terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A Desesperada Defesa de um Pai

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Antinho na Globo


.O virtuosismo vocal estéril é o legado do The Voice à música brasileira


Torturam as notas até não sobrar nada delas, ignoram as letras em prol de um exibicionismo obtuso, matam a pauladas a gentileza
Por Kiko Nogueira, no DCM


Sam Alves (Foto: Reprodução/TV Globo)

O programa “The Voice” deixa como legado uma praga sinistra na música brasileira: o oversinging, a exibição de musculatura vocal e virtuosismo estéril que destrói qualquer canção.
Não era uma tradição brasileira. É uma herança bastarda do gospel. É o que já fazem há algum tempo, lá fora, Christina Aguilera, Mary J. Blige, Jessica Simpson, Josh Groban, Beyoncé, a insuportável Céline Dion, entre outros. Torturam as notas até não sobrar nada delas, ignoram as letras em prol de um exibicionismo obtuso, matam a pauladas a gentileza.
O ganhador do karaokê da Globo, Sam Alves, começou sua epopeia esfaqueando a delicada “Hallellujah”, de Leonard Cohen, e terminou gritando alguma outra música. É um retrocesso para o Brasil. João Gilberto e Tom Jobim — e depois seus seguidores Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa, Roberto Carlos e outros –, haviam atirado no século 18 o vozeirão de canastrões como Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves e Ângela Maria. Perto desse pessoal do The Voice, Cauby, Ângela e Agnaldo Timóteo são silenciosos como a brisa.
Não é agradável. Não é cantar. É gritar mais ou menos no tom. Não que não tenhamos tido intérpretes exagerados. Elis Regina, para ficar num exemplo, era derramada, dramática. Mas nunca em detrimento da canção. Ela estava a serviço dela. Elis se descabela em “Atrás da Porta”, de Chico, mostrando todos os seus dotes, sem abrir mão do que a composição está falando. Você pensa em cortar os pulsos, nem que seja por dois segundos.
O oversinging virou um padrão da indústria. O nível de intoxicação é tão grande que, aparentemente, não há mais o que fazer. A moça que interpreta forró é obrigada a dar cambalhotas vocais. O que esses caras fazem com Tim Maia é uma maldade. Tim, que inventou o soul brasileiro, era econômico com seus vastos recursos vocais. No final de “Gostava Tanto de Você”, ele se solta um pouco mais. É uma aula de contenção e feeling.
A nova histeria musical nacional quer que a melodia original se dane. O que importa é colocar o máximo possível de confetes num bolo até ele perder o gosto. É a globalização da ruindade. O rapaz de Fortaleza canta exatamente como o da Nova Zelândia. E eles vêm em série. É um ciclo vicioso que entope o mercado de vocalistas que berram, sempre a um passo de imolar suas gargantas.
Se você quiser culpar alguém, culpe Whitney Houston. Foi ela quem popularizou a técnica por trás do oversinging, chamada de melisma, a capacidade de emitir várias notas numa sílaba. Aretha Franklin fazia uso  disso antes dela, mas Whitney levou a coisa a um outro patamar. No início dos anos 90, ela estourou com “I Will Always Love You”, em que o “I” durava seis segundos. Fazia estrepolias com o “You”, também. Sem desafinar, faça-se justiça. Na esteira dela, vieram seus clones modernos.
Suas acrobacias eram resultado de treino árduo e, claro, dom. O piro virtuoso de Whitney e seus asseclas é uma espécie de aviso aos autores: “Ok. Vocês bolaram essa harmonia, escreveram essa letra — mas agora a coisa está comigo e eu farei o que eu quiser”. Uma espécie de apropriação indevida, muito lucrativa em alguns casos.
Por trás de cada refrão estuprado por esses Godzillas, há um autor pedindo socorro. Os mortos não têm saída. Os vivos podem achar que vão ganhar dinheiro com isso. O oversinging é uma doença estética que, graças ao The Voice, vai ganhar o país. Como dizia Agnaldo Timóteo, a plenos pulmões: “Ai, ai, mamãe, eu te lembro chinelo na mão, o avental todo sujo de ovo. Se eu pudesse, eu queria começar tudo, mamãe, tudo de novo”.
Fonte: REVISTA FÓRUM, em 30.12.13
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Esse estilo é de matar. 
Meio gospel aos berros é dose prá leão.
Só podia vir mesmo de globo.
Aliás, a programação da tv globo ainda é a mesma criada por Boni, lá em décadas obscuras.
Naturalmente que a audiência de globo vai envelhecendo, alguns ficam mais burros e outros morrem. 
E assim se faz necessário a renovação para que as audiências se mantenham nos mesmos patamares.
E  isso em globo não aconteceu.
O novo de globo, veio em 2000 com o Big Brother Brasil. 
Cá pra nós, reality show enquanto renovação  é dose.
O  reality show veio já com Boninho, o filho de Boni, no lugar do pai.
Até hoje se discute se a mudança foi uma consequência de dinastia  ou se o menino Boninho teria algum talento como tinha o pai.
Parece que foi mesmo um caso de família.
Além do reality show, Boninho, o filho do pai, lançou essa aberração ou berração do The Voice.
Cabe lembrar que foram apenas as duas "grandes novidades " de globo no período pós Boni.
Ambas foram cópias de programas de outras emissoras, no caso o reality show veio da Holanda e o The Voice dos EUA.
Não houve nenhum processo criativo voltado para a nossa cultura, no tocante as "novidades".
Ambos os programas são excrescências de tv's de outros países.
Não é por acaso que a audiência de tv globo não para de cair.
Ao que parece, o filho do pai é uma anta.
Fonte: PAPIRO em 30.12.13
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Marinho tem razão:
a Globo despenca

O pior é no horário nobre, onde rola mais grana …

Saiu na Folha (*):

Globo e SBT encerram 2013 com pior audiência da história


Globo e SBT não terão saudade de 2013. As duas emissoras registraram no ano que está partindo as piores audiências de sua história.

De 1º de janeiro a 26 de dezembro, a média diária (das 7h à meia-noite) da Globo na Grande São Paulo foi de 14,3 pontos. Em 2012, a rede marcou 14,7 pontos. Cada ponto equivale a 62 mil domicílios na Grande São Paulo.

O SBT está encerrando o ano com 5,3 pontos de média diária, ante 5,6 pontos do mesmo período no ano passado.

Esses são os piores índices já registrados por essas emissoras durante um ano.

