Em culto da Universal, jovens ‘gladiadores’ se
dizem ‘prontos para a batalha’
Publico abaixo um excerto do 4º Manifesto dos Rosacruzes - Positio Fraternitatis - publicado em agosto do ano 2000 e disponível no site www.amorc.org.br.
Cabe lembrar que o Manifesto abordou diversos temas, que hoje, de uma forma ou de outra, vem se confirmando em partes do planeta, como a crise da água, as alterações climáticas, o caos econômico e financeiro mundial, e uma mudança no paradigma científico, além, claro, do assunto em referência, ou seja, a questão das religões e dos conflitos religiosos.
dizem ‘prontos para a batalha’
Fonte: MANCHETE ON LINE
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NOVOS TEMPOS
O fim da religião
Por Luciano Martins Costa em 03/03/2015 na edição 840
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 3/3/2015
Tornaram-se muito populares, nos anos recentes, vídeos que mostram sessões de exorcismo e supostas curas de males produzidos pelo demônio. Também tem causado muita repercussão manifestações polêmicas do papa Francisco, que se expressa publicamente sobre temas em voga na mídia, como as relações homoafetivas, educação infantil e uso de drogas. Da mesma forma, ganham espaço na imprensa manobras de parlamentares brasileiros tentando impor uma agenda religiosa sobre questões de Estado. No entanto, não estamos falando de religião.
Temos tratado, neste Observatório, do efeito crescente da mídia sobre a sociedade, especialmente na expansão exponencial da cultura de massa, impulsionada pelas tecnologias digitais de comunicação, e de como esse efeito se dá pela construção de simulacros.
O propósito é refletir sobre as consequências de se vivenciar a cópia em vez da vida real, e de observar como grandes contingentes de cidadãos podem ser levados a tomar atitudes contrárias a seus próprios interesses por causa dessa distorção.
Uma busca na internet em torno do nome do papa vai mostrar uma coleção de frases de grande apelo midiático, algumas beirando ideias progressistas, outras repetindo o espírito conservador da Igreja Católica. De vez em quando, ele experimenta uma polêmica, como quando tratou de planejamento familiar, mas em geral suas afirmações tomam o caminho fácil do lugar comum. E o lugar comum é um terreno pantanoso nesta contemporaneidade movida a mudanças.
Por outro lado, no território da mídia nacional, chama atenção a proliferação de eventos televisivos que têm como atração principal a figura do demônio. Explica-se: nos últimos cinco anos, duas das principais organizações chamadas neopentecostais vêm disputando a hegemonia no setor que os estudiosos chamam de “evangelho da prosperidade”, no qual o fiel busca não apenas a salvação de sua alma, mas principalmente um negócio com a divindade que lhe garanta o bem-estar material imediato.
O que esses episódios têm em comum é que nem os líderes das seitas chamadas de neopentecostais, nem o papa, estão praticando religião quando usam a mídia. Estão apenas construindo a imagem que vai posicioná-los nesse contexto mercadológico.
O negócio do diabo
O terreno do sagrado tem outras dimensões e, para a prática dos crentes, precisa apenas de fé e doutrina. As manifestações periféricas, como a cena de um papa chutando uma bola ou de um pastor, profeta, apóstolo (ou como queira ser chamado o líder da congregação), sacudindo o diabo para fora do corpo de alguém, são ações típicas de relações públicas.
No caso de Satanás, o filósofo Vilém Flusser já tratou de desmoralizá-lo publicamente, em sua biografia (não autorizada) intitulada A história do diabo. O personagem que frequenta templos da Igreja Universal do Reino de Deus, da Igreja Mundial do Poder de Deus e outras denominações semelhantes, é um simulacro do ser mítico que habita ainda hoje os temores mais recônditos do ser humano. Trata-se de um personagem de circo.
Aquilo que a mídia muitas vezes chama de religião nada mais é do que a encenação de um compromisso de negócio cuja principal característica é a monetização da salvação da alma que, para ser concretizada, necessita de um processo de securitização, no qual o risco permanente e cotidiano é a ameaça do demônio.
O pagamento do dízimo é o sinal que o crente dá para a aquisição do produto-salvação, que vem com o benefício da prosperidade. Mas esse patrimônio precisa ser protegido pelo seguro contra todas as tentações que possam afastar o fiel desse comércio.
A mulher que se celebrizou no Youtube (ver aqui) por declarar que seu intestino passou a funcionar por causa do “travesseirinho santo” do líder da Igreja Mundial, estava testemunhando o cumprimento desse contrato: o anjo caído havia dado um nó em suas tripas, e bastou comparecer ao culto, adquirir a pequena almofada azul e amarrá-la na cintura para desobstruir seu fluxo intestinal. Têm o mesmo sentido as sessões em que homossexuais são “curados”, numa repetição constante de um espetáculo no qual o demônio é a atração principal.
