quinta-feira, 24 de abril de 2014

O Jornalismo Vaca

quarta-feira, 23 de abril de 2014


Petrobras e a capa da revista Época

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:


O neojornalismo atual surgiu na revista Veja e foi seguido pela Folha a partir de meados dos anos 80. No meu livro “O jornalismo dos anos 90” analiso em detalhes esse estilo.

Trata-se de um produto típico dos grupos de mídia, onde se misturam alguns recursos jornalísticos, recursos de dramaturgia e de marketing. É o chamado show da notícia, com muito mais show do que notícia.

Consiste em levantar uma ou duas informações verdadeiras – mesmo que irrelevantes – e montar uma roteirização copiada da dramaturgia, misturando fatos inexistentes, meras deduções ou ficção pura, tudo devidamente embrulhando em um estilo subliterário típico dos tabloides. Depois, confere-se o tratamento publicitário adequado nas manchetes chamativas e no lead – em geral prometendo muito mais do que a reportagem entrega.

Esse estilo torto atingiu o auge nos escândalos produzidos entre 2006 e a campanha de 2010, como a invasão das Farcs no Brasil, os dólares transportados em garrafas de rum, o consultor respeitado que acabara de sair da cadeia, os 200 mil dólares levados em envelopes até uma sala do Planalto, o consultor que almoçou com Erenice e foi impedido até de levar caneta, para não gravar a conversa e aí por diante.


O caso Época
A capa da revista Época desta semana, no entanto, merece uma análise de caso à parte.

Em publicações respeitadas, separa-se a pauta do conteúdo publicado. A redação recebe dicas, denúncias, indícios. Aí prepara a pauta, que é o roteiro de investigações. O repórter sai a campo e procura fatos e testemunhas que comprovem ou desmintam as informações recebidas. E só publica o que é comprovável.

O jornalismo brasileiro contemporâneo desenvolveu um estilo preguiçoso. O repórter recebe as denúncias. Em vez de sair a campo e apurar, limita-se a publicar a pauta com o desmentido do acusado, sem apresentar nenhuma conclusão sobre se o fato relatado é verídico ou não.

A reportagem da Época tem 31.354 caracteres e segue esse procedimento. É bombástica. Na capa, vale-se da linguagem publicitária para vender um peixe graúdo. O leitor abre a revista e, de cara, depara-se com páginas e páginas recheada de fotos.

Quando vai a fundo na reportagem, encontra uma única informação relevante: o parecer do terceiro escalão do jurídico da Petrobras, recomendando não questionar na Justiça o resultado da câmara de arbitragem – que fixou o valor a ser pago pela Petrobras pelos 50% da Astra. Apenas isso.

É muito menos do que outras publicações vêm levantando no decorrer da semana. Uma informação que cabe em um parágrafo foi transformada em reportagem de várias páginas através dos seguintes recursos:

1. 8% do material descreve o uniforme da Petrobrás usado por Dilma Rousseff no lançamento do navio Dragão do Mar. Sobram 92%.

2. 21% é sobre a tentativa da Brasilinvest de se associar a Paulo Roberto Costa. No final do enorme calhau, fica-se sabendo que não houve associação nenhuma. Então para quê falar de algo que não aconteceu? Fica a informação falsa de que o Brasilinvest - que não tem nenhuma expressão no mercado -, é um dos maiores bancos de investimento brasileiro e que tentou fazer negócios em Cuba. Sobram 71%.

3. 5% é sobre um advogado que teria feito lobby para a Petrosul junto à Transpetro. No final do calhau tem a palavra dele, negando qualquer trabalho, e da Transpetro, negando qualquer medida. E nenhuma conclusão do repórter. Sobram 66%.

4. 11% do texto é sobre a compra da refinaria na Argentina. Joga-se no papel um amontoado de informações passadas pela Polícia Federal e recolhidas no São Google, sem uma análise, sem uma apuração adicional, sem uma conclusão sequer. Sobram 56%.

5. 6% do texto explica em linhas gerais o suposto escândalo Pasadena. É importante para contextualizar a questão, mas inteiramente feito em cima de informações públicas. Sobram 49%.

6. 15% para descrever uma lista encontrada com o doleiro Alberto Yousseff sem pescar uma informação relevante sequer. Sobram 35%.

7. 4% descreve a pendência judicial da Petrobras com a Astra, já divulgada pela mídia, sem nenhuma informação adicional. Sobram 31%.

8. 7% é dedicado para o parecer de técnicos do jurídico recomendando não questionar a decisão da câmara de arbitragem na Justiça. É a única informação nova da matéria. O “furo” poderia ser dada usando 1% do espaço. Sobram 23%.

9. 23% para informar (com base em fontes em off) que a Astra queria a todo custo um acordo com a Petrobras. E atribui a decisão de ir para o pau ao então presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli. Mas qual o motivo? Como advogados ganharam honorários com a ação, logo o motivo foi montar uma jogada com os advogados. Simples, não? Todas essas afirmações baseadas em suposições, ilações sem um reforço sequer em fatos ou em fontes em on. Em entrevista a veículos da Globo, o ex-Diretor de Gás Ildo Sauer – presente nas reuniões – afirmou que a diretoria executiva queria o acordo mas o Conselho recusou devido ao que se considerou arrogância dos executivos da Astra. As informações são desconsideradas, membros do CA não são ouvidos. Limitam-se a mencionar fontes em off para falar da simpatia e boa vontade dos executivos da Astra.

