terça-feira, 5 de maio de 2015

O Poeta e o Sociólogo

Resposta Ao Funk Ostentação



Edu Krieger



                      Você ostenta o que não tem

                      Pra tentar parecer mais feliz

                      Mas não sabe que pra ser alguém

                      Tem que agir ao contrário do que você diz

                      Você pensa que tem liberdade

                      Exibindo riqueza e poder

                      Mas não vê que na realidade

                      O sistema é que lucra usando você




                      E o sistema tem a cor

                      Do racismo e da escravidão

                      Cada vez que você dá valor

                     À roupinha de marca e à ostentação

                     A elite burguesa e branca

                     Que é dona das lojas de grife

                     Se dá bem, pois você bota banca

                     Mas é o sistema que aumenta o cacife



                    Clipe norte-americano

                    De artista que faz hip hop

                    Você quer imitar por engano

                    Pensando que assim vai ganhar mais ibope

                    É a regra do capitalismo

                    Eles querem que a gente consuma

                    Pra vivermos à beira do abismo

                    A gente pra eles é porra nenhuma



                   Você pensa que é modelo

                   Pras crianças da comunidade

                   Sinto muito, mas devo dizê-lo

                   Que o que você faz é uma puta maldade

                   Se o moleque não tem condição

                   De entrar nesse mundo grã-fino

                   Isso pode virar frustração

                   E você vai foder com o pobre menino



                  Que pra ter um tênis foda

                  Pode até assaltar um playboy

                  Pois se fica excluído da moda

                  Recebe desprezo e isso lhe dói

                  E as mulheres que dão atenção

                 Que te cobrem de beijo e afeto

                 Valem menos do que seu cordão

                 Pois você trata elas pior que objeto



                Quem batalha pra viver

                E botar a comida na mesa

                De repente te vê na TV

                Dirigindo carrão e exibindo riqueza

                Ostentando pra ter atenção

                E achando que isso é maneiro

                Sem saber que essa ostentação

                Faz o branco do banco ganhar mais dinheiro



               Negro tem que ter poder

               Negro tem que ser protagonista

               Tem que estar no jornal, na TV

               No outdoor e na capa de toda revista

               Mas não tem a menor coerência

               Ostentar um anel de brilhante

               Isso só vai gerar violência

               Inveja e recalque no seu semelhante



              Que legal sua conquista

              Sua história de vida também

              Mas seu papo é tão consumista

             Que faz de você um artista refém

             Dessa pose fajuta e falida

             Que só finge aumentar autoestima

             Infeliz de quem sobe na vida

             E não sabe o que faz quando chega lá em cima

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Vencer a batalha das ideias

Os governos de esquerda têm que enfrentar o elemento de maior força do neoliberalismo: sua força ideológica do 'modo de vida norte-americano.'


por Emir Sader em 05/05/2015 às 06:14



Emir Sader
“E quando, finalmente, a esquerda chegou ao governo, tinha perdido a batalha das ideias.”A afirmação de Perry Anderson sintetiza o maior desafio para os que queremos superar e substituir o neoliberalismo em todas suas dimensões.

Significa que o neoliberalismo fracassou como proposta econômica, o que abre a possibilidade para que a esquerda apareça como alternativa de governo. Quando chega ao governo, tem que enfrentar toda a herança maldita do neoliberalismo: recesso, enfraquecimento do Estado, desindustrialização, fragmentação social, entre outras coisas.

Mas, além disso, tem que enfrentar o elemento de maior força do neoliberalismo, a nível de cada pais, mas também a nível internacional: sua força ideológica, a força do “modo de vida norte-americano”, que impõe sua hegemonia de forma quase inquestionada em escala global.

O estilo de consumo shopping center se globalizou de maneira aparentemente avassaladora. É uma espécie de ponta de lança do neoliberalismo, materializando seu principio geral, de que tudo é mercadoria, tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra. Por isso o shopping center é o exemplo mais claro do que se convencionou chamar de “não lugares”.

O shopping costuma não ter nem janela, nem relógio. Entrar em um desses espaços é se desvincular das condições de vida nas cidades como efetivamente existem, para se articular com a rede de consumo globalizada, mediante às marcas e seu estilo de consumo. Com o conjunto de “vantagens” que traz o shopping center -  proteção do mal tempo, do roubo, com lugar para estacionar, com grande quantidade de cinemas, de lugares para comer, além da diversidade de marcas, todas globalizadas – representa um instrumento poderoso de formas de vida, de sociabilidade, construídas em torno do consumo e dos consumidores.

O shopping center é a utopia neoliberal e expressa, da forma mais acabada – junto com a publicidade, as marcas, a televisão e o cinema norte-americanos, entre outros instrumentos – a hegemonia do modo de vida norteamericano. Lugar que ocupa praticamente sem questionamentos, salvo resistências do islamismo ou dos evangélicos.

A luta antineoliberal conseguiu impor consensos no plano econômico contra a centralidade do mercado, a favor da prioridade das políticas sociais, por exemplo. Mas não gerou ainda valores, formas de sociabilidade, alternativas ao neoliberalismo e a seu mundo de valores mercantilizados. É certo que há mecanismos monstruosos de promoção dos valores neoliberais, mas também é certo que não temos valores alternativos – solidários, humanistas – que apareçam como alternativas.

As politicas sociais dos governos pós-neoliberais tem um caráter solidário e humanista, mas não fomos capazes de traduzi-las em formas de sociabilidade, em valores, alternativos ao egoísmo consumista do neoliberalismo.

Não se pode simplesmente incorporar propostas anti-consumistas, em sociedade em que o acesso ao consumo é uma conquista para a grande maioria da população. Acesso que traz, junto, as vantagens do consumo e, por extensão, promove o mundo do consumo – incluído o shopping center – como um objetivo de vida. Assim, não se trata de uma batalha simples. Mas é indispensável para a construção de um mundo solidário e humanista.

Sem a critica do egoísmo consumista dominante, da falta de solidariedade – especialmente com os mais frágeis -, não conseguiremos avançar contra a forte hegemonia ideológica do neoliberalismo e ganhar a decisiva batalha das ideias, decisiva nos enfrentamentos centrais do mundo de hoje.

