sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Direita exoftalmica e esquizofrência

O estranho caso da direita brasileira que não vê Trump como um igual

Postado em 10 Nov 2016
por : Kiko Nogueira



Doria tem um quadro com Trump na parede, mas nega qualquer semelhança

Um fenômeno curioso aconteceu com milhares de coxas, de diferentes matizes e graus de falta de noção, com relação à vitória de Donald Trump.

Muitos lamentaram profundamente o sucedido nos Estados Unidos. “Esse cara representa uma direita quase mongol”, disse uma amiga de minha mulher que marcou presença em todos os protestos na Paulista.

Trump, segundo ela e amigos que desfilaram ao lado de cavalheiros como Marcello Reis, dos Revoltados Online, é xenófobo, reacionário, extremista, machista, fascista e antidemocrático.

A mídia segue a mesma batuta. Os comentaristas da GloboNews estavam chocados na noite da eleição americana. Renata Lo Prete chegou a apontar que Hillary Clinton foi atrapalhada, veja só, pelo machismo. Sim, o mesmo argumento utilizado por Dilma e devidamente ridicularizado, mas o que é ruim para Hillary não é ruim para o Brasil.

O Globo publicou um editorial acusando “retrocesso”. Quem elegeu o empresário foi “o americano branco, de média ou baixa qualificação”. Esse sujeito foi “convencido por Trump de que o inimigo são os outros: países, estrangeiros etc”.

Segundo o Estadão, “quanto mais Trump era atacado por suas diatribes racistas, misóginas e contra os imigrantes, mais seus eleitores pareciam convencidos de que o magnata era mesmo quem dizia ser”.

Ora, as milícias que tomaram as ruas pedindo o impeachment eram feitas do quê? De intelectuais gentis? Aquelas senhoras segurando cartazes perguntando “por que não mataram todos em 64” eram o quê?

E os milhares de mentecaptos gritando que “a nossa bandeira jamais será vermelha” junto a torturadores homenageados em carros de som?

Trump é acusado, por esse seres superiores, de se vender como apolítico. Ele é um milionário, ex-apresentador de reality show movido a um marketing poderoso. Ok. E João Doria?

As “diatribes” trumpistas são deploráveis, de acordo com o mesmo jornal que chama petistas de “matilha” e “tigrada”.

Ele “despreza profundamente a democracia”. E Aécio Neves, Gilmar Mendes, José Serra, entre outros que, minutos depois de derrotados no pleito presidencial de 2014, estavam pregando o impeachment? E o vice Michel que conspirava abertamente? Estes são amantes da democracia?

Esse caldo vai dar no quê? No Churchill?

No bojo dessa esquizofrenia patética está embutida uma sensação de que nossa régua é diferente, nossos padrões são próprios e ninguém tasca. São nossas jabuticabas. Nosso excepcionalismo brasileiro moleque.

No nível doméstico, é o casal que ama pegar o metrô em Nova York, toma ônibus de dois andares em Londres, se acaba de andar de bicicleta em Amsterdã, invade os outlets de Orlando fazendo algazarra — e, por aqui, xinga ciclistas de maconheiros comunistas, reclama das faixas que “roubam espaço” do carro e odeia os pretos que entram no shopping.

Depois de toda a pilantragem institucional e do lixo que foi destampado, é espantoso que a família tradicional brasileira não reconheça em Trump e seus eleitores o parentesco de primeiro grau.

Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO  
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As elites, velha mídia e parcela da classe média que surtaram pelas ruas do país pedindo impeachment e fim da corrupção, hoje, não se reconhecem em Trump.

Realmente essa turma de direita aqui do Brasil, se não é esquizofrênica, é comédia. Ou ambos

O que se viu pelas ruas no período em que a bovinidade se concentrou de amarelo foi um circo dos horrores, e o conteúdo que emergiu em nada difere do discurso de Trump.

É provável que Trump seja alguma coisa, ou muito, daquilo que disse durante a campanha. No entanto, em campanha se promete de tudo e utilizam-se termos e expressões em sintonia com o momento de ânimo do eleitor. Para além da identificação do eleitor com palavras de Trump, se fez presente no voto uma rejeição ao establishment político e também uma rejeição ao Sistema. No voto de rejeição que elegeu Trump tem todo tipo de gente. Grupos que se identificam com a totalidade do discurso, outros que se identificam em parte e até mesmo quem não se identifica com nada, mas vê em Trump uma rejeição ao sistema.

Voltando ao Brasil, a bovinidade patética amarela, quando em cortejos, revelou seus desejos, suas práticas, sua orientação política, seu modelo de sociedade. Nesse aspecto, a bovinidade está em perfeita sintonia com o discurso de Trump, e soa estranho, agora, rejeitar e criticar o presidente eleito, já que essa bovinidade não tem compreensão necessária para entender o que motivou o voto dos americanos em Trump.