O leitor mais atilado fica com a sensação de ter comprado gato por lebre.
Fonte: BLOG DO MIRO
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Sobre o falso jornalista dinamarquês: “O jornalismo e a capacidade de raciocínio da Humanidade já estiveram em um estágio mais elevado”

abril 17th, 2014 by mariafro


Barriga em série da grande mídia, tudo para desestabilizar o governo Dilma, mesmo lucrando com gordas verbas publicitárias e com anúncios da Copa:


A farsa do “jornalista dinamarquês” expõe a atual incapacidade de raciocínio do brasileiro e da imprensa em geral
Regis Tadeu, Na Mira do Régis
16/04/2014

É óbvio que você sabe da história do “jornalista dinamarquês” que resolveu ir embora do Brasil e deixar de cobrir a Copa do Mundo por se sentir chocado com a infinidade de problemas e injustiças sociais deste Brasil cada vez mais podre. A história deste sujeito e seu depoimento em texto foram reproduzidos por quase todos os portais de notícias e se disseminou pelas redes sociais com uma velocidade espantosa – aliás, como quase tudo que não presta nestes tempos. Sua foto rodou por todos os cantos da internet, todos os comentários foram todos solidários a ele…
Só que o tio Regis vai lhe contar uma coisinha: esta história é um farsa!
Sim. É isto mesmo o que você leu. Uma farsa. Cascata. Mentira. Outra lorota em tempos de internet.
Como cheguei a esta conclusão? Fácil. Fiz o que todo jornalista sério deveria fazer: fui atrás da história!
Fiz isto porque, logo de cara, senti um cheiro de trapaça no ar. Não sei explicar – chame isto de “sexto sentido”, se quiser -, mas meu instinto jornalístico sempre disse que um profissional do ramo nunca “abandona” uma boa história. E foi justamente isto que este pateta fez. Deixou para trás tudo o que ele disse que presenciou em Fortaleza – a remoção de pessoas paupérrimas para ‘maquiar’ a cidade, o assassinato de crianças de rua quando flagradas dormindo em locais tradicionalmente frequentados por turistas, o encerramento de atividades de uma série de projetos sociais em favelas e muito mais – e voltou para a sua civilizada Dinamarca. E sem fazer uma única matéria a respeito disto? Sem publicar nada, sem dar qualquer satisfação para seus patrões? O cara ouve relatos de uma espécie de “limpeza social” e não vai apurar isto? Que raio de jornalista é este?
Foi então que descobri que não existe o “jornalista Mikkel Jensen”. Basta uma simples pesquisa na internet para verificar que o único dinamarquês com este nome é um ex-jogador de futebol que jogou por um time profissional daquele país, o Brøndby IF, e que terminou a sua carreira em 2011 jogando pelo IF Brommapojkarna. Não vejo problema em um jornalista usar algum pseudônimo a não ser a covardia de não dar a cara para bater em seu trabalho, mas porque alguém usaria este tipo de artifício para… não escrever nada? Em lugar algum. Não há qualquer artigo do ‘jornalista Mikkel Jensen’ em qualquer publicação física ou digital.
Descobri então que o nome verdadeiro deste cidadão é Mikkel Keldorf. O relato de seu desencanto com o Brasil foi publicado apenas em um único local: o site do diário dinamarquês Politken (se souber ler em dinamarquês, veja aqui). Procuro outras matérias com o seu verdadeiro nome e só encontro uma outra matéria, desta vez a respeito de uma ação policial na favela da Maré, no Rio de Janeiro (tente ler aqui). Mais nada. Nem no You Tube. Tudo o que você leu a respeito deste cidadão foi retirado do próprio perfil deste sujeito – veja aqui).
Entendeu onde quero chegar?
Armou-se um estardalhaço absurdo nos meios jornalísticos digitais e nas redes sociais baseado unicamente em um troço sem qualquer tipo de comprovação! Ninguém teve sequer a decência de conversar com este sujeito antes de sair publicando por aí um monte de coisas que até acredito que sejam verdadeiras – governos de qualquer partido têm uma reputação tão manchada de lama que não duvido destas atrocidades -, mas que precisam ser provadas! E provadas por um jornalista de verdade e não por um aparente zé-mané que plantou uma história mentirosa na qual todo mundo caiu como pato otário.
O jornalismo e a capacidade de raciocínio da Humanidade já estiveram em um estágio mais elevado. Hoje, é esta desgraça que vemos a todo instante. Putz…
         Fonte: MARIA FRÔ
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A vaca, a opulência e a miséria

Ignacio Ramonet denunciou que uma vaca europeia recebe 4 euros diários de subvenção enquanto uma pessoa na África vive com menos de 1 euro por di


José Carlos Peliano
Arquivo

Ignacio Ramonet, diretor do Le Monde Diplomatique, denunciou que uma vaca europeia recebe 4 euros diários de subvenção enquanto uma pessoa na África  vive com menos de 1 euro por dia! Um escândalo que o levou a concluir que vale mais ser uma vaca europeia que um ser humano africano.

Nesse mundo marcadamente desigual, de fato, vale mais ser muitos outros caprichos da sociedade opulenta do que passar fome e viver à míngua. A dignidade humana perdeu o valor em contraste com as veleidades, prazeres e interesses do lucro pelo lucro, pela acumulação e pela riqueza.

Não que uma vaca não possa ver subsidiada para garantir uma adequada produção de leite para os europeus diante exatamente das vicissitudes dos diferentes mercados, condições climáticas e do panorama dos preços relativos estabelecidos.

Também a priori nada a opor que um africano não possa viver com menos de 1 euro por mês se esta quantia lhe garanta uma sobrevivência igualmente adequada na situação econômica do país em que viva.

Se e somente se essas disparidades entre indivíduos, países e regiões sejam acompanhadas e julgadas com humanidade e justiça nas mais diversas situações de vida. O que infelizmente não é o que acontece mundo afora. Entre a vaca e o africano passa um oceano de injustiças, desigualdades, opulência e miséria. O que falta de um lado necessariamente é o que sobra no outro.

Simples assim. A opulência de um país é o retrato da miséria do outro no mundo antes mercantilizado e hoje globalizado desde a produção até o consumo passando pelos direitos de posse e propriedade. A penúria que assola um país é a opulência que é acumulada noutro. O que distingue o ser humano da barbárie, seja esta primitiva ou contemporânea, é que a vida é inegociável, mas a riqueza não é.

Cada unidade produzida de bem ou serviço em qualquer parte do mundo já traz embutida a marca da desigualdade. O que sobra no produto de lucro é o que faz falta ao desempregado para conseguir ocupação, ao faminto para não ter de roubar uma galinha (e uma ação parar no Supremo), ao doente que não tem recursos para comprar medicamento. O capitalismo não existe sem lucro, mas ele é que separa os que têm e os que não têm. Ele é quem dá a forma e o tamanho da desigualdade. Quanto maior o lucro num quadro de desigualdade mais a desigualdade impera, se alastra, convulsiona.

