asseguram hoje 80% da produção mundial de energia primária e são responsáveis por 80% das emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa. Passar a energias limpas e renováveis é o grande desafio do século.

Sapatos do papa

A Conferência transformou o cotidiano da capital francesa. Milhares de policiais patrulham juntamente com militares para garantir a proteção dos 150 chefes de Estado, 3 mil jornalistas e milhares de participantes vindos de 195 países. O risco de novos ataques terroristas não pode ser afastado.

Na abertura da Conferência,  cada um dos 150 chefes de Estado ou de governo presentes ao Le Bourget teve três minutos de fala. Citando o poeta Victor Hugo, o presidente chinês, Xi Jinping clamou: « Diante de situações extremas é preciso encontrar soluções extremas ». Maior poluidor do planeta em termos absolutos, a China é responsável por 23,2% dos gases que provocam o efeito estufa. Os telejornais mostraram que naquele mesmo dia, em Pequim, o ar era irrespirável e a poluição formava uma névoa pesada.

Evo Morales afirmou de forma contundente: “Se continuarmos no modelo capitalista atual, a humanidade está condenada a desaparecer”. O anfitrião François Hollande ousou uma alusão às futuras guerras pela água, recurso natural ameaçado com o avanço das temperaturas: “O aquecimento global traz os conflitos como a nuvem traz a tempestade”. Ele acrescentou que os bons sentimentos e as declarações de intenção não serão suficientes. O ministro das relações exteriores Laurent Fabius, que preside a reunião de Paris, foi categórico: “As gerações futuras julgarão nossas ações”.

A presidente Dilma Rousseff denunciou em seu discurso “a ação irresponsável de uma empresa que provocou recentemente o maior desastre ambiental da história do Brasil na grande bacia hidrográfica do rio Doce”. Ela defendeu um documento final sobre o clima de cumprimento obrigatório, com revisão a cada cinco anos.

Na IVa Cúpula da Terra, em Johannesburgo, em 2002, o presidente Jacques Chirac pronunciou um discurso que até hoje é citado. « Nossa casa está pegando fogo e nós estamos olhando para outro lado », disse para denunciar a indiferença das grandes potências quanto à urgência das transformações climáticas.

O papa mais ecologista da história da Igreja - que não por acaso escolheu o nome de Francisco para homenagear o poverello de Assis - não pôde vir a Paris para a marcha pelo clima mas, da África onde se encontrava, mandou seus sapatos.

Impedidos de marchar, devido ao estado de emergência imposto depois dos atentados, os parisienses levaram seus sapatos a endereços divulgados previamente por uma ONG. Mais de 15 mil pares foram expostos na Place de la République toda a manhã de domingo, 29 de novembro, véspera da abertura da COP-21. O papa enviou seu par pelo cardeal brasileiro Cláudio Hummes. As atrizes Vanessa Paradis e Marion Cotillard, também mandaram os seus. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon e milhares de franceses anônimos atapetaram a praça com seus sapatos.

Os militantes formaram uma cadeia humana para ligar a Place de la République até a Place de la Nation. O dispositivo policial era impressionante. Além de zelar pelos manifestantes, os policiais cobriam o Boulevard Voltaire para proteger os chefes de Estado que iam e vinham a caminho do Bataclan.

Altar laico

Durante todo o dia de domingo, diversos chefes de Estado foram se recolher diante do Bataclan, onde morreu a maior parte dos 130 assassinados nos atentados da fatídica sexta-feira, 13 de novembro, no pior atentado terrorista que a capital já viu.

Vindo diretamente do aeroporto, Obama, acompanhado de François Hollande, foi depositar uma rosa no local que se tornou um verdadeiro altar laico, ponto de peregrinação de parisienses e visitantes.

