sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Caras de Pau

Caras de Pau




Tem início, na tv, a propaganda eleitoral. Pelo que se vê , logo no início,  vai ser grande o carnaval.
As emissoras de tv, sempre democráticas, disponibilizam tempos iguais para os candidatos. Respeitável público, abrem-se as cortinas para o primeiro ato. Na rede tv satisfaction, os tempos para entrevista e as perguntas foram as mesmas para todos os candidatos. Na globo old fashion os tempos foram os mesmos para todos, já as perguntas levaram em conta a orientação política da emissora. É o circo da democracia midiática, a liberdade total e equilibrada,  na produção de informações  relevantes para todas as caras. A ilha da credibilidade e da verdade continua cercada , por todos os lados, por falsas democracias, mentiras despudoradas e interesses empresariais. Inatingível para a maioria de caras mortais.  No circo das ilusões transgressoras, o trapézio é o destino para os que buscam a verdade.   Na avenida do Brasil democrático, distante, porém não diferente, da ilha da credibilidade, ficção e realidade fantasiosa forjam verdades absolutas, inequívocas, inquestionáveis. A mulher cospe fogo e o palhaço informa ao público a próxima atração. Na passarela dos delírios, onde a cultura popular explode por todos os poros, o palhaço simula um enredo. A fama da cultura transgressora, dá lugar, no picadeiro, para uma cultura de fama, fugaz, sem rosto e repleta de caras. As celebridades levam a lona ao êxtase, sem levar o êxtase fútil que proporcionam às lonas. O picadeiro se expande, e vai para as ruas, em um cortejo de democracia, cultura , transgressões e, principalmente, interesses comerciais controladores, manipuladores, verdadeiros. Arrancam-se as cortinas para o segundo ato. O circo é pequeno, não mais comporta  a força da cultura eletromagnética, desfila para o mundo revelando sua cultura, sua arte e , principalmente seu produto disponível para venda. Na antropofagia transgressora e cultural, artistas, oportunistas, mendigos , socialityes ,ladrões, jornalistas, caras, celebridades, cervejas, refrigerantes e emissoras de tv, se devoram na passarela do Brasil, onde nem sempre, ou quase sempre o que está escrito  vale, pois é astutamente manipulado, direcionado. Na ilusão do carnaval das verdades ocultas, o povo e a cultura são os que menos ganham, quando ganham algo. A propaganda eleitoral, seus candidatos, as emissoras de tv  proporcionam meios e discutem as prioridades para a vida de todas as caras da passarela Brasil. No decorrer do segundo ato, o delírio vai construindo , de forma sólida, uma cadeia produtiva , econômica e cultural  que alimenta bocas, de caras famintas por toda sorte de alimentos e moedas, gerando milhões e milhões de reais para a economia. A platéia se levanta, bate palmas e canta. As imagens do grande circo profano e místico correm por todas as latitudes e longitudes , revelando os diferentes temas, seus atos e principalmente seus produtos. O circo ganha dimensões gigantescas, não há mais lona para indicar seus limites, se reproduz por outras latitudes e faz crescer os olhos para aqueles que nada tem de saudáveis atitudes. O palhaço, de câmera em punho e microfone entre os dentes, lidera o espetáculo para que todas as caras possam ver e se ver no picadeiro da passarela Brasil. Chama o público, bate com as mãos, dança, vende cerveja, cobra ingresso , escolhe enredos, define  resultados e cria novas caras, que criarão outras caras que em breve não serão lembradas nem como caras. Do primeiro ato de limites, ao segundo de expansão, chega-se ao terceiro, de resultados. O picadeiro da passarela Brasil não mais cabe no próprio Brasil, uma boa palhaçada, ou boa propaganda, pode render muitos frutos, desde que os recursos para o gigantesco espetáculo, de fontes governamentais, , não sofram qualquer tipo de restrição garantindo, desta forma, um retorno fantástico para os donos ocultos do grande circo. Começou o terceiro ato. Candidatos a prefeito, emissora de tv, gente do carnaval, artistas, vagabundos , vagabundas, criminosos, moradores de rua, jornalistas, políticos, empresários, veados, putas, leprosos, lucianos hucks, e toda a fauna manifesta sua opinião. Deve a prefeitura financiar um enredo para a passarela dos delírios transgressores, ou seja dinheiro público, que visa fazer propaganda de um produto de um conglomerado de mídia ? E se esse produto for do conglomerado que detém a exclusividade dos direitos de transmissão do delírio circense ?  Em se tratando de uma manifestação cultural poderosa, com origem no povo, estaria o conglomerado midiático tentando minimizar a força dessa cultural, mercantilizando o delírio ?