Em texto anterior foi sugerido por nós um indicador para refletir ao mesmo tempo a riqueza e a desigualdade de um país. Uma simples relação entre magnitudes do Produto Interno Bruto (PIB) e de uma medida de desigualdade (coeficiente de Gini). A ideia é a de indicar o quanto de desigualdade equivale a um quanto de riqueza. Em outras palavras, numa determinada sociedade com relações sociais e de produção estabelecidas e vigentes quanto de desigualdade é gerada por unidade de produto ou riqueza. Abaixo informações que ilustram o indicador face aos comentários realizados até aqui.

As informações se referem ao produto e à desigualdade no Brasil e nos Estados Unidos por anos selecionados e em números índices. As fontes foram o IBGE e o Bureau of Labour Statistics. Os anos são 2001, 2005, 2009 e 2012. Os dados do produto são do PIB e os da desigualdade do coeficiente de GINI. Para o Brasil os números índices obtidos para o PIB foram 100; 113,2; 131,0 e 157,6 e para os coeficientes de GINI foram 100; 95,3; 92,8 e 91,0. Para os Estados Unidos 100; 112,2; 114,8 e 123,1 e 100; 100; 105,5 e 102,8 respectivamente.

Os valores do PIB e os números do GINI foram tomados a partir de 2001, ano em que se fixou como base de comparação, daí numerando-o com 100, um número índice a partir do qual os demais anos se referenciam. A relação final obtida, o indicador GINI/PIB, reflete o quanto de desigualdade medida pelo coeficiente de GINI equivale a uma unidade de produto medida pelo produto interno bruto. Se se quiser o indicador pode ser interpretado para uma compreensão mais fácil como o quanto de desigualdade é desencadeada ou gerada por unidade de produto de um país em determinado período de tempo.

Os indicadores GINI/PIB obtidos foram: Brasil – 100; 84,2; 70.8 e 57,7, e para os Estados Unidos – 100; 89,1; 91,9 e 83,5.

Em boa parte da década passada, a relação GINI/PIB decresce mais no Brasil do que nos Estados Unidos. Ou seja, para cada unidade de produto menos desigualdade foi gerada aqui no país do que no solo americano. Esse decréscimo, no entanto, se deveu mais ao aumento do PIB em todo o período do que à redução correspondente da desigualdade. O produto veio crescendo mais que a queda anual na desigualdade.

De todas as formas, a queda da desigualdade no Brasil equivaleu a três vezes mais a queda ocorrida nos Estados Unidos. Um bom resultado para nós muito embora essa queda tenha se dado a partir de magnitudes mais altas do GINI aqui do que lá – enquanto aqui em 2012 o GINI chega a 0,50 lá não passa de 0,38.

Enquanto isso, o crescimento do PIB no Brasil supera o dos Estados Unidos em duas vezes e meia no período praticamente decenal. É claro que não foi a redução do lucro aqui que permitiu a queda na desigualdade como a teoria identifica. No capitalismo essa iniciativa fica muitas vezes na mão do estado através das transferências de renda aos mais pobres e necessitados via tributos. No caso do Brasil foram os recursos pagos por impostos que puderam ser transferidos para programas sociais que ajudaram a melhorar as rendas dos mais pobres além de permitirem a entrada deles no mercado, fosse em ocupações novas fosse no acesso ao consumo.

O Brasil conseguiu a proeza de passar pelo período de 2001 a 2012 com a evolução de indicadores de riqueza e desigualdade em melhor situação que a dos americanos. É um marco na história dos dois países e em especial do nosso que viveu por muitos anos tendo os Estados Unidos como modelo de cultura, consumo e produção. O caminho ainda é longo para se atingir aqui os níveis de produção e desigualdade dos americanos, mas as bases estão lançadas e já começam a dar bons resultados.
Fonte: CARTA MAIOR
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O que tem em comum o conteúdo da  revista época de globo, o falso jornalista dinamarquês e uma vaca  europeia ?



 ArquivoMuita coisa, meu caro leitor, muita coisa. 
Podemos afirmar que os três são produtos da globalização neoliberal.
Os jornalistas de época, situados no campo das elites anacrônicas, são as vacas opulentas que fabricam e divulgam realidades que são consumidas de forma instantânea pelo mundo globalizado como sendo      verdades absolutas.

As vacas , não apenas as européias, já adquirem um status de OGM's ( organismos geneticamente modificados), assim como o falso jornalista dinamarquês  e a matéria da  revista época.
 
A Barriga da Velha Mídia - charge O PAPIRO


O falso jornalista dinamarquês foi notícia em quase toda a grande mídia, assim como Luiza, lembra-se, caro leitor ? 
Ele, o jornalista biônico,  foi notícia por algo que teria dito , mas sabe-se que não disse e, mais ainda, talvez nem exista. 
Sua "matéria", que virou notícia, correu o Brasil e o mundo, assim como correm as cotações de comoditties, como o petróleo, foco da matéria de época, uma obsessão das "vacas" .


