quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Perigosa cagada de cavalo





Escândalo da carne de cavalo expõe falhas da segurança alimentar na Europa

O escândalo da contaminação por carne de cavalo nasceu no Reino Unido, mas já se disseminou por vários países da União Europeia. Além da retirada de toneladas de produtos das prateleiras, está exposta uma complexa cadeia de terceirização de comida processada que se estende do Reino Unido até a Romênia. A reportagem é de Marcelo Justo, de Londres


Em novembro passado, a Autoridade de Segurança Alimentar da Irlanda coletou uma amostra de 27 bifes de hambúrguer dos supermercados mais importantes do país. Em janeiro, os exames mostraram que dez continham traços de DNA equino e 23 de porco. Hoje o escândalo se disseminou por vários países da União Europeia, provocando massivas retiradas de produtos das prateleiras e expondo uma complexa cadeia de terceirização de comida processada que se estende do Reino Unido até a Romênia.

“A partir da recessão em 2008 houve uma tentativa de baratear custos ante um público que busca produtos cada vez mais econômicos. Isso fez crescer ainda mais uma cadeia de produção já muito globalizada que torna muito mais difícil o controle de qualidade”, disse ao Financial Times Louise Manning, especialista em produção de alimentos do Royal Agricultural College de Londres.

As autoridades irlandesas descobriram que os hambúrguer com DNA equino foram produzidos em três fábricas, duas na Irlanda e uma no Reino Unido. No caso das duas empresas irlandesas a carne importada vinha da Polônia. No da lasanha vendida pela gigante sueca Findus, a carne vinha de uma empresa do noroeste da França, Comigel, que participa na cadeia de produção de comida processada para 16 países. Comigel é, por sua vez, a porta de entrada para um dos tantos labirintos da produção globalizada.

O fornecedor da Comigel era a Spanguero, uma companhia francesa subsidiária de outra, Poujol, com sede no sudoeste do país. A Poujol adquiriu a carne congelada de um intermediário cipriota que, por sua vez, havia subcontratado o fornecimento com outro intermediário na Holanda. Os provedores deste são dois matadouros da Romênia, aparentemente o último elo da cadeia.

A repercussão foi tão internacional quanto este complexo de produção. As grandes cadeias de supermercados britânicos, irlandeses e franceses retiraram de suas prateleiras os produtos em questão, a empresa sueca Findus questionou a francesa Comigel, o chanceler da França, Laurent Fabius, apontou seus canhões para a Romênia, o presidente romeno, Traian Basescu, disse que o escândalo afeta a nação em seu conjunto e a máxima autoridade de Segurança Alimentar da Romênia, Constantin Savu, tentou lavar as mãos dizendo que os dois frigoríficos estavam autorizados pela própria União Europeia, mas que ninguém podia garantir o que ocorria com a carne depois que ela era exportada.

O problema não é tanto sanitário – a carne de cavalo é considerada uma iguaria em algumas culturas -, mas sim um fantasma de toda sociedade industrial: determinar que o produto seja o que diz a etiqueta e não qualquer outra coisa. O controle de qualidade necessário para este tipo de certificação, fundamental no caso dos alimentos por causa de seu impacto na saúde, ficou gravemente abalado em países como o Reino Unido por causa dos cortes orçamentários do governo.

Segundo o prestigiado Instituto de Estudos Fiscais do Reino Unido, o orçamento britânico para saúde ambiental foi reduzido em 32% enquanto que os sindicatos afirmam que dos 800 funcionários que tinha a Agência de Controle Alimentar durante a crise da chamada “vacam louca” nos 90, restou apenas a metade. “A adulteração de alimentos é um fato que sempre ocorreu. Com a atual situação, podemos antecipar que as autoridades ficarão muito ocupadas durante bastante tempo”, disse Louise Manning ao Financial Times. Cabe acrescentar que, a menos que se reverta a situação da contratação de pessoal, a reduzida equipe de inspetores que restou deverá trabalhar dia e noite.




Alimentação Sinistra

Nessa complexa cadeia de produção e terceirização de alimentos processados todo cuidado quanto a qualidade dos produtos ainda é pouco.

Com órgãos de fiscalização cada vez mais fragilizados, e a ganância dos fabricantes cada vez mais forte, qualquer coisa pode parar na mesa do cidadão, principalmente em se tratando de alimentos industrializados, como hambúrguers e embutidos de uma maneira geral
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Os hambúrguers e embutidos  ( salsichas, presuntos , mortadelas e similares) permitem que fabricantes inescrupulosos alterem  a qualidade do produto, adicionando outras carnes  na composição.
Em testes de qualidade de algumas marcas de salsichões já foram encontrados  no produto  asas de insetos, pedaços de papel e fragmentos de madeiras

Esses testes visavam apenas identifcar elementos que não fossem  carne animal, sem entrar no mérito se a carne era mesmo aquela indicada na etiqueta do produto.

No mundo neoliberal da ganância e do lucro , não seria de se admirar se encontrássemos, por exemplo, carne de pombo, ou de rolinha  em embutidos de frango. Ou quem sabe carne de rato ou de gato em embutidos de carne bovina.

Informações atualizadas indicam que recentemente sumiram 70 mil cavalos na Irlanda.
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Se não bastassem essas aberrações testes de controle de qualidade já detectaram resíduos de pó de vidro em papel higiênico.

Além de ingerir uma carne esquisita, o cidadão ao defecar ainda corre o risco de desenvolver hemorróidas.   

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Semba de lá que eu sambo de cá

O carnaval “espetacular”

Meu coração socialista tem muitas saudades do futuro, mas os signos de metamorfose do carnaval ‘espetacular’ de Bruzundanga não podem ser ignorados

08/02/2013

Luiz Ricardo Leitão

Quem ainda se lembra do samba-enredo campeão do desfile de 2012 no Rio de Janeiro? Alguns foliões da Tijuca talvez o cantem na sua quadra – e mais ninguém logrará tal proeza. Contudo, a letra e a melodia de Bum bum paticumbum prugurundum seguem vivas em nossa memória musical, assim como outras joias do Império – basta lembrar a antológica Aquarela Brasileira, do genial Silas de Oliveira, que encantou a passarela em 1964.
Dos mais recentes, eu próprio só recordo a bela homenagem de Martinho da Vila a Noel Rosa, no centenário do Poeta, em 2010. Os leitores devem supor que este cronista padece de uma crise aguda de nostalgia, porém estão enganados. Meu coração socialista tem muitas saudades do futuro, mas os signos de metamorfose do carnaval ‘espetacular’ de Bruzundanga não podem ser ignorados.
Como já escrevi aqui nesta coluna, a conversão do desfile em um evento televisivo só fez realçar o peso dos elementos visuais na Sapucaí – e, de fato, a última escola a vencer impulsionada pelo samba foi o Salgueiro, em 1993 (!), com o seu Ita do Norte, cujo esfuziante refrão (Explode, coração, na maior felicidade...) até hoje agita as ruas do país.
A lógica irracional do mercado ditou, em grande parte, essa agonia do gênero. Por imposição das gravadoras, acelerou-se em muito a harmonia dos sambas, para que todos coubessem em um só disco. Com isso, a velha cadência de Mano Décio, Silas, Zé Katimba, Martinho & Cia. cedeu vez a uma batida frenética, de melodias padronizadas, em que raros refrões logram seduzir o público.
E quem se habituou a cantar os belos e alegres sambas da Ilha nos anos 70/80 (Domingo, O amanhã, O que será?, Bom, bonito e barato) só pode lamentar o que se ouve hoje, ‘colchas de retalho’ compostas por ‘firmas’ que concorrem em várias quadras – e de que logo se esquecerá em meio a tamanha pasteurização.E
A suposta “nostalgia”, pelo visto, não se restringe a este escriba. O sambista Zeca Pagodinho, de forma ainda mais clara e contundente, acaba de declarar, em entrevista, que não vai ao sambódromo em 2013: “Não tem Carnaval! Roubaram tudo. Acabaram com tudo o que é da cultura. Não sei que doideira deu nesse mundo aí.”
Mas a festa vai rolar em Xerém, no sítio de um amigo, com banda de música, decoração e as crianças todas enfeitadas, cantando Mamãe, eu quero, Índio quer apito e outros sucessos dos antigos carnavais. Assim como Zeca, o povo continua a fazer da festa sua forma de contestação. Cresce o número de foliões fantasiados, expressando seus sonhos, suas revoltas e, sobretudo, sua enorme criatividade.
Conforme escrevi em 2012, o carnaval volta a cumprir seu papel dentro de uma sociedade excludente e perversa, liberando as energias reprimidas pelo capital e desnudando a farsa do poder em Bruzundanga. É óbvio, também, que o “mercado” não subestima essa energia colossal e tenta cooptá-la por diversas vias – que o diga a Basf, empresa aliada do latifúndio, com os milhões investidos no desfile da Vila Isabel.
Certos tiros, porém, podem sair pela culatra – e a iniciativa da Campanha contra os Agrotóxicos de entregar uma carta à Vila foi mais que oportuna: “o agronegócio, que não “partilha, nem protege e muito menos abençoa a terra”, quer se apropriar da imagem dos camponeses e da agricultura familiar”.
Em realidade, o episódio só reitera o dilema das escolas em Bruzundanga: com as verbas do Estado e dos bicheiros, não logram mais fazer um carnaval espetacular. Por isso, a São Clemente exaltará as novelas da TV Globo, a Mocidade cantará o Rock in Rio (!) e a Beija-Flor, o Manga-larga Marchador... Quem dá mais, caro leitor? Só mesmo o sarcástico Noel para cantar a moral dessa história: “Quanto é que vai ganhar o leiloeiro / Que é também brasileiro / E em três lotes vendeu o Brasil inteiro?”