Fonte: CARTA MAIOR
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Dois estilos e a mesma crítica, profunda e precisa.

Edu Krieger, cantor,compositor e instrumentista  não faz o tipo celebridade e no entanto é considerado um dos melhores nomes na cena musical da atualidade.

A canção acima ,certamente , não é muito divulgada nas emissoras de rádio e de TV.

A batalha das idéias, citada pelo sociólogo Emir Sader, em todas as suas expressões.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Mídia do Capital. Os fabricantes de realidades

Paulo Metri: 

A mídia do capital e as mazelas do nosso povo

publicado em 03 de maio de 2015 às 18:01
manipulacao-midiatica1
Causa mater
Paulo Metri, em seu blog, via e-mail
É deprimente ver incompreensão, desinformação, deturpação da verdade e má intenção na humanidade. Nestes casos, o agente do mal busca sempre mais riqueza e poder. Em contrapartida, no consequente conjunto de impactados, são colocadas penúria e humilhação. De forma correta, a sociedade tem criado proteções para minorias e, às vezes, para maiorias, desde que estejam sendo maltratadas. Com muito esforço e luta, a sociedade resgatou, em parte, o direito dos negros, dos homossexuais, das mulheres e dos miseráveis. Estes grupos começam a ter vidas menos sofridas. Mas, falta muito a ser atendido. Busco chegar a determinada tese e, para isso, preciso estudar alguns casos.
Em um grupo conservador, foi feito um debate para se explicar as causas do baixo nível de desenvolvimento brasileiro. Logo, apareceram o “custo Brasil”, a “baixa especialização da mão-de-obra” e a “existência da pobreza, que dificulta a capacidade cognitiva dos trabalhadores”. Sem entrar no mérito, foi lembrado que o desenvolvimento em pauta não era só o econômico, pois existiam também o desenvolvimento social, o político e outros.
Com esta nova abrangência da análise, se não fosse triste, teria sido engraçado ouvir pessoas dizerem absurdos como: “a preguiça de algumas pessoas os leva à condição de extrema pobreza” e “oportunidades existem, vejam, por exemplo, o caso do Ministro Joaquim Barbosa, que de origem humilde chegou a ministro do STF”. Mas, o auge da cretinice ocorreu quando afirmaram que “em qualquer sociedade, têm que existir pobres e, por isso, é uma ilusão imaginar uma sociedade sem pobres”.
Durante estas observações, fiquei pensando: “A quem querem enganar? Porque deve ser difícil alguém pensar assim, honestamente.” Era o caso de se perguntar: “A exploração capitalista, como razão para a geração de pobreza, não conta?” Estive presente neste grupo por uma destas imposições do trabalho que acontecem na vida. Seus membros já tinham o conservadorismo incrustado em suas almas. A pergunta que persiste é: “Como eles foram formados?”
As cortinas se fecham e se abrem na época do Rio+20. Um professor da USP está sendo entrevistado por um canal de televisão e a repórter, que havia sido bem treinada, busca arrancar dele palavras de apoio para a “economia verde”. Em determinado instante, ele disse algo como: “A ganância e o individualismo, característicos do capitalismo, levam a este menosprezo pela natureza. Se tivéssemos um mundo mais solidário com seres mais humanos, a natureza seria preservada naturalmente.”
As cortinas se fecham e se abrem, novamente. Aparece o senhor Paulo Skaf dizendo a frase: “A terceirização é boa para o trabalhador”. Esta frase é um descalabro, mas fiquei esperando algum líder de central sindical ser entrevistado e dizer: “A terceirização é boa para o patrão”. Mas, ele não chegou, porque trabalhador não tem vez na mídia tradicional. O quase nada que o governo Dilma fez nesta área é imperdoável.
É estarrecedor o grau de agressividade dos meios de comunicação. Plagiando o coronel Passarinho, os donos desta mídia devem pensar: “Que o conceito de igualdade de oportunidade na mídia para todos os grupos vá às favas. Vamos deixar de lado os pruridos. A mídia é nossa e nós entrevistamos quem nós queremos.” Obviamente, eles não têm nenhum receio que a concessão de operação da mídia seja revogada. Assim, a mídia é um grande instrumento de ação política a serviço do capital.
Vamos analisar melhor a posição do senhor Skaf. A terceirização proposta por ele pode repercutir desfavoravelmente para a classe que ele representa. Não é só na Física que “a toda ação existe uma reação de intensidade igual e em sentido contrário”. À medida que maiores parcelas da mais-valia dos trabalhadores são retiradas ou eles perdem o emprego, menos comida chega às suas casas, eles não conseguem ter acesso a médicos e hospitais, e outras mazelas ocorrerão. Assim, o nível de angústia da população carente irá aumentar com a terceirização. Não há como negar que, quanto maior este nível de angústia, o cidadão ficará mais propenso a atuar na criminalidade. Não digo que o aflito está liberado para praticar crimes, mas está sendo impelido para a criminalidade.
Desta forma, os que auferiram maiores lucros com a terceirização irão gastar mais com carros blindados, motoristas mais caros, porque sabem lutas marciais, equipamentos novos de segurança para suas casas e guarda-costas para si e os entes queridos. Fora o sobressalto constante que seu sequestro ou de algum familiar representa. O crescimento do índice de Gini, que mede a má distribuição de renda em uma sociedade, causado pela terceirização, significará, em última instância, maior insegurança na sociedade. Nesta hora, o Estado será denunciado, principalmente pela classe rica, como único culpado por não garantir segurança para os cidadãos. Esquecem que não há só a segurança física. Há também a segurança alimentar para os pobres, a segurança da educação para os filhos dos trabalhadores, a segurança do atendimento de saúde para os pobres e, por aí, vai.
Os meios de comunicação corruptos, comprometidos com a manipulação da população, não têm redatores de notícias, têm roteiristas criativos, que devem ficar criando saídas para os constantes furos de quem não têm a verdade consigo. Para a população despolitizada, é difícil, em muitas situações, descobrir onde está a verdade. Por exemplo, no conturbado Grande Oriente, sem querer justificar as injustificáveis ações do Estado Islâmico, tenho dúvida se só eles praticam atrocidades. É difícil saber qual é o mundo real. A única forma de combater a manipulação é identificando alguns articulistas, que são nossas estacas, pois servem como ancoradouro para a população em busca de compreensão do que está por trás dos noticiários. São os tradutores da ficção para o real e são encontrados, basicamente, nos sites, blogs etc.
Finalmente, a citada tese é que a causa mater é a mídia do capital, que está aí, e sua triste consequência são as mazelas do nosso povo. Sem compreender o que acontece por falta de informação, a população não se protege, não evolui politicamente e elege representantes que irão prejudicá-la. Pouco irá representar uma nova lei que reforme a política, se ela será realizada pela maioria de desonestos que, hoje, sacrificam o povo em benefício próprio e dos grupos que representam.