Vacas que sonegam impostos. como o caso de globo, empresa do mesmo grupo de época.
recordes-presalContribuicao-economia 




Já a Petrobras,obsessão das vacas, matéria de época, alvo de CPI, bate recordes sucessivos de produção na camada pré-sal e contribuiu com 74, 7 bilhões de reais em impostos para o país, conforme consta no Darf apresentado pela estatal.










quinta-feira, 17 de abril de 2014

A Decadência é dolorosa

Macartismo comercial: Globo intimida anunciantes da Fórum


Por Renato Rovai abril 17, 2014 11:59 Atualizado
Merval
Acima, Merval e seus “camaradas”

Repórteres do jornal O Globo procuraram ontem quase todos os anunciantes da Fórum neste momento. Mas teve um que eles não procuraram, porque como são “repórteres” de O Globo não dava pra fazer o serviço completo e corretamente. E as perguntas eram em tom de interrogatório policial. Na linha do “por que vocês anunciam num veículo como este?” e o “o que vocês ganham anunciando num veículo como este?”
O Globo inaugurou dessa forma o macartismo comercial. Como não consegue controlar a internet a ponto de nos tirar do ar, como não consegue impedir que nossos veículos parem de crescer e se tornem cada mais importantes, como só perdem espaço no espectro comunicacional, vão tentar nos sufocar pelo bolso. Eles realmente não nos conhecem…
Tudo isso começou por conta da entrevista com o ex-presidente Lula. Vários blogueiros já trataram do assunto. Se o amigo não conhece a história pode dar uma geral lendo no Escrevinhador, no Viomundo, no BlogdaCidadania, no Tijolaço, no Cafezinho e no Marco Aurélio.
Após uma insinuação de Merval e Sardenberg na Rádio CBN de que os blogueiros (ou “alguns” como prefere a jornalista Barbara Marcolini) que foram a entrevista com Lula são corruptos, O Globo decidiu colocar duas de suas mais “importantes” jornalistas investigativas em campo para apurar mais sobre os “camaradas” que entrevistaram o ex-presidente na semana passada. A matéria foi publicada hoje. E o Edu Guimarães a colocou no seu blogue. Eu prefiro poupar meus leitores…
Na apuração, a imaginativa repórter Thais Lobo descobriu que este blogueiro, por exemplo, é doutorando em Comunicação pela UFABC, mestre pela USP, tem 28 anos de profissão e alguns livros publicados. Que já trabalhou em diversos veículos de comunicação, incluindo as organizações Globo, e que também é professor de Jornalismo na considerada por muitos rankings como a melhor faculdade do Brasil, a Cásper Líbero. Mas eis que na matéria apareço como um sujeito que trabalhou com política no “Diário de São Bernardo”. A imaginativa repórter precisava colocar a palavra São Bernardo em algum momento do texto talvez para me tornar mais “camarada” de Lula. E aí inventou um jornal que eu nunca ouvi falar para dizer que trabalhei nele. Eu trabalhei no Diário do Grande ABC, que existe e não é fruto da imaginação de globetes. Alvissaras. O Globo é mesmo Fantástico….
Mas ela precisava também mostrar que sou um castrista fanático. No meu texto sobre o evento publicado no blogue, referindo-me à quantidade de tempo que o presidente falou, 3h30, disse que ele teria se comportado como um Fidel Castro. Mas a Thais deu um jeito e cortou a frase no meio para parecer outra coisa, ou seja, algo mais revolucionário. Querida Thais, cortar frases ao meio é um recurso tão impressionantemente infantil de manipulação de discurso que nem entre a malandragem jornalística ele é mais aceito.
Mas a Thais me gravou por 22m50s. E eu também a gravei. E a avisei disso antes e também na hora que começamos a conversa. Fiz assim porque prezo minha profissão e não gravo nem malandro e nem jornalista de O Globo clandestinamente. Sempre fiz todas as minhas apurações às claras. Entre outras coisas entreguei a ela os números de audiência do site da Fórum. Ou seja, os 5 milhões de page views ao mês. E fui generoso. Dei a fonte pra ela checar a informação, o ComScore, que é utilizado pelas agências de publicidade para direcionar investimentos no digital.
Essa audiência nos coloca hoje entre os sites mais lidos do Brasil de informação e análise política. E anunciar na Fórum é ótimo, barato e muito melhor do que jogar dinheiro fora em veículos sem credibilidade e reputação. Tanto que a Fórum em pesquisa realizada pela Revista Imprensa ficou em segundo lugar entre as revistas com maior engajamento em redes no Brasil. Anunciar na Fórum é algo defensável sob todos os aspectos técnicos. Nosso CPM (Thais, você sabe o que é isso?) é honestíssimo.
Mas o mais interessante de tudo isso é que O Globo botou a Thais atrás de mim porque o Sardenberg e o Merval podem ser processados pelo Eduardo Guimarães por terem insinuado que os blogueiros que foram entrevistar o Lula são corruptos. O Edu já está processando o Gilmar Mendes, pra ele não custa nada levar o Merval e o Sardenberg às barras de um tribunal. Eu sou menos de judicializar as coisas. Tô querendo que eles parem de colocar repórteres jovens que estão buscando se tornar “confiáveis” na estrutura interna para nos perseguirem e topem um papo de frente. Eu quero debater comunicação pública e jornalismo. Mas se eles preferirem posso discutir financiamento e sonegação na área de comunicação (que tal falar de Darfs?). E topo fazê-lo em qualquer lugar e qualquer hora. Minha formação é democrática. E ao mesmo tempo é de alguém que não se esconde atrás dos ombros dos outros. Se tiver que cutucar o Merval e o Sardenberg, vou eu. Não mando recados e nem recadistas. São os bambambans da balacacheta, então bora lá. Marquem hora e local. E levem a platéia. Eu não tenho medo nem da Globo e nem dos seus assalariados. E a Fórum não vai deixar de fazer seu jornalismo sério e respeitado porque a empresa do Jardim Botânico tá botando gente que paga para ficar ligando para nossos anunciantes e fazendo interrogatório.
PS: Ao dar a entrevista para O Globo sabia que ela seria manipulada, por isso gravei. Mas ao mesmo tempo fiz questão de falar porque não tenho nada a esconder. E sempre gosto de resolver as coisas assim, às claras e na lata. Será que o Merval e o Sardenberg tem coragem de atender um repórter da Fórum? Hein, hein…
PS 2: as entrevistas que realizei com Lula foram todas públicas e transmitidas ao vivo por que as que o jornalista Merval Pereira realiza com o cônsul dos EUA só são reveladas pelo Wikileaks?
Fonte: Blog do ROVAI
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Vale a pena ver de novo: o jornalismo macartista e o Manual da Globo da Entrevista Picareta