No meio da tarde de domingo, manifestantes anarquistas e Black Blocks fizeram uma aparição relâmpago na Place de la République. Foram reprimidos pela polícia mas responderam aos jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo jogando as velas e objetos que homenageiam os mortos no atentado e até hoje estão em torno da estátua que representa a república. Mais de uma centena de pessoas foram detidas.

Apesar de limitada em seus movimentos e manifestações de rua, a sociedade civil não vai ficar fora do encontro que termina dia 11 de dezembro. Haverá 227 encontros e 187 debates e colóquios à margem dos trabalhos da COP21, além de 65 projetos culturais.

Todos os países do mundo têm agora na COP21 a oportunidade de frear o ritmo do aquecimento global, que se ultrapassar 2°C em relação à temperatura do início da era industrial pode ser fatal  para a vida no planeta azul.

* Leneide Duarte-Plon é jornalista, trabalha em Paris e é co-autora, com Clarisse Meireles, da biografia de frei Tito de Alencar, Um homem torturado-Nos passos de frei Tito de Alencar.

Fonte: CARTA MAIOR
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O artigo acima, COP - 21 - A Última Chance de Salvar o Planeta, foi publicado, hoje, 02.12.2015, em CARTA MAIOR, quando acontece em Paris a COP -21.

Em 06.01.2013, CARTA MAIOR publicou o artigo abaixo - Balanço Ambiental 2012; o avatar do clima, que mereceu um artigo do PAPIRO - abaixo em vermelho - com o título:
O Grande Circo e o Grande Negócio da Guerra ao Terror - Quando Reagan e Bush Resolveram Esconder o Conhecimento Científico.

A leitura de todos os textos, hoje, se faz necessária.



Balanço ambiental 2012: o avatar do clima

Os dados da Organização Metereológica Mundial, entidade composta por 2.500 cientistas de 185 países, monitoram 10 mil estações de observação baseadas em terra, sete mil baseadas em navios e 10 satélites, foram divulgados em Doha, no final do ano, durante mais uma conferência do clima. Foi o nono ano mais quente, desde 1850. Foram registrados eventos extremos notáveis, como ondas de calor na América do Norte e Europa, além da América do Sul. O artigo é de Najar Tubino.


           
 
 
 
Fazer o balanço do ambiente, pensando nos acontecimentos globais, não é uma tarefa fácil. Muito menos em termos regionais. Se levarmos em consideração o clima e as mudanças decorrentes, complica ainda mais. Não apenas pelos fatos, principalmente porque se transformou em uma discussão ideológica, acima de tudo. Quem defende a modernidade, o progresso, o crescimento da economia e, certamente as grandes corporações é contra o aquecimento global, o sintoma mais evidente das mudanças climáticas. Quem defende alterações no cronograma do atual sistema econômico, quer barrar projetos de todos os tipos, principalmente grandes obras de infraestrutura em regiões de florestas, é taxado de atrasado, emocional, babaca mesmo. Ou então de defender os países ricos, os maiores interessados em conter o desenvolvimento dos emergentes.

O Avatar do clima é a transformação, a metamorfose do Planeta, que a aristocracia financeira atual, proprietária dos lucros e dos investimentos da elite mundial, fundamentada num capitalismo esclerosado e no chamado crescimento ilimitado. Quer dizer, o limite desse processo. É a contagem regressiva, para acabar a festa e cair na realidade. Se chegarmos em 2030 com 1,7 bilhão de carros rodando por metrópoles enlouquecidas, consumindo 99 milhões de barris de petróleo por dia e 450 ppm (partes por milhão) de CO2 na atmosfera e, provavelmente, dois graus de temperatura acima, então o mundo não acabará, mas estaremos numa encrenca de arrepiar.