Qual é o problema? Nenhum, a não ser o fato de que não se trata de religião. Trata-se de um negócio que ocupa canais públicos de rádio e televisão, enquanto as emissoras educativas vivem às moscas e emissoras comunitárias são caçadas como piratas.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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Cabe lembrar que o Manifesto abordou diversos temas, que hoje, de uma forma ou de outra, vem se confirmando em partes do planeta, como a crise da água, as alterações climáticas, o caos econômico e financeiro mundial, e uma mudança no paradigma científico, além, claro, do assunto em referência, ou seja, a questão das religões e dos conflitos religiosos.
... a sobrevivência das grandes religiões depende mais que nunca
de sua aptidão para renunciar às crenças e posições mais dogmáticas que elas adotaram com o passar dos séculos, tanto no plano
moral como no doutrinário. Para que elas perdurem, devem imperiosamente se adaptar à sociedade. Se não se derem conta, nem
da evolução das consciências nem do progresso da ciência, elas se
condenarão a desaparecer a um prazo mais ou menos longo, não
sem provocar ainda mais conflitos étnico-sócio-religiosos. Mas,
na realidade, presumimos que seu desaparecimento é inevitável
e que, sob o efeito da globalização das consciências, elas darão
nascimento a uma Religião universal que integrará o que elas
tinham de melhor a oferecer à Humanidade para a sua Regeneração.
Por outro lado, pensamos que o desejo de conhecer as Leis divinas,
isto é, as Leis naturais, universais e espirituais, há de cedo ou tarde
suplantar a necessidade exclusiva de crer em Deus. Nisso, postulamos
que a crença um dia dará lugar ao Conhecimento...
Desde então, o mundo tem assistido ao crescimento do fundamentalismo religioso, com todo tipo de conflitos étnico-sócios-religiosos.
O 11 de setembro, o BoKo Haram, o Estado Islâmico, o Charlie Hebddo e as guerras e conflitos étnicos -religiosos , principalmente em países da África e Ásia.
Assistiu, também, a chegada ao trono de Pedro, um dos mais retrógrados e reacionários Papas, Bento XVI.
Assiste, nos dias atuais, ao crescimento do fundamentalismo em todas as correntes religiosas, com o desdobramento de práticas de intolerância e violência.
No caso brasileiro, o proselitismo religioso tem invadido as emissoras de rádio e de TV, onde o diabo tem sido citado diariamente como a fonte de todos os males, e cenas com convulsões de fiéis e até mesmo com distúrbios neurovegetativos, são frequentes e corriqueiras, em qualquer horário do dia.
As dificuldades econômicas, de relacionamento afetivo e de saúde, respondem , praticamente, pela maioria esmagadora das motivações que levam as pessoas a procurarem auxílio nas religiões, principalmente as neopentecostais, as que mais dominam o espectro midiático de concessões públicas.
Também são frequentes nas emissoras de rádio e de TV, ataques à outras correntes religiosas, como no caso das religiões de matriz africana, apontadas, principalmente pelos neopentecostais, mas não somente por estes últimos, como expressões que realizam pactos com o diabo.
Cabe lembrar, em um parênteses, que o diabo é uma invenção do europeu e não dos africanos, já que a culpa não faz parte do imaginário dos povos africanos.
Com a crise econômica que assola o mundo, as religiões florescem na esteira do sofrimento das pessoas, da ignorância e imbecilidade crescentes difundidas pelos meios de comunicação e nos conflitos étnicos.
O fim das religiões, citado no artigo de Luciano Martins, ainda não chegou, porém está a caminho, e os problemas decorrentes dessas novas formas de "expressão religiosa" discordando do autor, existem , são muitos, e atualmente se expressam também em políticos e parlamentares , que tentam impor ao país uma agenda fundamentalista e retrógrada.
Isso acontece no Brasil e em outro países do planeta, justo em momento em que a ciência avança, a passos largos, para uma compreensão mais precisa da vida e dos processos biológicos e evolutivos, o que irá acarretar um salto significativo e qualitativo nas consciências.
Assim sendo, assistimos no momento dois movimentos, contrários e antagônicos.
A ascenção dos fundamentalismos vai em direção contrária ao avanço do conhecimento na ciência, e se explica e mesmo se sustenta com base no modelo econômico de globalização e dos valores decorrentes desse modelo, insustentáveis e sem futuro em todos os aspectos.
Isso significa que a manutenção do modelo econômico da globalização aumentará as tensões étnicos-sócios-religiosas, gerando todo tipo de conflitos e guerras e, no caso das relações interpessoais, se verificará um crescimento da violência e da intolerância.
Gladiadores religiosos, soldados de Cristo são expressões e ações já presentes no nosso cotidiano.
Daí para as armas, é apenas um passo.