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O Caminho é o Ecosocialismo

O Caminho é o Ecosocialismo





Com o capitalismo vivendo sua crise mais grave, a grande mídia procura reforçar suas teses de uma sociedade pragmática, sem ideologias, onde o sucesso individual deve ser  a única motivação de vida para as pessoas. Tem sido assim nos últimos quatro anos, desde  que a crise  surgiu, visivelmente, no ano de 2008. Para tanto essa mídia de propaganda procura ressaltar as desvantagens das ideologias, chamada por ela de sonhos,  sem mencionar ou aprofundar um debate sobre a barbárie que se instalou no mundo com a supremacia do capitalismo , principalmente a partir da década de 1990. A nova crise agrega novos elementos , como a  crise ambiental que acaba colocando em xeque  os meios de extração, produção, distribuição e consumo, em um sistema onde  prevalece uma economia virtual predatória  que em nada contribui para um equilíbrio e ainda agrava os problemas socioambientais. "Coincidentemente" esse discurso aparece no momento em que se inicia a propaganda eleitoral gratuita , no rádio e tv, por conta das eleições municipais de outubro, eleições essas que a grande mídia aposta metade do que sobrou de  suas fichas, a outra metade que sobrou foi para o chamado mensalão, na tentativa  de conseguir plantar a oposição em prefeituras chaves para o processo eleitoral de 2014.  São Paulo, assim sendo, se tornou o carro chefe, o último trem, o último centavo, os segundos de acréscimos de uma partida de futebol, o último mexilhão da porção à vinagrete em uma mesa de quatro pessoas, a última chance de estupro em reality show da globo, a luz amarela que aparece no sinal de trânsito, a visita da saúde para quem está no leito da morte , tudo para tentar manter um ideário que agoniza no mundo,  que tem sido ao longo de dez anos repaginado no Brasil e que em alguns países da América do Sul encontra-se em avançado processo de superação.  Com uma retórica colegial e infantilizante, essa mídia vai buscar nas transformações sociais dos anos da década de 1960, a matéria prima para sustentar suas frágeis teses. Isso me remete a um momento na França de Sarkosy, em um passado bem próximo logo após sua eleição, que ao debelar uma profunda crise nos arredores de Paris, afirmou que 1968 tinha se encerrado. Uma realidade poderosa assola a direita mundial. Por aqui não é diferente, a grande imprensa insiste em comparações infantis, de épocas diferentes, com novas ideologias. A artimanha visa despolitizar a política, tenta mostrar que o exercício da política deve privilegiar os técnicos, o administrador competente, que a política é um erro a ser superado e que ideologias são sonhos irreais. Nesse folhetim de segunda os alvos são os partidos de esquerda, principalmente o PT e o Lulupetismo, expressão que pode ser compreendida com a adequação feita pelo PT-governo no caminho de uma sociedade menos injusta, menos desequilibrada, menos idiota. Ao se apropriar do passado, a grande imprensa tenta reescrever a história, em contextos incompatíveis, ignorando as ameaças que pairam sobre o planeta. Foi nos anos da década de 1960 que surgiu o movimento ambientalista com todo o arcabouço de estudos  que apontavam para graves problemas que atualmente se manifestam com mais e mais intensidade.  Ancorado por uma nova visão da ciência que contempla a interdisciplinaridade  nas abordagens científicas,  o equilíbrio socioambiental somente será possível através da cooperação justa e mútua em concordância com preceitos científicos e a ascenção de um novo socialismo torna-se uma realidade, não apenas lastreado pelo conhecimento científico, mas como o caminho justo para a maior de todas as utopias, o equilíbrio. Interessante , que neste aspecto, a grande imprensa mundial e a direita ignoram o conhecimento científico e a técnica, fazendo uso desses apenas quando de seu interesse, como para demonizar a política e políticos. Mesclando rock 'roll, sexo e drogas, temas que a grande mídia alimenta na sociedade e também deles se alimenta, os artistas de rock são figurinhas carimbadas com presença na grande mídia, uma vez que já foram cooptados e são úteis para formar novas gerações de rebeldes enquadrados na lógica do pensamento consumista. O mesmo não acontece com com outras expressões genuínas de nossa cultura, como o samba , por exemplo, onde a maioria da mídia dominante ainda alimenta forte preconceito e rejeição, principalmente para os artistas que não se curvam ao figurino bovino dominante.  Assim sendo, teremos a campanha do candidato Serra ao melhor estilo Jimy Hendrix, fumando um baseado e fazendo o gesto paz e amor, sendo apoiado por outro não menos cooptado como o companheiro Gabeira, do verde neoliberal, com direito a passeata de artistas da tv globo gritando pela paz, tudo isso ao som de Rolling Stones e Titãs. Podes crer ! Do outro lado temos o candidato do PT a prefeitura de SP, um jovem, incentivador do multiculturalismo, defensor das liberdades de expressão e religiosa e comprometido com uma ideologia que tem sido bem sucedida no país, mesmo que repaginada. Esperamos que não só Hadad, mas todos os candidatos de partidos progressistas  tragam um debate com propostas sintonizadas com a ideologia de seus partidos, visando , com seus futuros governos, transformar a realidade de nossas cidades tendo em vista os grandes desafios e mudanças estruturais que se fazem presentes, apontando para a qualidade de vida, com profundas intervenções na mobilidade urbana, priorizando o saneamento, a educação e saúde pública de qualidade, construindo, dessa forma, no local onde de fato as pessoas vivem, o caminho sólido para o ecosocialismo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Mídia Brasileira e a Terra do Pateta