Parece um desatino

Esses são dados da Agência Internacional de Energia. Apenas os dois graus de temperatura fazem parte dos modelos de previsão dos cientistas e contempla a política de contenção dos europeus e outros envolvidos nas discussões climáticas. A temperatura média da Terra aumentou 0,5ºC, ou seja, está em 14,5 ºC. Aumentar até os dois graus em 20 anos parece um desatino. Porém, é exatamente isso, que a máquina de guerra do capitalismo faz diariamente. Por exemplo: a capacidade da produção de aço no mundo atingiu o pico de um bilhão e 800 milhões de toneladas. O consumo é de um bilhão e duzentos milhões de toneladas. Imagina quanto de minério de ferro precisa para produzir esse aço, quantos milhões de toneladas de lenha para tirar as impurezas do ferro, quantos caminhões e quantos navios transportarão. E até 2016 mais 100 usinas estarão funcionando no mundo, aumento em mais 350 milhões de toneladas.

E assim, montadoras como a Volkswagen, que pretende ultrapassar a Toyota como líder mundial, vai investir US$65 bilhões nos próximos três anos fora da Europa, em novas fábricas ou novas construções. E assim também cresce a produção de celulose, cuja capacidade aumentou 8% a nível mundial, e a demanda apenas 2%. A produção de papel passa de 50 milhões de toneladas. E Três Lagoas (MS), na fronteira com São Paulo, à beira do rio Paraná se transformou na “capital mundial da celulose”, com a recente inauguração da fábrica da Eldorado, novo negócio dos irmãos Batista, donos do Friboi, em sociedade com fundos de pensão e do BNDES.

Não sei se os “ranchos” que os donos têm na beira do Paraná serão abandonados, como consequência da poluição. As fábricas de celulose e o eucalipto invadiram o cerrado por uma questão de preços de terra e “menos burocracia” no licenciamento ambiental. Outro grupo paulista GMR, dono da Braxtel, vai construir uma fábrica em Gurupi (TO).

Balanço mundial

Na Europa ninguém quer saber dessas fábricas, nem mesmo os finlandeses e noruegueses especialistas e donos da tecnologia e dos equipamentos. Precisam de muita água, muita energia, e espaço para as “florestas” de uma árvore só. Sem contar a dioxina, que é uma substância liberada com a decomposição do cloro- usado no branqueamento da celulose. E que é cancerígena.

Vamos ao Avatar do clima. Os números de 2012. Os dados da Organização Metereológica Mundial, entidade composta por 2.500 cientistas de 185 países, monitoram 10 mil estações de observação baseadas em terra, sete mil baseadas em navios e 10 satélites, foram divulgados em Doha, no final do ano, durante mais uma conferência do clima. Foi o nono ano mais quente, desde 1850. Foram registrados eventos extremos notáveis, como ondas de calor na América do Norte e Europa, além da América do Sul. Seca nos Estados Unidos, Brasil e partes da Rússia e Europa Oriental. Inundações na região do Sahel africano, Paquistão e China. Depois neve e frio extremos na Rússia e Europa Oriental, como estão ocorrendo novamente neste início de 2013.

A Bacia do Atlântico sofreu uma temporada de furacões acima da média pelo terceiro ano consecutivo, com um total de 19 tempestades e 10 furacões, o principal deles o Sandy, provocou estragos em todo o Caribe e na costa leste dos Estados Unidos. O leste da Ásia também foi severamente impactado por tufões poderosos, o maior sendo o Sanba, que atingiu as Filipinas, Japão e a península coreana. O nível mais baixo da extensão de gelo marinho no Ártico chegou a 3,4 milhões de quilômetros quadrados no dia 16 de setembro. A marca é 18% menor do que a de 2007.

“- A taxa alarmante de derretimento vista neste ano destaca as transformações que estão acontecendo na biosfera e nos oceanos, as mudanças climáticas estão ocorrendo diante de nossos olhos”, disse o secretário da OMM, Michel Jarraud.

A concentração dos três principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono, metano e óxido nitroso – alcançaram os maiores níveis em 2011, e o CO2 atingiu a marca de 390,9 ppm, uma elevação de quase 100%, considerando os 277 ppm da era pré-industrial. O volume anual de CO2 acumulado é de 36 bilhões de toneladas. Seguindo nesse ritmo teremos 56 bilhões em 2020. Em 2011, ocorreram 320 desastres naturais, que geraram US4366 bilhões de prejuízos.