(…)

Na faixa nobre (das 18h à meia-noite), onde estão os anunciantes, a Globo caiu de 24,6 pontos (2012) para 23,2 pontos (2013). O SBT passou de 6,7 para 6,5 pontos. A Band foi de 3,7 para 3,5 pontos. A Rede TV! marcou 1,2 ponto neste ano, ante 1,3 em 2012.

Apenas Record e TV Cultura cresceram na faixa nobre. A Record foi de 7,7 para 7,9 pontos, e a Cultura, de 0,9 para 1,4 ponto. 
Fonte: CONVERSA AFIADA 
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Vamos torcer pelos dois, lembrando que a Copa passa, mas a televisão permanece”

Para Boni, executivo que durante 30 anos comandou os rumos da Rede Globo e criador do “padrão Globo de qualidade”, 2014 será riquíssimo para a televisão. "É hora de renovação"

iG Gente , por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho 




Divulgação/Cláudio Augusto
Boni, ex-comandante geral da Globo, prevê um ano dinâmico para a TV em 2014

2014 - a televisão entra em campo.
Com a Copa do Mundo no Brasil, o ano será de um agito sem precedentes na nossa mídia. Em especial na televisão. Do ponto de vista de polarização, televisão e Copa do Mundo serão uma coisa só. Programas, promoções e eventos vão marcar o primeiro semestre. E em junho, quem não estiver nos estádios estará fazendo reuniões em casa para transformar cada jogo do Brasil em festa. Haja coração. Salgadinhos, cervejinha, foguetório e gritaria. Mas, senhores narradores, só em casa, tá bom? Nelson Rodrigues estava certo. Na Copa do Mundo, a seleção é “a pátria de chuteiras”, mas não precisamos exagerar. Não gritem com a gente. Somos inocentes.
Além do mais, como gritar não vai transformar um gol em dois, a prática é inútil.
Útil é a movimentação que Copa do Mundo traz para o mercado abrindo centenas de oportunidades de negócios. Uma delas, do ponto de vista da televisão, é a alavancagem da venda de aparelhos de TV HD – de alta definição. Como o apagão do sistema de televisão analógico foi antecipado pelo governo, na maioria das cidades , para 2015, a contribuição da Copa do Mundo para o aumento de televisores digitais nos lares brasileiros é importantíssima.
É hora de renovação. Momento que as emissoras de televisão devem aproveitar para rever seus posicionamentos e a grade de programação. Eu estou cheio de esperanças. Para a Globo, em particular, eu vejo um momento único. Sinto renascer o espírito de corpo e o profissionalismo que reinou na Globo por tanto tempo.
A Copa no Brasil vai possibilitar um desvio histórico no foco da programação e, quando a fartura de futebol acabar, estou convicto de que o segundo semestre trará uma televisão nova e revigorada. É minha aposta para o próximo ano. A televisão brasileira tem, no exterior, uma reputação tão grande quanto a do nosso futebol. Vamos torcer pelos dois, lembrando que a Copa passa, mas a televisão permanece no nosso dia a dia, na nossa vida, na nossa cultura. 2014, ano da Copa do Mundo. Ano da televisão brasileira.
Fonte: IG em 06.01.14
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O artigo sobre o programa The Voice, da TV globo, foi publicado pela Revista Fórum em 30,12.13.
A gritaria em uma canção, ou canção gritaria, foi a tônica do artigo que mereceu um comentário do PAPIRO no mesmo dia, que abordou  também a mediocridade atual dos programas da TV comercial no Brasil. 
Citou a renovação como necessidade, e não apenas a renovação nas emissoras existentes, porém uma renovação com a criação de um novo marco para as comunicações no país. 
Citou ainda  a fragilidade profissional que se vê hoje no comando de globo, fazendo referência ao simpático mamífero que é a anta.
Ontem, 06.01.14, o ex-diretor da globo,também citado no artigo do PAPIRO escreveu artigo publicado no portal IG, onde faz referências a gritos e renovação na TV brasileira. 
Fica claríssimo que mandou recibo.
Para escamotear o recibo, seguiu a pauta dominante na mídia no início desta semana, que é  nada mais que um terrorismo sobre atrasos nas obras e possíveis, desejados e tão esperados protestos populares que possam mudar o quadro para as eleições de outubro.
Ao melhor estilo Cid Moreira, no jornal nacional da década de 1970, Boni, ao falar da copa , diz o que o cidadão brasileiro deve fazer, claro, diante de um aparelho de TV ligado na TV globo, emissora que detêm os direitos de transmissão dos jogos.
Diz ainda que todo e qualquer foco no semestre deve ser única e exclusivamente para a copa, sem explicitar se somente com o espírito esportivo ou com motivações políticas.
Cita ainda Nelson Rodrigues, dizendo que em copa do mundo a seleção é a pátria de chuteiras.
Já que toda unanimidade é burra, como citou Nelson, o conceito de pátria de chuteiras não só  não é unânime como já vem se mostrando ultrapassado.  
Já se foi o tempo em que o brasileiro necessitava de uma conquista da seleção para elevar sua auto estima.
Existem motivos de sobra, atualmente, para que o brasileiro se projete de forma afirmativa no mundo. Entretanto, para as mídias, a pátria de chuteiras é um catalizador imprescindível para alavancar audiências e resultados em períodos de copa do mundo.
Para globo, que detém os direitos de transmissão das competições que envolvem a seleção brasileira de futebol, quanto maior a mobilização pelos jogos da copa, mais dinheiro para a emissora. 
Isso é fato. Logo, que se incite o "patriotismo".
 É sabido por todos que o esporte na TV globo é algo voltado apenas para as competições em que a emissora detém os direitos de transmissão. 
Programas como globo esporte, na hora do almoço e esporte espetacular, aos domingos pela manhã, tem como público alvo adolescentes idiotas, refeitórios de empresas e tédio dominical em locais remotos do país, respectivamente.
Não há nenhum compromisso o esporte.
Continuando sua "análise", Boni fala em renovação na TV brasileira  e mais especificamente na TV globo, onde deixou de trabalhar no século passado. 
Diz que após a copa, a TV estará pronta para renovação, sem explicar as razões para tal. 
Sabe-se que após a copa, teremos as eleições presidenciais, tão esperadas por globo. 
Se a renovação citada por Boni é apenas uma metáfora das eleições, já que uma renovação em grade de TV não acontece de um dia para o outro, cabe lembrar que o Brasil vem se renovando desde a chegada dos governos populares e democráticos do PT, em 2003 e, pelo cenário atual, tal renovação deve continuar pois muitos anos, pois assim percebe e entende o povo brasileiro. 
A renovação nas emissoras de TV, deve ser entendida como um processo, longo, que não é explicitado ou determinado com uma data de início.. 
Devemos, todos torcer pelos dois, a seleção brasileira e o novo marco regulatório das comunicações que esperamos dê a largada em 2014
Diante dos fatos, Boni é o retrato da globo atual
Diz ainda que vê renascer em globo o espírito de corpo e profissionalismo do passado.
Se vê renascer, mesmo não trabalhando em globo, é porque teria morrido ?
Confuso, dissimulado e ultrapassado.
A grade de globo contempla programas que não tem o menor interesse de um público jovem e  adulto jovem.. 
Programas ultrapassados, cafonas, bregas e de forte inclinação para lobbies americanos no país.
Dito isto, o artigo de Boni não pode ser considerado algo oriundo de um profissional bem sucedido em TV..
Fica claro que é apenas a defesa de um pai , o que, de certa forma, reforça , o conceito que se tem sobre o filho.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Médico da Periferia e General da Favela

