sábado, 14 de janeiro de 2017

Até mesmo o governador larga no córrego

Saneamento básico: Esgoto do Palácio dos Bandeirantes é jogado em córrego

13 de setembro de 2010 às 21h20

O título original deste post foi Saneamento Básico: Serra acusa governo federal mas tem telhado de vidro

por Conceição Lemes

Sabesp: saúde, qualidade de vida, total responsabilidade e respeito aos consumidores, às comunidades e ao meio ambiente, sustentabilidade, conforto, bem-estar, compromisso com as futuras gerações, com a flora e fauna, compromisso a vida e com o meio ambiente, a vida tratada com respeito.

É com slogans como esses que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo se apresenta ao Brasil inteiro. Ela é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 366 municípios do estado, entre os quais os 39 da região metropolitana, que inclui a capital.

Mas, em época de estiagem, quem passa pelas marginais do Tietê, Pinheiros ou Tamanduateí, jamais esquece. Esses três rios que cortam a cidade que sedia a Sabesp têm cheiro de esgoto, assim como a maioria dos córregos de São Paulo.

Frequentemente o bode expiatório é a população pobre, que mora em favelas. A senha: ligações clandestinas de esgoto. Há até disque-denúncia.

Com 15.177 mil funcionários, a Sabesp tem faturamento anual de quase R$ 7 bilhões. Seu controle acionário é estatal. A maior parte das ações pertence ao governo paulista.

Sua missão: Prestar serviços de saneamento, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente.

“A Sabesp entende sua responsabilidade como empresa cidadã, que trata e beneficia o mais importante recurso natural que existe [a água]”, diz em seu site. “Por isso, estabelece diretrizes para a gestão ambiental e desenvolve soluções que contribuem para o desenvolvimento sustentável.”

NAS CASAS, EMPRESA EXIGE LIGAÇÃO SÓ PARA ESGOTO

A Sabesp exige ligação exclusiva para o esgoto doméstico; ele não pode ser misturado à água pluvial.

Por isso, geralmente saem das residências duas tubulações. Uma, leva a água da chuva (do telhado, quintal, jardim) até o meio-fio, ou sarjeta. Pelas bocas de lobo, essa água segue para as galerias de águas pluviais. Daí, para rios e córregos.

A outra tubulação (chama-se ramal) transporta água de pia, tanque, vaso sanitário, chuveiro, máquina de lavar roupa. Subterrânea, ela sai da calçada e vai até a rede coletora de esgoto, que pode estar no próprio passeio, no meio da rua ou na calçada do outro lado da rua.

Em princípio, essa rede coletora de esgoto deve se ligar a tubulações progressivamente maiores (coletores-tronco e interceptores), que se conectam à estação de tratamento de esgoto (ETE).

O destino final dessa água com fezes, urina, sabão e outros detritos deve ser uma ETE, para receber tratamento físico e químico. Só depois ela pode ser jogada em rio, córrego ou empregada para reuso planejado. Por exemplo, lavar a rua em dias de feira e refrigerar equipamentos, situações que não exigem água potável, apenas que seja limpa.

Esse é o procedimento adequado tanto do ponto de vista sanitário quanto ambiental.

O TESTE EM QUATRO REGIÕES DA CAPITAL PAULISTA

O Viomundo resolveu investigar se a Sabesp faz o que exige da população.

Durante dois dias, ambos ensolarados e sem chuva há um bom tempo, participamos de um teste. Despejou-se corante (vendido em bisnagas em lojas de material de construção) na caixa doméstica de esgoto (fica na calçada, bem próxima à porta do imóvel, cada um tem a sua) ou no vaso sanitário de residências em quatro regiões da capital paulista, com algum córrego próximo. Todas possuem esgoto e pagam pelo serviço à Sabesp. Tomou-se o cuidado de confirmar previamente essas informações.

Objetivo do teste: verificar se a tintura expelida em meio à descarga doméstica chegaria a pontos de lançamento (canos) em córrego na vizinhança. Fotografamos antes e depois. Veja o que aconteceu em cada região.

REGIÃO 1

Engloba as ruas Combatentes do Gueto, Engenheiro Janot Pacheco, José Ferreira Guimarães e Pedro Gomes Cardim, as praças Vinícius de Moraes, Santos Coimbra e avenida Vicente Paiva. Também as ruas Marcelo Mistrorigo, José Pepe, Rafael Ielo e Cordisburgo.

O córrego passa canalizado sob um condomínio, depois corre a céu aberto num pequeno trecho. Fica paralelo a uma viela, na altura da rua Salim Izar com Guihei Vatanabe.

REGIÃO2

Inclui, entre outras, as ruas Tomazzo Ferrara, Salim Jorge Eid, Gregório Ramalho, Maria Andressa de Abreu, Boto Cor de Rosa, Américo Salvador Novelli, Campinas do Piauí e Barros Cassal.

O córrego corta a Tomazzo Ferrara, que fica acerca de 50 metros da Boto Cor de Rosa.

REGIÃO 3

Abrange ruas, como Mario Lago, Antonieta Altenfelder, País Natal, Paulo Lincoln do Valle Pontin, Antonio César Neto, e avenida Luis Stamatis.