Em 2012, estávamos sobre efeito do La Nina, que esfria as águas do Pacífico, maior oceano do mundo. Segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) mais de 400 espécies de animais e vegetais foram incorporadas à lista de espécies que correm risco de desaparecer. A lista abrange 65.518 espécies, 20.219 em perigo de extinção, 4.088 espécies estão criticamente ameaçadas, 5.919 em perigo e 10.212 vulneráveis na natureza. Madagascar têm 192 espécies únicas de palmeiras e 80% em risco de extinção. Pela extração de madeira e plantio de dendê, a palma asiática.

Situação da Amazônia

Para completar o quadro dos números, um balanço que a Rede Amazônica de Informações Georrefenciadas (Raisg), sobre a situação da Amazônia na sua totalidade, incluindo os nove países onde ela está presente. O Maior é o Brasil com 64,3%, seguido pelo Peru com 10,1%, Colômbia 6,2%, Bolívia 6,2%, além de Equador, Guiana, Suriname, Venezuela (5,8%) e Guiana Francesa.

Entre 2000 e 2010 foram suprimidos da Amazônia 240 mil km2 de florestas. Está no relatório: “as pressões e ameaças à Amazônia indicam que as paisagens de florestas, a diversidade social, ambiental e de água doce, estão sendo substituídas por paisagens degradadas, savanizadas, áreas mais secas e homogêneas.”. Os 240 mil equivalem ao território do Reino Unido. As ameaças têm origem, nome e sobrenome. São construtoras interessadas em estradas, mineradoras atrás das riquezas do solo amazônico – praticamente todos os metais -, petroleiras atrás do óleo negro e de gás e as construtoras novamente encarregadas das obras de hidrelétricas. Além do agronegócio, inclui pecuária, soja e eucalipto, que causa diretamente desmatamento e queimadas.

O estudo “Amazônia sob pressão” dispõe de 55 mapas, 61 tabelas, 23 gráficos e 73 fotografias. Mostra os 7,8 milhões de km2 da Amazônia em detalhes, com suas 12 macro bacias e 158 sub-bacias, compartilhados por 1.497 municípios, 68 departamentos/estados/províncias e seus 33 milhões de habitantes, 385 povos indígenas, 610 áreas de conservação e 2.344 terras indígenas.

Modus operandi

Vinte e quatro empresas exploram petróleo nos países amazônicos, nove controlam 78% dos lotes. São 81 em exploração e 246 com potencial. No Peru 66,3% dos lotes estão em terras indígenas. Quase 21% do território amazônico têm áreas em que o setor de mineração quer atuar, significa interferir em 15% das áreas protegidas e 19% dos territórios indígenas. Em toda a Amazônia existem 171 hidrelétricas em operação ou em construção e 246 planejadas ou em fase de estudo. Brasil, Bolívia, Colômbia e Equador registram maior índice de desmatamento.

“-Se todos os interesses econômicos que se sobrepõem se concretizarem nos próximos anos até metade da Amazônia poderá desaparecer, vai se tornar uma savana com ilhas de florestas”, comentou o coordenador geral da Raisg, Beto Ricardo.

Aproveitar a proximidade geográfica para incluir alguns dados do Pantanal. A pesquisadora da Embrapa, Débora Calheiros, de Corumbá, tem coordenado uma série de denúncias do que está acontecendo na região com a construção de pequenas centrais hidrelétricas. O que parece ser uma boa ideia vira um pesadelo, quando registraram 135 projetos ao longo dos rios da bacia do Paraguai, a maior da região, sendo 44 em funcionamento. Sem contar o desmatamento para plantio de soja que na área do planalto, no Mato Grosso, já atingiram índices de 60 a 80%, principalmente nas nascentes do rio Paraguai, uma área de quatro mil hectares onde 90% da mata original foram detonadas.