Luiz Ricardo Leitão é escritor e professor adjunto da UERJ. Doutor em Estudos Literários pela Universidade de La Habana, é autor de Noel Rosa – Poeta da Vila, Cronista do Brasil e de Lima Barreto – o rebelde imprescindível.

A gente vai se ver na globo. A gente quem, cara pálida ?


 E o carnaval chegou. 
Impossível não falar sobre os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.
Penso que o desfile ganhou uma dimensão  tão grande que deveria ser algo  que não estivesse ligado diretamente ao carnaval. Poderia , inclusive, acontecer em outra época do ano.
O carnaval e os desfiles das escolas de samba são eventos distintos. São poucos, bem poucos os foliões que brincam o carnaval com as escolas de samba. Nesse aspecto a maioria apenas assiste o espetáculo proporcionado pelas escolas. E assiste pela tv.
Conversando com um antigo folião, do tempo que se brincava o carnaval nas Sociedades, disse que iria assistir ao desfile na Passarela do Samba Darcy Ribeiro.
- assistir não tem graça, bom é brincar,  respondeu  de bate pronto e continuou. O carnaval não foi feito para se assistir. Ou se brinca ou se vai fazer outra coisa.
A visão de um carnaval onde a festa era garantida por qualquer um em qualquer lugar vem mudando com o tempo apesar do resgate dos carnavais de rua em cidades como o Rio de janeiro. Desde que os foliões se submetam as normas e regras estabelecidas pela prefeitura da cidade brinca-se o carnaval em blocos de rua. A brincadeira  precisa de ordem. Hummmm...
O ponto alto do carnaval, sem dúvida, é o desfile das escolas de samba e aí concordo com o autor do texto que uma mesmice repetitiva acontece.
No tocante aos sambas de enredo, ninguém conseguer se lembrar dos sambas do ano anterior, salvo alguma exceção na qualidade. Isso se deve, em grande parte, pelas regras estabelecidas para a competição, que engessam a elaboração dos sambas deixando pouca margem para a poesia e a criatividade. Escolas como a Unidos da Tijuca, usam grande parte da melodia de um samba vitorioso para os sambas dos anos seguintes. A Beija-Flor também caminha nesse sentido. Os sambas desse ano, por exemplo, ficam parecidos, melodicamente , com os sambas de anos anteriores, não só nessas escolas , mas em muitas. 
No carnaval deste ano destaque para os sambas da Vila Isabel e da Portela, sem dúvida de qualidade muito acima dos demais, sendo que o samba da Vila Isabel é poético na letra e na melodia, apesar do ritmo sempre aacelerado.
Um outro aspecto que não pode ser ignorado é a influência de tv globo na escolha dos enredos das escolas. Este ano teremos enredos, como disse o autor sobre Fama ( Salgueiro), Rock in Rio ( Mocidade), Novelas ( São Clemente ) onde certamente os produtos a  artistas da tv globo serão lembrados e apresentados por essas escolas.
Cabe ainda ressaltar que a escola Grande Rio  é porto seguro dos artistas para desfilar na Passarela. A maioria dos artistas é da tv globo. Isso já vem acontecendo há alguns anos e , "curiosamente" a escola Grande Rio sempre desfila, todos os anos, mesmo com sorteio para indicar a ordem dos desfiles,  em um horário por volta de meia noite. Alguns críticos  afirmam que esse horário , com garantia de celebridades para os telespectadores, é fundamental para manter a audiência da emissora, pelo menos até a entrada da madrugada.
Outro detalhe , também analisado pela crítica, é a distribuição de celebridades ligadas a  tv globo, por todas as escolas que desfilam.
A tv globo, com a invasão de seus artistas nas escolas e influência na esolha dos enredos, transformou o desfile das escolas de samba em mais um  programa de sua grade.

Desde a vitória da Vila Isabel, em 2006, quando cantou a latinidade e a integração dos povos da América, que somente enredos caretas e comportados vencem o carnaval do Rio. Ate mesmo a crítica política e social, que sempre foram comuns nos enredos das escolas está  sumindo, que o diga a Unidos de São Clemente, que se caracetrizou por enredos de forte crítica e humor, esse ano embarca nas novelas.


Já escrevi em outra ocasião que a exclusividade para uma emissora de tv transmitir os desfiles de escolas de samba é algo nocivo para as escolas e a cultura do samba, principalmente se esta exclusividade é  da tv globo.
Infelizmente o universo das escolas de samba é habitado por patronos , com grande poder de decisão nas escolas, mas  que não tem muita margem de manobra para peitar e fazer exigências que possam alterar não só a exclusividade mas também a qualidade das transmissões dos desfiles pela tv.
Exclusividade com a tv globo em um espetáculo da cultura popular do povo do Rio de janeiro significa um potencial perigo para a própria cultura em questão, sabedores que somos todos nós dos interesses e papéis assumidios pelas organizações globo na vida política e cultural do país ao longo de anos.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Mijados com Garfo e Faca

Unidade do McDonald's vai servir sanduíches com pratos e talheres

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DE SÃO PAULO
Uma unidade do McDonald's no subúrbio de Sidney, na Austrália, vai servir os sanduíches em pratos de louça e com talheres de metal.
Segundo o site Huffington Post, o serviço de mesa será testado por uma semana.
Divulgação
O Bic Mac pode ser servido com talheres na Austrália
O Bic Mac pode ser servido em pratos de louça na Austrália
Clientes que pedirem sanduíches como o Grand Angus e o Big Mac entre 17h e 20hs terão a opção do serviço "mais formal".
Questionados sobre a decisão, os responsáveis pela franquia, Glenn e Katia Dwarte, explicaram que, ao servir familiares com talheres e pratos, acabaram recebendo pedidos semelhantes de outros clientes.
A ideia foi apresentada para a direção geral da rede na Austrália, que autorizou o teste.
Além desta inovação, a franquia também oferece um aplicativo para celular que permite o pedido e compra do lanche antes mesmo de o cliente chegar à loja.
Segundo Katia Dwarte, funcionários do McDonald's de todo o mundo vão até a loja para ver como o aplicativo funciona.