Fonte: VIOMUNDO
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A mídia do capital e as mazelas do nosso povo.

E a partir de quando o capital se tornou hegemônico ?

A partir do início da década de 1990, por ocasião da queda dos regimes comunistas.

Antes de 1990 toda a mídia ocidental, capitalista , já mentia e manipulava as informações, no entanto, assim como o capitalismo do lado ocidental, a mídia tinha alguns cuidados, não permitia uma aparência selvagem e a mentira não era tão escancarada como hoje. 
Isso não significa  que  não surgissem manipulações escancaradas, como existem atualmente, no entanto, tais manipulações  não significavam  a regra geral.

Os regimes comunistas ainda existiam, e se fazia necessário , no lado capitalista, mostrar uma imagem  de  civilidade e compromisso com as causas sociais, com a igualdade, com o apoio aos pobres e outros temas tão sensíveis aos regimes comunistas.
E tudo isso se deu , tanto nas política sociais dos países  capitalistas como no comportamento da mídia ocidental.

Do final da segunda guerra mundial até o final dos anos da década de 1980, os países capitalistas, para fazer frente aos regimes comunistas, implantaram uma série de medidas, políticas e programas com forte apelo social, garantindo aos povos um repertório considerável de direitos e serviços públicos gratuitos de alta qualidade.
Era como se desejasse mostrar para as pessoas do lado ocidental, que o capitalismo era melhor que o comunismo, já que podia oferecer os mesmo serviços e direitos e ainda garantia a liberdade e a democracia. 

Era o período da guerra fria, e a propaganda dos regimes tinha um peso significativo, com cada lado tentando mostrar que era melhor que o outro.

Logo, para competir com o comunismo, os países ocidentais e capitalistas criaram o estado do bem estar social, um período  conhecido com os 30 anos gloriosos do capitalismo, ou seja, de 1950 até 1980.

A partir de 1980 e com evidências de que os regimes comunistas  estavam entrando em crise, deu início , no lado capitalista, ao desmonte do estado de bem estar social no países capitalistas, desmonte esse que se acelerou a partir de 1990 ganhando, inclusive, ares de selvageria.

De certa forma, a partir de 1990 o capitalismo mostrou sua verdadeira cara e a selvageria associada a um retrocesso civilizatório tomou conta do mundo, estando a mídia ocidental na defesa intransigente do capital e, para tanto,  a mídia vem criando ao longo dessas quase três décadas uma narrativa que omite, esconde, manipula , distorce, edita e inventa a realidade, apresentando o mundo e o capital como vencedores e responsáveis por um mundo civilizado e livre.
No entanto, a realidade de fato, é bem diferente, aliás, é muito diferente daquela apresentada pelos meios de comunicação, já que a hegemonia do capital a partir de 1990 tem levado o mundo a um retrocesso civilizacional.

Racismo

Os casos de racismo crescem diariamente, a cada segundo, em todo o mundo, até mesmo incentivados de forma subliminar pelos meios de comunicação, sendo que os responsáveis por atos de racismo raramente são punidos e, quando punidos, as punições são brandas. 
Os negros são as maiores vítimas por estarem associados a pobreza, no entanto, não são os únicos, já que populações indígenas estão sendo praticamente dizimadas em todo o mundo.
Antes de 1990, e no período dos 30 gloriosos, acreditava-se que o racismo era algo que estava em extinção, não pelo fato de não existir, mas sim pelo fato de não  ser incentivado em nome de um suposto  e hipócrita combate, como acontece nos dias atuais.
Quanto  mais a mídia do capital noticia casos de racismo, em nome de um combate a tais práticas, mais crescem as agressões racistas em todo o mundo
Na lógica do capital, o negro deve voltar a suas origens e servir como escravo.

Escravidão

O trabalho escravo, desumano, voltou com força a partir da década de 1990, principalmente por conta da globalização do capital, algo que estava em extinção antes do final da guerra fria.
A globalização provocou um estrago considerável no mundo do trabalho, no trabalhador organizado, no sindicalismo. Com as grandes empresas se deslocando de um país para outro em busca de mão obra barata para produzir bens para uma civilização homogeneizada nos costumes, países com excesso de mão obra servem como reduto de fábricas que atualmente se assemelham aos campos  de concentração nazista da segunda guerra mundial. Trabalhadores chegam a trabalhar de 14 a 16 horas por dia, com um dia de descanso semanal, com salários irrisórios, sem nenhum direito trabalhista produzindo bens de consumo descartável  que são símbolos do capitalismo globalizado, do mundo dito civilizado e moderno.
Em pleno século XXI a escravidão voltou com força e o assunto não é debatido na mídia do capital, que procura preservar as grandes marcas mundiais, principais responsáveis por essa barbárie e grandes anunciantes - logo mantenedores - dos meios de comunicação.

