terça-feira, 17 de janeiro de 2017

E você ?

Humor contra a hipocrisia



Fonte: Blog da Luciana Oliveira
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Reflexões de uma batedora de panela, seis meses depois.

Postado em 17 Jan 2017
por : Paulo Nogueira

Vânia olhou para a sua panela tramontina roxa ali guardada no fundo do armário da cozinha.

Foi um olhar em que havia ao mesmo tempo melancolia e frustração.

Não era uma panela qualquer. Era aquela que Vânia usara nos protestos contra Dilma. Escolhera-a por ser leve e barulhenta. Perfeita, portanto, para a ocasião.

A panela remetia a Dilma. Vânia, naqueles dias de panelaço, abominava Dilma.

Dilma era um obstáculo para o Brasil, para os brasileiros. Quando gritava “Fora Dilma”, Vânia tinha certeza de que bradava pelo progresso nacional.

Vânia era gerente de uma loja da Riachuelo. O dono da cadeia dissera à imprensa que, Dilma saindo, as coisas logo se ajeitariam na economia nacional. Questão de dias.

Era o que todo mundo dizia, aliás. Vânia lia a Veja toda semana. Não perdia um Jornal Nacional. Deixava horas e horas a GloboNews ligada na tevê de sua casa. No trânsito, a rádio de seu carro oscilava entre CBN e Jovem Pan.

Considerava-se, modéstia à parte, uma mulher muito bem informada.

Todo mundo que ela admirava na imprensa concordava em que Dilma tinha que cair.

Vânia pegou a tramontina roxa nas mãos e como que voltou no tempo. Sentia que estava fazendo história ao participar dos panelaços. Com a panela nas mãos, naquelas noites, era tomada de uma euforia quase sexual.

Tinha que dar certo — e deu. Dilma enfim caiu.

Todos os problemas agora estavam resolvidos.

Ou não?

Ali, na sua cozinha, tramontina na mão, naquele momento de rememoração e reflexão, já se tinham passado mais de seis meses desde a queda de Dilma.

Mas e o paraíso prometido, onde fora parar?

Vânia batera a panela contra a corrupção, mas Temer e a turma que tomara o poder não significavam exatamente um choque de ética política.

Na economia, as coisas não podiam estar piores. Vários colegas de Vânia de gerência na Riachuelo tinham sido demitidos nos últimos dias. Cada vez que o chefe a chamava ela tinha um tremor. Achava que chegara a sua hora de ser despedida.

Naquele dia do reencontro com a tramontina roxa, Vânia pensou também em Dilma.

Será que ela era mesmo aquele monstro que pintaram?

Vira algumas entrevistas com ela depois do impeachment. Chamou sua atenção a forma como ela, Dilma, se referia aos pobres. Era uma simpatia que parecia ser genuína, e que como que tinha o poder de contagiar.

“Um país tão rico com tantos pobres não pode dar certo”, Vânia se pegou um dia refletindo. Isso nunca aconterera antes.

Vânia passara a ver Dilma de outra forma.
Teria sido vítima de uma trama de homens corruptos e muito ricos, como ela dizia?

Talvez sim, talvez não, pensou Vânia, panela na mão.

De repente, num impulso irresistível, atirou a tramontina contra a parede.

E lhe ocorreu que caso encontrasse Dilma na rua lhe daria um abraço.

Não um abraço de desculpa, mas um gesto de solidariedade de mulher para mulher. “Acho que me usaram para te pegar”, talvez dissesse.

A história acima é uma mistura de ficção leve e realidade brutal.

Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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             Je suis Cedric

No ano de 2013 uma multidão tomou as ruas do país. Não apenas nas capitais e em grandes cidades, mas mesmo em cidades pequenas as pessoas estavam lá, protestando, exigindo, principalmente, mais direitos e mais qualidade nos serviços públicos.

Vivíamos o terceiro ano do primeiro governo de Dilma e o décimo primeiro ano de governos sucessivos do PT. Comparando aquele junho de 2013 com este janeiro de 2017, percebe-se claramente que o país mudou, mudou muito, e para pior, mergulhando em um caos depois do golpe de estado que alijou Dilma da presidência.

A maioria que ocupou as ruas em 2013 tinha emprego e renda, e queria mais, queria evoluir ainda mais, já que com os governos do PT todos os brasileiros, de alguma forma, cresceram e evoluíram.

Hoje o desemprego no Brasil assusta os brasileiros e o mundo. De cada três desempregados no mundo, um é brasileiro.

Hoje direitos estão sendo suprimidos e os serviços públicos sendo sucateados, deixando a população a própria sorte.

Universidades públicas estão sendo sucateadas e abandonadas, como no caso da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ - sabidamente um centro de excelência e uma das melhores universidades da América latina.

Bibliotecas públicas sendo fechadas no Rio de janeiro e em processo de privatização na cidade de São Paulo.

Sistema prisional do país em ebulição, revelando o caos.

E você, que em 2013 foi às ruas querendo mais ou não foi às ruas mas apoiou o movimento,  o que o impede de voltar às ruas e exigir de volta aquilo que você tinha e desfrutava ?

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