 Selvagens em evolução

Um sanduíche  gigantesco  para se comer sem talheres me parece algo selvagem, animal.
Haja boca.
Não é de hoje que os fast foods  vendem alimentos  que a crítica sugere que deveriam ser consumidos por monstros, andróides ou outras coisas não humanas.
Aliás o mac donald's é considerado o símbolo do capítalsimo. 
Tudo a ver.
A proposta do mac donald's sempre foi de consumir rápido o "alimento" para não perder tempo de ganhar a vida.
Que vida sinistra.
Muitas pessoas adeptas desse tipo de "alimentação" chegam ao ponto de comer os sanduíches de pé.
E para essas pessoas issso é o substituto de um almoço, por exemplo.
A doce vida italiana e o respeito aos ritmos da vida dos povos ibéricos, certamente ficam horrorizados
com essa forma violenta de viver as refeições diárias e ingerir os alimentos.
Para esses povos a alimentação, um almoço por exemplo,  começa bem antes do ato de ingerir o alimento e termina algumas horas depois de  esfregar o guardanapo  na boca e sair correndo pelas ruas.
Durante a ingestão , um ritual acontece.
Na cultura do american way of life o alimento é empurrado goela abaixo, sem nehuma identidade com o ato.
"homem primata, capitalismo selvagem"
A proposta de servir os gigantescos sanduíches em pratos de louça com talheres, imagino que em uma mesa com cadeiras , faz do sanduíche algo menos selvagem, assim como a prática de ingerí-lo.
Espero que os sanduíches não estejam mijados, ou seja , com aquele desagradável odor de hidróxido de amônio.
Seria também civilizado se a rede mac donald's tivesse sanduíches vegetarianos.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A imbecilização e Idiotização do Brasil


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Em que tipo de arte você acredita? Ou: a imbecilização da arte
Por Cynara Menezes, no Socialista Morena
O provocativo artigo de Mino Carta na CartaCapital da semana, A Imbecilização do Brasil, me instigou a escrever um contraponto às palavras dele. Discordo de Mino e sei que, ao escrever o texto, sua principal intenção era justamente levantar o debate. Não, não acho que o Brasil tenha se imbecilizado. A questão, para mim, diz respeito ao que se considera arte. Só Portinari é arte? Existe arte “menor” e arte “maior”? Em que tipo de arte você acredita?
Não vejo “deserto cultural” algum no País. Nos últimos anos, uma nova cultura está surgindo, mas é preciso ter olhos para vê-la. É forte a cultura que vem da periferia e cada vez mais será. Não temos mais Portinaris? Temos grafite. O Brasil é hoje referência mundial em arte de rua. Temos grandes artistas como Os Gêmeos, Nina Pandolfo, Nunca. Estava matutando sobre estas coisas e acabei descobrindo outro fera, o baiano Toz, que acaba de pintar, ao lado de oito grafiteiros, um painel gigante na lateral de um prédio da zona portuária do Rio.
Ao olhar o incrível trabalho de Toz, me dei conta de que a “arte” de que muitos sentem saudade é na verdade uma arte que fica trancada nos museus, que tem de ir à Europa para conhecer. A arte dos grafiteiros está na rua, ao alcance dos olhos de quem passa, não precisa pagar ingresso para ver. Portinari, Di Cavalcanti, Volpi –é indiscutível sua qualidade artística. Mas ver de perto um quadro deles não é para todo mundo. O grafite é –e para mim tampouco é discutível seu valor. Detalhe: o grafite no muro, ao contrário do quadro pendurado no museu, faz qualquer um sentir que pode ser artista. Isso é inclusão.

detalhe do painel de Toz. Foto: Sergio Moraes/Reuters)
Guimarães Rosa, Gilberto Freyre… Entendo a provocação de Mino Carta, mas vários dos nomes que ele cita em seu artigo vieram da elite brasileira. E não é culpa do Brasil se a elite não cria mais. Se, em vez de ir para a Europa se ilustrar e voltar escrevendo ou pintando obras fantásticas, os filhos da elite agora preferem ir a Miami comprar bugigangas, não é culpa do povo. Quem se imbecilizou não foi o Brasil, foi a elite. Já escrevi aqui, em tom de galhofa, sobre os submergentes: a elite brasileira submergiu, emburreceu, se vulgarizou. Por que a imprensa, como diz Mino, está ruim? Porque a imprensa é o retrato dessa elite decadente e inculta.
Mas, prestem atenção: o que tem surgido de manifestação cultural vinda do povo é muito mais do que interessante. Representa o futuro, não o passado que ficou para trás. O mundo mudou, a arte também. “Ah, mas o povo gosta de axé, de sertanejo”. E acaso o axé e o sertanejo vieram do povo? Ou vieram do mainstream, da elite que controla a música, para pegar o dinheirinho do povo? Ivete Sangalo, que cobra 650 mil reais para tocar sua música ruim até em inauguração de hospital, não veio do povo. Luan Santana não veio do povo. Eles se impuseram ao povo por meio de mega-esquemas de divulgação. É completamente diferente.
O rap que vem da periferia de São Paulo vem do povo. “Ah, mas o rap não é brasileiro”. E o que é brasileiro? A bossa nova? Mas ela não veio do jazz norte-americano e ganhou elementos nossos? A mistura está em nosso sangue e em nossa tradição cultural: bossa com jazz, rap com samba, funk com maracatu. Isso é Brasil. Vejo, sim, grandes talentos do rap surgindo, fazendo ótima música e falando a linguagem do entorno onde vivem. Os rappers são os cronistas dos rincões mais longínquos e esquecidos do Brasil urbano. Assim como, gostando-se ou não dele, o funk carioca nasce no subúrbio, em estúdios de fundo de quintal. É original e vibrante. Não é “arte”? Voltamos ao começo: o que é arte, afinal?
Numa coisa Mino tem razão, a TV brasileira oferece muita coisa ruim. É verdade. Mas eu não sou tão pessimista. A Globo, principal emissora do país, de vez em quando brinda seus telespectadores com coisas bacanas, até mesmo em novelas, seu mais popular produto –Brasil é um exemplo recente. Ironia: as outras emissoras comerciais, que pretendem tirar a “supremacia” da Globo, não têm nenhuma exceção, só oferecem lixo. Mas vejam só, temos TV a cabo, com várias opções (eu gosto muito do Canal Brasil), e ainda tem a TV pública. Ninguém é obrigado a assistir porcaria, é só usar o controle remoto.
Hoje mesmo li o Zeca Pagodinho se queixando de que não toca samba no rádio. Pois eu ouço samba direto no rádio, sabem por quê? Porque só ouço rádio pública, todas com programação de alto nível e variada. Zeca, como tanta gente que reclama do que toca no rádio, devia simplesmente boicotar as emissoras comerciais.
Não vejo imbecilização alguma do Brasil. Temos uma significativa parcela de pessoas recém-incluídas que já estão produzindo cultura e, incentivadas, produzirão cada vez mais. É uma notícia excelente: não são mais só os 5% de brasileiros que tinham acesso à cultura que podem fazer música, pintura, literatura, cinema. Ainda não deu tempo de uma nova geração de intelectuais, oriunda das classes mais baixas da população, como é possível hoje, se formar. No futuro, tenho certeza, virão daí os novos Gilbertos Freyres, os novos Sergios Buarques de Holanda, escrevendo sobre o País, suas mazelas e seus desafios.
Com a diferença de que, para eles, não será só uma paixão intelectual. Sentiram na pele o que estão falando. Escreverão com as vísceras. E é essa, para mim, a melhor definição de arte, sempre: aquela que vem das vísceras


A  Dor da Ignorância



Que vivemos em um processo de imbecilização e idiotização da população da brasileira, isso me parece muito claro.

Vou mais além e afirmo que o processo não é exclusivo dos meios de produções artística e infornativa de nosso país, e que tem abrangência em muitos países do ocidente.
 
Isso significa dizer que a população brasileira é imbecil e não existe arte de qualidade sendo produzida ?

Não.

Existe muita coisa boa sendo produzida pelo país, entretanto a produção apenas não anda sozinha.

São necessários meios para divulgação daquilo que é produzido.

Uma praça pública é um meio de divulgação artística.

A internete também é um meio de divulgação.

No meu entender a questão está toda na filtragem e controle daquilo que deve ser divulgado e vendido  como arte.

Partindo dessa premissa é impossível não concordar com Mino Carta.

As forças que detem o poder de definir, escolher e divulgar o que é arte  despejam idotices de péssima qualidade para a população, principalmente pelas emissoras de tv ( abertas ou fechadas) e de rádio.

Os movimentos de periferia que produzem hip-hop, funk, grafite, poesia, samba e outras expressões artísticas são de extremo valor e produzem excelentes conteúdos, entretanto quando são divulgados pelas tv's comerciais normalmente aparecem em horários não muito nobres e ainda são formatados para que em futuro próximo sejam domesticados embalados e vendidos de acordo com as necessidades das forças de divulgação e comercialização artística.

Isso é fato.

Regina Casé, na tv globo, faz esse papel.