Mais Médicos evidencia distância histórica entre profissionais e usuários

Formados no exterior criticam preconceito e corporativismo da classe médica brasileira
06/01/2014
Por Daniele Silveira,
de São Paulo (SP)
A imagem do médico cubano Juan Delgado sofrendo ofensas e recebendo vaias ao desembarcar na cidade de Fortaleza (CE), em agosto de 2013, foi um dos momentos mais marcantes do ano. Na cena clicada pelo repórter fotográfico Jarbas Oliveira, o médico negro é insultado por um grupo de médicas brasileiras, com características bem parecidas: jovens e brancas.
O lançamento do Programa Mais Médicos pelo governo federal, um mês antes, colocou em debate não só a situação da saúde pública no país, mas também a própria formação e atuação dos profissionais brasileiros. A política de “importação” de médicos estrangeiros foi amplamente combatida por setores conservadores da classe médica.
Perfil oposto ao da maioria dos estudantes de medicina no Brasil, Cíntia Santos Cunha, que faz o curso em Cuba, afirma que um dos motivos que a levaram a estudar no país caribenho foi a falta de oportunidades. Ela lamenta a realidade brasileira, na qual cursos de medicina são extremamente elitizados.
“Eu já desde muito nova queria fazer medicina. Acho que com 16 anos já queria fazer medicina. Só que medicina é um curso impensável para as pessoas de onde eu venho, para as pessoas como eu, negra, mulher, pobre. No Capão Redondo [zona sul paulistana] ninguém sonha em ser médico.”
Através de uma amiga já inserida no sistema educacional de Cuba, Cíntia pode conhecer as características do modelo  de saúde daquele país, “de caráter mais humanitário”. O encantamento foi instantâneo e em pouco tempo chegava sua vez de embarcar.
Antes da chegada dos primeiros médicos cubanos ao Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) deu início a uma campanha que buscava colocar em dúvida a credibilidade dos profissionais que seriam contratados. De imediato, o órgão anunciou que o Programa Mais Médicos “desrespeita a legislação, fere os direitos humanos e coloca em risco a saúde dos brasileiros, especialmente os moradores das áreas mais pobres e distantes”.
Sobre a postura do CFM, Cíntia avalia que a classe médica brasileira teme perder o controle sobre as vagas que estão desocupadas, o que permite a pressão por altos salários. Além disso, ela considera que o combate ao programa acontece por medo que o contato com os médicos cubanos desperte na população brasileira um novo entendimento da medicina.
“É o medo de que comece a mudar a mentalidade da população em relação ao que deve ser um médico e como deve ser o tratamento médico. Porque o que eu vejo tanto no atendimento que minha família recebe aqui no Brasil é que o paciente chega no consultório e o médico não olha para ele. O paciente diz o que já está sentindo, o médico sem olhar para a cara dele, muito menos tocar no paciente, dá alguma receita de medicamento ou manda fazer alguma análise diagnóstica complementar.”
Cíntia questiona um aspecto fundamental presente na mentalidade das escolas de medicina brasileiras que, segundo a estudante, tratam a saúde como um negócio. “A gente deve além de examinar, tocar o paciente, a gente deve ensinar o paciente diabético, hipertenso, por exemplo, a cuidar da própria saúde. Ou seja, eu ensino o paciente a cuidar da própria saúde, a manter equilibrada a sua diabetes, a sua hipertensão. Ele não precisa voltar mais comigo e isso não é interessante para quem faz a medicina um comércio”, afirma Cíntia.
Além de melhorar a infraestrutura dos hospitais e unidades de saúde, o Mais Médicos tem como objetivo levar médicos para as regiões mais carentes do país. O Ministério da Saúde estabeleceu como meta fechar o ano de 2013 com 6,6 mil médicos atuando no programa.
Nesse contexto, o cubano vaiado, Juan Delgado, reagiu aos críticos que não aceitaram os termos da contratação, que é feita por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Com vasta experiência, Delgado já atuou no Haiti e disse que veio ao Brasil por vontade própria. “Seremos escravos da saúde, dos pacientes doentes, de quem estaremos ao lado todo o tempo necessário. Os médicos brasileiros deveriam fazer o mesmo que nós: ir aos lugares mais pobres prestar assistência.”

Revalidação
No mês de agosto, em entrevista ao repórter da página do MST, José Coutinho Júnior, a médica brasileira formada em Cuba Andreia Campigotto questionou o modo como as provas de revalidação do diploma são feitas. Segundo ela, os testes não refletem o nível de conhecimento de um médico recém-formado.
“Há um grande preconceito da categoria médica com os profissionais que se formam em outros países, o que é um entrave grande para a revalidação dos nossos diplomas. Acabam fazendo provas injustas. São provas que seriam de nível de especialistas, o que acaba refletindo numa desaprovação considerável dos estudantes que fazem essa prova de revalidação.”
Andreia revela que os estudantes de medicina da Universidade de São Paulo (USP), uma das mais tradicionais do Brasil, tiveram mau desempenho em uma prova do CFM. No entanto, o resultado foi ignorado por veículos da grande imprensa, que já estavam empenhados em uma campanha anticubanos.
“Uma prova para médico generalista, que não é aplicada para nós, uma prova muito mais fácil que a de revalidação dos diplomas, onde quase 50% dos estudantes reprovaram porque não sabiam tratar uma meningite bacteriana”, pontua Andreia.
Segundo o Ministério da Saúde, dos 400 médicos cubanos que chegaram na primeira etapa do acordo entre o órgão e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), todos já atuaram em outras missões internacionais, além de possuírem especialização em medicina familiar. Em relação à experiência, 84% deles têm mais de 16 anos de atuação.
Os profissionais vindos do exterior têm autorização especial para trabalhar por três anos exclusivamente nos serviços de atenção básica e devem receber um registro provisório dos conselhos regionais de medicina. O registro só é concedido após aprovação na etapa de avaliação, que inclui aulas de saúde pública brasileira e Língua Portuguesa.
Os médicos estrangeiros que participam do Mais Médicos atuam em postos indicados pelo programa e que não foram escolhidos por profissionais brasileiros. Na primeira chamada do programa, divulgada no início de agosto, apenas 6% dos médicos brasileiros que haviam se inscrito confirmaram a participação.
Recebido com simpatia pelos usuários do Sistema Único de Saúde, o Mais Médicos ainda está longe de resolver as demandas do setor. Entre os principais problemas da saúde pública no Brasil identificados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no final de 2010, estão a falta de médicos (58,1%), a demora em ser atendido (35,4%) e a dificuldade em conseguir consulta com especialista (33,8%). Os números foram obtidos em pesquisa de opinião realizada em unidades de saúde de todo o país.
Fonte: BRASIL DE FATO