A Mídia Brasileira e a Terra do Pateta





Na grande imprensa brasileira , e na mídia de uma maneira geral, é proibido falar mal dos EUA. Neste mês de agosto já foram três os casos de atiradores em cidades daquele país que causaram a morte de dezenas de pessoas.  Um tema repleto de ingredientes para análises que não aparece na mídia e, quando aparece,  tem sido tratado superficialmente, de forma simplória, com "especialistas" sem liberdade de opinião que sempre reduzem as barbáries a atos de pessoas desequilibradas. Estão em cena elementos como a facilidade que  qualquer cidadão tem para a adquirir uma arma de fogo, o constante incentivo a toda sorte de comportamento violento e agressivo produzido pela indústria cultural dentre outros fatores.  Outro assunto tabu na grande mídia brasileira diz respeito ao desenvolvimento de armamentos com alta tecnologia de robótica, que os EUA vem utilizando em uma crescente assustadora para matar pessoas inocentes, criminosos , suspeitos de terrorismo, ativistas de direitos humanos, ou mesmo pessoas que possam gerar uma  antipatia a primeira vista aos operadores de tais barbaridades tecnológicas. Para isso se utilizam da cyber espionagem, de aviões não tripulados com mísseis, nanorobôs de disseminação microorgânica, nano equipamentos de escuta e geração de imagens, micro fontes de radiação ionizante, dentre outras tecnologias. Um cardápio repleto de elementos para se entender a ofensiva imperialista, autoritária, sem precedentes nem nos delírios de Hittler, mas que na grande mídia brasileira, quanto tratado, aparece com tonalidade romântica/evolutiva/tecnologica, ao melhor enredo de guerras nas estrelas, por exemplo. Um outro assunto que  não pode ser abordado na mídia das seis famílias, diz respeito as epidemias do "admirável mundo  contemporâneo", como o sedentarismo, obesidade, estresse, desalinhamentos cognitvos, que no caso da terra do super-homem e  homem aranha vitimam a maioria da população daquele país, tendo como princípios organizadores os hábitos de vida, estilos de vida, fontes de informação diária, falta de contato com a realidade interna de cada um, alimentação industrializada pobre em nutrientes, cultura de massa infantilizante e idiotizante, sucesso enquanto acumulação máxima material, etc... Ainda, um outro assunto diz respeito a um dos principais pilares da propaganda capitalista do país livre, que é a própria democracia.  No país das liberdades plenas , só podem almejar a participação, com chances reais, em um processo eleitoral  os grandes endinheirados. Dois partidos, que mais se parecem como gêmeos siameses, trocam o poder para que os interesses das corporações que comandam o país, possam ser atendidos, em função do tempo de acumulação de riqueza disponibilizado para cada grupo. Ainda , no país livre, qualquer cidadão americano pode ser preso baseado apenas por suspeitas subjetivas sem qualquer acusação formal e sem direito a defesa. O pior , entretanto, para os cidadãos americanos ou de qualquer parte do planeta, é a autonomia do estado americano para decidir matar quem bem entender. Mais uma vez um cardápio repleto de ingredientes para análises sobre o ocaso da democracia na terra da estátua da  liberdade do sistema financeiro. Todos esses temas , e outros mais , são tratados de forma enviesada pela mídia brasileira das seis  famílias.  Essa mesma mídia, que defende a democracia e a liberdade de expressão, tem por princípio talhar as informações, retirando das mesmas não apenas rebarbas, mas conteúdos significativos e relevantes para a informação em um regime democrático. Essa mesma mídia das seis famílias  comporta-se como um polo de disseminação , divulgação e defesa  da cultura  do país da mulher maravilha, reproduzindo as mesmas opiniões da mídia dominante da terra do mickey mouse.  Se não bastasse , a mídia brasileira ainda incorpora, através de seus conteúdos, a estratégia do país das estagiárias no tocante as  sucessivas tentativas para impedir que o Brasil, e também todos os países emergentes, possam se desenvolver, em ciência, tecnologia, cultura, conhecimento, e com isso alcançar uma maior autonomia em todos os ramos do saber.  A firme crença americana de que o mundo não pode mais comportar novos países com o mesmo grau de desenvolvimento dos EUA em áreas sensíveis para uma soberania plena, também é incorporada e assimilada pela mídia das seis famílias brasileiras que não poupa  recursos e esforços para perseguir governos trabalhistas e progressistas, sendo que , se necessário for, organizar ações para derrubar tais governos, como ocorre no Brasil e em outros países da América  latina. Assim sendo, a informação por diferentes pontos de vista  fica profundamente comprometida, e , o povo brasileiro, ainda, é obrigado a engolir a s medíocridades midiáticas produzidas, ou melhor, reproduzidas pela mídia das seis famílias.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Rio Zona Norte - 4 Os Ariostos da Consolação