Para essa indústria vale o conceito de animação, no sentido de festa, alegria. A arte que alegra, anima, sai do chão.

E mais, que seja de assimilação imediata, descartável e que não provoque nenhuma análise crítica.

Isso é imbecilização, idiotização.

Afirmar que mesmo a tv aberta produz coisa boa, citando como exemplo a novela da tv globo Avenida Brasil, não me parece relevante e nem exclui a imbecilização em curso.

De fato a novela citada foi muito bem aceita pela crítica e pela população.

Cabe lembrar que a tv globo produz uma grande quantidade de novelas e de vez em quando, uma acerta. 

Não é mérito.

Dizer ainda que a arte boa é aquela que vem das víceras não serve como regra.

A dor não é essencial para a arte.

O preço que o artista paga é muito alto, quase sempre com a vida. VanGogh, Cássia Eller, Janis Joplin, Raul Seixas, Ellis Regina. Paul Gaugain são alguns exemplos.

O melhor é aquela arte que apresenta um equilíbrio entre as vísceras e as sinapses.

Catarse emocional nem sempre é arte, pode ser terapia. 

Nise da Silveira sabia disso.


Pode até ser aceito como um modismo artistico em determinados períodos da vida de uma sociedade., mas dái a chamar de arte há um abismo.

A dor não é essencial para a produção artística. Um engajamento é essencial.

Dizer ainda que caso um telespectador não gostar do que assiste que use então o controle remoto, é admitir uma diversidade e independência  de produções artísticas e informativas que não existe no universo midático brasileiro, controlado por poucas famílias e uniformizado na produção e divulgação de conteúdos.

É também repetir o argumento dos proprietários dos meios de comunicação quando questionados sobre a democratização dos meios de comunicação.

Também penso que a arte não pode ser elitista, somente para iniciados. como também não pode ser popularóide, para imbecis

Popular sem ser popularóide. Culta sem ser elitista.






terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A Tragédia da Imprensa

 

Mortos e feridos ainda terão muito a contar

Por Alberto Dines em 05/02/2013 na edição 732
Boate, do francês boîte, é caixa, ambiente fechado, casa noturna. Nas antigas boates, o escuro era aconchegante, quem se divertia eram os adultos, geralmente endinheirados. Similares modernos, muito escuros, negros, chamam-se discotecas, danceterias, frequentadas exclusivamente por jovens, com dinheiro contado. Para rentabilizar o investimento as boates precisam estar superlotadas. É a essência do negócio dessas caixas pretas.
Para Paulo Prado, em Retrato do Brasil, somos um povo triste. Tiranos, tiranetes e seus comissários nos querem alegres, saltitantes, festeiros – o culto ao prazer é uma forma de domesticação.
Resultado: não sabemos lidar com o luto. A última vez em que nos metemos numa guerra foi há cerca de setenta anos (1942), portanto há duas gerações. Estamos a salvo de terremotos, tsunamis e as catástrofes climáticas, além de recentes, ceifam majoritariamente os pobres e carentes. Por eles não se põe a bandeira a meio-mastro.
Os brasileiros acordaram na manhã de domingo (27/1) com os relatos dantescos do que acontecera durante a madrugada na boite Kiss, Rua dos Andradas, centro de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Neste caso a comparação de desempenhos é secundária, prematuro teorizar sobre a cobertura da morte quando ela ainda está à espreita. Algumas percepções podem ser registradas à margem, nada que já não tenha sido apontado em outras circunstâncias (ver abaixo).
Importa que nos últimos dez dias, na temporada mais festeira e hedonista do ano, alternamos as três centenas de tragédias singulares, personalizadas, com uma tragédia plural, brutal, massiva, autêntica chacina – dolosa ou culposa – surda , anônima, intensa, institucional.
Não sabemos nos enlutar, o verbo é estranho, a sensação mais ainda. Condoer-se é inconfortável. O que sobrou da dor é justamente o seu antídoto – revolta e indignação.
Atenção, material inflamável.
Fatalidades só ocorrem em lugares ou situações onde não se imagina que possam ocorrer. Esta distração tem nome e castigo. Com os olhos ainda marejados e as almas machucadas, o estado de espírito que começou a aflorar depois de iniciado o inquérito policial tem ingredientes que soam familiares. Imprudência, negligência, incúria, irresponsabilidade, são palavras-delitos já incorporadas ao nosso cotidiano. Com elas vêm as imagens de propina, chantagem, corporativismo e corrupção.
O horror à imoralidade, e consequentemente à impunidade, não é uma abstração filosófica, é um dado concreto, apartidário ou suprapartidário, porque o brasileiro vem sendo agredido em grande parte dos seus direitos – como cidadão, consumidor, cliente, paciente e, sobretudo, como eleitor.
Em algum momento a dor converte-se em raiva e a solidariedade em reação. O que era difuso e confuso, por associação de ideias converte-se em cobrança, exigência, protesto.
Junto à imagem dos jovens heróis que salvaram tantas vidas começa a armar-se a necessidade de um zorro, o xerife, o vingador que levará os suspeitos à barra dos tribunais e depois ao cárcere.
Mesmo sepultados, os mortos de Santa Maria têm ainda muito a dizer.
Desempenhos
Os portais noticiosos na internet mostraram-se absolutamente inúteis e ineficazes, não serviram para notícias quentes nem para análises ou opiniões veementes. Distantes e insuficientes. Como se a catástrofe tivesse acontecido na Islândia ou no Mali.
Não confundir jornalismo pela internet – nota zero – com comunicação digital (nela compreendidas as redes sociais) – nota cem. Apesar das colossais deficiências da nossa telefonia digital, serviu para avisar, contatar, pedir e prestar socorro.
As emissoras de rádio, primeiras a despertar, desapareceram tão logo entraram em ação os canais noticiosos de TV com o seu formidável potencial informativo. Caso da GloboNews. A TV aberta, cada vez mais fatiada pelo entretenimento, esfriou. Já houve um tempo em que para saber o que acontecia na rua era indispensável ir para casa e sintonizar as redes de TV. Substituídos pelos canais fechados, all news.
Na esfera dos impressos: os três jornalões, partiram-se em dois grupos: os paulistas (Folha e Estado), forçando uma aparência nacional, despejaram o noticiário de Santa Maria nos cadernos ditos locais. Funcionou nos primeiros momentos da tragédia, mas à medida que as grandes cidades – sobretudo São Paulo, onde são editados e circulam – começaram a tomar drásticas medidas de fiscalização, o sofrimento pelo outro foi sendo varrido e substituído por um egocentrismo local.
O Globo fez bem em recusar a cadernização burocrática, absurda, e absorveu todo o noticiário no primeiro caderno. O jornal trepidou de emoção e indignação de ponta a ponta.
A segmentação é um cacoete que já deveria ter sido desativado. Inclusive em emissoras de rádio – em certos horários os(as) âncoras parecem viver em outro mundo.
As semanais Veja e Época anteciparam a chegada às bancas, perceberam que ainda há muito espaço para o jornalismo de qualidade.
Na avalanche de pensatas, uma entrevista do psicanalista Tales Ab’Sáber à repórter Mônica Manir (Estadão, domingo, 3/2, caderno “Aliás”, pp 4-5) terá que ser desenvolvida no momento apropriado. Com o título “A balada do nada”, Ab’Sáber constata: “Jovens festejam na noite o fato de não terem o que festejar”.


A cobertura da imprensa tradicional foi pífia, vulgar e com apelos sentimentalóides e sensacionalistas.

Uma lástima.

O que se viu nas emissoras de tv foi uma disputa  pelo melhor circo dos horrores.

Uma tragédia.

Enquanto familiares das vítimas, inconsoláveis com a dor, perambulavam pelos locais da cidade trágica, repórteres das emissoras de tv, em tentativas medíocres de furos impossíveis, os abordavam perguntando o que sentiam naquele momento.

Uma dor terrível.

A disputa por ancorar o telespectador  produziu repetições infinitas de cenas que sequer deveriam  aparecer ao menos por uma vez.

Uma ganância.

A tragédia da cidade gaúcha produziu um farto material para análise, investigação e discussão , que ainda não foi abordado e acredito que passará  pelas cercas dos conteúdos desejáveis. Envolvidos na tragédia está um setor . de casas noturnas e festas, obscuro, que sabidamente abriga contraventores e outros crminosos que se utilizam do negócio como fachada para lavagem de dinheiro e outra finalidades.

