quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O golpe em coma etílico

Um golpe que cai


Sem a resistência de uma frente ampla, capaz de repactuar a nação e o desenvolvimento, o golpe arrastará a sociedade para uma ressaca histórica desesperadora.

por: Saul Leblon


Por que o golpe se despedaça na sarjeta como um bêbado trôpego, sem que ninguém consiga recolocá-lo de pé e apesar da extrema boa vontade da mídia e do mercado com esse frango desossado que se amarrota sob o próprio peso?

Falta ao bêbado golpista algo que não se improvisa quando um ciclo de crescimento de uma nação se esgota e outro pede para ser construído: um projeto pactuado de futuro no qual a maioria da sociedade se enxergue e com o qual se identifique.

O oposto ocorre no Brasil agora --na verdade já ocorria desde 2012 quando se esgotou o fôlego contracíclico do Estado brasileiro e a desordem neoliberal no mundo não deu sinais de arrefecimento.

Se o PT demorou a perceber o esgotamento de uma era do capitalismo desregulado, e que os bons tempos de comercio mundial crescendo o dobro do PIB não voltariam mais, o golpe foi além.

Continuou a apostar na autossuficiente restauração de um neoliberalismo tardio, enquanto seus fundamentos estrebuchavam no plano mundial, em altos decibéis a partir da vitória de Donald Trump nos EUA

A aliança da mídia com a escória, o dinheiro e o judiciário tucanizado foi urdida para derrubar o PT .

O grande consenso dos derrotados em 2002, 2006, 2010 e 2014 teve notável eficácia nesse impulso.

A bem da verdade, contou com a ajuda de um alvo desgastado mas, sobretudo, mortalmente vulnerável por não ter se organizado para o embate de vida ou morte que viria, como veio e o derrotou sem resistência.

A derrota petista --'sem um tiro', como admitiu Lula-- revelou uma outra ilusão não menos desastrosa em seu algoz.

A propaganda midiática de que a restauração da confiança dos mercados no governo faria o resto embriagou os golpistas que agora tropeçam e desabam na sarjeta dos bêbados da história.

Os que assaltaram o poder num processo iniciado em 2 de dezembro de 2015, quando Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, acolheu o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, não formavam mais que uma turba antipetista, antissocial e antinacional.

Não é pouco quando se trata de fazer estrago na democracia e revogar a vontade de 54 milhões de eleitores

Mas é insuficiente para compor uma nova espinha dorsal feita de respostas históricas articuladas e fortes o suficiente para estruturar um novo pacto de desenvolvimento.

A crença cega nas virtudes autossuficientes dos livres mercados ficou à espera de que os capitais afluíssem em massa e os investidores fizessem filas nas Bolsas e nos ministérios encarregados de concluir o serviço privatizante iniciado pelo PSDB nos anos 90.

Não aconteceu e não acontecerá: nenhum governo que rasteja e reprime sua gente com o furor insustentável será reerguido pelas mãos dos mercados.

Claramente um condomínio de oportunistas e oportunidades, desprovidos de um projeto de futuro dotado de força e consentimento para reordenar o destino da economia e da sociedade, a aventura golpista tropeça e rodopia como um joão-bobo no meio fio da desordem mundial e ao sabor dela.

Os interesses que se acomodavam no grande ônibus do antipetismo, uma vez concluída a fase alegre dos consensos, digladiam-se agora para decidir o rumo seguinte da viagem, quem vai dirigi-la, quem cobrará as passagens e quem sentará na janelinha.

Reina o furdunço enquanto a sociedade e a economia se dissolvem.

Em menos de cem dias, a autofagia dos apetites díspares derrubou uma Presidenta da República, um presidente da Câmara e colocou a cabeça do Presidente do Senado na linha da guilhotina. A fila pode andar com a cabeça do seu algoz, o ministro Marco Aurélio, caso prevaleça a vontade de seu companheiro de toga, Gilmar Mendes.

É interminável o corredor da morte num projeto que se tornou refém da capacidade de mobilização da extrema direita, dopada pela demência histórica dos justiceiros da Lava Jato.

O resto é o horror que se sucede na crônica dos dias que rugem.

Num Brasil que enfrenta uma queda de 30% na taxa de investimento, comparado o 3º trimestre de 2013 com o de 2016, há obras paralisadas por conta da Lava Jato que já custaram R$ 55 bilhões --o equivalente a tudo o que o governo conseguiu arrecadar com a anistia aos depósitos no exterior.
É só um dos sumidouros por onde a nação escorre.

A industrialização se dissolve, mas os formuladores do vale tudo se preparam para extinguir a exigência de conteúdo nacional na exploração das reservas do pre-sal --talvez o último impulso industrializante capaz de erguer uma ponte entre a defasagem tecnológico nacional e a quarta revolução industrial em curso no mundo...

A única forma de deter esse comboio irrefletido é opor ao desvario um projeto de repactuação negociada do desenvolvimento.

Em vez da lógica bêbada dos golpistas, uma frente única de sobriedade política e responsabilidade histórica para devolver aos brasileiros a experiência inestimável de reassumir o comando do seu destino e acreditar nele.

Sem isso, o golpe que cai arrastará o conjunto da sociedade para uma ressaca histórica desesperadora.

Fonte: CARTA MAIOR
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RAÇÃO DE UM JUIZ
Fonte: BRASIL DE FATO
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Definindo o Brasil 2016 em uma chamada:


Deficiente visual é preso por dirigir moto embriagado e sem CNH no sul de Minas

Fonte: João Luis Jr. ‏@joaoluisjr 1 de dez
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Há 12 horas

"Temer eleito homem do ano" 
   pela Revista IstoÉ


Fonte 
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Hitler foi homem do ano da time em 1938



Fonte: cynara menezes ‏@cynaramenezes
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O Brasil está cambaleante, tal qual a vida de um dos mentores do golpe que agora clama por glicose.

Sem rumo, sem passo, sem projeto e com a consciência turva, o governo do golpe , distante das necessidades da maioria da população, trata o povo com cana brava e violência.

Encastelados em uma ilha de fantasia no planalto central do país, os poderes da república talvez, mesmo sem saber, já estejam pela saideira. Ninguém naquele ambiente onde muito se fala, se discute, e nada se conversa de fato, pode restabelecer a sobriedade na República. Consciências alteradas, egos inflados e bexigas dilatadas, produzem cenas deprimentes levando país à um retrocesso gigantesco em apenas um ano, desde o início do processo de impeachment de Dilma, em dezembro de 2015.

Na mesa posta, onde o governo do golpe come no chão da mediocridade endinheirada, a esperança foi engarrafada, ordem e o progresso entopem copos e a democracia sai pela uretra da escória.

O que esperar depois da saideira quando um bando de alucinados definem o destino de uma nação, pergunta João, o garçon atônito.

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