 Os Ariostos da Consolação





Ariosto Bonifácio Saraiva, ou apenas Ariosto para todos de sua rede de contatos, é um cidadão de classe média, confortável, morando no bairro da Consolação, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Funcionário público, casado com Angelina, vive em uma bela casa em uma tranquila rua daquele bairro. Pai de Ariosto Bonifácio Saraiva Filho, que é apenas conhecido carinhosamente como Ariostinho ,é tido por todos no bairro como um homem sério e dedicado a sua família. Assim como  a maioria dos moradores do local frequenta a missa de domingo, junto com Angelina e Ariostinho. Angelina, que com o tempo engordou bastante, é uma dona de casa e mãe exemplar, entretanto tem , vez por outra, crises de raiva, que acabam sobrando para Ariosto. Em algumas ocasiões a vizinhança viu Ariosto saindo correndo de casa para fugir da fúria de Angelina. Paciente e dedicado, Ariosto sempre evita qualquer assunto que possa irritar Angelina. Ariostinho, que já está com 17 anos, é um menino comportado, estudioso e obediente. Angelina não permite que Ariostinho brinque na rua com os meninos do bairro, de maneira que sua vida se resume a escola, os cursos de idioma, as aulas de música e ainda as aulas de judô, essa última por influência de Ariosto,  apesar das  negativas de Angelina , discussões e ameças de surras no pobre homem. Já próximo de conseguir sua aposentadoria, Ariosto faz um horário bem flexível na repartição onde trabalha, sobrando um bom tempo ao longo do dia para outras atividades, sem  o conhecimento de Angelina. Sai cedo de casa e retorna sempre ao entardecer, no mesmo horário, com seu terno impecável e pacotes e sacolas de mantimentos. Ao longo do dia, durante anos, Ariosto aproveita a flexibilidade do horário parta se distrair em cassinos clandestinos, pontos de jogo do bicho , e rodas de carteado em casas de aposentados. Preocupado com com blindagem que Angelina impõe a Ariostinho, Ariosto , em cumplicidade com filho, passou a levar o menino  para algumas rodas de jogo e outras coisas mais. Quando Ariostinho completou 16 anos, Ariosto levou o garoto para conhecer um bordel, e ser inciado por uma das meninas da casa, que Ariosto conhecia bem pois era assíduo frequentador do local. A cumplicidade dos dois é total. Ariosto compreende e concorda com a dedicação de Angelina no tocante a uma boa formação profissional para o filho, mas entende , também, que conhecer a vida real  é fundamental  para o menino. Ariostinho, por sua vez, gosta, e muito, das saidinhas que faz com o pai sem o conhecimento da mãe. Entretanto, num dia em que Ariosto participava de um jogo de roleta em um cassino clandestino sua sorte não o ajudou. Uma batida policial no local fechou o cassino e levou todos que estavam no local para a delegacia. Felizmente, naquele dia Ariosto não tinha a companhia do filho. Quando a polícia chegou o pobre homem tentou fugir pela janela e acabou se machucando feio na queda, fraturando a perna direita. Ariosto, por estar ferido, foi levado para um hospital público onde passou por uma cirurgia  e ficou internado, devendo, quando se recuperasse comparecer a delegacia para  para depoimentos . A polícia avisou  a família, no caso Angelina,  que em total descontrole se dirigiu para o hospital. Chegando lá ,mesmo vendo Ariosto deitado com a perna engessada e pendurada, Angelina não se conteve e passou um interrogatório no pobre homem, que, assustado, imobilizado, respondia a Angelina dizendo que apenas se distraia nas horas livres e que não tinha nada demais no que fazia. Angelina não suportou a conversa de Ariosto e partiu pra cima do homem com tapas  e socos  que só foram interrompidos com a chegada de uma enfermeira que passava pela porta do quarto no momento. Apesar de evitar uma tragédia, a enfermeira não pode evitar que a violência de Angelina caussase uma fratura no braço direito do pobre Ariosto. Agora, além da perna direita imobilizada, Ariosto tinha o braço também engessado. Até então Angelina nada sabia que Ariostinho também participava das jogatinas com Ariosto. Em casa, conversando com o filho, e com a astúcia natural de mãe, percebeu que Ariostinho também estava envolvido com o pai. Ariostinho não resistiu a pressão e confessou que apenas em algumas ocasiões, acompanhou o pai nas jogatinas das tardes.  