Direitos Trabalhistas

Enquanto os 30 anos gloriosos do capitalismo propiciaram a existência  dos estados de bem estar social, com todo tipo de direitos e serviços  assegurados aos povos, o mundo do capital globalizado está acabando com o pouco que restou desses direitos, em nome de uma lógica de darwinismo social, onde o normal será um mundo entre pessoas  vitoriosas e perdedoras, cabendo aos perdedores se sujeitar a escravidão , ou caso resistam , a opção é a morte, aliás, uma escolha do próprio perdedor, segundo o mantra que o  capital vitorioso repete com frequência na mídia do capital.
Nos direitos trabalhistas, que anos atrás garantiam até anos de seguro desemprego para desempregados, hoje a precarização é regra, já que no mundo trabalho o sindicalismo adotou a lógica de cada um por si, ou seja, o darwinismo sindical. Com as práticas de automação e robótica em expansão nas fábricas, os postos de trabalho naturalmente diminuem, a mão de obra desempregada aumenta, e o extermínio dos direitos trabalhistas ganha uma justificativa por parte dos defensores do mundo civilizado, cabendo a mídia do capital a defesa diária dos cortes em tais direitos, tudo em nome de redução de custos e de maior produtividade, já que a competição é a regra.
Em alguns países as aposentadorias já são totalmente privadas  cabendo as pessoas escolher ou não participar por décadas de um plano de aposentadoria privada ou fazer o plano por conta própria  ou, ainda, caso assim desejar, trabalhar até a morte.
Aliás , é uma constante nos meios de comunicação do capital , histórias enaltecendo pessoas vencedoras" , fruto de trabalho duro, ou seja, sem a necessidade de garantias de direitos trabalhistas.

Xenofobia

Curiosamente foi com a globalização do capital, a partir da década de 1990, que se intensificaram os casos de rejeição a estrangeiros. A título de exemplo, na era dos trinta gloriosos, países como França e Alemanha tinam uma população considerável de empregados portugueses  e turcos, respectivamente, que gozavam  dos mesmos direitos sociais de cidadãos  franceses e alemãs Atualmente, de acordo com a lógica selvagem, os estrangeiros tem sofrido rejeição em muitos países , pois são vistos  como  ameaça já que competem por empregos em igualdade de condições. A irracionalidade é tanta, que isso acontece em países de um mesmo bloco econômico, com garantia de livre acesso entre as pessoas. Associada a questão do emprego, a xenofobia ganha maiores e mais nítidos contornos  com a questão racial e religiosa, que a mídia do capital incentiva diariamente seja de forma explícita ou de forma subliminar, que se dá na maioria dos casos através de programas de entretenimento.

Religião

Talvez uma das maiores fontes de conflito seja a intolerância  religiosa .
Cabe lembrar que antes de 1990, durante a guerra fria, os países capitalistas adotavam uma postura extremamente democrática e tolerante com a religião e a religiosidade dos povos.
Hoje, percebe-se que tal postura devia-se ao fato que nos países comunistas as religiões e as práticas religiosas eram proibidas.
Atualmente as grandes religiões ocidentais, de uma maneira geral, seguem a lógica do capital, já que em suas propagandas para aumentarem seus rebanhos são recorrentes expressões de grande prosperidade financeira  entre fiéis que adeririam essa ou aquela corrente religiosa.
Curiosamente e paradoxalmente, o capitalismo se tornou uma religião, uma religião materialista, já que na mídia do capital não existe espaço para crítica do sistema hegemônico .
A negação de outras correntes religiosas por uma determinada religião é a regra geral, apesar das aparências.
No mundo do capital globalizado, Deus é propriedade de apenas uma religião, qualquer uma.
Ainda não se tem notícia se uma determinada corrente religiosa tentou patentear Deus, mas isso deve acontecer em breve.
As religiões de origem africana são as correntes religiosas que mais sofrem preconceitos e perseguições.

Crime Organizado e criminalidade

O crime organizado sempre existiu e desde sua existência tem sido combatido  por  países e mesmo por organizações internacionais. A produção cultural mundial, ocidental, produziu um grande número de obras relatando os esforços de governos no combate ao crime organizado.
No entanto, a partir da década  de 1990, o crime organizado ganhou um impulso sem precedentes, chegando nos dias atuais a estar  em posição acima de governantes em muitos países, influenciando diretamente as ações de governos. 
No caso de crimes financeiros, as organizações criminosas assumem uma fachada de legalidade e em conjunto com  outros tipos de corporações, definem os caminhos do capitalismo do século XXI, de ganhos astronômicos em atividades especulativas como jamais  vistos na história, mas no entanto em poder de pouquíssimas pessoas, os "grandes vencedores". 
No mundo atual a maioria dos países e seus respectivos governos, apesar das aparências , são reféns dessa lógica financeira, criminosa, resultado da globalização do capital. Essa engrenagem não merece nenhum tipo de crítica na mídia do capital, que , ao contrário, procurar enaltecer o sistema.
Além do crime organizado que governa o mundo do capital globalizado, os crimes associados ao tráfico de drogas, armas e pessoas, também teve um crescimento assustador a partir desde 1990., apesar da grande propaganda que a mídia do capital faz diariamente dizendo que se combate com firmeza e eficácia a todo tipo de crime organizado.

Qualidade de Vida

Não se pode negar que os avanços na ciência e na tecnologia no últimos 25 anos trouxeram ganhos consideráveis para a qualidade de vida das pessoas,no entanto, o preço que se paga por tudo isso é alto e ainda mais, devastador.
Em uma economia baseada no descarte e em um tempo de vida dos produtos de consumo cada vez mais curtos, a sociedade de consumo turbinada vive diariamente hipnotizada, idiotizada, trocando de coisas novas  por coisa mais novas que , para muitos, significam os símbolos de sucesso e lugar garantido no pantheon dos vencedores.
O consumo se tornou um valor na religião materialista capitalista , consumo que é  o motor, o sustentáculo do sistema, sendo as coisas a sedução  que são apresentadas  diariamente, nas mídias do capital, sem qualquer tipo de análise critica.
As coisas também passaram a substituir as naturais  reflexões das pessoas, já que aquisição de coisas novas são indicadas para curar angústias, sofrimentos e outros.
De todas as coisas o automóvel talvez seja o maior de todos os símbolos, fazendo com que pessoas passem em média três horas por dia presos em uma caixa de ferragens, na mesma posição, sem que questionem a normalidade  de tais atos. É tão normal, que as montadoras de automóveis  criam facilidades e mais conforto dentro da caixa. Na mídia do capital, tais caixas são apresentadas como símbolo de poder , e o tempo que se perde de forma inútil , sequer é questionado. Nos transportes coletivos, que deveriam ser a solução,o problema se repete, não apenas pelo tempo que se fica aprisionado, como também pelo desconforto, já que pela lógica do capitalismo o transporte coletivo  é um negócio que visa o lucro máximo com produtividade máxima.
Na saúde a medicina conseguiu avanços notáveis e a expectativa de vida das pessoas aumentou consideravelmente, já que  inúmeras doenças e epidemias foram controladas e até mesmo extintas, no entanto, morre-se cada vez, e em grande número, por doenças degenerativas ou derivadas do estresse associado ao estilo de vida dominante.
Nestes casos, a medicina como se expressa  no mundo atual , não deixa de guardar coerência com suas próprias práticas, já que grande parte dos medicamentos eliminam uma doença e criam outras.
Não se morre cedo de grandes epidemias como na antiguidade ;morre-se  mais tarde de problemas criados pelo estilo de vida e pelos próprios medicamentos.

