sábado, 19 de novembro de 2016

A regressão da velha mídia


Fofocas, distração, mentiras...
Confira atos que podem prejudicar a vida profissional

Fonte: BOL
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'El País': Mentiras e redes sociais 


Plataformas tecnológicas devem zelar pela veracidade das notícias que hospedam

Matéria publicada nesta sexta-feira (18) pelo jornal espanhol El País analisa que a proliferação de notícias falsas na Internet durante a campanha eleitoral norte-americana colocou o foco na responsabilidade dos gigantes da rede.

A reportagem conta que em empresas como Facebook ou Google apareceram links para sites cheios de calúnias, rumores e mentiras. E pelas redes sociais circulou todo tipo de mentira — desde que o papa Francisco apoiava Trump até que os Clinton tinham comprado uma mansão 200 milhões nas ilhas Maldivas — que tiveram centenas de milhares de acessos.

O diário espanhol acrescenta que no mundo digital, os meios de comunicação tradicionais encontraram nas redes sociais um aliado indispensável

El País considera preocupante que, em um país como os Estados Unidos, onde quase metade da população usa o Facebook como principal fonte de informação, esse tipo de conteúdo tenha influenciado na vitória de Donald Trump.

Cientes do alcance da enxurrada de notícias falsas ou mal-intencionadas, Google e Facebook se comprometeram a cancelar as contas e bloquear o acesso publicitário aos sites com mentiras flagrantes, relata El País.

É enorme o desafio que enfrentam, diz o texto de El País. Aplicar controles para separar a verdade da mentira é uma tarefa complicada, mas inevitável. Se quiserem ser um instrumento de comunicação útil e manter a confiança dos usuários, não têm escolha senão tomar medidas para desativar todo tipo de campanhas enganosas, especialmente se estiverem relacionadas com os candidatos à presidência da primeira potência mundial.

O diário espanhol acrescenta que no mundo digital, os meios de comunicação tradicionais encontraram nas redes sociais um aliado indispensável. Como empresas envolvidas na distribuição global de informações, Google e Facebook têm novas obrigações. Já não são apenas meras plataformas tecnológicas.

Da mesma forma que vetam determinados conteúdos, sejam mensagens de ódio ou imagens de nudez, devem zelar para que as notícias que hospedam sejam verdadeiras. Estabelecer bloqueios a sites mentirosos não significa abrir a porta à censura, finaliza El País.

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Nos últimos vinte anos, com o surgimento da internete e das redes sociais, houve uma mudança radical nas formas de produção e apresentação de conteúdos, informativos ou apenas opinativos.

O que antes era quase de exclusividade da imprensa - rádio, jornais e televisão - passou a ser de esfera de todo cidadão, na medida que a internete confere palanque e visibilidade à qualquer pessoa que queira se manifestar. Vinte anos atrás, sem a internete, somente pouquíssimas pessoas conseguiam visibilidade na produção de conteúdos através de mídias que não fossem as tradicionais. Cabe lembrar, que a praça pública sempre existiu, desde tempos imemoriais. O mesmo para circuitos alternativos de diferentes expressões artísticas. Conseguir visibilidade, público e mesmo sucesso, era tarefa para poucos. No entanto, de uma maneira geral, o conteúdo vitorioso se mantêm ao longo dos anos, conquista a perenidade graças a qualidade contida nas produções.

Nos dias atuais, a produção artística, devido a precariedade de conteúdos e também a quantidade de obras, é esquecida apenas em poucos meses após o surgimento.

Na era da economia do descarte, a arte também é descartável, o que é lamentável e deprimente.

Por outro lado, não são poucos os artistas que através da internet, com produções artesanais, se firmaram no cenário nacional e mesmo internacional. A internete assim permite, como permite de tudo.

No campo do jornalismo, a mudança tem sido dramática, quase que paradigmática.

Atualmente existe uma grande quantidade de sites e blogs produzindo conteúdos jornalísticos e também opinativos, naturalmente em todos os níveis de qualidade.

Com isso, os grandes jornais, generalistas, são coisa do passado. Na era da internete, ao adquirir um jornal impresso em um dia pela manhã, o leitor, certamente, estará lendo informações ultrapassadas.

Estranho, ainda atualmente, é ouvir em um programa de rádio de fim de tarde e início de noite, o radialista dizer que as informações que o ouvinte está recebendo naquele momento são privilegiadas e estarão no dia seguinte nos jornais impressos para o leitor se aprofundar.

Atualmente, a maior parte das informações apresentadas em emissoras de rádio e de televisão, tem origem em sites e blogues da internete.

O caso mais emblemático é do jornalismo esportivo. Vinte anos atrás, para que um repórter esportivo tivesse acesso ao conteúdo de uma súmula de uma partida de futebol, não era uma tarefa tão simples. Exigia deslocamentos e gastava-se muito sapato. Atualmente, nos programa esportivos, quando a "notícia ou informação" apresentada é sobre uma súmula de uma partida, o jornalista obtêm a informação diretamente no site da entidade a qual o jogo está relacionado. Isso qualquer criança hoje em dia faz.