Angelina se transformou em uma fera. No dia seguinte, quando foi a padaria, não se conteve e contou as histórias do marido. A notícia correu rápido e todos no bairro já comentavam as aventuras de Ariosto com o jogo. Até mesmo motoristas e trocadores da linha de ônibus 422, que fazia ponto final em uma rua paralela a que Ariosto morava comentavam o fato, já que Ariosto usava o coletivo diariamente para ir para o trabalho.
- estão dizendo que o Ariosto  aprontou crocodilagem, disse o trocador
- só porque joga no bicho, replicou o motorista.
- ihhh, rapaz, e ontem deu jacaré, disse o trocador.
- com quanto, perguntou o motorista
- 2457, disse o trocador
- bom milhar, replicou o motorista demonstrando conhecimento.
Como em todo bairro de classe média da zona norte carioca a notícia corria de porta em porta. Angelina, ainda furiosa , resolveu voltar ao hospital para questionar o pobre homem. Quando entrou no quarto abriu o verbo pra cima de Ariosto que com os olhos arregalados estava em pânico. Angelina partiu pra cima do marido desferindo socos e mais socos no rosto de Ariosto que gritava por socorro. Uma enfermeira chegou ao local e , com muito sacrifício, conseguiu imobilizar Angelina, que a partir daquele dia fora proibida de visitar o marido. Ariosto teve o nariz fraturado e agora além de perna e braço tinha dificuldade para falar. Entretanto, com o passar de dois dias já sentia mais tranquilo pois Angelina não podia mais visitá-lo, Apenas Ariostinho via o pai diariamente. Quando tudo caminhava para a tranquilidade, em uma dessas ironias do destino, Luciana, a dona do bordel que Ariosto frequentava foi agredida por um freguês e teve que se internar , por  apenas um dia para recuperação. E se internou no mesmo hospital em que estava Ariosto em um quarto bem a frente do seu. Luciana era muito querida pelas meninas do bordel que, em grupo, foram visitá-la no dia seguinte. No mesmo dia Ariostinho também foi visitar o pai e , para sua agradável surpresa, se deparou com seis meninas da casa de Luciana no corredor do hospital, bem em frente ao quarto em que estava o pai. Soube que ali estavam por conta de Luciana e informou que o pai estava no quarto em frente. Ariosto , que já estava mais calmo, entrou em pânico quando Ariostinho entrou no quarto com todas as meninas do bordel. Sem poder falar direito e movendo apenas o braço esquerdo pedia para que saíssem  todas dalí o mais rápido possível. Neste momento uma enfermeira, que passava pelo local achou estranho aquela movimentação de mulheres, com roupas bem justas, saias curtas, no quarto de Ariosto. Olhou da porta para Ariosto, que disfarçando um sorriso, fez um movimento com o braço e olhos indicando serem amigas de Ariostinho. A enfermeira deu uma olhada geral, com desconfiança, claro, e deixou o local. Ariosto , em pânico total pedia para que todos saíssem, enquanto as maõs de Ariostinho, que exibia uma expressão de felicidade, cresciam para cima de uma das meninas. Uma outra menina, percebendo a aflição do pobre homem, aproximou-se da cama  e disse em total cumplicidade:
- O meu nêgo, fica calmo. Você está precisando se acalmar e relaxar
- Quer que eu quebre teu galho, perguntou olhando para a genitália de Ariosto.
