sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Teoria da Utilização Progressiva



Disponibilizo, abaixo, um texto sobre o sistema PROUT, com quem mantive conhecimento e contato durante a Conferência do Clima , no Rio de Janeiro, em 1992.
PROUT( pronuncia-se "praut" ) é a sigla de PROgressive Utilization Theory ( ou seja, Teoria da Utilização Progressiva ), uma teoria sócio-econômica elaborada por P.R.Sarkar.  PROUT tem um conceito diferente de progresso, com ênfase nos aspectos intelectual e espiritual e no equilíbrio entre desenvolvimento material e realidade ecológica.
Em um mundo atual que ou desaba ou ruma aos caos, a leitura de teorias sócio-econômicas com novas formas de organização social é sempre interessante. 

10 Mitos Econômicos e Populares

Mito 1: Economias sustentadas por exportações são estáveis



As economias dependentes de exportações são fundamentalmente instáveis e vulneráveis às flutuações de mercado. A globalização permite apenas que empresas multinacionais movam-se para locais com mão-de-obra mais barata em busca de maior lucratividade, enquanto que os trabalhadores não têm vantagens comparativas porque não podem deslocar-se de seus países.
PROUT recomenda a criação de zonas econômicas auto-suficientes para promover maior estabilidade econômica. Com isso, pretende-se que haja um mínimo de dependência de importação/exportação de matérias primas básicas em cada zona econômica. Estas deverão desenvolver a produção de bens manufaturados, a agricultura e serviços para atender suas necessidades e o comércio internacional fará a troca de bens manufaturados, sem envolver moeda.


Mito 2 : "A sobrevivência do mais forte" é a lei do mercado


A aplicação da teoria de Darwin ( de vencedores e perdedores ) à economia inevitavelmente leva ao fracasso de todos. Apesar de a motivação individual criar um certo dinamismo econômica, a cada dia é maior o número de pessoas relegadas a níveis de pobreza altíssimos, num quadro de depressão econômica. São duas as causas fundamentais da depressão econômica que nos aflige: concentração excessiva de riqueza, que provoca estagnação social e exploração; e um baixo índice de circulação da riqueza retida por poucos, que gera desaceleração de investimentos, produção e renda.
PROUT recomenda uma economia baseada no sistema cooperativo e a aplicação de um imposto sobre fortunas, de modo a reduzir a concentração e acelerar a circulação de capital. A emissão de papel-moeda deverá ser estabilizada para se conter a inflação.


Mito 3 : A liberdade empresarial é boa para toda a sociedade

Liberdade empresarial, na verdade, significa liberdade de alguns obterem lucros fantásticos e não liberdade de todos participarem igualmente na economia. As vantagens da economia de mercado se concentram nas mãos da elite dominadora, que se empenha em eliminar os competidores, com fusão ou aquisição de empresas, monopolizando o mercado.
PROUT recomenda a democratização da economia , de modo que empregados participem nos lucros e direção da empresa. O sistema corporativo é o mais apropriado para esse fim, pois oferece igual oportunidade a todos, sem propiciar favorecimentos individuais.


Mito 4 : O imposto de renda  é justo e progressivo

Taxar a renda, que representa apenas uma parcela da riqueza, é injusto e facilmente sonegável por empresas e pessoas físicas.
PROUT recomenda  a substituição do imposto de renda por um imposto único sobre transações econômicas e a aplicação de um imposto sobre fortunas.


Mito 5 : Estatizar é uma boa solução

A estatização não é a solução devido à burocracia, que, além de ser lenta e ineficiência, reluta em aceitar novas tecnologias e ideias. Estatizar significa legalizar o monopólio.
PROUT recomenda que a economia seja descentralizada através da socialização ( não é estatização ), usando-se o sistema cooperativo como meio principal de organização, pois nele os empregados participam dos lucros e da administração. A indústria, agricultura e serviços devem funcionar em pequena escala e sob controle local, ao invés de termos um controle explorativo promovido por grandes corporações, que subornam ou manejam as autoridades do executivo em diversas áreas. A socialização deve ser implementada gradualmente para se evitar um impacto no nível  de emprego e na propriedade privada.