Postado em 17 abr 2014
globo denuncia

As repórteres do Globo que interrogaram os blogueiros que participaram da entrevista com Lula usaram uma técnica meio macartista, meio pegadinha do Mallandro. Nunca escreveram uma matéria sobre política, mas isso não vem ao caso porque o que importa é que elas cumpram ordens. Conceição Lemes escreveu suas respostas ao longo questionário no site do Viomundo. Eu recebi três perguntas.
A tentativa patética de querer desqualificar, primeiro, Lula e, depois, as pessoas que com ele estiveram resultou num traque maldoso. Lula não ocupa cargo público e convida quem quiser para seu instituto. Vai quem quer, também.
O episódio é emblemático sob vários aspectos — principalmente na maneira como a Globo continua tratando sua audiência: como idiota. Como se ninguém soubesse do vasto manancial de farsa jornalística produzida no lugar onde trabalham. Riquíssimo, didático, eloquente. Um monumento.
Para ficar apenas num exemplo, deveriam trocar ideias com Carlos Monforte, que declarou que “Lula pegou uns amigos blogueiros para dar esses recados, onde ele não foi questionado”. Monforte é, em si mesmo, um Manual da Globo de Como Fazer Entrevistas Picaretas.
Em 1994, foi co-protagonista do chamado “escândalo da parabólica”. Pouco antes de um bate papo com o então ministro da Fazenda Rubens Ricúpero, câmeras e microfones captaram a conversa entre os dois e o sinal foi enviado, sem intenção, por essas antenas.
A intimidade não era à toa: Monforte era primo da mulher de Ricúpero. As famílias se frequentavam. Avisou o telespectador disso? Evidentemente que não.
Sentindo-se em casa, Ricúpero fala que o IBGE é “um covil do PT”, xinga empresários de “bandidos” e imortaliza sua divisa: “Eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”. Se oferece para participar do Fantástico. “Eu estou disponível. Vou ficar aqui o fim de semana inteiro”.
E afirma que pode ser útil à Globo. “Há inúmeras pessoas que me escrevem e me procuram para dizer que votam nele [FHC] por minha causa. Para a Rede Globo, foi um achado. Em vez de terem que dar apoio ostensivo a ele, botam a mim no ar e ninguém pode dizer nada. Essa é uma solução, digamos, indireta, né?”
Ricúpero pediu demissão a Itamar Franco assim que a história foi divulgada. O Jornal Nacional deu a matéria, omitindo todos os fatos importantes e com o velho Cid Moreira discursando sobre isenção. Monforte ficou onde estava. Em 2011, ele entrevistaria, aí sim, Fernando Henrique Cardoso. O homem que cobrou “questionamentos” foi um doce de coco.
Cito-o literalmente: “Como foi acordar depois de oito anos de poder? Foi mais alívio ou saudade do ambiente palaciano?”; “Por que o senhor resolveu não seguir a vida política parlamentar?”; “É difícil tocar um instituto desse?”; “Depois de oito anos de governo, qual é sua melhor lembrança e a pior recordação?”
São clássicos do jornalismo partidário, sabujo, manipulador. Uma aula à disposição dos jornalistas macartistas desse Brasil varonil. E não é preciso escarafunchar nos arquivos e correr qualquer risco. Está no YouTube. Vale a pena ver de novo.
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Trombone alvorada weril
Com credibilidade e audiência em quedas, globo acha que atacando os sites e blogues pode recuperar seu espaço.Grande engano.
Vai cair mais ainda.
A decadência de globo só não é maior porque o dia tem 24 horas.
Se tivesse mais minutos  ou horas no dia, globo cairia mais.
A velha imprensa está ultrapassada, na forma e no conteúdo, no traço e na tinta, na voz e no silêncio.
Debate-se para não se afogar em seu mar de águas sujas.
Perdeu a mão no tempero e desafina no canto.
Suas formas de encarar a concorrência levam sempre em consideração e eliminação do outro.
Se não pode comprar a mídia concorrente, tenta sufocá-la, financeiramente, por exemplo.
Esses são  valores de livre concorrência que fazem parte da cultura das organizações globo.
Quase sempre copiam as inovações de seus concorrentes.
A título de exemplo, poucos anos atrás, mais já neste século, o grupo que controlava o jornal O dia lançou um jornal popular, em forma de tablóide, o Meia Hora.
Alguns anos antes, mais exatamente na década de 1990,  as organizações globo já tinham apostado em um jornal popular, mas em formato tradicional e um pouco menos escandaloso que os tablóides, foi o jornal Extra.
Pois bem, assim que o Meia Hora foi lançado, com preço bem abaixo do Extra, as organizações globo imediatamente lançaram , para concorrer com o Meia Hora, o jornal Expresso, uma cópia na  forma e no conteúdo do tablóide do grupo O Dia.
O grupo O Dia entendeu  que globo, ao lançar o jornal Expresso,  teria abusado do poder econômico para sufocar a concorrência e o assunto foi parar em um órgão mediador.
Copiar, plagiar, roubar conteúdo intelectual parecem práticas corriqueiras no conceito de concorrência das organizações globo.
Agora estão mirando suas baterias nos sites e blogues da internete que fazem um contraponto ao jornalismo uníssono da velha mídia, onde globo se situa.
Além de tentar intimidar anunciantes, vários blogueiros tem sido processados pelas organizações globo, que em suas ações na justiça visa sufocar financeiramente quem faz sucesso.
A decadência é dolorosa.

Por um novo marco regulatório para a mídia

Tucano lidera greve da PM na Bahia

A Bahia vive desde ontem (15) uma nova onda de violência patrocinada por policiais. A categoria protesta contra o que foi proposto no Plano de Modernização da Polícia Militar, apresentado pelo governador Jaques Wagner na semana passada.
À frente do movimento, mais uma vez o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), Marco Prisco, vereador pelo PSDB eleito por 14,8 mil votos.
Prisco chegou a ir para a cadeia em 2012 depois que uma reportagem do Fantástico revelou que ele negociava atos de vandalismo durante aquela paralisação. É um personagem conhecido. Provavelmente se fosse filiado a um partido de esquerda ou de centro-esquerda seria um personagem midiático associado à palavra “vandalismo” ou adjetivos do gênero.
Foi justamente em uma greve, de 2002, que o soldado Prisco despontou para a carreira política. Em 2005, fundou a Associação Nacional dos Praças Policiais e Bombeiros (Anaspra) e começou a participar de greves em outros estados, como no Rio Grande do Norte, em 2007, e Santa Catarina, em 2008. O piso salarial dos PMs na Bahia é de R$ 2.637,20, o décimo melhor do país em comparação aos outros estados.
Prisco corre o Brasil liderando greves de policiais. Mas, em São Paulo e em Minas Gerais, nada de encontros com policiais. Só bate-papos com dirigentes partidários. Curioso, não?


