terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Leviatã desgovernado

O mundo dá mais um passo na direção do apocalipse

Todos os anos, cientistas se reúnem para avaliar quanto tempo falta para o fim do mundo. Segundo eles, estamos somente dois minutos e meio do apocalipse.

Javier Salas, para o El País

O Relógio do Fim do Mundo está a dois minutos e meio da catástrofe, segundo um painel de especialistas que conta com quinze ganhadores de prêmios Nobel.

Todos os anos, esse grupo de cientistas se reúne para avaliar quanto tempo falta para o fim do mundo. O resultado é dado através da metáfora de um relógio de avança até o nosso momento final, nossa meia-noite: o índice são os minutos que falta para que esse instante finalmente aconteça. E, segundo eles, estamos bem perto, a tão somente dois minutos e meio do apocalipse.

Os responsáveis pelo grupo adiantaram o ponteiro trinta 30 segundos mais próximo da hora fatídica. Nunca havíamos estado tão perto da destruição da humanidade desde 1953, quando os Estados Unidos e a União Soviética produziram suas primeiras bombas termonucleares, com uma capacidade destrutora desconhecida até o momento.

Naquele então, a humanidade esteve a dois minutos do seu fim. A bomba termonuclear da nossa época não é um produto da Guerra Fria, mas sim um fenômeno muito mais difícil de reverter: o aquecimento global, um problema que se torna ainda mais grave a chegada do verborrágico Donald Trump ao poder. “As palavras importam, não tanto como os fatos mas também importam muito”, assegurou a porta-voz do painel de especialistas, antes de anunciar a nova situação. As palavras que preocupam se referem às sugestões de Trump de que Japão deveria ter armamento atômico próprio para enfrontar a ameaça de Coreia do Norte.

Entre 1984 e 1986, o mundo ficou parado por dois anos a três minutos da tal hora fatídica. Foi a segunda pior crise da história deste relógio. Na época, as duas superpotências reforçaram suas diferenças, o que gerou uma nova escalada de rearmamento a nível global, com muitos países incrementando seus arsenais atômicos, temendo a proximidade de um novo conflito. Curiosamente, naquele longínquo ano de 1987, Donald Trump foi um dos que promoveu o desarmamento dos Estados Unidos e da União Soviética. Hoje, ele é um dos grandes problemas do planeta. Em dezembro, como presidente eleito, Trump assegurou que seu país deveria fortalecer sua capacidade nuclear, até que o mundo recupere o sentido a respeito dessas armas.

“Putin e Trump podem escolher se vão se comportar como homens e chefes de Estado, ou se preferem agir como crianças petulantes”, declarou oficialmente o painel, em comunicado que enumera os problemas ressurgiram entre as duas grandes potências nucleares, com uma escalada dialética, que se reproduz em disputas em terreno, como na Ucrânia e na Síria. “Esta situação mundial ameaçadora foi o cenário que fomentou o crescimento, em 2016, de um nacionalismo estridente, que inclusive levou a que uma campanha presidencial nos Estados Unidos tivesse um vencedor, Donald Trump, que fez comentários inquietantes sobre o uso e a proliferação de armas nucleares, além de expressar sua incredulidade a respeito de um consenso científico como são os perigos das mudanças climáticas para o mundo”.

O Relógio do Fim do Mundo (ou Doomsday Clock, como se denomina originalmente em inglês) foi criado em 1947 pelo grupo denominado Boletim de Científicos Atômicos, um grupo de especialistas que pretendiam conscientizar sobre o risco do armamento nuclear. Em sua primeira edição, se situou a 7 minutos da meia-noite. Em 1995, estávamos a 14 minutos. Em 2007, as mudanças climáticas entraram pela primeira vez em sua lista de preocupações para o futuro da humanidade. Neste último relatório, o aquecimento foi outro fator decisivo para o painel: o ano passado foi o mais quente do planeta, segundo os registros históricos, recorde que foi quebrado pelo terceiro ano consecutivo. O grupo de cientistas entende que a situação política dos Estados Unidos mudou, e que a nova administração será “abertamente hostil” a tomar medidas contra o caos climático.

Ademais, outra das preocupações expressadas pelo Boletim diz respeito às ameaças tecnológicas emergentes, os ciberataques e outros problemas surgidos durante a campanha eleitoral estadunidense. Os cientistas ressaltam especialmente a falta de respeito dos líderes mundiais pelas evidências, os novos descobrimentos e o conhecimento científico.

Vale recordar que há 70 anos atrás não era preciso um relógio como este. A humanidade havia recentemente enfrentado as razões pelas quais para esperava por sua autodestruição.

Fonte: CARTA MAIOR
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É esse mundo atual, caótico e desgovernado, que Globo e a velha mídia chamam de novo, modernizante e civilizatório.

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