Meio Ambiente

No mundo do capital o meio ambiente se transformou em uma gigantesca lixeira, sem que isso seja questionado pela mídia dominante. Em meio a uma  enxurrada de anúncios sobre produtos de higiene pessoal e de  beleza, a humanidade, que vive em sua maioria em grandes  aglomerados urbanos, respira uma ar sujo e por vezes tóxicos, sendo que em algumas cidades o uso de máscaras para filtrar o ar já faz parte do vestuário das pessoas. Se isso já não  fosse grave, a economia baseada no descarte produz uma quantidade absurda e irracional de lixo que poluem os rios , lagos e mares, aumentando o  transtorno das pessoas que vivem nos grandes centros urbanos. Tudo isso é tratado como sendo  normal pela mídia do capital.
O excesso de gases despejados na atmosfera, fruto da atividade humana,  já vem alterando o clima pelo mundo, no entanto, como os remédios para mudar esse quadro de sujeira implicam em uma revisão profunda , e até mesmo estrutural  no modelo capitalista, a mídia do capital trata esse problema como sendo algo a ser resolvido  no futuro, isso quando assume o problema, já que a maioria da mídia do capital coloca a questão das mudanças climáticas como algo a ser estudado com mais profundidade. Em alguns casos, e não são poucos, a mídia do capital afirma que tais alterações climáticas simplesmente não existem e , que são inventadas por cientistas  de orientação marxista. No mundo das aparências, onde os símbolos de status
são luxuosos, as pessoas vivem em meio ambiente sujo, e as doenças decorrentes desse quadro, principalmente as doenças respiratórias, crescem em todo o mundo.
A revolução verde da década de 1970 que aumentou consideravelmente a aérea plantada e consequentemente a produção de alimentos, por outro lado vem causando um grande estrago no campo, seja pelo uso criminoso e irracional de agrotóxicos e pela domínio da monocultura. Os alimentos, cada vez mais industrializados e até mesmo super processados, também tem sido a fonte de inúmeras doenças, por contaminação com substâncias tóxicas e mesmo pelo ganho de peso que proporcionam às pessoas com vidas cada vez mais sedentárias.
Na mídia do capital, as indústrias alimentícias estão entre os principais anunciantes, com o foco predominante no público infantil e no publico adulto imbecilizado, que é a maioria.

Mídia e Entretenimento

O braço poderoso do capital para entorpecer, imbecilizar e desinformar as pessoas.
Através dos meios de comunicação da mídia do capital, o capitalismo, assim como os valores e estilos de vida decorrentes deste modelo, são enaltecidos e blindados de qualquer crítica, sendo apresentado como única alternativa de organização social e até mesmo de vida.
O entretenimento é de uma imbecilização sem precedentes na história das várias modalidades de mídia, fazendo com  que os consumidores não sejam levados a nenhum tipo de reflexão, já que todas as formas de expressão artística mergulham em estereótipos, reforçando , com isso, todas as mazelas do mundo atual citadas até aqui. O entretenimento na mídia do capital  é a indigência cultural em sua expressão mais medíocre, sendo assimilado por uma grande parcela das pessoas que veem e consomem tais produtos como sendo os melhores e mais apropriados  produtos de entretenimento do mercado.
No campo do jornalismo,  a mídia do capital  constrói, diariamente, uma realidade que tenha sempre por objetivo defender os interesses do sistema dominante. As narrativas não permitem qualquer tipo de crítica ao sistema, assim como quaisquer índícios de que outras formas de organização social possam ser discutidas. Para a mídia do capital, não existem outras alternativas ao sistema atual, e os governos que venham a construir desvios, mesmo que  ainda dentro do sistema, são duramente combatidos , perseguidos e , caso insistam em suas teses, podem mesmo até terem seus principais governantes depostos ou presos, já que o Judiciário do Capital trabalha em sintonia coma mídia.
Assim sendo, diariamente, colunistas , jornalistas  e especialistas escrevem ou falam nos meios de comunicação sobre  a realidade dos fatos que esse meios desejam que seja a verdade, independente da veracidade dos fatos.  Isso se dá não pelo estado avançado de demência de profissionais da mídia - alguns poucos são de fato dementes -, ao contrario, se dá por uma forma criteriosa e cuidadosa de construir uma realidade onde as pessoas que a assimilam acreditam que vivem em um mundo próspero, civilizado e feliz, onde as oportunidades estão aí, disponíveis para todos, e aqueles que não usufruem de tantas chances são os vagabundos e preguiçosos, os perdedores, que não podem , em hipótese alguma , serem sustentados pelo estado.
Essa narrativa dominante na mídia do capital atinge de maneira profunda as pessoas com menos de 35 anos, que não viveram ou mesmo desconhecem que novas formas de organização social e de vida civilizada existem e são possíveis, sem que se tenha de retornar ao passado.
Passado, aliás, que se manifesta no mundo atual em uma expressão medievalesca, apesar dos avanços da ciência e da tecnologia.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Malhações

