Brasileiro mal informado acredita na mídia
02 de julho de 2017 às 14h40
Tirar da educação para produzir passaporte é a cara do governo Temer
por Janio de Freitas, na Folha
A retirada de R$ 102,3 milhões da educação para a produção de passaportes tem a cara do governo Michel Temer e dos seus sustentadores, políticos ou não. O presidente da Comissão de Orçamento do Congresso achou mais prudente pedir ao governo a alteração do projeto, deixando de mutilar as já sacrificadas verbas da alfabetização de adultos e da graduação, entre outras, e dirigindo sua mão leve para as dotações destinadas aos convênios internacionais.
Nem por isso ficou menos brutal o paroxismo do descaso histórico pela educação, cujo valor -em todos os sentidos- foi considerado inferior a uns quantos lotes de passaportes. Mesmo o ministro da Educação, deputado Mendonça Filho, considerou dispensável uma palavra em defesa da educação. Vê-se onde, mais do que em qualquer outra parte, a educação falta.
*
A tão elogiada decisão do Supremo de negar revisão de “prêmios” dados a delatores, exceto se não entregue o prometido, leva à mais brasileira das perguntas: quem ganhou com isso? Os delatores, em especial Joesley Batista, e os procuradores que passam a ditar sentenças irretocáveis, poder que nem os juízes têm.
Quem perdeu foi a respeitabilidade judicial. Não há argumento capaz de conceder decência, sequer em dose mínima, à impunidade dada a um corruptor de políticos e de decisões governamentais e parlamentares, como Joesley Batista. A indignação com esse “prêmio” faz a impensável comunhão, em alguma coisa, de todos os lados do desentendimento nacional.
*
Aécio Neves e sua defesa referem-se ao “empréstimo de R$ 2 milhões oferecido por Joesley Batista” ao senador. “Oferecido” é tentativa de ludibriar.
O dinheiro para Aécio foi pedido por sua irmã Andrea, que não por outro motivo carrega uma tornozeleira eletrônica, depois de um mês na cadeia. Lançar Andrea na frente e só aparecer, quando apareceu, na situação decisiva, é uma conduta de Aécio encontrada várias vezes no material que recheia os seus nove inquéritos.
*
A Rede, de Marina Silva, está muito presente na ebulição política por meio de dois congressistas competentes, sérios e ativos: o deputado Alexandre Molon e o senador Randolfe Rodrigues.
Mas a chefe do partido mantém-se invisível e inaudível. Para quem é candidata potencial à Presidência, o sumiço é atitude, no mínimo, polêmica. Se resguarda, também pode sugerir uma perplexidade paralisadora. Até onde as pesquisas resistem às duas hipóteses, não se sabe. Marina também não.
*
Em sua diatribe da semana, Gilmar Mendes disse algumas verdades importantes, em meio à torrente de quase duas horas. Mas a falta de efeito do melhor e do pior foi a mesma, no Supremo e fora. Nem sempre era assim.
As liberdades que Gilmar Mendes se dá não lhe trazem consequências funcionais. Por isso, tanto se permite atividade política, quanto a torna cada vez mais ostensiva. Inclusive nos dois tribunais em que seria apenas juiz. A ponto de parecer que, hoje, a política das meias sombras é seu principal interesse. As consequências ficam para o Supremo Tribunal Federal e para o Tribunal Superior Eleitoral (este, deixado pelo julgamento da chapa Dilma/Temer no ponto mais baixo da escala hipotética do prestígio).
Gilmar Mendes, sozinho, é uma justificativa para o sugerido fim da vitaliciedade no Supremo.
*
“O Globo”: “Brasil registra segundo maior índice de confiança na mídia -país só fica atrás da Finlândia, segundo estudo da Universidade de Oxford”.
Pode ser uma prova de que os brasileiros estão mal informados.
02 de julho de 2017 às 14h40
Tirar da educação para produzir passaporte é a cara do governo Temer
por Janio de Freitas, na Folha
A retirada de R$ 102,3 milhões da educação para a produção de passaportes tem a cara do governo Michel Temer e dos seus sustentadores, políticos ou não. O presidente da Comissão de Orçamento do Congresso achou mais prudente pedir ao governo a alteração do projeto, deixando de mutilar as já sacrificadas verbas da alfabetização de adultos e da graduação, entre outras, e dirigindo sua mão leve para as dotações destinadas aos convênios internacionais.
Nem por isso ficou menos brutal o paroxismo do descaso histórico pela educação, cujo valor -em todos os sentidos- foi considerado inferior a uns quantos lotes de passaportes. Mesmo o ministro da Educação, deputado Mendonça Filho, considerou dispensável uma palavra em defesa da educação. Vê-se onde, mais do que em qualquer outra parte, a educação falta.
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A tão elogiada decisão do Supremo de negar revisão de “prêmios” dados a delatores, exceto se não entregue o prometido, leva à mais brasileira das perguntas: quem ganhou com isso? Os delatores, em especial Joesley Batista, e os procuradores que passam a ditar sentenças irretocáveis, poder que nem os juízes têm.
Quem perdeu foi a respeitabilidade judicial. Não há argumento capaz de conceder decência, sequer em dose mínima, à impunidade dada a um corruptor de políticos e de decisões governamentais e parlamentares, como Joesley Batista. A indignação com esse “prêmio” faz a impensável comunhão, em alguma coisa, de todos os lados do desentendimento nacional.
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Aécio Neves e sua defesa referem-se ao “empréstimo de R$ 2 milhões oferecido por Joesley Batista” ao senador. “Oferecido” é tentativa de ludibriar.
O dinheiro para Aécio foi pedido por sua irmã Andrea, que não por outro motivo carrega uma tornozeleira eletrônica, depois de um mês na cadeia. Lançar Andrea na frente e só aparecer, quando apareceu, na situação decisiva, é uma conduta de Aécio encontrada várias vezes no material que recheia os seus nove inquéritos.
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A Rede, de Marina Silva, está muito presente na ebulição política por meio de dois congressistas competentes, sérios e ativos: o deputado Alexandre Molon e o senador Randolfe Rodrigues.
Mas a chefe do partido mantém-se invisível e inaudível. Para quem é candidata potencial à Presidência, o sumiço é atitude, no mínimo, polêmica. Se resguarda, também pode sugerir uma perplexidade paralisadora. Até onde as pesquisas resistem às duas hipóteses, não se sabe. Marina também não.
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Em sua diatribe da semana, Gilmar Mendes disse algumas verdades importantes, em meio à torrente de quase duas horas. Mas a falta de efeito do melhor e do pior foi a mesma, no Supremo e fora. Nem sempre era assim.
As liberdades que Gilmar Mendes se dá não lhe trazem consequências funcionais. Por isso, tanto se permite atividade política, quanto a torna cada vez mais ostensiva. Inclusive nos dois tribunais em que seria apenas juiz. A ponto de parecer que, hoje, a política das meias sombras é seu principal interesse. As consequências ficam para o Supremo Tribunal Federal e para o Tribunal Superior Eleitoral (este, deixado pelo julgamento da chapa Dilma/Temer no ponto mais baixo da escala hipotética do prestígio).
Gilmar Mendes, sozinho, é uma justificativa para o sugerido fim da vitaliciedade no Supremo.
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“O Globo”: “Brasil registra segundo maior índice de confiança na mídia -país só fica atrás da Finlândia, segundo estudo da Universidade de Oxford”.
Pode ser uma prova de que os brasileiros estão mal informados.
Fonte: VIOMUNDO
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