O pobre homem estava a ponto de enlouquecer. Com a mão esquerda protegeu sua genitália e pedia para que fosse embora. Enquanto isso, as meninas resolveram que o melhor seria deixar Ariosto em paz, entretanto Ariostinho já estava engatando uma entrada no banheiro do quarto junto com a menina. Ariosto viu a cena, mas nada pode fazer a não ser torcer para que não chegasse ninguém naquele momento. Alguns minutos depois Ariostinho e a menina deixavam o banheiro e o rapaz demonstrava imensa felicidade. O tempo passou, Ariosto se recuperou, voltou a vida normal com Angelina e Ariostinho. O bairro da Consolação, na zona norte carioca, pode ser compreendido como um microcosmo da opinião pública de uma cidade.  Até o acidente com o pobre homem, Angelina e Ariosto construíram imagens e conceitos que formaram a opinião das pessoas do bairro sobre Ariosto. Uma opinião pública que não refletia a realidade da vida daquele homem. Com o acidente de Ariosto a opinião se  modificou, fazendo daquele homem apenas mais um mortal, igual aos demais. Patife ou canalha para os puristas, anjo ou santo para os realistas, Ariosto é apenas mais um. A história de Ariosto tem paralelos com a história da grande imprensa brasileira, principalmente no tocante aos casos chamados de mensalão e cachoeira. Durante , mais ou menos seis anos, a grande imprensa do Brasil martela diariamente a tese de que os governos populares e progressistas de Lula e Dilma, assim como parlamentares e funcionários do partido dos trabalhadores, são os responsáveis pelo maior esquema criminoso da história do país. Jornais impressos, revistas semanais, telejornais, jornais radiofônicos, parlamentares da oposição ao governo acusam o governo  de criminosos e corruptos. Todos se apresentando como paladinos da moral, da ética e da justiça, com o intuito de esculpir uma opinião pública favorável aos interesses desses setores. Entretanto, assim como aconteceu com Ariosto, um jornalista da revista Veja que se apresenta como uma mídia defensora da ética e da justiça, foi indiscutivelmente flagrado como membro de uma quadrilha , no caso a cachoeira, que tinha por objetivos perseguir políticos, empresários e desestabilizar o governo federal. O jornalista produzia falsos dossiês para atacar o governo que se transformavam em matéria de capa da revista e que também eram reproduzidos, sem qualquer questionamento, por todos os veículos da grande imprensa. Indícios revelam que a estrutura da quadrilha vem desde os tempos do chamado mensalão, que agora está sendo julgado, e que a grande imprensa , ao que parece, é parte integrante da quadrilha. Insatisfeitos pela atuação das mídias alternativas, principalmente a blogosfera que denuncia a farsa montada para esculpir uma opinião pública distorcida da realidade, a grande imprensa, agora, ameça o STF, com pesquisas de opinião pública que revelam  que a maioria deseja a condenação dos réus. .No desespero da UTI em que se encontram, a grande imprensa e oposição querem transformar a justiça em paredão de  programa de reality show, onde, o que vale de fato, é a opinião pública, mesmo que fabricada mentirosamente. Ariosto continuou sua vida normal e sua família e sua rede de contatos do bairrro nada ficaram sabendo de suas travessuras com Ariostinho no bordel. A participação da imprensa brasileira como elemento indutor ativo na tentativa de um golpe de estado para derrubar um presidente eleito, que resultou naquilo que a imprensa chama de mensalão, veio a tona com os flagrantes inquestionáveis, e assim  a opinião pública começa a perceber a verdade, que assim como a vida de Ariosto é apenas a ponta de um iceberg que deverá revelar  outros criminosos e até mesmo interesses externos ao país envolvidos no crime. Ariosto a imprensa e a opinião pública são um bom roteiro de filme, principalmente para cineastas dublê de comentarista político.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Jogos de Propaganda