Globo e MP centram fogo em Lula

De um lado, temos o exemplo do ex-presidente FHC, que viaja o mundo falando mal do Brasil.
Do mesmo lado, o exemplo do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que saiu do governo, abriu a Gávea Investimento e a vendeu ao JP Morgan. Ficou bilionário oferecendo todo o tipo de informação privilegiada que obteve enquanto foi governo.
De outro, o ex-presidente Lula, que usa o seu capital político para ampliar as exportações de serviços das empresas brasileiras, gerando empregos e renda para o país.
Quem é o bandido?
Para a Globo, é Lula.
matéria da Época, o braço da Globo no mercado de revistas semanais, é um primor de mentira e manipulação.
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O primeiro parágrafo nos permite vislumbrar a aparência e o odor do chorume da reportagem como um todo:
“Quando entregou a faixa presidencial a sua pupila, Dilma Rousseff, em janeiro de 2011, o petista Luiz Inácio Lula da Silva deixou o Palácio do Planalto, mas não o poder. Saiu de Brasília com um capital político imenso, incomparável na história recente do Brasil. Manteve-se influente no PT, no governo e junto aos líderes da América Latina e da África – líderes, muitos deles tiranetes, que conhecera e seduzira em seus oito anos como presidente, a fim de, sobretudo, mover a caneta de seus respectivos governos em favor das empresas brasileiras. Mais especificamente, em favor das grandes empreiteiras do país, contratadas por esses mesmos governos estrangeiros para tocar obras bilionárias com dinheiro, na verdade, do Banco Nacional de Desenvolvimento, o BNDES, presidido até hoje pelo executivo Luciano Coutinho, apadrinhado de Lula.”
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E dá-lhe infográficos, aqueles mesmos que nunca fizeram para a Operação Zelotes.
Uma liderança política não se esgota no cargo que ocupa. Claro que Lula se manteve “influente no PT, no governo e junto aos líderes da América Latina e da África”. Influência não é crime, sobretudo se ela nasce do sufrágio universal e do prestígio de ter realizado um bom governo.
Influência perniciosa é a da Globo, que nasce da ditadura.
Em seguida, a matéria fala em “tiranetes, que [Lula] conhecera e seduzira em seus oito anos como presidente.”
Afora o estilo Veja, grosseiro e preconceituoso, temos aqui um modelo maravilhoso de hipocrisia.
A Globo, antes de exportar novelas para um país, avalia se o líder político desse país é chamado de tiranete?
O primeiro mundo se tornou primeiro mundo não apenas fazendo acordos com “tiranetes”, mas ele mesmo implantando tiranias mundo à fora. Os Estados Unidos, por exemplo, fez isso aqui. Ajudou a instalar uma ditadura no Brasil, e daí ampliou seus negócios com o país.
No caso do Brasil, as empresas brasileiras estão tentando exportar para quem está interessado em comprar. Ponto.
Nos EUA, ex-presidentes que ajudam empresas americanas a ampliarem seus negócios no exterior são tratados com estadistas e patriotas.
Aqui, Lula é tratado como bandido.
Europa é fechada para nossas empresas, em virtude de suas rígidas (embora disfarçadas) políticas de reserva de mercado. Os EUA são mais abertos, mas a concorrência é imensa com as próprias companhias americanas. Mesmo assim, uma empreiteira brasileira – a mesma Odebrecht, que a Globo tenta criminalizar – está construindo o aeroporto de Miami.
Fechando o parágrafo, a mentira final, de que as obras são tocadas “com dinheiro do BNDES”.
Ora, o BNDES serve para quê? Para emprestar dinheiro às empresas brasileiras.
É empréstimo. O empresário pega e depois paga, com juros e correção monetária.
Uma das linhas mais avançadas do BNDES, em termos de incentivo ao desenvolvimento da nossa economia, é justamente o financiamento à exportação de serviços. O BNDES empresta e recebe de volta. É assim que o BNDES ganha dinheiro. A Globo está saudosa do tempo em que o BNDES era o seu banco privado? Ou melhor, seu sócio?
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Como a Globo acha que a China ou qualquer país asiático ou europeu amplia a  presença de suas empresas no exterior? Com empréstimos  do Citibank? Não, com financiamentos de seus bancos públicos de fomento.
O BNDES, na era Lula, se tornou o que deveria ter sido desde o início: fomentador de empresas brasileiras, para ampliarem suas atividades no Brasil e no exterior; e não o que se foi durante o pesadelo neoliberal, quando servia para emprestar dinheiro para os compradores de nossas estatais, ofertadas a preço de banana.
E por causa disso, os lucros anuais do BNDES passaram do patamar de R$ 1 bilhão antes da era Lula para 8 ou 9 bilhões nos últimos anos.
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Ou seja, o BNDES está lucrando muito mais, financiamento muito mais.
Por que a mídia acha isso ruim? Seria porque ela não representa o interesse nacional, e sim o interesse de forças estrangeiras, que não desejam um Brasil mais desenvolvido e mais autônomo?
Essa cumplicidade criminosa entre setores partidários do Ministério Público com a grande mídia tem produzido um clima de terror político que não traz nenhum bem social, político ou econômico ao país.
Ao contrário, parece que o objetivo é mudar a rota do Brasil, fazendo-o acelerar violentamente em direção a um passado de subdesenvolvimento e desesperança.
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Abaixo, texto do Nassif publicado há pouco, denunciando a politização do MP.

Na Época, o alto custo da politização do Ministério Público Federal
SEX, 01/05/2015 – 09:18
Luis Nassif, em seu blog.