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Tem que e deve

Não perdoamos a ditadura, Srs. Marinho

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Segundo o dicionário Houaiss, editorial é um “artigo em que se discute uma questão, apresentando o ponto de vista (…) da empresa jornalística (…)”. Nesse contexto, o editorial “Desserviço ao país”, publicado no jornal O Globo em 14 de abril de 2014, contém, tão-somente, a palavra dos donos daquele veículo.

Os atuais donos de O Globo pertencem a uma dinastia de barões da mídia fundada em 1925 e sobre a qual vale fazer alguns comentários antes de prosseguir no tema central do texto.

Naquele ano da graça de 1925, um mês após a morte de Irineu Marinho, que acabara de fundar o jornal O Globo, seu filho Roberto Pisani Marinho herdou a empresa. Em 1957, o Presidente da República, Juscelino Kubitschek, deu uma concessão de TV à Rádio Globo, o segundo braço do império Marinho, fundada em 1944.

Contudo, era uma época conturbada política e economicamente. Roberto Marinho não tinha recursos suficientes para pôr a TV Globo para funcionar e, portanto, ela só seria inaugurada em 1965, graças ao apoio financeiro que a ditadura militar deu ao segundo membro da dinastia Marinho.

Como se vê, apoiar o golpe de 1964, para alguns, acabou sendo um grande negócio.

Eis que Roberto Marinho procriou e deu curso à dinastia midiática. Teve 4 filhos com Stella Goulart, sua primeira esposa. Dessa união nasceram Roberto Irineu Marinho (1947), Paulo Roberto Marinho (1950), João Roberto Marinho (1953) e José Roberto Marinho (955). Paulo Roberto, porém, faleceu em 1970 em um desastre de automóvel.

Dirijo-me, pois, a Roberto Irineu Marinho, a João Roberto Marinho e a José Roberto Marinho meramente porque esses três barões da mídia escreveram, em seu jornal, o editorial supracitado.

O editorial dos Marinho em questão qualifica a luta para anular a Lei da Anistia como “Expressão de um revisionismo em si (…) destituído de representatividade” e movido por “Sentimentos menos nobres, como interesses políticos, vendetas etc”.

Segue, abaixo, trecho do editorial que motiva este texto.

“(…) É nesse terreno que vicejam as tentativas de rever, e até mesmo anular, a Lei de Anistia. Instrumento jurídico que resultou de delicada costura política entre os generais e uma oposição fortalecida nas ruas e nas urnas, já nos estertores de um regime que, não obstante, ainda dispunha de considerável poder dissuasório, a anistia de 1979 tem um pressuposto inegociável — o perdão recíproco, tanto a agentes públicos envolvidos em atos reprováveis quanto a militantes de organizações da esquerda armada, num leque que também incluía opositores de todos os matizes ao regime militar. E válido somente para crimes cometidos até a data de promulgação da lei (…)”
Não tenho outra forma de dizer: é mentira.

Em 1979, quando foi promulgada a Lei da Anistia, de fato a oposição já começava a se fortalecer “nas ruas e nas urnas”, como diz o editorial, apesar de os generais-presidentes terem criado a figura do parlamentar biônico… O que seja, por exemplo um senador que o governo podia indicar para atuar no Congresso Nacional sem ter sido eleito.

Esse absurdo também valia para governadores e prefeitos.

Dessa forma, o regime assegurava a sua maioria ilegal, ditatorial e abusiva. Porém, o regime estava fortalecido pela força das armas e do amplo arcabouço “jurídico” que lhe permitia decidir e impor o que decidia.

Esse poder que a ditadura usou para impor a Lei da Anistia é chamado pelo editorial, eufemisticamente, de “poder dissuasório”, quando, em verdade, era um poder impositivo.

Contudo, a mentira que cito acima reside na tese de “Perdão recíproco tanto a agentes públicos envolvidos em atos reprováveis quanto a militantes de organizações da esquerda armada, num leque que também incluía opositores de todos os matizes ao regime militar”.

Perdão? Quem foi que perdoou?

Em primeiro lugar, note-se que a Lei da Anistia não perdoou os que cometeram crimes de lesa-humanidade, ou seja, os ditadores. Foi um “perdão” aos exilados que, havia 15 anos, viviam longe de suas famílias e amigos.

Os “beneficiados” pela Lei da Anistia, conforme a redação do texto legal, foram os que a ditadura prendeu, torturou e/ou exilou, mas não os que praticaram as atrocidades contra os “anistiados”.

Para comprovar, basta ver a redação da Lei da Anistia.

“Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (…)”
Preste atenção, leitor. Os “anistiados” foram os que “cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, os que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da administração direta e indireta, de fundações vinculadas ao poder, aos servidores dos poderes Legislativo e Judiciário, aos militares e aos dirigentes e representantes sindicais” que foram “punidos com fundamentos em Atos Institucionais e complementares”.

Ora, os agentes da ditadura que torturaram e/ou mataram pessoas detidas pelo regime já sem condições de reação, esses não foram “punidos com fundamentos em Atos Institucionais e complementares”, como diz o editorial. Por isso é que incontáveis juristas, bem como a Corte Interamericana de Direitos Humanos, dizem que não foram contemplados pela Lei da Anistia.

A absolvição de torturadores é uma leitura da Lei da Anistia absolutamente incompatível com os acordos e com a jurisprudência internacional. Dizer que os torturadores foram anistiados é a interpretação que tem sido feita no Brasil, mas é só uma interpretação.