O Pantanal já registra um desastre ambiental no rio Taquari, onde cerca de 700km foram soterrados, ele invadiu outras áreas, saindo do leito. Terra levada pelas chuvas das lavouras da região de Rondonópolis, principalmente.

“- O Pantanal é como um prato, pois é uma região plana e baixa. Mas o que ocorre na borda, reflete no centro. Por isso, no fundo do prato pode estar tudo bonito, mas quando se vê as nascentes, a situação é alarmante”, comenta Glauco Kimura, do WWF.

Ainda na Amazônia, o que não está na estatística, mas vem sendo denunciados por várias entidades, é a atividade de garimpos ilegais de ouro na bacia do Tapajós. Não é nada pequeno, o jornal Valor Econômico esteve na região recentemente, noticiou a presença de 60 mil pessoas na Bacia do Tapajós. Inclui não somente balsas, que custam em torno de R$600 mil, mas também cerca de 150 retroescavadeiras, para cavar mais fundo nas margens dos afluentes do Tapajós. A fome juntou com a vontade de comer, como diz o velho ditado. Primeiro criaram uma zona tampão das unidades de conservação da região, para a construção das futuras usinas do Tapajós, a maior delas, São Luiz, com mais de seis mil MW, entrará em licitação em 2013.

A grama do ouro custava US$445 a onça (31,10 gramas) em 2005, agora passou dos US$1.600. Na Volta Grande do Xingu, a Secretaria do Ambiente do Pará concedeu autorização para a empresa canadense Belo Sun se instalar na região. Pretende explorar 4.684kg por ano e investir US$1 bilhão. Nem o governo federal sabia do projeto. A empresa só tem licença para pesquisar, do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral. No Brasil as empresas canadenses – Kinross, Yamana, Jaguar Mining e Aura Gold – extraem 90% do ouro brasileiro, mais exatamente, 65,2 toneladas em 2011. O mercúrio e o cianeto usados na separação do ouro ficarão nos rios.

Na Terra do Meio, no Pará, que também nesta nas estatísticas, uma frota de caminhões, maquias carregadeiras, funcionam dentro de áreas de conservação, como a reserva extrativista do Riozinho do Anfrísio, como denunciou o Instituto Socioambiental, em carta endereçada ao governo federal.

“-Centenas de quilômetros de estradas dentro de áreas públicas, mobilizando uma frota de maquinários e um exército de trabalhadores, transportam continuamente cargas de toras de madeiras, pesando milhares de toneladas, processando as toras em grandes serrarias, localizadas nas cidades da região, e finalmente embarcá-las “legalmente” nos portos regionais. Não há como não indagar como um esquema desta magnitude consegue se manter impune a despeito de tantas denúncias já feitas”.

Três melancolias

A ONU decretou 2012 como o ano das energias renováveis. No mundo 1,5 bilhão de pessoas não tem luz elétrica, 400 milhões de indianos. Ainda cozinham com lenha ou estrume de boi. O consumo de energia dos combustíveis fósseis terá que ser reduzida em 40% e pelo menos 30% do consumo terá que ser de fontes renováveis nos próximos 20 anos. Num ano em que ocorreram três conferências mundiais, a Rio +20, a de Biodiversidade, em Hydebarad, na Índia e do clima em Doha, no Catar, país que tem o maior índice de emissores de gases per capita – além de ser um dos maiores em reservas de gás metano. Três finais melancólicos, para resumir. Sem conclusões, com adiamentos, o clima para 2015, o da Biodiversidade com promessas de investimentos dos ricos, no Rio o discurso da economia verde. O Avatar do clima não combina mais com promessas. A burocracia diplomática podia fazer videoconferência e economizar os recursos para outras causas. É muito mais do que evidente que os países ricos e desenvolvidos, agora encalacrados numa crise econômica, não têm nenhum interesse em criar novas barreiras e taxações, ou investimentos, que não sejam na aristocracia financeira.