Não há mais limites para a politização do Ministério Público Federal.
A denúncia da Procuradoria da República do Distrito Federal contra a Odebrecht e Lula, por suas ações para conquistar mercados em países emergentes, é um dos capítulos mais graves da atuação política do órgão (http://migre.me/pGGtG).
Desde o início dos anos 90, obras de construtoras brasileiras no exterior foram enquadradas na categoria “exportação de serviços”, tendo acesso a linhas de financiamento do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
Já em 2003, o banco contava com um departamento especializado em América do Sul, com US$ 2,6 bilhões de projetos em carteira.
Junto com as obras vão equipamentos brasileiros, insumos brasileiros e, frequentemente, trabalhadores brasileiros.
Reconhecendo que as características da venda de serviços são similares a de exportação de produtos, houve enquadramento no PROEX (Programa de Financiamento às Exportações).
Em 15 de outubro de 2014, a Época Negócios exaltava a estratégia de internacionalização das empresas brasileiras (http://migre.me/pGFJi) a partir de estudos da Fundação Dom Cabral.
A conclusão do estudo foi a de que o melhor mercado para as multi brasileiras são países em desenvolvimento: “Como as empresas brasileiras inovam mais em processos, acabam se dando melhor em países não desenvolvidos, porque sabem lidar melhor com instituições desestruturadas”.
E qual a razão da melhor competitividade das empresas brasileiras?
“Nesse sentido, o estudo mostra que os brasileiros têm conseguido muita “aceitabilidade” e lidam melhor que os norte-americanos, por exemplo, com a diversidade cultural de outros países. “Ao invés de chegar e sobrepor a sua cultura àquele país, a maioria das empresas brasileiras adaptam processos, produtos e culturas aos do anfitrião”.
A primeira colocada no ranking da Dom Cabral foi a Construtora Norberto Odebrecht (http://migre.me/pGFQN), com um índice de internacionalização de 54,9%.
A ascensão das multinacionais brasileiras foi um feito celebrado por todas as escolas de administração. Em 2005 a revista Forbes passou a incluir empresas de países emergentes entre as 500 maiores do mundo. Esse mesmo mapeamento passou a ser feito pela Boston Consulting, que incluiu 14 empresas brasileiras na lista dos “100 maiores desafiantes globais” (http://migre.me/pGG0i).
No ranking da Dom Cabral. A Odebrecht aparecia em 28 países do mundo.

As suspeitas do MPF
Saindo do governo, através do Instituto Lula, o ex-presidente focou sua atividade internacional na África. Da mesma maneira que a Fundação Clinton, do qual FHC é membro. E a o soft power brasileiro – cuja maior expressão é a imagem pública de Lula no mundo – foi utilizada para enfrentar a invasão chinesa na África e em outros países do terceiro mundo.
De repente, o que era uma estratégia brasileira vitoriosa, nos olhos da inacreditável Procuradoria da República do Distrito Federal – e da inacreditável revista Época – torna-se objeto de inquérito.
Trechos da reportagem da revista Época sobre as investigações do Ministério Público Federal de Brasília a respeito das viagens de Lula e dos negócios da Odebrecht em outros países.
As suspeitas são de superfaturamento de obras… em outros países.
Um resumo das denúncias:

1. A Odebrecht venceu uma licitação para obras na República Dominicana, usinas termelétricas em Pinta Catalina no valor de US$ 2 bilhões. “Suspeita do Ministério Público”, segundo a revista: superfaturamento da obra (na República Dominicana) porque o valor proposto pela Odebrecht seria o dobro da segunda colocada. O MPF acolhe denúncia do grupo chinês que perdeu a disputa.

2. Obra da Odebrechet em Gana, logo após a visita de Lula: construção de corredor rodoviário no valor de US$ 290 milhões. A “suspeita” do MPF é que, quatro meses após a visita de Lula, a Odebrecht fechou o contrato
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A maior empreiteira brasileira, a mais internacionalizada, a maior cliente do BNDES no setor, com obras em 28 países, é colocada sob suspeita devido a duas obras em pequenos países de terceiro mundo.
Entre 2009 e 2014, a construtora fechou 35 contratos com o BNDES, para financiar obras de infraestrutura em outros países, , Angola, Argentina, Cuba, Equador, Venezuela e República Dominicana, construindo aeroportos, rodovias, linhas de transmissão, hidrelétricas, gasodutos, metrôs, portos (http://migre.me/pGGeH). E 32 desses contratos firmados com governos nacionais, que são os entes responsáveis pelas obras de infraestrutura.
Nesse oceano de contratos, o Ministério Público Federal do Distrito Federal levantou um caso – o fato da construtora ter obtido uma obra em Gana após a visita de Lula – e transforma-o em algo suspeito.
Há uma disputa insana entre as construtoras brasileiras e as chinesas pelo mercado da África. As chinesas são acusadas até de levar empregados chineses, abrigados em containers de navios, quase como mão de obra escrava. Têm a facilidade de estruturar financiamentos de forma rápida, em condições mais vantajosas.
Para tentar competir, o BNDES estruturou carteiras de financiamento (http://migre.me/pGGjE) e as empresas brasileiras passaram a oferecer treinamento e utilização da mão de obra local como contrapartida.
Estudos da Ernest & Young situaram a África como o mercado mais promissor para as multinacionais brasileiras, segundo matéria do Estadão (http://migre.me/pGGmv):
“A África é, ao lado da América Latina, o principal vetor da expansão internacional de grupos brasileiros. Segundo um estudo da Ernst & Young, embora o Brasil só participe com 0,6% do total dos investimentos estrangeiros nos 54 países africanos, a expansão nos últimos cinco anos tem acompanhado de perto o ritmo chinês. Desde 2007, a atividade brasileira cresceu 10,7% ao ano na África, enquanto a chinesa subiu 11,7%.
Junto com o direito de explorar os recursos naturais do continente vem a obrigação de realizar obras de infraestrutura para os governos – o que abre um mercado cativo para as empreiteiras. Não é por acaso que Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Odebrecht estão entre os grupos brasileiros mais bem conectados no continente”.
É hora de clarear esse jogo. É extremamente alto o custo da politização do Ministério Público e a falta de responsabilidade da mídia.
O Procurador Geral Rodrigo Janot precisa sair de sua zona de conforto, esquecer o show midiático, e garantir um mínimo de seriedade e responsabilidade institucional no órgão que comanda.

Fonte: O CAFEZINHO
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Em política quando as peças se movem, o movimento se deve ao passado , ao presente e  ao futuro.

Isso significa que a reportagem da revista Época, do Grupo Globo - um partido político da extrema direita reacionária -  mirou em Lula, no seu passado como presidente da República, no seu presente como grande líder político do Brasil e mesmo do mundo, e no seu futuro como provável candidato a presidência do Brasil em 2018.

Em política , quando as peças se movem, o movimento pode significar um recuo, um avanço, uma defesa e também uma tentativa de reação com o objetivo de recuperar posições.