Assim sendo, o que se percebe na direita amarela é uma manifestação esquizofrênica, de uma grande parcela da sociedade que se permite realizar trabalhos domésticos em Orlando, mas aqui no Brasil sequer olha ou cumprimenta um trabalhador que fez um serviço em sua residência.

Em Orlando ou Miami limpar vidraças é chique, aqui no Brasil é pobreza. Seria correto afirmar que trata-se do tal complexo de vira-lata. no entanto, ao que "evoluiu" desde o surgimento desse conceito, hoje está mais próximo de vira-lata de morador de rua.

Esse comportamento de grande parcela da sociedade brasileira, incluindo a grande mídia e seus patéticos adoradores, revela uma profunda imaturidade alinhada com não menos profunda insegurança quanto aos valores identitários.

Tal qual uma pessoa que sofre de exoftalmia, ou seja, tem os olhos esbugalhados para fora, a direita brasileira assim se expressa, em valorização ao outro estrangeiro brega e vulgar, e em negação aos valores internos. Nada que uma boa psicanálise não resolva.

Em relação a esse comportamento grotesco da direita brasileira, o PAPIRO produziu e publicou o texto abaixo, em janeiro de 2015.

A leitura é recomendável

Favelas


A foto acima é da cidade do Rio de Janeiro.
 

Deve ter sido tirada da Ponta do Arpoador, revelando as praias de Ipanema e do Leblon.
 

O metro quadrado mais caro da cidade, principalmente para as residências na orla, com vista para o mar.
 

Ao fundo, e bem no centro da foto, o Morro Dois Irmãos, que já foi cantado em canção por Chico Buarque.
 

Dois irmãos, pois são duas montanhas próximas e parecidas.
 

Ao lado esquerdo do Dois Irmãos, um conglomerado de casas, subindo pelo morro, comendo a vegetação.
 

É a favela do Vidigal, considerada uma favela rica.
 

Ao lado direito do Dois Irmãos, a vegetação resiste.
 

Bem mais ao fundo na foto, a esquerda, a Pedra da Gávea, local onde dizem existir inscrições supostamente feitas pelos fenícios, em tempos distantes.
 

A direita, ao lado da vegetação do Dois Irmãos que resiste, uma grande concentração de edifícios, a maioria na orla da praia, onde vivem os mais ricos.
 

Milionários e favelados, vivendo próximos uns dos outros, ambos com uma bela vista para o mar.
 

Privilégio para poucos.
 

Favelados, em sua maioria, que trabalham como prestadores de serviços para os ricos ao lado.
 

Marceneiros, funileiros, instaladores hidráulicos, gasistas, pintores, empregados domésticos, mecânicos de automóveis, pedreiros e ,vez por outra algum entregador de drogas.
 

Os ricos gostam dessas facilidades, mas não gostam dos pobres , pretos e favelados.
 

Os pobres da favela do Vidigal, vivem amontoados, em vielas.
 

Os ricos da orla, também vivem amontoados, em prédios de luxo.
 

Na favela, vez por outra, alguém vai preso por cometer um crime, quase sempre um assassinato.
 

Na orla luxuosa, comentem-se muitos crimes, lavagem de dinheiro,  sonegação de impostos ,por exemplo, mas ninguém vai preso.
 

Na favela vez por outra acontecem brigas que vão as vias de fato, com muitos socos e pontapés.
 

Nos condomínios de luxo também, vez por outra os ricos saem no tapa.
 

Os amontoados da favela, somente recentemente viram chegar os serviços do estado, como coleta de lixo,água e policiamento.
 

Os amontoados de luxo já recebem esses serviços por muitos anos.
 

Em toda orla Ipanema - Leblon, existe uma pequena parte para que os amontados pobres possam frequentar , o restante da praia é frequentada pelos amontoados de luxo.
 

Interessante, que ao fundo o morro Dois Irmãos.
 

Na favela os moradores tem eletrodomésticos e computadores e mesmo carros, usados, claro.
 

Os amontoados de luxo tem todos os eletrodomésticos, carros do ano, computadores e todo tipo  de tecnologia moderna.
 

De uma maneira geral, amontoados de luxo ou favelados, desfrutam da tecnologia.
 

No entanto, quando se cruzam pelas ruas, os ricos não gostam de olhar para os pobres.
 

De longe, pelo registro de uma máquina fotográfica, ou um olhar aéreo de uma aeronave,  pode-se afirmar que tudo é favela, todos vivem amontoados, de uma forma ou de outra  vivenciam as mesmas situações, de formas discretas - os ricos - ou escancaradas - os pobres.
 

Interessante que ao fundo o morro Dois Irmãos.
 

Favela High tech é um excelente livro, creio de um urbanista brasileiro, que assim define  a cidade de Tóquio, capital do Japão. 

Amontoados, ricos ou pobres.

Interessante que ao fundo o Morro Dois Irmãos.

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