Mito 6 : Lucro como motivação é a chave da atividade econômica

De modo geral, o lucro apenas gera pobreza, estagnação e instabilidade, tendo em conta que apenas  um número ínfimo de pessoas e países se torna vencedor.
PROUT recomenda uma economia baseada na utilização máxima dos recursos para atingir a estabilidade e a produção sustentável. Garantindo-se o poder de compra do salário num limite mínimo que dê para as necessidades básicas; mantendo-se uma oferta suficiente de emprego; e dando-se estímulos materiais ao esforço e talento individual aplicados ao bem-estar social; promover-se-á uma melhoria do padrão de vida de todos. A produção e comércio de produtos básicos  deverão ser mais amplos, visto que atendem maior fatia da população. Um novo padrão de vida baseado nessa estabilidade material promoverá também oportunidade ao desenvolvimento intelectual e espiritual.


Mito 7 : O nacionalismo é essencial a nossa identidade

Nacionalismo é uma condição que apenas separa pessoas dentro de fronteiras geográficas. A exploração econômica se torna mais fácil quando a sociedade está dividida por sentimentos dogmáticos, como o nacionalismo e patriotismo, e quando a língua e cultura locais são suprimidas. Homens negócio e políticos usam esses sentimentos como forma perpetuar a dominação.

PROUT recomenda o sentimento universalista para promover a união entre pessoas, devendo, entretanto, ser mantida a diversidade cultural. As culturas indígenas devem ser preservadas e a língua local deve ser usada nas escolas, na legislação e na administração  pública. A cultura de massa patrocinada pelo capitalismo consumista deve ser eliminada.


Mito 8 : O desenvolvimento tradicional pode assegurar o equilíbrio entre o meio ambiente e as necessidades humanas

Nossa atividade econômica está baseada na busca de prazeres artificiais, na acumulação excessiva e num estilo de vida que contribui para a destruição da natureza. Além disso, prevalece ainda o conceito de que somos superiores às outras espécies e de que estas são apenas um bem de consumo.
PROUT recomenda que seja levado em conta o valor existencial, e não apenas o valor utilitário, do meio ambiente e que seja garantida constitucionalmente a preservação da fauna, flora e terra. Se não for colocado um limite ao materialismo e à destruição de outras espécies, o desenvolvimento tradicional continuará fomentando a degradação do meio ambiente.


Mito 9 : Vivemos em um sistema democrático verdadeiro



O sistema político de hoje pode ser melhor definido como "democracia de comércio"ar. Os governos não são capazes de suportar a pressão de lobistas dos grandes capitalistas e terminam acatando suas imposições. Os regimes democráticos atuais são caracterizados por partidos que fazem imperar seus interesses em detrimento da moralidade.
PROUT recomenda uma democracia sem partido, onde representantes da população sejam eleitos para compor comitês locais e regionais ao invés de partidos. Os candidatos devem cumprir o programa de campanha ou ter seu mandato anulado. Ao mesmo tempo o planejamento econômico será descentralizado, de modo que esses comitês possam atender as necessidades do local, ao invés de interesses de grandes corporações.


Mito 10 : O materialismo consumista satisfaz a todos

A psicologia do capitalismo, com sua ganância, pressão e insegurança, não é comumente aceita pela maioria da população. Se estivessem livres da intensa propaganda consumista, as pessoas certamente gastariam seu tempo com coisas não consumistas, como leituras, artes, passeio, etc. O consumismo sustentado pela propaganda maciça força as pessoas a procurarem a felicidade imediatista do materialismo, fazendo com que continue a exploração econômica.
PROUT recomenda uma redefinição do conceito de progresso, com base na ênfase dos aspectos intelectuais e espirituais, ao invés do aspecto material. As pessoas comprometidas com a segurança e o bem-estar da sociedade precisam assumir os cargos de liderança, tanto na área governamental, quanto na área empresarial, no lugar dos materialistas.

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