Seja como for, a afirmação de O Globo de que teria havido “Perdão recíproco tanto a agentes públicos envolvidos em atos reprováveis quanto a militantes de organizações da esquerda armada, num leque que também incluía opositores de todos os matizes ao regime militar”, não é verdadeira.

Conheço dezenas de pessoas que foram vitimadas pela ditadura e que jamais deram seu aval à “anistia” proposta. E os que padeceram sob a mão de ferro dos militares, naquele período da história, chegam aos milhares.

Em 1978, no Rio de Janeiro, criaram um Comitê Brasileiro pela Anistia que reuniu algumas entidades da sociedade civil. Esse comitê tinha como sede a Associação Brasileira de Imprensa. Porém, a representatividade desses que aceitaram a imposição do regime militar era – e continua sendo – absolutamente insuficiente.

Não por outra razão, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil por não punir os culpados pelos crimes de desaparecimento forçado, mortes, tortura e prisões ilegais dos guerrilheiros do PC do B na Guerrilha do Araguaia.

Afinal, grande parte das ditaduras que já vicejaram pelo mundo terminou com “leis de anistia” como a que foi arrancada deste país sob a chantagem de que só com a aceitação dessa vergonha haveria permissão para volta dos exilados. Mas todas as cortes internacionais condenam e não reconhecem leis de anistia autoconcedidas por ditadores.

O que preocupa O Globo é que, na semana passada, houve aprovação, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, de um projeto que propõe tornar nulo o perdão a militares, policiais e civis envolvidos em atos como tortura, morte e desaparecimento de guerrilheiros, os quais o jornal, no editorial em tela, chama de “terroristas”.

Essa preocupação de O Globo se deve ao fato de que, com a condenação do Brasil pela Corte Interamericana de Direitos Humanos à qual o país se submeteu em acordo firmado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o projeto de anulação do “perdão” a torturadores – um “perdão” que não consta em lugar nenhum da Lei da Anistia – acabe sendo aprovado, apesar de o jornal afirmar ser “pouco provável”.

Afinal, se houver, no Brasil, uma investigação de “militares, policiais e civis envolvidos em atos como tortura”, não se pode descartar a hipótese de que seja descoberta a participação ativa de vários órgãos de imprensa nos crimes cometidos. Órgãos entre os quais figuram as Organizações Globo, por óbvio.
Fonte: BOLG DO MIRO
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Os grandes jornais participaram da trama do golpe’, diz presidente da Comissão da Verdade no Rio


Wadih Damous. Foto: Tânia Rêgo/ABr
Wadih Damous. Foto: Tânia Rêgo/ABr
No dia 1º de abril completou 50 anos do dia em que o Brasil sofreu o golpe de Estado que manteve durante 21 anos um regime militar ditatorial no poder. Até hoje familiares de vítimas de violações por parte do Estado brasileiro lutam pela reparação histórica ao que sofreram: prisões, torturas, sequestros, mortes e desaparecimentos.
Uma Comissão Nacional da Verdade foi instituída em 16 de maio de 2012 para apurar essas questões, e tem previsão de encerrar e apresentar um balanço dos seus trabalhos em dezembro de 2014.
Para falar sobre o assunto o Fazendo Media conversou com o presidente da Comissão da Verdade no Rio de Janeiro e presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Wadih Damous.
Na entrevista a seguir ele relata o andamento e expectativa da Comissão da Verdade, fala sobre a herança que a ditadura militar deixou nas polícias brasileiras, reforça a participação de civis no regime militar e a contribuição da mídia para execução e sustentação do golpe militar.

Fazendo Media – Completa 50 anos desde o golpe militar. Como está o andamento da Comissão da Verdade, levando em consideração a campanha que a Anistia Internacional acabou de lançar pela punição dos torturadores?
Wadih Damous – Estamos apoiando a campanha da Anistia Internacional que preconiza a revisão da Lei de Anistia no Congresso Nacional, porque achamos que tem de ficar claro no próprio texto da lei que os torturadores não foram anistiados. Quem cometeu crime de lesa humanidade não está anistiado.

Muitos livros, inclusive escolares, escamotearam a participação dos civis na ditadura militar. Isso em algum momento foi debatido na Comissão da Verdade?
Wadih Damous – A principal atribuição da Comissão da Verdade é investigar as graves violações dos direitos humanos ocorridas na época do período ditatorial, então se houver civis que tenham participado de tortura ou desaparecimento nós vamos apurar. Mas a nossa linha de atuação principal não é essa, é tarefa para historiador falar da participação civil no golpe.
A Comissão da Verdade não é uma comissão de historiadores, ela visa a apurar responsabilidades: se alguém que exercesse funções de natureza civil tiver contribuído direta ou indiretamente para morte, desaparecimento ou tortura, será investigado.

Tem alguma constatação nesse sentido, de alguém na cadeia de comando superior ter participado indiretamente dessas violações?
Wadih Damous – Pode ser, talvez até algum governador de Estado, mas quem meteu a mão e torturou foram os militares. A tortura não se dava nos palácios de governo, se dava na dependência do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Quem estava torturando, matando e promovendo os desaparecimentos eram os militares e não os civis.

O que tem se destacado nos levantamentos que vocês estão fazendo na Comissão? Teve um militar que recentemente foi para mídia e levantou mais questões sobre o tema.
Wadih Damous – Ele contou toda a história de como se desaparecia os corpos aqui, e se o seu relato for verdadeiro não encontraremos mais ninguém, nenhum resto mortal e nenhuma sepultura. Então já está na hora de o Estado brasileiro dizer o que aconteceu. Os militares virem a público dizer se ele está falando a verdade ou mentindo.

Qual a expectativa da Comissão, qual o produto concreto desse trabalho realizado?
Wadih Damous – Por conta dos 50 anos da ditadura, todas essas atividades, das comissões da verdade, as entidades envolvidas, as matérias nos jornais, vai acabar fazendo com que finalmente os militares se sensibilizem e entendam que eles não vão poder guardar mentiras para o resto da vida. Não vão poder coonestar a versão da ditadura para o resto da vida.
Tenho esperanças de que mais cedo ou mais tarde os chefes militares venham a público e esclareçam definitivamente o que aconteceu, e abram os arquivos militares para a sociedade brasileira.