Jogos de Propaganda





Os jogos Olímpicos de Londres chegam ao fim.  A olimpíada no verão londrino, que teve volei de areia a noite, com chuva, vento e temperatura de treze graus, ventos fortes  que prejudicaram a competição feminina de salto com vara,  águas geladas que provocaram hipotermia em atleta da maratona aquática e proibição de manifestações contra a propaganda nos jogos é um espetáculo midiático. A cobertura exclusiva da tv Record, apesar de repetir idiotices consagradas pelas coberturas da tv globo, foi boa. O público brasileiro estava acostumado a assistir os grandes eventos esportivos pelo padrão globo, que transmite apenas competições com a presença de atletas brasileiros. A Record, independente da participação brasileira nas competições, trouxe imagens de todas as modalidades esportivas, valorizando o esporte. O que deixou a desejar foi exploração da imagem dos atletas brasileiros que conseguiram o lugar mais alto no pódio. Imagens de familiares, a cidade onde nasceram, a primeira namorada, o título de heróis, desfile em carro aberto e outras baboseiras  que reforçam a idéia de povo inferior, com baixa auto estima que necessita de heróis para se sentir valorizado. Pobre de um povo que necessita de heróis para se sentir valorizado. Mais pobre , ainda, do povo que não cultua e valoriza seus verdadeiros heróis. Os neo heróis são criados por conveniência midiática, eles dão audiência, vendem refrigerantes, alimentos vulgares, porém, são rapidamente esquecidos e trocados por novos "heróis". A cultura da celebridade não permite a permanência de "heróis" por muito tempo, tudo deve ser descartado, em sintonia com a economia, para que novos apareçam nas telas. Na cultura do descarte até a vida não tem valor e, nas telas da tv brasileira a  maior audiência no esporte, depois do futebol, é uma luta onde os lutadores sangram, sofrem fraturas de membros e até morrem como consequência das lutas. Enquanto isso , o esporte como qualidade de vida, a atividade física como elemento de redução de gastos com doença, o coma menos e melhor não são valorizados nem incentivados pela mídia de grande alcance. A tv brasileira continua firme em seu papel de idiotizar, diminuir e colonizar o povo brasileiro. Em uma mídia onde a participação de capital estrangeiro não pode ser superior a 50% nas empresas de mídia, o que assistimos em tv's, rádios e jornais é um ataque sistemático, violento contra todos os elementos de nossa rica cultura, objetivando, dessa forma, esmagar a auto estima do povo.  Dúvidas persistem , até hoje, sobre os verdadeiros donos da tv globo, da participação majoritária de capital neonazista na Editora Abril, e sobre o controle majoritário de um grupo português sobre os veículos do grupo O Dia. Cabe lembrar, que os chamados jornais populares, tanto de globo como do Dia, durante os jogos olímpicos, massacraram o povo brasileiro com toda sorte de adjetivos e violências, distorcendo os fatos, desinformando, manipulando as notícias. Neste momento os especialistas do esporte da grande mídia, e são muitos e cômicos, deitam toda sorte de falação para que o Brasiiiiiiiiiiil, na visão oportunística midiática, possa faturar muitas medalhas nos próximos jogos. Vejo com dúvida a declaração do Ministro de Esporte que o país deve investir nos esportes individuais, como o boxe, para obter um grande número de medalhas.  Uma visão apenas de propaganda. Pior ainda é o cálculo oportunístico da mídia sobre medalhas per capta , um verdadeiro quantitativo da idiotice informativa, uma visão reduzida do esporte, o capitalismo das medalhas. Terminado os jogos,  vamos para 2016 aqui no Rio. Na cidade maravilha mutante, o Cristo Redentor receberá todos de braços abertos, distribuindo coca-cola e big mac.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Agosto

Agosto



Ao gosto da sedenta mídia golpista entramos em agosto. Mês do esperado julgamento do chamado mensalão, uma armação em rota de colisão com a verdadeira informação sobre os reais senhores da corrupção. Ao gosto da mídia todos os réus são culpados e devem ser condenados no agosto em que o país verá o maior espetáculo de pressão midiática sobre um poder da república. Ao gosto da mídia nenhum resultado poderá ser diferente da condenação de todos  os acusados. Caso sejam absolvidos o desgosto será irreparável e as consequências para os poderes republicanos podem ser inimagináveis, o país nunca mais será o mesmo, tudo, claro, a contragosto da mídia, porém necessário para sanear o amargo gosto de uma suposta impunidade. O teatro midíatico se agita. Saudações típicas do meio podem ser ouvidas entre os atores do midiático poder teatral. Merda!, Merda! Congratulam-se no agosto, que costuma ser o mês do desgosto, desejando sucesso para entrada em cena para mais um grande espetáculo. Generosos e longos minutos são disponibilizados no noticiário da televisão de agosto, uma nova televisão, os paladinos da ética e da justiça perfilados ao gosto do telespectador para relatar aquilo que já decidiram em comum acordo, no posto da lei, suposto poder de fiscalização da sociedade. Para tanto incluem nas múltiplas e sucessivas imagens do grande julgamento pessoas que não estão em julgamento, como Lula e Dilma. Um mau gosto, ou manipulação, ou politização, ou pressão. Assim apareceram na Globo, Band, SBT e até na evangélica Record que não tem lá muito gosto pelo carnaval pois considera a cultura do samba coisa do diabo e de mau gosto. A verdade, porém, está oculta em uma dinâmica subjacente ao midiático teatro da mídia, emergindo das sujas luzes de blogues e sites sujos, apontando para os reais criminosos, que para desgosto da mídia encontram-se em togas, redações de jornais  e nas bancadas dos paladinos da moral e da justiça. Vários julgamentos acontecem, reais, imaginários, legais, autênticos. Em agosto, isto posto, resta-nos participar ativamente, de bom gosto, para por fim ao desgosto de séculos de dominação mentirosa, criminosa, opressora que ainda ecoa dos casarões, de direito sem posto, mas de fato agindo ao oposto do bem estar da sociedade .