No caso da revista Época, está bem claro que a derrota sofrida pelo aliado na Operação Lava Jato - o juiz Sérgio Moro - a perda significativa de força dos movimentos populares pró impeachment e pró intervenção militar, os sinais de recuperação da Petrobras, os novos ministros que chegaram ao Planalto, a articulação de Senadores e de movimentos populares em prol da defesa de uma pauta progressista e ,por fim, sem a intenção de esgotar o assunto, o vídeo publicado por Lula , na internete, onde o Líder aparece se exercitando em uma academia de ginástica e revelando estar em excelente forma física e gozando de boa saúde.

Se tudo isso não fosse suficiente para comprovar a matéria fajuta de Época,  o tiro de misericórdia que comprova  a manipulação grosseira feita pelo Grupo Globo recai no fato da matéria ter sido publicada em uma edição que chegou às bancas no 1º de Maio, dia em que Lula sempre tem um protagonismo relevante nas manifestações.

Lula , apenas com o vídeo de pouquíssimos minutos disse muito , para muitos, sem usar as emissoras de TV, o que deve ter contribuído  para que o oposição, no caso o Grupo Globo, publicasse mais uma de suas reportagens com o objetivo de criar factóides que ocuparão o espaço noticioso e, com isso , tentarão atingir o ex-presidente e, ao mesmo tempo, tirarão o foco das notícias negativas que começam a atingir a oposição.

Com a posição de Dilma ganhando , ainda que timidamente ,alguma força, as oposições deixam claro que os alvos de toda as operações são o PT e Lula, na tentativa  de inviabilizar juridicamente a candidatura do ex-presidente em 2018.

Com factóides, manipulações e mentiras, que jornalistas do Grupo Globo chamam de jogo político democrático, mesmo que inviabilize injustamente partidos, políticos e o desejo expresso pelo povo nas urnas.

A  oposição política  ao governo , ao que parece, ainda não se recuperou da quarta derrota seguida para o PT, e anda desesperada, apavorada, com a possibilidade real de Lula se eleger presidente em 2018.

Lula ensaia volta:
eu sou bom de briga

Presidente criticou a imprensa em ato no dia dos trabalhadores

Lula mais uma vez se posicionou contra o PL 4330
 Neste 1 de maio, Dia do Trabalhador, o Presidente Lula fez duras críticas à imprensa que, segundo ele, tenta envolvê-lo nas investigações da Operação Lava-Jato. O petista participou de ato organizado por centrais sindicais no centro da capital paulista. Segundo a CUT, CTB e a Intersindical, o evento reuniu 50 mil pessoas no Anhangabaú.

“Eu noto todo santo dia que tentam fazer que empresário cite o meu nome. Ai vem essas revistas brasileiras, que não valem nada, para cima. Pegue todos os jornalistas da Veja e da Época e enfiem todos dentro do outro que não dão 10% da minha honestidade. Cada um olhe para o seu rabo ao invés de olhar para o rabo dos outros.”, afirmou o Presidente.

Lula deixou em aberto uma possível  candidatura à presidência.

“Não me chame para a briga que eu sou bom de briga. Não tenho intenção de ser candidato, mas gosto de brigar. Eu vou voltar a andar pelo país e conversar com o povo. Eu não entendo o medo que a elite tem que eu volte para a Presidência. Eles nunca ganharam tanto dinheiro como quando o PT no poder. Mas eles são masoquistas. Eles gostam de sofrer”, declarou.

No evento, Lula apresentou dados de uma pesquisa encomendada pela Central Única dos Trabalhadores  para refutar a aprovação do PL 4330, que regulamenta a terceirização no Brasil. O projeto, aprovado na Câmara, segue para o Senado Federal e depois para a Presidenta Dilma.

“ Os terceirizados trabalham três horas a mais por semana. Ou seja, ganham menos e trabalham mais. A reumenação é 24% menor do que a do trabalhador contratado. O empresário pode contratar quatro trabalhadores e pagar salário de três”, revelou Lula.

“De cada dez acidentes de trabalho no país, oito são em empresas terceirizadas. A OIT [Organização Internacional do Trabalho] recomenda que países respeitem principios.  O TST[Tribunal Superior do Trabalho] já decidiu que não pode existir terceirização de atividades-fim”, continuou. “91% dos empresários querem a aprovação do projeto”, alertou o Presidente.

Por fim, ele pediu “paciência” aos que estão insatisfeitos com a gestão da Presidenta Dilma. “Aos que ficam nervosos com a Dilma,  temos é que ver o resultado final desse Governo”.

Greve dos professores e pautas conservadoras

O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, fez duras críticas ao governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), pelas agressões sofridas por professores em manifestação na última quarta-feira (29).

“Deveríamos aplicar a Lei Maria da Penha no Paraná”, referiu-se Freitas à Polícia Militar do Paraná que usou bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha e jatos de água contra os professores em greve no Estado.

Os líderes sindicais também mostraram preocupação com o avanço de pautas conservadoras, como a redução da maioridade penal e o projeto de terceirização.

“Não ousem mexer nos direitos da classe trabalhadora. O PL 4330 não foi pensado para regularizar os trabalhadores terceirizados. Se passar o projeto, quem tem carteira assinada será demitido”, discursou Freitas.

‘Esse 1 de maio é o aquecimento contra o PL 4330”, avisou o líder da CUT. “Se o PL passar pelo Senado, nós vamos fazer uma greve geral”.

Já o Presidente Lula opinou sobre a redução da maioridade penal. “A questão não é de esquerda ou direita, pois nem a ditadura militar a defendeu. É coisa de parte da elite”.

“Eles [a oposição] não suportam o fato de um metalúrgico ser o Presidente que mais fez universidades no país”, provocou Lula.

PT espera que a Presidenta Dilma vete

O líder do PT na Câmara, Sibá Machado,  e o presidente do partido em São Paulo, Emídio de Souza, reforçaram a posição da sigla quanto ao PL 4330. Emídio disse esperar o veto da Presidenta Dilma.

Alisson Matos, editor do Conversa Afiada

Lula (E) e Freitas (D): Eu vou voltar a andar pelo país e conversar com o povo

Segundo a organização, 50 mil pessoas estiveram no evento