Se metade do gelo do oceano Ártico sumiu em 30 anos, melhor porque vai diminuir a viagem dos navios em três semanas, na rota para a Ásia. Em 2012, 46 navios fizeram isso. Economia de US$3 milhões por viagem. O navio ObRiver levou um carregamento de gás liquefeito para a empresa japonesa Kyushu Eletric Power, para abastecer uma usina. Em 2010 apenas quatro navios fizeram a rota. Quem fretou o navio foi a Gazprom, estatal da Rússia, que junto com a Schell já começou a perfurar poços de petróleo na Groenlândia, uma ilha que pertence à Dinamarca, mas que pretende se emancipar. Já vendeu 150 licenças para exploração mineral.

“-Para mim, diz o dono da Nunam Minerals, Ole Christiansen, maior mineradora da Groenlândia, eu não ligaria se toda a camada de gelo desaparecesse. Temos uma geologia a explorar, novos minerais”.
O Ártico, segundo o departamento estadunidense de geologia, tem 20% das reservas de petróleo do mundo.

Se perguntarem para ele o que é albedo, o reflexo da luz solar visível que o gelo produz, e o significado para o clima do próprio Hemisfério Norte, ele não saberá. Ou que o metano vai ser liberado, ao mesmo tempo em que o gelo desaparece, no permafrost, o solo que surge com o descongelamento. Mineradoras, petrolíferas, construtoras, agronegócio querem executar sua santa missão sem empecilhos. E ainda contam com a cobertura, pequena digamos, de alguns cientistas e polemistas que pregam o evangelho do mercado.

O norueguês Born Lomborg, também apelidado de o “ambientalista cético”, o físico Richard Lindzen, do instituto tecnológico de Massachussets, que assinou um artigo com outros 16 pesquisadores no The Wall Street Journal , do bilionário da mídia Rupert Murdoch, também dono da Fox News, onde o aquecimento global não existe, e mudanças climáticas faz parte da campanha de lunáticos e comunistas.No Brasil, um dos mais falantes é o professor da USP, Ricardo Augusto Felício, climatologista, que foi duas vezes à Antártica e confirmou que lá estava esfriando mais.

Pensei em criar, nesta questão, a definição de pesquisador bufão, o antigo bobo da corte, em função das declarações científicas do professor.

- O aquecimento global é conversa para boi dormir... Protocolo de Kyoto é uma grande besteira...o buraco na camada de ozônio é algo equivocado...mudanças climáticas não é teoria da conspiração é pura mentira...o planeta vai muito bem obrigado, vai continuar por aqui, quando
nós já tivermos desaparecido...já existe bactéria que come petróleo...”.

Fiz uma síntese do que ele tem verbalizado. Começando pelo currículo, todos os especialistas nessa área, climatologistas, meteorologistas, físicos, químicos, biólogos – o assunto é tratado em várias áreas acadêmicas- são formados nas melhores universidades do planeta. Existem grupos em todos os cantos. Nos principais centros de clima, como o Hadley, da Inglaterra, o Max Plant, na Alemanha, o Laboratório Nacional Lawrence Livermoore, na Califórnia, entre outros tantos, mas ninguém faz piada com o assunto. Modelos de cálculo metereológico existem 10 bem conhecidos, conforme Tim Flannery, autor de “Senhores do Clima”, já lecionou em Harvard. Todos inserem evidências, dados empíricos para fazer previsões.