Uma sujeira.

Ainda coloca em cena a questão da corrupção dos órgãos de fiscalização, que viabilizam licenças em troca de generosos doces bem decorados. Inevitável não pensar no Sr. Aref, funcioário médio da prefeitura de SP que acumulou um patrimônio de quase 40 milhões de reais através de seu trabalho de licenciamento de obras .

Uma empreitada.

Os jovens, em todas as épocas, sempre tem motivos para festejar alguma coisa, até mesmo pelo fato de serem jovens, o que todos nós já fomos um dia, mas que alguns não percebem. Dizer que os jovens apenas estavam alí , sem saber o que festejar, é estar fora de seu tempo, ou pior, de sua história.

Um anacronismo .

A imprensa, digital, radiofônica, tv"s, impressos, pouco aprofundaram em um tema repleto de insumos e práticas que correm livremente pelos subterrâneos das cidades, ou navegam em águas perigosas.

Um bateau mouche.

As redes sociais, como tem ocorrido em situações semelhantes, cumpriram seu papel e , em alguns casos produziram os perseguidos furos de reportagem que a jurrásica imprensa tradicional  não mais pode fazer.
Os jornais digitais, tradicionais, abordaram a tragédia tangenciando as implicações para o acidente. Nada mais. As tv"s, seguindo a linha imbecilizante da tv brasileira , mais uma vez apelaram para o circo dos horrores.A imprensa escrita e investigativa ( ainda existe ?) tem um farto material para pesquisa e produção. Fez muito pouco.

Um cardápio de abobrinhas.
 
Ao afirmar que os portais da internte não produziram sequer opiniões contundentes, imagino que o nobre observador também esteja falando do seu observatório que atua na rede mundial de computadores, desde 1996.

Um vanguardista.





 

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Palavras + Leis = Golpe

Imprensa e toga: a tentação do golpe

Não deve ser motivo de surpresa que os membros dos dois campos (midiático e jurídico) se vejam empenhados em mudar as regras formais do jogo político, inaugurando uma série de eventos dramáticos com o objetivo último de deslegitimar o governo eleito pelo povo.



Como realizar uma tarefa desmedida, a retomada da agenda neoliberal, se na direita nada há que não seja um imenso vazio? A sua ideologia, incapaz de se reciclar, continua se apoiando em um pensamento econômico que, além do fracasso retumbante, exige para sua implantação, a derrocada das mínimas condições democráticas vigentes.

Para operar a demolição do país é necessário modificar profundamente a estrutura de poder no Brasil. E não nos iludamos. O protagonismo do judiciário, traduzido em confronto permanente com o Legislativo e outras instâncias da organização republicana, nomeadamente, o Poder Executivo, é peça central de uma onda golpista que tende a se acirrar em 2013.

É bom lembrar, como destaca a tradição marxista, a capacidade das classes dominantes de deslocar o centro do poder real de um aparelho para outro tão logo a relação de forças no seio de um deles pareça oscilar para o lado das massas populares. A estratégia é restabelecer, sob nova forma, a relação de forças em favor do capital rentista. É à luz da perda de importância dos partidos conservadores, em especial do PSDB, que se estabelece a proeminência das corporações midiáticas e de um STF por elas pautado.

Não deve ser motivo de surpresa que os membros dos dois campos (midiático e jurídico) se vejam empenhados em mudar as regras formais do jogo político, inaugurando uma série de eventos dramáticos com o objetivo último de deslegitimar o governo eleito pelo povo.

E por que tal empreitada ainda se afigura no horizonte das viúvas do consórcio demotucano? Porque nossas elites estão pouco acostumadas com a vida democrática, sendo incapaz de enriquecer o debate político. A democracia, como todos sabemos, não prospera sem o compromisso de todos com sua manutenção.

Seria preciso que a imprensa, o sistema educacional, as lideranças empresariais e intelectuais apoiassem a ideia democrática como única forma que legaliza e legitima o conflito. Nada mais incompatível com a prática e o discurso que caracterizam a falange neoliberal brasileira, forjada a ferro e fogo em uma formação autoritária secular que considera a negociação de interesses opostos como fator impeditivo para a adoção das medidas necessárias solicitadas pelo mercado. Estamos diante de atores que, como sabemos há muito tempo, não recuam de medidas mais radicais para a execução das tarefas a que se propõem: o desmonte do Estado e o aniquilamento da cidadania.

A maior presença, dia a dia, do Poder Judiciário reconstitucionalizando o direito ordinário à luz dos editoriais (estatutos) da mídia corporativa, não é um episódio isolado, uma carta encomendada apenas para o julgamento da Ação Penal 470. A nova direita brasileira, cega e surda, arrogante e displicente, irá às últimas consequências para o cumprimento de suas metas. Nem que para isso tenha que levar à desmoralização o seu próprio braço parlamentar.
Não há limites para o golpismo. Se dessa vez o estamento militar opera nos marcos da legalidade, não há problemas. Que se troquem as fardas por togas dóceis. A margem de manobra é mínima, mas a tentação é grande.

A tarefa mais urgente, pois, é continuar mobilizando a vontade nacional, atuando em todos os movimentos sociais organizados. É preciso deflagrar uma campanha orgânica de desmistificação do noticiário envolvendo questões legais. Ao país interessa um Poder Judiciário que , como guardião da Constituição Federal, dinamize os instrumentos processuais constitucionais previstos para garantir o funcionamento da democracia. E isso significa evitar que o Estado volte a ser atropelado pela insanidade dos golpistas, ficando sem condições para cumprir e fazer cumprir as leis.
.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil



O assunto de uma tentativa de golpe de estado nos governos do PT está presente quase que diariamente nas mídias alternativas, ou "sujas", como são chamadas.  

Importante que seja assim.

De fato, desde a primeira vitória do PT, isso lá pelo final de 2002 -quando os EUA se preparavam para inavadir o "perigosíssimo" Iraque que ameaçava o mundo "civilizado" com um arsenal de armas de destruição em massa  - que a  grande imprensa brasileira e também todo o grande aparato midiático trabalha diariamente para inviavilizar os governos populares e democráticos do PT.

E foram muitas as tentativas, explícitas, para alterar a agenda vitoriosa escolhida pelo povo. Sim, o povo que votou em Lula e Dilma, votou e escolheu não apenas candidatos, mas também uma agenda de governo.

O primeiro grande movimento para derrubar Lula e o PT aconteceu em 2005, quando surgiu a denúncia do chamado mensalão e fez com que a aprovação de Lula e seu governo atingissem os percentuais mais baixos, que comparados com o governo anterior ainda eram índices expressivos.

Os rejeitados pelo povo, com o auxílio da mídia e da imprensa, querendo alterar a vontade popular e a agenda vitoriosa.

A partir de meados de 2005 até a eleição presidencial de 2006, algo em torno de 16 meses, foi um bombardeio diário promovido pela grande imprensa e pelo aparato midiático, contra Lula e o governo do PT. Dezembro de 2005 era comum encontrar na sopa de letras do caldo direitista golpista expressões do tipo: " Lula está morto",   "dificlmente vai se reeleger", "está acabado"

O desejo  e a realidade  caminhavam separadas.

Algumas vozes, mesmo do campo da direita, alertavam contra o otimismo que dominava os quartéis midáticos da estrutura golpista. Em dezembro de 2005 , ouvimos:
- FHC ao questionar uma  afirmação de um otimista repórter da grande imprensa ao entrevistá-lo, afirmando que Lula estava politicamnete morto; " você acha ? Não tenho certeza disso "
- Delfin Neto, alertando aos otimistas da grande imprensa:
"Lula é um líder, tem um capital político gigantesco. Ele não só está vivo como tem grandes chances de vencer as eleiçoes de outubro"

A estratégia usada pela grande imprensa, para atacar Lula e o PT, nos desesseis messes que antecederam o pleito de 2006  foi cuidadosamente tecida, até mesmo com detalhes rococó, em um revezamento no lançamemto de supostas novas denúncias entre os principais veículos de imprensa.  Veja trazia um factóide que, obviamente seria repercutido a exautão pelos demais. Na semana seguinte o jornal nacional da tv globo, apresentava denúncias "fantásticas" e inquestionáveis sobre o governo. Dias ou meses seguintes, seria a vez da Folha de SP, com reportagem  "cuidadosamente investigada" por seus funcionários cumpridores de ordens, e assim o mesmo com o Estadão e outros jornais da grande imprensa.