sábado, 4 de janeiro de 2014

Democratizar a Mídia


Publicado em 02/01/2014

As derrotas do PiG (*) na América Latina

Ley de Medios da Argentina e exemplos de Equador e Uruguai

O Conversa Afiada reproduz artigo de Miro Borges, extraído do seu blog:

As derrotas da mídia na América Latina


Por Altamiro Borges

Em 2013, a América Latina se manteve na vanguarda da luta pela regulação da mídia. A região conhece bem os estragos causados por uma mídia concentrada e manipuladora. Os golpes e ditaduras que infelicitaram o continente foram bancados pelos veículos de impressa. O neoliberalismo que dizimou a região também foi apoiado por este setor. Já os governos progressistas nascidos da luta contra as chagas neoliberais tiveram como principal opositor o “Partido Imprensa Golpistas (PIG)”. Nada mais natural, portanto, que a regulação se tornasse uma exigência democrática.

Ley de Medios da Argentina

A derrota mais sentida pelos barões da mídia no ano passado se deu na Argentina. Em outubro, finalmente a Suprema Corte do país declarou a constitucionalidade de quatro artigos da “Ley de Medios” que eram contestados pelo Grupo Clarín, principal império midiático da nação vizinha. Esta decisão histórica permitiu que o governo de Cristina Kirchner prosseguisse com a aplicação integral da nova legislação, considerada uma das mais avançadas do mundo no processo de desconcentração e democratização dos meios de comunicação.

Pelas regras agora em vigor, os grupos monopolistas tem um prazo definido para vender parte de seus ativos com o objetivo expresso de “evitar a concentração da mídia”. O Grupo Clarín, maior holding multimídia do país, terá de ceder, transferir ou vender de 150 a 200 outorgas de rádio e televisão, além dos edifícios e equipamentos onde estão as suas emissoras. A batalha pela constitucionalidade dos quatro artigos durou quatro anos e agitou a sociedade argentina. O Clarín – que fez fortuna durante a ditadura militar – agora não tem mais como apelar.

Aprovada por ampla maioria no Congresso Nacional e sancionada por Cristina Kirchner em outubro de 2009, a nova lei substitui o decreto-lei da ditadura militar. Seu processo de elaboração envolveu vários setores da sociedade – academia, sindicatos, movimentos sociais e empresários. Após a primeira versão, ela recebeu mais de duzentas emendas parlamentares. No processo de debate que agitou a Argentina, milhares de pessoas saíram às ruas para exigir a sua aprovação. A passeata final em Buenos Aires contou com mais de 50 mil participantes.

Mesmo assim, os barões da mídia tentaram sabotá-la, apostando suas fichas na Suprema Corte da Argentina. Isto explica porque a sentença de outubro abalou tanto os impérios midiáticos da região, reunidos na Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Num discurso terrorista, eles afirmaram que a nova lei é autoritária. Mas até o Relator Especial sobre Liberdade de Expressão da Organização das Nações Unidas (ONU), Frank La Rue, reconheceu que a Ley de Medios da Argentina – com seus 166 artigos – é uma das mais avançadas do planeta e visa garantir exatamente a verdadeira liberdade de expressão, que não se confunde com a liberdade dos monopólios midiáticos.

Equador e Uruguai dão exemplo

A Argentina não foi a única a avançar neste debate estratégico na região. Outros dois países deram passos significativos neste sentido em 2013. Em junho, o parlamento do Equador aprovou o projeto do governo de Rafael Correa que cria um órgão de regulação da mídia com poderes para sancionar econômica e administrativamente os veículos da imprensa e que definirá os critérios para as futuras concessões de rádio e televisão no país. O projeto tramitou por quatro anos na Assembleia Nacional e foi aprovado por folgada maioria – 108 a favor e 26 contra.

Além de criar a Superintendência de Informação e Comunicação, que terá o papel de “vigilância, auditoria, intervenção e controle”, a lei reserva 33% das futuras frequências de rádio e TV para a mídia estatal, 33% para emissoras privadas e 34% para os grupos indígenas e comunitários. Ela também garante amplo direito de resposta, contrapondo-se ao chamado “linchamento midiático”. Caso julgue que pessoa física ou jurídica foi “caluniada e desacreditada” pela mídia, a Superintendência pode obrigar o veículo responsável a divulgar um ou mais pedidos de desculpas.

Para o deputado Mauro Andino, relator do projeto, a nova lei com seus 119 artigos representa significativo avanço na democracia no Equador e na garantia da verdadeira liberdade de expressão. “Como cidadãos, queremos a liberdade de expressão com os limites dados pela Constituição e pelos instrumentos internacionais, além de uma liberdade de informação com responsabilidade… Propusemos uma lei que se constrói a partir de um enfoque de direitos para todos, não para um grupo de privilegiados”. Vale lembrar que a mídia equatoriana é controlada por banqueiros!

Para irritar ainda mais os barões da mídia do continente, em dezembro último a Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou a Lei dos Serviços de Comunicação Audiovisual, proposta pelo governo de José Pepe Mujica. Com 183 artigos, a nova “Ley de Meios” encara os meios de comunicação como um direito humano e define que “é dever do Estado assegurar o acesso universal aos mesmos, contribuindo desta forma com liberdade de informação, inclusão social, não-discriminação, promoção da diversidade cultural, educação e entretenimento”.