Alguns, como o coordenador do programa antártico brasileiro, pós-doutor, Jefferson Cardia Simões e um grupo de pesquisadores brasileiros, fazem incursões perigosas, por vários dias a 670 km dentro do polo Sul, para instalar um módulo que manda informações climáticas a vários pesquisadores no mundo. Ele já foi 19 vezes à Antártica. E fala do clima que é um sistema único, que está sendo aquecido, que o gelo da Antártica é muito grande, 90% do gelo do planeta, por se tratar de um continente imenso, mas que tem 3 a 4% mais sensíveis a mudanças de temperatura e derretem, estão derretendo. Assim como as geleiras de superfície, nas montanhas, desde o Himalaia, os Andes, ou em Montana, nos Estados Unidos, onde no final do século XIX existiam 150 no Glacier Park, e hoje são 35, com apenas uma fração do que eram. São as mais estudadas pela facilidade de acesso.

Para quem não sabe o mundo vai acabar mesmo daqui há cinco bilhões de anos, quando não haverá mais gás hélio no sol, ele se transformará numa estrela anã, e todos os planetas perderão o rumo na via Láctea. E que estamos na metade da vida solar, e que a Terra tem 4,6 bilhões de anos, e a vida está presente na superfície há quase quatro bilhões de anos. Mas isso não é motivo para dar um atestado de insanidade mental, para que a máquina de guerra acabe com os ecossistemas que sustentam à vida no planeta, em poucos anos. Simplesmente porque alguns vão faturar e enriquecer. E a grande maioria sofrer e perecer.

Outro argumento é que os ricos querem barrar o crescimento da economia dos emergentes. São as corporações multinacionais, com pequenas exceções nacionais, que lideram o crescimento e o faturamento, mandando os lucros para as matrizes. E ainda deixando o lixo e a poluição no local, entre os muitos desarranjos que provoca.

Negar o Avatar do clima é tragicomédia, é coisa de bufão mesmo. O resto, o
povo sente e os pesquisadores, que trabalham no silêncio estão mostrando a toda hora, em muitos cantos desse planeta, sem estardalhaço, nem afetação.

Fonte: CARTA MAIOR
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O Grande Circo e o Grande Negócio da Guerra ao Terror

Quando Reagan e Bush Resolveram Esconder o Conhecimento Científico

No início dos anos da década de 1970, mais especificamente quarenta anos passados, três cientistas receberam o prêmio Nobel por seus estudos sobre o efeito de estufa e a camada de ozônio.

Durante a década, que inaugurou em 1972 a primeira grande conferência sobre o meio ambiente e ecologia, em Estocolmo, diversos estudos, pesquisas e ações foram tomadas em prol de um novo modelo de compreensão da natureza assim como novas formas de extração, produção, troca e distribuição de bens.

Nos EUA de Nixon, diversas ações foram apoiadas pelo governo, leis foram criadas, agências para controle ambiental, caso da EPA, e até mesmo a casa branca implantou, a título de exemplo, equipamentos para geração de energia por fonte solar.
 
Até final da década as ações cresciam, assim como planos estratégicos para o futuro.

A partir da década de 1980, com a chegada de Reagan, todos os projetos foram cancelados, alguns adiados , outros ignorados e até mesmo os equipamentos para geração de energia por fonte solar da casa branca foram retirados.

Iniciava-se uma nova e obscura era, a era do neoliberalismo, com um forte retorno a um conservadorismo retrógrado. 

Coincidência, significativa ou não, o período coincidiu com a eleição de Margareth Tatcher, de João Paulo II, com  o assassinato de John Lennon e com  o surgimento do vírus da AIDS. 

Com um violento freio nas novas ideias derivadas de conhecimento científico, pouco se avançou na década, no tocante as questões ambientais, mas mesmo assim em 1987 era firmado o protocolo de Montreal, que dentre outras coisas, determinava que a produção do gás di-cloro, di-fluor metano, vulgarmente conhecido como CFC, estaria proibida nos países desenvolvidos e ainda estabelecia um prazo, mais longo, para a proibição nos países em desenvolvimento. 

Estava em questão a destruição de parte da camada de ozônio, na ozonosfera terrestre, devida ação humana.

