segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Racional ?



Se o caro leitor for viajar para a Inglaterra e por lá for consumir uma reles latinha com coca-cola, entenda todo o procedimento, a pegada ecológica, para fabricação da latinha que o leitor terá em mãos:


Fabricação de lata de coca-cola inglesa.

A fabricação de uma lata de coca-cola inglesa resulta mais custosa e complicada que a da própria bebida. A bauxita ( minério de alumínio) é extraída na Austrália e transportada para um separador, que, em meia hora purifica uma tonelada de minério, reduzindo-o a meia tonelada de óxido de alumínio. Quando acumulada em quantidade suficiente, o estoque é embarcado em um gigantesco cargueiro que o leva à Suécia ou à Noruega, onde as usinas hidroelétricas fornecem energia barata. Depois de um mês de travessia de dois oceanos, ele passa outros dois meses na fundição. Ali, um processo de duas horas transforma cada meia tonelada de óxido de alumínio em lingotes de dez metros de comprimento. Estes são tratados durante quinze dias antes de embarcar para as laminadoras da Suécia ou da Alemanha. Lá, cada lingote é aquecido a quase 500°C e prensado até atingir a espessura de 0, 30 cm. As folhas resultantes são embaladas em rolos de 10 toneladas e transportadas a um armazém e, depois, a uma laminadora a frio do mesmo país ou de outro, onde voltam a ser prensados até ficar dez vezes mais finas e prontas para a fabricação. O alumínio é então, enviado à Inglaterra, onde se moldam as folhas em forma de latas que, a seguir, são lavadas, secadas, esmaltadas e pintadas com a informação específica do produto. Depois de laqueadas, rebordadas ( ainda não tem tampa), recebem uma camada protetora interna, que evita que o refrigerante as corroa, e passam pela inspeção. Colocados em paletes, são erguidas pelas empilhadeiras . No momento do uso, são transportadas até a engarrafadora, onde as lavam e limpam uma vez mais e as enchem de água misturada com xarope aromatizado, fósforo, cafeína e gás de dióxido de carbono. O açúcar vem das plantações de beterraba da França depois de passar pelo transporte, a usina, a refinação e o embarque. O fósforo originário de Idaho, nos EUA, é extraído em minas profundas - processo esse que também desenterra o cádmio e o tório radioativo. As empresas de mineração consomem permanentemente a mesma quantidade de eletricidade que uma cidade de 100 mil habitantes a fim de dar qualidade alimentar ao fosfato. A cafeína vai da indústria química para o fabricante do xarope na Inglaterra. As latas cheias depois de vedadas com uma tampa pop-top de alumínio em um ritmo de 1.500 por minuto, são embaladas em caixas de papelão com as mesmas cores e esquemas promocionais. Estas foram feitas com polpa de madeira oriunda de qualquer lugar, da Suécia à Sibéria e às antigas florestas virgens da Colúmbia Britânica, que são o habitat dos ursos pardos, dos cachorros- do-mato, das lontras e das águias. Uma vez mais empilhadas em paletes, as latas são transportadas ao armazém de distribuição regional, e pouco depois, ao supermercado, onde normalmente as compram em três dias. O consumidor adquire 350 ml de água com açúcar colorida com fosfato, impregnada de cafeína e aromatizada com caramelo. Beber a coca-cola é questão de alguns minutos; jogar a lata fora, de um segundo. Na Inglaterra, os consumidores jogam no lixo 84% das latas, o que significa que a taxa geral de alumínio que jogam fora ( desperdiçada), sem contar as perdas de produção é de 88%. Os EUA ainda obtêm do minério virgem três quintos do alumínio que consomem, gastando vinte vezes mais a energia do metal reciclado sendo a quantidade de alumínio que jogam fora suficiente para renovar toda a frota de aviões comerciais do país de três em três meses.


E aí ? Meio estranho, para não dizer irracional.
Agora pense que a fabricação da latinha inglesa é apenas um detalhe, em conjunto com outros não menos estranhos detalhes, que juntos produzem uma compreensão do mundo atual.

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