E foi assim até o primeiro turno da eleição de 2006, que apontava o "morto" Lula como favorito , até mesmo para vencer em primeiro  turno.
E aí, mais uma vez, em uma tentativa derradeira, a grande imprensa e o aparato midiático lançaram-se nas vazias e desertas avenidas de suas letras, sons e imagens, para alterar a vontade popular das avenidas reais que se delineavam para Lula. 
Surgia, aos decibéis do desespero midiático, um factóide que ficou conhecido como a compra de um suposto dôssie sobre o PSDB por partidários de Lula, com a intençao de prejudicar o candidato do PSDB,. A farsa foi montada. 
Cuidadosamente montada, inclusive com o dinheiro vivo que seria utilizado para pagar os donos do tal dossiê. 
As fotos dos jornais e as imagens no sensacionalista e "ético" jornal nacional da tv globo,nas véspera da eleição, foram feitas para que não surgissem dúvidas; O PT queria melar a eleição com métodos nada democráticos. 
A verdade revelou o oposto, mas mesmo assim o clima criado pela grande imprensa e pelo aparato midiático foi o suficiente para impedir a vitória de Lula já no primeiro turno, fazendo com que a eleição fosse para o segundo turno entre Lula e o candidato do PSDB. 
Foi um clima tão estérico e focado em alterar a vontade popular que tv globo , omitiu, no jornal nacional daquele dia, um dos maiores acidentes da aviãção comercial da história brasileira, o avião da empresa Gol, que se chocou com um pequeno jato, e caiu na floresta amazônica, matando todos os seus ocupantes.  
Nada poderia alterar o foco da opinião pública, na visão dos feiticeiros da redação da casa dos marinhos.

Consolidado o segunto turno, o país inteiro sentiu uma enorme sensação de vazio e perplexidade, por conta do silêncio imediato da grande imprensa e do aparato midiático ( que fazaim um barulho ensurdecedor por quase dois anos), que , de certa forma, acreditavam ter cumprido seu papel até aquele momento, ou seja, conseguir pelo menos um segundo turno. Porém esqueceram-se que gastaram toda sua força no primeiro turno e Lula venceu  até com facilidade e ainda a eleição revelou algo inusitado:
 - o candidato do PSDB, no segundo truno teve menos votos que os obtidos no primeiro turno.
Compreende-se , pois no primeiro turno a população sofreu uma violenta pressão midiática e algumas pessoas ainda são sujeitas a esse tipo de pressão.

Lula aprendeu a lição e no seu segundo governo dedicou-se mais ao povo e entendeu que não há nenhum tipo de acordo com os setores da elites retrógrados e reacionários e aí entende-se toda a grande imprensa e o aparato midiático.

Cascudo em livrar-se das armadilhas, Lula fez um segundo governo com total desenvoltura , projetando ainda mais o país internacionalmente, para desespero da imprensa que insistia em apresentar sempre um noticário negativo em relação ao governo.  A realidade sempre vence e Lula emplacou Dilma na presidência, para desepero ainda maior da direita , agora ainda mais fragilizada.

Não faltaram, porém, as mesmas técnicas de manipulação de distorção dos fatos sempre para beneficiar o candidato da oposição, que em 2010 era representado pelo fervoroso religioso José Serra. Ficou famosa , inclusive com status internacional, o "atentado com uma bolinha de papel na área de calvice do candidato da oposição". Sabemos todos, que  a tv globo quis transformar o fato em um atentado contra a integridade física do candidato religioso da oposição. 
Com as redes sociais já bem mais disseminadas e atuantes que em 2006, a farsa da bolinha de papel foi desmascarada, transformando-se em um dos maiores micos da tv globo.

Dilma chegava ao poder, emplacando o terceiro governo sucessivo da bem sucedida agenda do PT.
Os três primeiros meses do governo Dilma foram marcados, no noticiário da grande imprensa e do aparato midiátio, em diários e violentos ataques contra Lula e seu governo , inclusive com ataques de cunho pessoal , até mesmo tangenciando xingamentos . Lula deixara o governo, e não podia responder pela mídia, como sempre fizera quando  governo. 
A grande imprensa e o aparato midiático, através de seu comportamento nesses três meses iniciais, revelaram para todos o seu ódio e como deve ter doído, para a imprensa e elites retrógradas, as verdades que Lula apresentava na imprensa enquanto governo.

O foco da imprensa e do aparato midiático, mudou e tentativas inúeis fracassaram ao se tentar apresentar a Presidenta Dilma como deslocada de Lula e PT. A idéia de uma governante apenas técnica foi um fiasco.

Enquanto Lula se recuperava de uma cirurgia para tratar de um cancer, a imprensa seguiu seu mantra de apresentar somente aspectos negativos do governo Dilma. O Brasil"era um caos" na leitura dessa imprensa.

Até que é chegado o momento do julgamento da ação penal 470, rorulada pela imprensa como mensalão.

Para todos nós conhecedores do comportamento da grande imprensa e do aparato midiático, inclusive o caro leitor, claro, o início do julgamento da AP 470 foi revelador
.
No dia em se inicou o julgamento dos réus, toda a grande imprensa e o aparato midiático disponibilizaram um farto material jornalistico que, entre outras coisas, revelava uma enorme expectativa pelo o que se iniciava e, também uma grande ansiedade por resultados possívelmente conhecidos. Ao ver o farto material nas bancas, pela manhã, conclui de imediato:

- aí tem coisa.

Por outro lado, e o tempo demonstrou ser o lado realista, a população brasileira não nutria da mesma expectativa  e menos ainda demonstrava ansiedade pelo que viria.

Excesso de expectativa e de ansiedade também cegam.

A grande imprensa, que sempre quando acusada se defende que apenas retrata os movimentos e anseios da população, criava uma pauta instiutcional que se prolongou diariamente por meses, o que , com certeza, deve ter contribuído para mais um de seus fracassos. Não que o povo não se interesse por assuntos dos poderes da república, porém esses assuntos tomaram o lugar da realidade, da vida cotidiana nas cidades e ainda contribuiram para omitir ainda mais as realizações positivas do governo federal que afetam diretamente a vida do povo. Na visão , ou desejo, ou ambos, da imprensa e do aparato midiático, o Brasil se resumia a expressões áridas, de difícil entendimento para a maioria do povo, e ainda sobre um assunto polêmico na compreensão popular, que é a corrupção. 

O tempo e a experiência tem demonstrado que o brasileiro não confere um peso excessivo a corrupção para a escolha de seus rerpresentantes políticos. Até o momento ninguém consegue explicar tal comportamento, entretanto um amigo delegado de polícia me confidenciou o seguinte:

- no sistema prisional brasileiro, cadeias , penitenciárias , etc, os  presos por  "crimes" políticos e ideológicos e os presos por crimes financeiros, são os que menos sofrem represálias  e violências pelas lideranças de dententos mais antigos. Parece haver um respeito e admiração, pelo mundo do crime, por estas modalidades de práticas criminosas. Talvez esse respeito tenha eco nas populações mais carentes podendo até mesmo afetar a classe média.

A declaração do amigo delegado, um homem da lei, merece uma atenção e um estudo mais detalhado.

Voltando ao julgamento da AP 470, o que se viu, nunca dantes na história do páis, foi um desfile de egos togados, que devido a visibilidade, sufocavam a população até mesmo em locais remotos.

Todo o discurso midiático encaminhava para uma condenação exmplar dos réus,antes mesmo que que as sentenças fossem apresentadas. Para isso , não faltaram jornalistas e colunistas apresentando variadas teses que não poderiam deixar dúvidas quanto a um resultado que não fosse pela condenação dos réus.

Parece para os mais atentos, e o caro leitor se inclui no grupo, que houve um direcionamento para um resultado que fosse somente aquele desejado pela imprensa e pelo aparato midiático.

A pressão foi intensa, desproporcional e  absurda.

Juízes do STF que ousaram  apresentar pareceres contrários ao desejo comum da imprensa, sofreram represálias pelos meios de comunicação que chegaram, inclusive, a sugerir protestos da população contra tais juízes, em uma ação clara de violência e intimidação. 