Em seu enunciado, a nova lei enfatiza que os monopólios dos meios de comunicação “conspiram contra a democracia ao restringir a pluralidade e a diversidade que asseguram o pleno exercício do direito à informação”. Visando corrigir esta distorção, o texto propõe “plena transparência no processo de concessão de autorizações e licenças para exerce a titularidade” nas emissoras de rádio e televisão. Ele também prevê a criação de um Conselho de Comunicação Audiovisual, com o intento de “implementar, monitorar e fiscalizar o cumprimento das políticas”.

A nova lei uruguaia ainda estabelece cotas mínimas de produção audiovisual nacional, institui o horário eleitoral gratuito nos canais e determina que as empresas telefônicas não poderão explorar concessões de rádio ou tevê. Ela também contempla a proteção à criança e ao adolescente, já que regula a veiculação de imagens com “violência excessiva”. Das 6h às 22h, esse tipo de conteúdo é proibido, com a exceção para “programas informativos, quando se tratar de situação de notório interesse público” e somente com aviso prévio explícito sobre a exposição dos menores.

A reação da máfia midiática da SIP

As recentes mudanças legais na Argentina, Equador e Uruguai se somam as que já estavam em vigor na Venezuela – o primeiro país da região a encarar este tema estratégico –, Bolívia e Nicarágua. Não é para menos que o rebelde continente latino-americano é hoje maior entrave ao poder dos monopólios da mídia. Em outubro passado, durante a 69ª Assembleia-Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), os poderosos empresários do setor confessaram que estão perdendo a batalha de ideias na América Latina e decidiram reforçar sua postura oposicionista.

Na maior caradura, o presidente da SIP, Jaime Mantilla, disse que “os governos latino-americanos têm se dedicado a semear o ódio e o medo” contra os meios de comunicação. O objetivo da entidade, sedeada em Miami, com famosos vínculos com a CIA e que sempre apoiou os golpes e as ditaduras, é evitar que as novas legislações sejam aplicadas em sua plenitude e que contagiem outros países da região. O Brasil inclusive foi citado como preocupação maior dos mafiosos da mídia do continente. Se depender da presidente Dilma Rousseff, porém, eles podem dormir tranquilamente.

Fonte : CONVERSA AFIADA 

O PIG da América Latina perdeu o tempo, parou no tempo, não viu o passar do tempo e, assim sendo, está em tempo de mudança.
Considerado como um dos segmentos mais reacionários e atrasados , talvez até mesmo do planeta,  o PIG sofre uma derrota a cada segundo.
Suas crises inventadas , factóides, manipulações e mentiras não passam nem da página dois.
Aliado de setores retrógrados da Igreja Católica, como o Opus Dei, os jornalistas e empresários do PIG devem estar passando por dias de intenso sofrimento, com dores adicionais,  para suportar as sucessivas derrotas.  
A América Latina aparece na vanguarda não apenas nos aspectos referentes as leis que regulamentam os meios de comunicação. 
No Uruguai o aborto foi legalizado e o uso da maconha deixou de ser crime e ainda é controlado pelo governo, dando um golpe certeiro no crime organizado.
Na Bolívia e Venezuela, principalmente na última já estão em pŕatica as iniciativas de propriedade social, criando desta forma novos meios de produção e distribuição.
O Papa Francisco, que até o momento inova e surpreende com suas declarações é argentino, sul americano, do fim do mundo, como ele gosta de se referir. 
O presidente do Uruguai foi eleito a personalidade do ano, e justo por uma revista careta. 
O descompasso da velha mídia do Brasil com a realidade brasileira e sul americana é assustador. 
Com discursos e práticas idênticas ao que existe de mais reacionário nos EUA, a velha mídia brasileira vai revelando seus patrões, seus interesses, suas cores.
As eleições estão chegando e um almofadinha que frequenta o instituo mileniun, escreveu, ontem, em o globo, que a política é uma caixinha de surpresas, talvez revelando as novas composições em curso na oposição, sempre em nome da família, da propriedade, de Deus , e da América livre e democrática para os americanos bilionários.

Cadê ??

C A D Ê    O   D A R F   ???
C A D Ê    O   D A R F   ??? 
C A D Ê    O   D A R F   ???
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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Globo Bola Suja

Jogadores vs Globo. Disputa pelo bem do futebol

“Se não houver modificação, e os jogadores radicalizarem, há chance de haver greve.”




Iniciada pelos jogadores integrantes do Bom Senso FC, a discussão sobre reformulação do calendário do futebol brasileiro esbarra na necessidade comercial do principal parceiro dos clubes e da CBF: a Globo. A emissora precisa de cerca de 90 datas de futebol ao ano para atender os anunciantes que compram seu pacote de futebol anualmente, segundo apurou o blog. Por isso, opõe-se a uma redução drástica do número de competições.

O calendário de 2014 foi feito com 89 datas, excluídos o Mundial de Clubes e a Copa do Mundo e contabilizadas as datas Fifa isoladas.  Isso porque houve uma diminuição dos Estaduais de 23 para 21 datas. Mesmo assim, até ultrapassa a meta de comercial da emissora com o Mundial – a Copa seja vendida à parte.

A necessidade de cerca de 90 datas para a Globo está diretamente relacionada ao dinheiro que os clubes recebem pelos direitos de transmissão. Se houver queda no número de partidas a serem exibidas, os contratos de Estaduais, por exemplo, têm que ser renegociados.

Nesta temporada, com a diminuição das partidas regionais, a emissora aceitou que não houvesse redução nos valores contratuais. Mas houve uma negociação em cada caso. Em contrapartida, foi exigido, por exemplo, a manutenção do mesmo número de clássicos no Paulista, o que levou a criação de uma nova fórmula.

Responsável pelas negociações de contratos, o diretor da Globo, Marcelo Campos Pinto, até aceita que exista uma outra redução dos Estaduais em mais uma ou duas datas. Mas não quer uma diminuição considerável como pedem os jogadores do Bom Senso.