Estabeleceu-se um novo produto, os hidro cloro flúor  carbono, HCFC, em substituição aos CFC's, assim como um prazo para utilização somente do novo produto.

Com a chegada da década de 1990 e a queda dos regimes comunistas, e a suposta vitória do núcleo duro do capitalismo, os EUA resolveram apresentar, somente nas aparências, uma nova imagem ao mundo.

O saxofonista Bill Clinton e seu vice ambientalista de carteirinha , Al Gore, chegavam ao poder. 

Uma imagem de juventude e supostamente de vanguarda.

No ano de 1992, com a segunda conferência sobre ecologia e meio ambiente, a ECO-92, no Rio de Janeiro, o tema esteve, obviamente em foco, e alguns projetos foram assinados, como a Agenda 21, mais , hoje, sabemos que muito pouco foi conseguido.

Enquanto isso um grande número de cientistas trabalhava, como o aval da ONU, em estudos sobre o aumento do efeito de estufa e as alterações climáticas.

Mais precisamente dois mil e quinhentos cientistas de todas as partes do planeta.

O resultado foi revelador.

Em 1995, concluíram que a atividade humana, e não fenômenos naturais com argumentavam principalmente as grandes empresas, era a responsável pelo aumento do efeito de estufa terrestre e consequentemente a temperatura global.

O tema passou a ser mais discutido em muitos fóruns, apesar do boicote da grande imprensa sobre o assunto, e cada vez mais chegava-se a conclusão, assim como ocorrera na década de 1970, que seria necessário uma total transformação nas formas de produção de bens, extração de recursos , geração de energia e estilos de vida.

Isso acontecia exatamente quando o "fantasma" do comunismo tinha desaparecido.

Toda a discussão colocava em cheque o capitalismo, a economia, até então "vencedores" e hegemônicos.

Já fazendo água por muitos anos, o neoliberalismo começou a ser questionado em fóruns e nas ruas , no final daquela década, mas não necessariamente  por conta do conhecimento científico acumulado sobre as questões ambientais.

Eis que , já na década de 2000,  com os protestos contra o neoliberalismo aumentando em todo o mundo, chega ao poder nos EUA em uma eleição estranha, para não dizer fraudulenta, o mega reacionário George W. Bush, mais conhecido como A Besta, ou Bush II. 

Saiam de cena a "juventude" e a "vanguarda" de Clinton e Gore, e chegava  o presidente de guerras, como ele mesmo se autodenominou.

Nos primeiros seis meses de seu governo, Bush II cancelou e/ou não ratificou todos os acordos, ou a maioria deles, sobre questões ambientais e climáticas, com o argumento que mais estudos seriam necessários para comprovar tais teses .

As corporações gostaram.

Mais precisamente no início de seu nono mês de  governo, os EUA, a maior potência militar do planeta, o maior arsenal de armas incluindo nucleares, o maior sistema de defesa, é atacado, em casa, por simples aviões comerciais que produziram para o mundo imagens que nem a indústria cinematográfica americana previu. 

Uma questão , ainda sem a correta resposta , tomou conta do mundo:

Seriam eles, os americanos, grandes trapalhões ou aqueles ataques as torres teriam sido uma obra caseira ?

Independente das respostas, o que se viu , depois , foi mais um grande e profundo mergulho no conservadorismo reacionário, onde uma guerra constante e infinita ao "terror", nas palavras de Bush II,  estaria em prática. 

Mais uma vez, assim como com Reagan no início dos anos da década de 1980, Galileus e Giordanos Brunos  foram condenados e, em nome de uma guerra ao terror, que na verdade e de fato existe principalmente pelos estados terroristas dos EUA e  de Israel, o mundo, com os aplausos do Vaticano de João Paulo II e de Bento VI, das grande corporações, dos conglomerados midiáticos, mergulha em mais um período de trevas, onde os líderes marionetes desempenham seu papéis no grande circo mundial.