Tudo isso acontecia a margem  da realidade do povo e , como ficou demonstrado, em nenhum momento o assunto seduziu a população, apesar de tentativas por parte de jornais populares em popularizar os juízes do STF.

Não deu samba. 

O ponto alto da articulação midiática foi "coincidir" a apresentação das sentenças dos réus com as eleições municipais de outubro de 2012. onde  toda a imprensa e o aparato midiático acreditava cegamente que uma vez declarados culpados, o PT e os candidatos do governo sofreriam grande derrotas.

Erraram feio. E mais uma vez. 

Se não bastasse o fracasso da imprensa  em tentar  conduzir a opinião pública, o PT e os partidos da base aliada do governo foram os grandes vitoriosos das eleições, com destaque para a conquista da prefeitura da cidade de São Paulo, um reduto conhecidamente oposicionista. Nesse aspecto surgia a figura do ex-presidente Lula como o grande vitorioso das eleições.

Certamente não foi uma bala de prata na cabeça de grande imprensa, mas provocou inúmeros e sérios ferimentos na já combalida e desmoralizada estrutura de oposição do país. Essa mesma estrutura que durante meses a fio trabalhou de forma ordenada para ordenhar até a última gota do mais precioso elixir que acreditavam , eles da imprensa, seria a fórmula para transmutar a realidade democrática e polítca do país.

As palavras não foram eficazes.

Confirmado como o grande vencedor das eleições, Lula passou a ser perseguido ainda mais, como já era de se esperar. Aliás em um pronunciamento recente em um fórum em Havana, Cuba, ao se referir a imprensa Lula disse que é atacado por que é um vencedor, e os setores que o atacam não tem compromisso com o Brasil e muito menos com as necesidades do povo. 

Sempre exato e preciso e ex-presidente.

Voltando ao desdobramento da vitória esmagadora do PT e do governo nas eleições, a grande imprensa e aparato midiático imediatamente, demosntarndo nehuma racionalidade e uma  inteligência limitada, partiram para o ataque contra Lula com acusações desprovidas de qualquer aproximação com a realidade do ex-presidente. Até a vida pessoal e íntima de Lula foi atacada, em um dos momentos em que a imprensa brasileira e o aparato midiático revelaram todas  as entranhas de sua mediocrídade.

Nunca dantes na história do país a imprensa e o aparatao midiático se expuseram tanto na tentativa de alterar a vontade popular, a ponto de colapsar todo e qualquer resquício de credibilidade que ainda pudesse existir para esses meios.

Lula não se intimidou e como resposta anunciou a retomada das caravanas pelo país, onde estará ao lado do povo, discutindo e debatendo os principais problemas.

Ao tomar conhecimento da resposta de Lula a imprensa enlouqueceu ainda mais. Não mais sabia o que pautar, a AP 470 que estava definida, a tentativa de incriminar de alguma forma o ex-presidente, ou ainda atacar o governo Dilma. 
Optou pela última.
Foi quando teve início, de forma repentina como é de praxe no ordenamento midiático, uma séria de notícias negativas sobre o governo Dilma. O País estava um caos. Com Lula em stand by, para novas investidas quando for o caso, a grande imprensa e o aparato midiático resolveram  acabar literalmente com o pais.
Teve início a gritaria sobre um fictício apagão de energia  que poderia ocorrer a qualquer momento, tamanha era a gravidade do setor de energia elétrica do país.
Para sustentar o delírio não faltaram, claro, os especialistas de plantão que circularam por vários veículos de imprensa para sustentar a tese desejada, não a realidade.

Foi a gota d'água no reservatório presidencial.

Devidos as mentiras alarmistas que visavam desestabilizar a ordem  democrática, a Presidenta Dilma ocupou o espaço eletromagnético e , em cadeia nacional de rádio e TV, no horário nobre, esfarelou toda a farsa montada pela frágil oposição e pela imprensa.

Foi mais um massacre sofrido  por uma imprensa, agora claramente e indiscutivelmente orientada para o conflito e a desestabilização da ordem democrática, ou seja o golpe.

Daí, meu caro leitor, a insistência proativa desse blogueiro e de outros sites, portais e blogues "sujos" em tratar quase que diariamente desse assunto, pois como bem colocado pelo artigo publicado em CARTA MAIOR, motivador desse meu comentário, novos passos serão dados pela imprensa e pelo aparato midiático  na tentativa de desestabilizar e alterar a ordem democrática. Com a proximidade das eleições de 2014, faltam pouco mais de vinte meses, esses passos serão uma constante e o alinhamento e parceria com setores do judiciário podem viabilzar o chamado "golpe democrático" a exemplo de Honduras e Paraguai.

Toda a atenção é necessária e deve se estender para além do noticário político e econômico. A título de exemplo, convido o caro leitor, ainda neste  artigo, a me acompanhar na análise de como outros assuntos de âmbito midiático contribuem para os ideiais opressores e  golpistas. 

A cultura, ou a ausência desta, é uma estratégia em curso para desmobilizar a população. 
Já vem de duas décadas, desde a queda dos regimes comunistas do leste europeu, que um movimento de idiotização e imbecilização cultural está em curso. 
A décadade 1990 viu a chegada desse movimento, com intensidade e extremo frenesi, que rapidamente contaminou e ocupou todas as emissoras de rádio e tv. 
As artes , no pior do popular e de consumo fácil, consolidavam-se como referência em nossa cultura e em todo o ocidente. 
Ganhava corpo a cultura da exibição, o sucesso a qualquer preço.
O brasileiro nunca foi tão exibicionista. 
Chegamos ao ápice, hoje, com a cultura de reality shows de vermos profissionais como artistas, esportistas, jornalistas e outros ( ou seja , profissionais em que a própria profissão confere visibilidade) participando de reality shows para externar mediocridades e vulgaridades de suas vidas pessoais, que em nada interessam para o público. 
O exibicionismo chegou a um ponto em que o Brasil lidera o ranking de cirurgias  íntimas, que para surpresa do público, são detalhadamente apresentadas pelas pessoas que a elas se submetem. 
Os relatos de intervenções cirúrgicas plásticas em vaginas e bolsas escrotais ( para o leitor pouco familiarizado com termos técnicos, bolsa escrotal é aquela parte da genitália masculina vulgarmente conhecida como saco ), ganham contornos cômicos, se não fossem ridículos e imbecis.
Pessoas que desejam se exibir, desejam se exibir para alguém.  
Relatos de cirurgias em vaginas e em bolsas escrotais, trazem as genitálias para o foco das atenções.
Para quem deve ser direcionadas a nova vagina e o novo saco duro ? 
É a questão que se impõe.
O caro leitor concorda que essas pessoas são cômicas.
O ponto culminate desse movimento de imbecilização e exibicionisno são os reality shows, com destaque para o principal deles, o big brother brasil , da tv globo.  
É o exibicionismo na exibição. 
Chegamos ao ponto do meta exibicionismo.

Entretanto, caro leitor, não se iluda nem mesmo leve o asunto para o campo apenas cômico. 
Uma população majoritariamente imbecil e idiota, que não desenvolva um pensamento crítico sobre os temas da realidade é facilmente conduzida e cooptável.

Os blogues ditos sujos, deveriam ter um selo como os dizeres:

" Penso, logo insisto".


Em paralelo a esse movimento de imbecilização cultural e idiotização da população ,visando o não exercício de formas de pensamento crítico, atuam os chamados think tanks, do campo midiático conservador. 

A fórmula é perfeita.