Para existir uma efetiva alteração no calendário, com redução significativa de jogos, todos os contratos teriam de ser renegociados, incluindo os da Globo com os clubes e os da emissora com seus anunciantes. Se não houver modificação, e os jogadores radicalizarem, há chance de haver greve.
Fonte: CONVERSA AFIADA 

Para o bem do futebol o monopólio das transmissões de globo tem que acabar.
Como tem que acabar, logo deve acabar.
Se deve acabar medidas precisam ser tomadas de imediato.
Globo vem prejudicando o futebol, ao impor suas vontades e manias, a ponto de transformar as partidas de futebol em um programa de sua grade , sempre às quartas-feiras às 21:50 horas e aos domingos às 17 horas.  Fora desses dias e horários é como se o futebol no Brasil não existisse para a TV globo, mesmo com seus programas medíocres como globo esporte e esporte espetacular, que não passam de babaquices que em nada contribuem para o esporte.
As transmissões de partidas de futebol de diferentes campeonatos deve ser pulverizada em várias emissoras, ao longo de vários dias na semana e em diferentes horários. 
O calendário anual das competições deve destinar todo o mês de dezembro para férias dos jogadores e todo o mês de janeiro para a pré temporada.
O campeonato brasileiro deve ser disputado em sistema de pontos corridos, com turno e returno, com 18 clubes, caindo os três últimos para a série B.
Em paralelo todas as séries devem ser jogadas, B, C, D, E, F, G, H, I, J.... 
O campeonato brasileiro deve ser disputado no primeiro semestre, junto com a Copa do Brasil e a Supercopa do Brasil.
A copa Libertadores de América, a Copa Mercosul,  a Recopa Sul Americana e os campeonatos estaduais devem ser jogados no segundo semestre, após os jogos da Copa Audi e Copa Suruga, na Europa e Japão , respectivamente.
Para que isso a aconteça a CBF tem que trabalhar para mudar o calendário da Conmebol.
Com essa nova distribuição das competições, não teremos o que hoje acontece quando a janela de transferência  de jogadores para a Europa se abre no meio das competições por aqui, alterando times e em consequência as competições.
Com a fórmula proposta acima, as competições nacionais terminarão justo no início da abertura das janelas e, quando iniciadas as competições continentais as janelas já estarão fechadas.
Além disso o campeonato brasileiro com 18 clubes, não apenas reduz em quatro rodadas ( quatro datas) como será mais competitivo e atraente, inclusive na série B.
Com séries de A a J, são 10 divisões  que englobariam 180 clubes que teriam atividade por todo o ano, garantindo o emprego de mais ou menos a metade de todo o pessoal envolvido com o futebol profissional, algo em torno de 18 mil pessoas entre jogadores, técnicos, preparadores físicos, etc... 
A proposta serve como ponto de partida para que , em um futuro próximo todos os profissionais ligados ao futebol tenham o emprego garantido por todo o  ano .
Já que os jogadores acordaram e descobriram sua força que acabem com esse monopólio de globo e promovam mudanças na CBF. 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Cadê o Pó ?



O Conversa Afiada reproduz artigo de Paulo Nogueira, extraído do Diário do Centro do Mundo:

O estranho caso do helicóptero engavetado



Se você me pergunta qual foi o maior papelão da mídia brasileira em 2013 respondo com meia tonelada de motivos que foi o caso do helicóptero dos Perrelas.

Só no Brasil 500 quilos de cocaína não são notícia.

Na Indonésia, uma senhora britânica de 56 anos foi condenada à morte, por fuzilamento, por ser presa com cinco quilos de cocaína. Cem vezes menos, portanto.

Na mídia de Londres, ela é chamada de “Vovó Inglesa’, por ter netos. Sua defesa ainda luta para transformar a pena de morte em prisão perpétua.

Na Indonésia, como na China, a lei é extraordinariamente severa com o tráfico de drogas em consequência dos traumas sofridos no século 19, quando os britânicos impuseram, na base dos canhões, aos asiáticos o consumo de ópio. Essa página obscena do império britânico passaria à história como as Guerras do Ópio, sobre as quais escrevi algumas vezes no DCM.

Longe de mim sugerir rigor asiático no combate ao tráfico.

Mas, jornalisticamente, 500 quilos de cocaína não são nada? Pelo comportamento da mídia brasileira, não são nada.

Ninguém se esforçou, então, para trazer luz para o escândalo. Ao contrário, todo mundo tentou esconder a notícia, provavelmente para preservar Aécio Neves, amigos dos Perrelas e conhecido festeiro.

Todos sabem o que teria ocorrido caso os donos do helicóptero fossem amigos não de Aécio, mas de Lula, ou Dirceu.

Na ausência de qualquer esforço investigativo, o assunto foi minguando e hoje é quase nada.

O helicóptero foi, simplesmente, engavetado.

No futuro próximo, a internet terá recursos suficientes para bancar investigações que a mídia corporativa não quer fazer. Ou o crowdfunding – o financiamento da comunidade de leitores – ou a publicidade trará dinheiro que hoje é escasso.

Até lá, as pessoas interessadas em jornalismo independente e informação isenta terão que conviver com coisas estapafúrdias como este caso.

Notícia, para a mídia ‘livre’, é aquilo que é favorável a ela ou a seu grupo de amigos e parceiros, e desfavorável para seus desafetos.

Compare a cobertura dada ao helicóptero com a cobertura dada a uma oferta de emprego para Dirceu, e você vai entender o que move a mídia.

Por isso ela é tão desacreditada.

E por ser tão revelador do espírito bipolar das grandes companhias jornalísticas, o caso do helicóptero é o Fracasso do Ano da mídia brasileira.

Fonte: CONVERSA AFIADA 

Impressiona e assusta.
Um helicóptero com 500 kg de cocaína sumiu, escafedeu-se e a velha mídia nada fala sobre o assunto.
Os ocupantes da aeronave, no momento do flagrante, são todos políticos de alta plumagem da região das alterosas.
Torcedores do Cruzeiro,a raposa, enquanto aves coloridas foram mais rápidos   e sumiram com a cocaína. 
Na globo , o pó não é notícia, apesar da quantidade escandalosa.
Tudo para preservar seus aliados políticos, aliados que gostam, e muito , de festas.
Globo que no ano de 2013 teve que ouvir, e ainda ouve, diariamente a pergunta sobre o Darf, inicia 2014 com mais uma pergunta que não quer calar:
Cadê o pó ? 

Decadente e Agonizante

A crise hegemônica em escala mundial

A decadência da hegemonia norte-americana no mundo e o esgotamento do modelo neoliberal são evidentes mas ainda não surgiu uma alternativa em nível global.

por Emir Sader em 01/01/2014 às 14:38



Emir Sader

 Nunca como agora foi verdade a tensão entre um mundo que se esgota mas teima em sobreviver e um mundo novo, com grandes dificuldades para nascer.
Nesse vazio se insere um mundo instável, turbulento e uma ampla disputa hegemônica em escala mundial.
   
A decadência da hegemonia norte-americana no mundo e o esgotamento do modelo neoliberal são evidentes mas, ao mesmo tempo, não surge no horizonte nem uma potência ou um grupo de países que possam exercer a hegemonia mundial no lugar dos EUA.  Nem aparece um modelo que possa disputar com o neoliberalismo a hegemonia em escala economica global. Os governos posneoliberais latinoamerianos não tem ainda força para que seu modelo alternativo possa se impor em escala mundial.
   