É possível dizer que ainda existem vestígios da ditadura militar? Uma herança, por exemplo, na corporação da polícia?
Wadih Damous – Vestígio não, existe uma herança patente. O desrespeito aos direitos humanos, a violência policial desmedida, a truculência militar em manifestações, isso tudo é um legado que a ditadura deixou. Acho até que é um legado mais violento e enraizado que as próprias ditaduras chilena e argentina deixaram.

Qual a sua percepção em relação à mídia nesse processo, levando em consideração a mea culpa que alguns jornais estão fazendo em seus recentes editoriais? Muitos estudiosos e outros setores da sociedade falam que a mídia acobertou muita coisa nessa história.
Wadih Damous – Os grandes jornais de imprensa participaram da trama do golpe. Ajudaram a criar, sobretudo na classe média, uma comoção favorável ao golpe de Estado. Dado o golpe de Estado, ajudaram a sustentar a ditadura, então a mídia tem o seu papel no que aconteceu nesse país durante os 21 anos de ditadura.
Acho até que agora tem cumprido um papel interessante de divulgação desses fatos que levaram ao golpe, a denúncia das torturas e desaparecimentos. Mas o papel dela nisso, ela própria ainda não contou. A grande contribuição que esses órgãos dariam seria contar a sua participação no golpe e na sustentação da ditadura, isso sim seria a grande auto crítica.

O que é preciso para virar essa página no país? Quais caminhos para a ditadura ser de fato superada e a democracia se consolidar verdadeiramente?
Wadih Damous – Dizer onde estão os desaparecidos, quem botou a bomba na OAB, quem desapareceu com os cadáveres no Araguaia, mostrar como era o financiamento de empresários para a tortura e abrir os arquivos militares, por exemplo, aí nós poderemos dizer que viramos a página.
Fonte: FAZENDO MEDIA
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Jovens se reúnem contra torturadores e a Globo

O propinoduto tucano e os encoxadores de metrô também estão na mira


Do amigo amigo navegante Igor:​ 
Levante Popular da Juventude reúne 3 mil jovens em São Paulo
Três mil jovens fazem acampamento no Parque CEMUCAM (Centro Municipal de Campismo), localizado na divisa de São Paulo e Cotia.

O 2º Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude acontece entre os dias 17 e 21 de abril, no km 25 da Rodovia Raposo Tavares.

O evento auto-construído e colaborativo contará com mesas de formação política para os jovens militantes e dezenas de oficinas, com técnicas de agitação e propaganda utilizadas nas ações do movimento.

Delegações de 20 estados estarão presentes, além de representantes de outros países da América Latina, como Venezuela, Cuba, Uruguai e Argentina.


Levante Popular da Juventude


O Levante Popular da Juventude é um movimento social composto por jovens de todo o Brasil, que vivem na periferia dos centros urbanos, atuam em escolas e universidades e participam de movimentos sociais do campo.

Surgido no Rio Grande do Sul em 2006, o movimento se nacionalizou em 2012, após o 1º Acampamento Nacional, ocorrido em Santa Cruz do Sul (RS), e

Atualmente, o Levante está organizado em 20 estados. São exemplos de suas ações os escrachos realizados contra torturadores da ditadura militar, a luta por cotas nas universidades públicas, os atos “Fora Globo” pela democratização da comunicação, o ato contra o “propinoduto tucano” e, mais recentemente, os “rolezinhos” contra as encoxadas no metrô de São Paulo.

A bandeira política do movimento se traduz no chamado Projeto Popular, que representa uma profunda transformação da sociedade.

O movimento pretende enfrentar a relação de exploração e exclusão em que estão calcadas as estruturas políticas, econômicas e sociais do Brasil.

Por isso, o movimento faz lutas para enfrentar a concentração de terras na área rural, o oligopólio dos meios de comunicação, a precarização ou privatização crescente dos serviços públicos de saúde, educação e transporte, a especulação financeira e imobiliária dos centros urbanos, bem como no machismo, no racismo e no preconceito nitidamente existentes nas relações sociais pretéritas e atuais.

Em suas articulações com outros movimentos, o Levante cultiva relações com movimentos da Via Campesina, especialmente o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), além da Marcha Mundial das Mulheres (MMM).


Resumo


O que: 2º Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude, que reunirá 3 mil jovens do Brasil, com o fim de reforçar a organização do movimento, a formação política de seus militantes e a socialização das técnicas de agitação e propaganda utilizadas em suas intervenções políticas.

Data: 17/4 (a partir das 20h) a 21/4

Data para visita da imprensa: 17 e 18 de abril.

Local: Parque CEMUCAM (Centro Municipal de Campismo), Rua Mesopotâmia s/nº, km 25 da Rodovia Raposo Tavares, em Cotia-SP.
Fonte: CONVERSA AFIADA
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A lei de anistia tem que ser revista.
Se tem que, deve ser imediatamente revista.
Colocar no mesmo saco os torturadores da ditadura com os guerrilheiros que lutaram pela democratização do país não faz o menor sentido.
Quem lutou pela democracia seguiu a carta da ONU, que aprova a luta - mesmo armada -  popular contra regimes que violem os princípios democráticos. 
A ditadura expulsou um presidente legítimo e democraticamente eleito, para em seguida se perpetuar no poder por 21 anos, cometendo todo tipo de violência contra os opositores do regime.
Quem torturou de maneira selvagem àqueles que lutavam pelo estado de direito, não pode ser anistiado .
Tem que ser julgado.
Se tem que, deve ser julgado imediatamente. 
Querer comparar os "crimes" dos guerrilheiros  com os crimes dos torturadores, e daí defender a lei de anistia, é mesmo que afirmar que uma garoa e uma tromba d'água são a mesma coisa, já que tudo é água.
A revisão da lei da anistia é uma oportunidade exraordinária de passar o Brasil a limpo para conhecer, julgar e condenar todos os agentes da ditadura  envolvidos , direta e indiretamente, em crimes, de tortura, mortes, ocultação de cadáveres e outros.