Aos transformados em idiotas e imbecis colam-se conceitos e visões sobre a realidade.
É comum ouvirmos do campo conservador declarações do tipo:
" não existe mais luta de classes" ou ainda " as pessoas , atualmente, se ocupam apenas de necessidades próximas e comportamentais " 

O caro leitor sabe muito bem que a luta de classes se reinventa, se transforma, e nunca acaba enquanto não acabar a dominação dos mais ricos sobre os pobres.
No final da década de 1990, acontecia a primeira grande manifestação contra o poder do capital. 
A reunião da OMC em Seattle, nos EUA, foi palco de uma grande manifestação, onde diferentes grupos tinham em comum o mesmo inimigo. 
Entre os manifestanmtes encontravam-se  grupos representando o mundo do trabalho, grupos de movimentos pelos direitos humanos, grupos pacifistas, grupos de movimentos ambiental, e outros. Talvez, e com certeza, alguns desses grupos tivessem grandes diferenças entre suas reinvidicações, mas todos tinham em comum o mesmo inimigo.
O que talvez melhor possa retratar essa nova luta de classes em um mundo globalizado, foi o movimento Occupy WS, nos EUA, que apresentou como lema a famosa frase:
' We are the 99%
De fato o 1% que domina não só os EUA mas todo o mundo ( nesse caso o percentual é simbólico pois pode ser para mais ou para menos ) é o responsável pela maior crise civilizacional que o mundo enfrenta, e, consequentemente, o que pode significar uma agenda mínima para a internacionalização dessa nova fase da luta de classes.
Cabe ainda ressaltar que todos os grandes movimentos que revelaram estar a História ainda bem viva e atuante, tiveram como principal demanda a radicalização do processo democrático ( outro ítem para uma agrnda mínima internacionalizada), exigindo a participação popular em todas as esferas de decisões que possam afetar a vida das pessoas. 
Os caso do 15 M espanhol e Occupy WS  são emblemáticos. 
Vale ainda lembrar que durante o período da guerra fria, o capital criticava duramente a ausência de democracia nos regimes comunistas  e, a partir da década de 1990, estamos assistindo a uma contenção e a um retrocesso na democracia de grande países tradicionalmente chamados democráticos.
O debate sobre democracia participativa com a participação das massas é totalmente interditado e ignorado por governos e pela grande mídia, em todos os grande países do ocidente, com exceção para os governos populares da América Latina
Logo, ao ouvir um think tanks do aparato conservador afirmar que não existem mais luta de classes é mais uma fraude intelectual para conduzir a opinião pública. 

Uma outra afirmação que circula com desenvoltura no meio conservador diz respeito ao fim das ideologias , e consequentemente a um novo tipo de cidadão-consumidor  que teria, apenas, preocupações próximas , pessoais e comportamentais como por exemplo:
" que religião sigo, católico ou evangélico ? "
" que roupa da moda eu compro, primeiro a camisa ou o sapato ? " 
" para que time de futebol devo torcer "
" se devo ou não comprar o novo modelo do carro X " .
Caso essa tendência se  consolide, estaríamos assistindo a uma das maiores regressões da espécie humana. Em um período da história onde as pessoas se tornam cada vez mais inteligentes por conta das tecnologias de informação disponíveis , imaginar que assumiriam  um comprotamento desprovido de pensamento crítico e, pior ainda, teriam comportamentos condicionados ao comportamento da maioria, seria algo parecido como emplacar nos seres humanos um estilo pavloviano, ou seja de reflexos condicionados.
Esse tipo de comportamento sugerido pelos think tanks do conservadorismo de fato existe, mas não acredito que tenha força para ser dominante no futuro próximo.
 O último baile do  Império , na ilha fiscal  no Rio de Janeiro, foi uma demonstração de riqueza, opulência e força. O Imperio caiu poucos dias depois. 

Chegando até aqui, convido o caro leitor a refletire sobre esses assuntos etambém participar na campánha pela valorização e reconhecimento da mídia conhecida como " penso, logo insisto".
Muitos blogues e portais da mídia pensante e insistente, tem um número de visitantes diários superior, até mesmo, ao número de jornais impressos diariamente para uma grande jornal, por exmplo. 
Por outro lado esses blogues e portais não recebem do governo federal ( isso para os pouco que recebem) as verbas de publicidade proporcionais ao alcance desses blogues e portais.
É necessário e urgente que o governo federal reveja sua política de distribuição de verbas de publicidade e privilegie , proporcionalmente, todas as mídias existentes e  atuantes .
É inaceitável que determinados veículos da grande imprensa e do aparato midiático continuem recebendo
valores da publicidade bem acima de suas participações proporcionais na audiência e visibilidade desses meios.

Quando a realidade se desloca e o poder ultrapassado ainda se mantem, os conflitos são inevitáveis.




















sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Coice Mijado






Do UOL, em São Paulo
A rede de restaurantes Burger King admitiu que um de seus fornecedores utilizou carne de cavalo na fabricação de hambúrgueres. A empresa disse que testes feitos com a carne produzida em fábrica, e utilizada nas lanchonetes do grupo, possuíam "traços muito pequenos" de dna do animal. O Burger King acusa uma fornecedora irlandesa de ter quebrado contrato e ter agido sem o seu conhecimento. Na semana passada, a rede de fast-food já havia anunciado o cancelamento do contrato com a empresa acusada. Porém, testes feitos pelo próprio Burger King não acusaram a presença de carne de cavalo em produtos de suas lojas . "Nossos resultados independentes sobre o produto retirado de restaurantes foram negativos para qualquer tipo de carne de cavalo", disse, em nota. Investigação revelou presença de carne de cavalo Uma investigação realizada pelas autoridades irlandesas revelou recentemente a presença de DNA de cavalo na carne de hambúrgueres na Grã-Bretanha e Irlanda. Uma das três fábricas incriminadas, Silvercrest, fornecedora do Burger King, reconheceu a adulteração da carne em um comunicado. "Por precaução, decidimos no último fim de semana substituir todos os produtos Silvercrest no Reino Unido e Irlanda pelos de um outro fornecedor aprovado por Burger King", indicou o grupo, ressaltando tratar-se de uma medida voluntária. A Autoridade de Segurança Alimentar da Irlanda (FSAI) havia testado 27 hambúrgueres que diziam ser exclusivamente a base de carne de boi e encontrou traços de DNA de cavalo em 10 amostras e de porco em 23. Em sua maioria foi encontrado pouca carne de cavalo, menos em uma amostra vendida em um supermercado Tesco, no qual havia 29%. Mesmo se os hambúrgueres adulterados não representem perigo à saúde humana, o caso provocou um escândalo no Reino Unido e na Irlanda, dois países onde comer carne de cavalo se tornou um tabu. O primeiro-ministro britânico David Cameron considerou o caso como "extremamente grave".  



Sanduba de Cavalo



Em 22.12.12 publiquei um texto, neste blogue, com o título "O Sanduba Mijado"

Na ocasião o texto foi um comentário sobre um artigo que acusava os 
hamburguers do Mac Donad's de  utilizarem a substância hidróxido de amônio
na preparação da carne moída e prensada, que o caro leitor conhece como 
hamburguer. 

Na ocasião expliquei  que  a substância hidróxido de amônio tem um o dor semelhante ao da urina humana, daí o título do artigo.

Hoje, quarenta dias após o sanduba mijado, aparece mais uma denúncia  sobre
a carne utilizada nos produtos vendidos em cadeias fast food. 

Agora é o concorrente do Mac Donald's a rede de lanchonetes Burguer King, que, conforme o texto acima, estaria comercializando, na Inglaterra, por enquanto, hamburguers de carne bovina misturados com carnes de cavalo e também de porco. 

Um zoológico na composição da carne. 

Consta, ainda, que se não bastasse a mistura de outras fontes de carne animal na preparação do hamburguer, a carne de cavalo estaria contaminada.

A rede Burguer King alega que a culpa é do fornecedor de hamburguers. 

Isso é ridículo.

É o mesmo que comprar um automóvel com os pneus defeituosos e a montadora colocar a culpa no fabricante de pneus.

A rede Burguer King é a principal responsável por todos os produtos adquiridos em outros fornecedores que venham a compor o produto que a rede vende em suas lojas.

Será que a Burguer King não tem um sistema de testes e ensaios, para avaliar os produtos que compra de terceiros ?

Um sistema de controle de qualidade no recebimento, se utilizando de métodos estatísticos confiáveis  já em algo bem antigo no mundo corporativo. 

Atualmente os sistemas de garantia de qualidade compreendem os ensaios e teste durante a fabricação dos produtos, na instalação dos fornecedores, com pessoal capacitado da Burguer King, por exemplo. 

Claro que tudo isso representa um custo. 

Um custo de qualidade e segurança para seus produtos.

Nesses tempos de capitalismo cavalar , tais custos são tidos como desnecessários.

E tudo isso acontece no Reino Unido, local onde surgiu a doença da vaca louca, e que é tido como um excelente exemplo de fiscalização em assuntos sanitários. 

Fica a preocupação do que poderia existir em muita marcas de hamburgues  e também nos produtos comercializados pelas redes de lanchonetes fast food.

Que outras carnes poderiam estar sendo utilizadas ?