 A vitória na guerra fria não significou que a imposição da Pax Americana trouxesse estabilidade ao mundo. Ao contrário, nunca proliferaram tantos conflitos violentos, porque os EUA se valem da sua superioridade militar para tratar de transferir os conflitos para o plano do enfrentamento violento. Foi assim no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, sem no entanto ter capacidade para impor estabilidade política sobre os escombros das intervenções militares. Esses países continuam a fazer parte dos epicentros de guerra no mundo.
   
No caso da Siria – e, por extensão, no Irã -, os EUA sequer foram capazes de criar as condições políticas mínimas para novas intervenções militares, tendo que dedicar-se a processos de negociação de paz.

Porém, os EUA seguem sendo a única potência mundial, que articula seu poder econômico, tecnológico, político, militar e cultural, para se impor como país de maior influência no mundo, o único a ter uma estratégia global. Nem a China, nem a enfraquecida UE, nem a América Latina, ou um conjunto de forças articuladas entre si, consegue se opor à hegemonia norteamericana no mundo.
   
A profunda e prolongada crise econômica no centro do capitalismo demonstrou como setores da periferia – na Ásia e na América Latina – conseguiram se defender, sofrendo os efeitos da recessão, mas não entraram nela, como havia acontecido em todas as outras grandes crises no centro do sistema. Porque já existe no mundo certo grau de multilateralismo econômico, que permite que os intercâmbios Sul-Sul, ademais dos realizados pelos processos de integração regional na America do Sul, unidos à enorme expansão do mercado interno de consumo popular, possamos nos defender de cair em recessão. No entanto, as  fortes pressões recessivas não deixam de atingir-nos, demandando que tenhamos respostas integradas para a reativação das nossas economias.

Mas, apesar do desprestígio das políticas neoliberais, responsáveis pela crise no centro do sistema e impotentes, até aqui, para superá-la, o modelo neoliberal continua a ser dominante em grande parte do sistema econômico mundial. As medidas postas em prática pelos governos europeus são de caráter neoliberal, para reagir a uma crise neoliberal, isto é, álcool no fogo.

 Porque o neoliberalismo não é apenas uma política econômica, é um modelo hegemônico, que corresponde à hegemonia do capital financeiro em escala mundial, à do bloco EUA-Grã Bretanha, assim como a um modo de vida (chamada de modo de vida norteamericano) centrado no consumo, na mercantilização da vida e dos shopping-centers. É um ponto de não retorno do capitalismo em escala global, que coloca os limites das propostas de ação as grandes potências políticas e dos grandes organismos internacionais.

Assim, o mundo seguirá vivendo, pelo menos na primeira metade do novo século, um período de turbulências, em que a decadente hegemonia norteamericana se mantêm, embora com crescentes dificuldades. Da mesma forma que a predominância do modelo neoliberal também sobrevive, embora debilitado e condenando a economia mundial a processos de maior concentração de renda, de exclusão de direitos e a contínua recessão econômica.
   
Uma profunda e extensa crise de hegemonia se impõe dessa forma em escala mundial, com persistência dos velhos modelos e dificuldades para afirmar por parte das alternativas.
Fonte: CARTA  MAIOR
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Revoltas 2014: contra governos ou o capitalismo?
 
A mídia, naturalmente, não enxerga. Mas movimentos expressam, no fundo, colapso das relações econômicas e políticas hegemônicas em todo o mundo

