quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Leite batizado

Água no leite: a velha tática dos leiteiros pelo interior do Brasil

Mouzar Benedito11 de Setembro de 2017 às 18:26



"Até o burro que puxava a carroça sabia em frente a que casas devia parar", diz Mouzar / Pixabay

Lá em Minas, um sujeito jurou ter encontrado até lambari no leite entregue

Comprando leite em caixinhas, fico me lembrando do tempo em que leiteiros entregavam na casa da gente, diariamente, cedinho. No interior, eles mesmos tiravam leite das suas vacas, colocavam em latões, que por sua vez eram colocados em carroças, e iam para a cidade.

Usavam como medida uma caneca feita de lata de óleo de cozinha, que na época tinha um litro de verdade, agora é só 900 mililitros. No Brasil tem essa enganação: litro que não tem um litro de verdade.

Parecia que até o burro que puxava a carroça sabia em frente a que casas devia parar, porque era a rotina diária dele.

E o leiteiro sabia quantos litros devia entregar em cada uma. Gritava na porta, a gente saía com uma vasilha e ele tirava o leite de um latão…Será que isso não existe mais em lugar nenhum?

Numa cidade de Minas Gerais contavam uma historinha de dois leiteiros que eram concorrentes, mas não brigavam por isso. Eram amigos, e até compadres. Algumas pessoas maldosas diziam que eles misturavam água do córrego no leite, pra render mais. Mas eles negavam.

Aliás isso de misturar água no leite não era incomum. Acontecia até no Rio de Janeiro. No final dos anos 1940, costumava faltar água e leite na cidade. O Barão de Itararé, grande humorista, se candidatou a vereador e seu lema era: “Mais água e mais leite. Mas menos água no leite”.

Bom… Lá em Minas os dois leiteiros juravam que nunca cometeram essa coisa de misturar água no leite, apesar de um sujeito ter jurado que encontrou um lambari no leite entregue por um deles.

Esses leiteiros eram tão amigos que quando resolveram conhecer o mar, os dois viajaram juntos. Passaram aos filhos o encargo de servir os fregueses e foram para Santos.

Logo que chegaram foram para a praia e ficaram olhando aquele marzão besta, só admirando.

Depois de quase uma hora sem falar nada, um dirigiu a palavra ao outro:

— Compadre… Já pensou se esse mar todo fosse de leite pra gente vender?

— Num ia ser bom não – resmungou o outro.

— Por quê? – perguntou.

E ele concluiu:

— Onde é que a gente ia arrumar água pra misturar nisso tudo?

Fonte: BRASIL DE FATO
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Quando era criança, ou melhor, quando tinha menos idade, uma carroça puxada por um burro passava todos os dias na porta de minha casa vendendo leite. Pegava uma leiteira, de 1 litro, e o sujeito abria a torneira. Isso na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Era leite do bom, pelo menos era o que diziam os pais e avós. Com o tempo, e o tempo tudo muda, inclusive a gente, a carroça saiu de cena e o leite passava a ser entregue nas casas em uma garrafa, colocada na calçada, na porta de casa. As garrafas de leite logo começaram a receber críticas dos moradores. Primeiro porque diziam que o leite era ralo, tinha água, e segundo porque a garotada - olha eu aí - quando chegava em casa bem de madrugada bebia umas garrafas de leite das portas para amenizar o efeito da cachaça, e com isso não levar bronca ou surra dos pais. O tempo passou e o leite, para quem desejasse comprar, tinha que ser adquirido na padaria ou no armazém da esquina.O menino cresceu, sem abandonar a criança, e em seu trabalho já como adulto topou sabe com o quê ? Com o leite. Em seu trabalho de controle de qualidade para órgão do governo, descobriu que o velho leite continuava o mesmo, mas a trapaça tinha mudado. Os testes para avaliar a qualidade do leite eram feitos com um densímetro ( um instrumento com uma escala graduada colocado em um frasco com leite ). O densímetro quando colocado no frasco com leite flutua e fica estabilizado, indicando pela escala a densidade do leite. A densidade do leite e a densidade da água são diferentes, e se houvesse água no leite o densímetro dedurava. Com isso ficou mais difícil batizar o leite com água. No entanto, o pessoal do campo descobriu que a urina da vaca tem a mesma densidade do leite e que quando misturada com leite, o densímetro não acusa a presença da urina. Com isso, até que a nova armação fosse descoberta a população bebeu muito leite mijado, e de fato, muitos comentários sobre o aroma estranho do leite foram feitos. Hoje, não sei como anda o leite, deixei de mamar ainda bem novinho, porém sabe-se que antibióticos, hormônios e até secreções oriundas de ferimentos da vaca no processo industrial de retirada do leite, são encontrados. Esse negócio do leite ainda vai dar muito o que falar.

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