O mesmo se aplica aos vídeos com gols e melhores momentos apresentados pelos programas esportivos de televisão. Quase todas as federações , confederações e entidades que organizam e realizam competições, tem geração própria de imagem de jogos. Assim sendo, muitos programas esportivos de televisão, obtêm as imagens dos jogos nos sites da internete. Isso qualquer criança hoje em dia faz. Diante dos fatos, naturalmente se pergunta onde está o jornalismo, já que os assuntos debatidos em tais programas em nada diferem das conversas etílicas de rodas de botequim. O jornalismo, pode-se afirmar sem medo de acertar, se diluiu na internete e nas redes sociais, foi para a segunda divisão, está por lá já por um bom tempo, e luta para subir para a primeira divisão.

Com o jornalismo de uma maneira geral, o fenômeno é o mesmo, ainda que grandes empresas de jornalismo pratiquem algum tipo de jornalismo de fato.

Com isso, novos atores entraram em cena tornando-se referência na produção jornalística ou mesmo através de opiniões sobre temas e assuntos de interesse do conjunto da sociedade. Muitos não tem formação jornalística, mas cumprem muito bem o papel, assim como o uber em relação ao velho táxi. Assim é o avanço da tecnologia com seus desdobramentos na sociedade, incomoda um lado e agrada o outro. Interessante que são recorrentes as críticas de empresas de mídia e de jornalismo quanto a atuação dos novos atores da comunicação, no entanto, a maioria dessas empresas aprova o uber.

O fato, ao que se revela diante das letras do teclado que aguardam ansiosamente o toque, é que o jornalismo precisa se reinventar, rejuvenescer, recomeçar. Hoje, o cidadão comum subiu um degrau na escada da produção de conteúdos informativos e opinativos, e , de uma maneira geral, ali, no novo patamar, ainda se encontram a maioria dos jornalistas.

Uma vez juntos, e ao mesmo tempo separados, não é de se estranhar que o jornalismo das grandes empresas de mídia reproduza conteúdos das redes sociais sem nenhum tipo de filtro ou de confirmação da veracidade das informações, fazendo do 'ouvi dizer' ou do " alguém me disse" , conteúdos informativos, que por sua vez, serão reproduzidos por outras empresas da velha mídia.

O resultado é o que se vê; a precarização do jornalismo da velha mídia e a ascensão de novos atores empenhados em produzir conteúdos fidedignos e de qualidade.

Outro aspecto da evolução tecnológica, no tocante as redes sociais, diz respeito as supostas e limitadas diferenciações entre o real e o virtual.

Com a internete, um novo campo de atuação passou a fazer parte da vida social e assim foi imediatamente rotulado de virtual.

Ocorre que o chamado virtual se faz presente em várias esferas da vida das pessoas, até mesmo em cirurgias médicas, fazendo do real e do virtual expressões idênticas

Se assim é de fato, outras atividades comuns no "real" ainda estão longe de se manifestar no "virtual". Um exemplo pode ser a atuação das polícias. Na vida "real", a vigilância policial, ainda que não a desejada pela população, se faz presente no dia-a a dia das cidades, agindo de forma preventiva e corretiva. Comum e corriqueiro a detenção de infratores que cometam delitos nas ruas das cidades.

No campo "virtual", apesar de existirem delegacias próprias para os crimes de internete, a ação preventiva da polícia, tal qual ocorre no "real ", ainda é insignificante, ou quase nula, o que favorece a ação livre de criminosos.

Esse descompasso entre o real e o virtual revela um grande atraso entre os administradores municipais, estaduais e federal. Atualmente, no Brasil, somente ações de inteligência contra atividades associadas as diferentes manifestações do crime organizado tem algum tipo de rastreamento no campo virtual, o que já é alguma coisa, mas bem pouco para o conjunto de práticas criminosas perpetradas nas redes sociais, práticas essas se manifestadas no campo real teriam uma ação imediata dos órgãos de segurança pública. Outro agravante para esses crimes, que muitos, inclusive, são praticados por empresas de mídia, jornalismo, e até mesmo por autoridades dos Poderes da república que deveriam estar empenhadas em coibí-los.

Em suma, a internete e as redes sociais permitiram que o cidadão, através de novas formas de expressão, ocupasse palanques e bancadas privilegiadas, e , ao mesmo tempo, as empresas de comunicação e jornalismo que sempre desfrutaram de tais palanques e bancadas não evoluíram, ao contrário, regrediram, se misturando ao senso comum e ainda incentivando práticas criminosas entre a população.

Este blogue, O PAPIRO, é um blogue opinativo no campo do ecossocialismo anárquico.

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