Por Paul Mason, no Outras Palavras
(Foto: Reprodução/Outras Palavras)
Foi como uma faixa de CD saltada, ou um vídeo que derrapa de repente para a cena seguinte. Eu filmava uma barricada em Istambul, tentando ficar fora do alcance das bombas de gás disparadas pela polícia, quando uma delas me atingiu na testa. O rombo que ela fez em meu capacete é hoje parte de uma apresentação em PowerPoint, para cursos de treinamento sobre a segurança de jornalistas.
Durante a Ocupação do Gezi Park, gente típica de classe média ergueu barricadas que mantiveram a polícia turca à distância por quatro noites. No interior do parque, organizaram uma versão-maquete da sociedade em que gostariam de viver. Estocaram montes de comida grátis, cantaram e beberam cerveja, em desafio ao governo conservador religioso.
De dia, os gramados abrigavam estudantes fazendo suas tarefas. À noite, as ruas no entorno enchiam-se de jovens mascarados – e os fãs de futebol trocavam flâmulas, para sinalizar uma trégua, no ódio de cem anos entre os clubes de Istambul. Quando perguntava sobre suas profissões, sussuravam: “Arquiteto, despachante de cargas, engenheiro de software”.
Os acontecimentos do Gezi Park marcaram uma virada nas revoltas globais de nosso tempo. Embora não seja oficialmente parte dos BRICS, a Turquia tem a maior parte das características destes – alto crescimento, população jovem, um Estado repressor associado a corrupção e atos arbitrários. Depois de Gezi, não foi surpresa ver um milhão de pessoas nos movimentos de protesto do Brasil. Nem as 17 milhões que participaram das manifestações que derrubaram Mohamed Morsi, no Egito, nem os protestos da Ucrânia, que ainda estão em curso. Estas sociedades foram, supostamente, beneficiárias da globalização. Mas as classes médias sentiram-se batidas. Por isso, agora, o “garoto mascarado que frequenta academia e odeia a corrupção” somou-se ao “diplomado sem futuro”, na lista de arquétipos sociais por meio dos quais procuramos entender a revolta.
Quem lê a última tentativa da revista Economist para entender onde ela vai eclodir em 2014 percebe como é árduo fazê-lo por meio do pensamento convencional. O cálculo tem como parâmetro a suposta presença de alta desigualdade, alta corrupção, crise econômica e colapso de confiança nas instituições. Por isso, a Nigéria (maior economia da África), Egito e Argentina estão no topo da lista de países onde há “risco muito alto” de conflito capaz de ameaçar a ordem política – enquanto Brasil, África do Sul e China figuram abaixo, como locais de “risco alto”. Embora seja um avanço em relação ao pensamento simplório que ligava as revoltas apenas à crise econômica pós-2008, ainda acho que falta algo. Quando alguém me pergunta sobre onde o movimento vai eclodir de novo, respondo: “na mente das pessoas”.
A repressão tornou-se tão intensa, mesmo nas democracias estáveis, que aqueles que se queixam hesitam mais, antes de embarcar em ações que podem resultar em prisão. Não há uma Convenção de Genebra sobre os conflitos contemporâneos entre tropas de choque e manifestantes. Por isso, os sinais de consentimento são, muitas vezes, falsos. O que parece ser ordem social é apenas a epiderme de uma desordem profunda. A China conhece este conceito. Na internet chinesa, fervilha descontentamento, ainda que todos, em público, reverenciem a linha oficial. Mas o mesmo ocorre no mundo “desenvolvido”. No passado, havia poucos motivos para temer movimentos que eram cheios de ideias, mas vazios de ação. Porém, agora vivemos numa economia da informação. As ideias críticas têm materialidade e a repressão parece impulsionar a crítica.
Chelsea Manning e Edward Snowden não são vistos como heróis do povo, na mídia ocidental. Mas no mundo informal, o da conversação online, eles são metáforas sobre “o que acontece”. Desafie a vigilância ilegal do Estado, jogue luzes sobre as atrocidades militares no Iraque e você se tornará candidato ao tipo de tortura mental praticada em Guantánamo. Nestas circunstâncias, as velhas “métricas” – pobreza, desigualdade, colapso da confiança – tornaram-se menos relevantes para prever as revoltas.
Apesar disso, o Grupo Gartner prevê, há alguns meses, que “um movimento do tipo Occupy, em escala maior, vai começar até o final de 2014”. Os analistas do Gartner estão mais próximos da realidade. A tecnologia da informação está reduzindo, “em escala sem precedentes”, a quantidade de trabalho presente nos bens e serviços. A relação entre capital e trabalho dobrou, com a urbanização do Sul global e a mercantilização dos antigos países socialistas. Mas não há uma rota que leve as maiorias a salários altos, ou a estilos de vida associados à prosperidade. Em consequência, prevê o Gartner, por volta de 2020 este cenário levará a “uma exigência de novos modelos econômicos, em muitas sociedades maduras”.
A articulação em redes das sociedades modernas torna imprecisas as previsões de revolta que têm por foco países específicos. Na realidade, há uma entidade política que importa. Hoje, ela é mais desigual do que nunca. Seu modelo econômico central está destruído. O consentimento dos cidadãos, diante de quem os governa, corroeu-se. Esta entidade é o mundo.
Tradução: Antonio Martins
Fonte: REVISTA FÓRUM
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A crise se alastra e vai provocando mais e mais conflitos.
No início, não da crise  e sim da hegemonia neoliberal lá pelo início dos anos da década de 1990, considerando que o neoliberalismo em essência não é uma crise,  tudo era alegria já que a civilização em seu processo modernizante e evolutivo reinava absoluta.
Pessoas , até então militantes de esquerda, abandonavam suas utopias e ideologias e  se resignavam com o prazer, o hedonismo, com sua face que decretava o fim da sociedade e a vitória do indivíduo.
Nunca dantes na história da humanidade se falou tanta besteira como naqueles obscuros anos da década de 1990.
Foi decretado o fim da história, a cultura ganhava forte inclinação para a homogeneização e a arte era apenas puro e escandaloso extravasamento pessoal.
A partir da década de 2000, começava-se a admitir no meio do hedonismo que a história continuava seu curso, que a padronização surgia como uma limitação do próprio ideário neoliberal, pobre em ideologia e conceituação filosófica.
Em contraponto aos crescentes argumentos e movimentos que já emparedavam o neoliberalismo, eis que reaparece de forma avassaladora no mundo  o terrorismo, logo apontado pelos senhores do planeta como uma ameaça aos valores modernizantes e civilizatórios e , assim sendo, deveria ser combatido sem tréguas para que o mundo livre pudesse seguir seu caminho evolutivo e próspero.
O que se seguiu foi mais um festival de asneiras, demonstração de força e um grande festival midiático bélico pirotécnico, onde cidades, cavernas, palácios , pessoas voavam pelos ares como resultado das explosões de bombas  último modelo, ali apresentadas em seu teatro de operações favorito, ao vivo e real, algo de grande potencial para novos negócios de venda de armamentos militares.
Em paralelo, e sempre em nome do combate ao inimigo que não gosta de nossa cultura e de nossos valores, o mundo livre , democrático e próspero, viu e vivenciou atos de extrema violência contra as liberdades individuais, a democracia e a liberdade de expressão . Um retrocesso civilizacional sem precedentes.
" se  não concorda com nossas idéias , então é inimigo" afirmavam os senhores do planeta com amplo apoio da velha mídia ocidental.
Reduziam-se os espaços para o debate, o diálogo, e o arbítrio fundamentalista  cristão ameaçava o mundo.
Encurralada e emparedada, mesmo assim a razão foi ganhando espaço e reestabelecendo as verdades, ainda que somente através das mídias digitais, naquela época , metade  da primeira década do século , já despontando como um novo e poderoso espaço de divulgação de idéias, informações e debates.
Em seguida, aquilo que já demonstrava estar combalido cria um caos no mundo, com a crise financeira que se inciou no final de 2007 e até os dias atuais, com os remédios aplicados, traça um lastro de maldades e violências nos povos mais afetados.
É o retrocesso civilizacional em marcha.
Enquanto isso, aqui pela América Latina, mesmo com o modelo mundial em estado agonizante, o continente não vai mal.
No Brasil, a velha e decadente mídia, que enterrou a história, as ideologias e utopias e a sociedade, hoje discute esquerda e direita e paradoxalmente, ou esquizofrênicamente, necessita da sociedade para ir às ruas, e com isso tentar mudar o quadro político.
Sem mais nenhum argumento que possa sustentar seu ideário, a velha mídia e a oposição apostam na sociedade, justo aquilo que não conseguem mobilizar.
Paradoxalmente, como forma de manter seu ideário e não perder mais terreno, também apostam no individualismo, e até mesmo como estratégia de confronto.
Hoje, o jornal o globo, apresenta em primeira página chamada de matéria em que afirma que o insulto agora é moda, não apenas pela internete. Afirma ainda, que a violência sofrida pelo outro pode ser um motivo de prazer para sociedade, no que é acompanhado pelo portal bol, também de hoje.
Ao valorizar tais comportamentos, globo se refugia e também se agarra no conflito pessoal e na violência como forma de tentar manter um ideário que agoniza.
Na esquizofrênia ou na bipolaridade, na sociedade ou no indivíduo, globo aposta na violência com estratégia de intimidação e chama a sociedade para a barbárie.
Isso significa, que ao longo do ano de eleições globo traça sua estratégia.
No campo da esquerda, a violência é desnecessária, porém, toda e qualquer forma de intimidação ou agressão não será respondida com flores e , se necessário for, com a violência  e até mesmo com mais intensidade.