O córrego cruza a Mario Lago e passa atrás de uma escola da Prefeitura.

REGIÃO 4

Dela fazem parte as avenidas Doutor Lino de Moraes Leme, Jornalista Roberto Marinho e Pedro Bueno, a praça Durval Pereira, as ruas Cláudio Mendonça, Simões Pinto, Dr. Mário Mourão e Nicolau Zarvos.

O córrego cruza a Lino de Moraes Leme (na esquina tem um posto de gasolina) e desemboca no piscinão da Roberto Marinho. Ele tem dois pontos de lançamento muito próximos, ficam a uns 10 metros um do outro.

PALÁCIO DOS BANDEIRANTES NÃO TEM ESGOTO TRATADO

Nas quatro regiões pesquisadas pelo Viomundo, o corante chegou ao córrego próximo alguns minutos depois.

“Isso demonstra que o esgoto das quatro áreas é coletado mas não tratado”, alerta engenheiro Júlio Cerqueira César Neto, que durante 30 anos foi professor de Hidráulica e Saneamento da Escola Politécnica/USP. “Se fosse tratado, o corante não iria parar no córrego.”

Oem o ninho-mor dos tucanos escapa”, avisa um funcionário da Sabesp, que, por motivos óbvios, pediu para não ser identificado. “Durante os 12 anos em que foi ocupado por Geraldo Alckmin e os quase quatro por José Serra, o esgoto do Palácio dos Bandeirantes nunca foi tratado. Até hoje a Sabesp joga os dejetos do Palácio num córrego perto.”

O córrego em questão é o da região 1, no coração do Morumbi. Árvores e plantas bonitas em boa parte da margem direita tentam escondê-lo, principalmente no trecho em que há belas casas do outro lado da rua. Mas o mau cheiro chama a atenção, revelando o que está atrás.

De carro, fica a uns 5 minutos da sede do governo paulista. A área “pega” do Palácio dos Bandeirantes para baixo, incluindo a imensa área verde, em frente — a praça Vinícius de Moraes – e um trecho da avenida Giovanni Gronchi.

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Fonte: VIOMUNDO
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                 Je suis Cedric
O país está assistindo nesses primeiros dias de 2017 uma grande campanha de higienização, com apoio dos grandes meios de comunicação.

Primeiro foi o novo prefeito da cidade de São Paulo, que logo no primeiro dia de governo se fantasiou de gari para limpar ruas de São Paulo que já estavam limpas a espera do ato midiático. Dias depois, o prefeito gari voltou às ruas com sua fantasia e ainda teve o apoio de atriz da TV Globo, que com vassoura em punho, posou ao lado do prefeito para as câmeras de TV. O prefeito higiênico também colocou uma tela para esconder moradores de rua que vivem em uma área da cidade. A tela serve para minimizar a feiúra da realidade, que o prefeito quer esconder pois para muitos cidadãos é algo insuportável ver diariamente aquilo que não gostariam que existisse. A solução higiênica para acabar com esse flagelo foi esconder os moradores.

Já que o prefeito parece tão empenhado em resolver o problema do lixo urbano, para que a cidade de São Paulo fique limpa e cheirosa, espera-se que o sistema de coleta de lixo, assim como o lixo coletado na cidade, tenham disposição e tratamento adequados , modernos e sustentáveis. Para isso, dentre outras medidas, a coleta de lixo na cidade deve ser seletiva assim como devem existir unidades de reciclagem e aproveitamento de grande parte do material coletado, o que além de ecológico, irá gerar empregos e renda para muitas pessoas. Além disso, do lixo, o prefeito gari pode também extrair o biogás que pode ser utilizado como gás para residências ( cozinha, aquecedores e aquecimento de residências ) e também para utilização em indústrias. Uma unidade de produção do biogás, por exemplo, pode ser instalada próximo de uma área industrial fazendo com que o transporte do gás para as unidades fabris necessite de pequenas extensões de gasodutos.O biogás, ainda pode ser utilizado em usinas termelétricas para geração de energia elétrica. Como se vê para que a cidade de São Paulo fique linda e cheirosa e trilhe o caminho evolutivo da sustentabilidade, não será com vassouras e espetáculos circenses midiáticos que tais objetivos serão alcançados e menos ainda escondendo o que é feio com tapumes e telas.

Se isso não bastasse para comprovar a feiúra da realidade urbana das grandes cidades brasileiras, principalmente depois do golpe, a questão do saneamento básico é uma tragédia. Rejeitos domésticos e industriais são jogados em córregos e rios sem nenhum tratamento, in natura, contribuindo para a proliferação de um grande número de doenças, sendo que muitas não escolhem classe social para se manifestar. Atualmente existe uma grande campanha midiática para que o saneamento básico seja privatizado, entregue a empresas privadas, como sendo a solução para resolver o problema.

Se de fato assim acontecer, ou seja, a privatização do saneamento básico, sugiro que o governador de São Paulo- padrinho político do prefeito gari - seja o símbolo dessa nova era, já que o esgoto do palácio dos bandeirantes, residência do governador e família, é lançado in natura, em verdadeira grandeza, nos córregos e rios da cidade que não quer ser feia e fedorenta.

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