Golpe em Sampa

Golpe em Sampa



Repercute nos sites e blogues "sujos" a notícia sobre a decisão que a tv globo , de São Paulo, tomou para dar visibilidade aos candidatos a prefeitura da cidade de São Paulo. Na mídia conservadora o assunto não existe. Segundo a tv globo os candidatos a prefeito terão um espaço na emissora, em programas jornalísticos, proporcional aos índices de intenção de voto apontados por institutos de pesquisa de opinião. Uma decisão absurda. Em se tratando de eleições seria interessante, independente da cidade, que a população pudesse conhecer todos os candidatos e suas propostas em igualdades de condições, tempo e visibilidade, isso no tocante a cobertura das emissoras de tv. Ao escolher os índices de intenção de voto fornecidos por institutos de pesquisa, a tv globo entra na disputa, prejudica os candidatos pouco conhecidos e a renovação do quadro político, uma vez que segue tendências que em muitas ocasiões não se confirmaram. Em se tratando de um primeiro turno os institutos de pesquisa tem errado com frequência em suas avaliações ainda mais quando a propaganda na tv não tem início. A história da tv globo é repĺeta de golpes e tentativas de distorcer os fatos e influenciar o eleitor nas suas de decisões. Vale a lembrança de um fato emblemático. Nas eleições para presidente em 1989, quando existiam quase 20 candidatos na disputa no primeiro turno, a tv globo aprontou. Com Collor, candidato dos Marinhos, em primeiro lugar nas pesquisas e praticamente garantido no segundo turno a briga ficou restrita ao segundo lugar, onde Lula e Brizola estavam tecnicamente empatados com algo em torno de 16% das intenções de voto. E aí entra a tv globo. O candidato do Patido Comunista Brasileiro-PCB- Roberto Freire, tinha algo em torno de 1% das intenções de voto e  passou a receber da tv globo uma exposição , com direito a rasgados elogios, bem maior que a dada a Brizola e Lula. O objetivo era fazer com que o eleitor se inclinasse para Freire e com isso retirasse votos de Brizola e Lula, abrindo, assim, espaço para que um candidato de direita corresse por fora e pudesse chegar ao segundo turno junto com Collor. A bajulação a Freire foi tão escancarada que mereceu um artigo no Jornal do Brasil com o seguinte título: " Roberto Marinho, O Comunista " .Naquela  ocasião a tv globo fez o caminho oposto ao que se propõe a fazer agora. Os índices fornecidos pelos institutos de pesquisa de opinião tem sido bem sucedidos quando a eleição vai para o segundo turno, quando os dois candidatos na disputa já passaram pelo crivo do eleitor. Mesmo assim alguns institutos ainda erram. O primeiro turno é sempre sujeito a grandes oscilações na escolha do eleitorado pois inúmeras variáveis estão envolvidas no processo. A escolha da tv globo de São Paulo tem o objetivo de privilegiar o candidato do PSDB, aliado da mídia conservadora que atualmente desponta com vantagem  sobre os demais. Vale lembrar que o mesmo candidato é também o que tem  um índice de rejeição maior de todos. Maior , inclusive , que seu índice de aceitação. A tv globo tinha outras opções para balizar a escolha do tempo de exposição dos candidatos. Se fosse uma emissora democrática que cumprisse com o interesse público disponibilizaria o mesmo tempo de exposição para todos os candidatos, independente de partido político, ideologia ou poder econômico. Uma utopia em se tratando da tv dos Marinhos. Poderia , ainda, já que deseja estar ancorada em critérios, seguir a legislação eleitoral nos aspectos que dizem respeito ao tempo que cada candidato terá na propaganda gratuita de tv, dando, a esses candidatos, o tempo de exposição proporcional. Caso o fizesse estaria seguindo a legislação, independente se as leis são ou não justas e adequadas, o que estaria em coerência com uma emissora que cobra de todos, diariamente, o cumprimento das leis e da ordem. Acabou escolhendo a pior opção, pois é anti-democrática, não está balizada por nenhuma legislação, fere o interesse público, prejudica os candidatos e o processo eleitoral A televisão deve servir ao interesse público e não aos interesses políticos, doutrinários e mercantis das empresas que operam as concessões. A propósito, por onde anda o ministro Bernardo ?