terça-feira, 11 de outubro de 2016

Sabedoria Tática

Como deter a virada à direita

Por Immanuel Wallerstein, no site Outras Palavras:

Como deter a virada à direita? Esta é a questão que as pessoas que se consideram à esquerda têm se colocado há algum tempo. Ela está sendo lançada, de diferentes maneiras, na América Latina, em boa parte da Europa, nos países árabes e islâmicos, no sul da Áfria e no sudeste da Ásia. A questão é ainha mais dramática porque, em mutos destes países, a virada segue um período em que houve uma certa guinada à esquerda.

O problema para a esquerda são as prioridades. Vivemos num mundo em que o poder geopolítico dos Estados Unidos está em constante declínio. E vivemos num tempo em que a economia-mundo está reduzindo severamente os recursos dos Estados e das pessoas, a ponto de o padrão de vida da maior parte da população do planeta estar em declínio. Estes são os constrangimentos para qualquer atividade da esquerda, e é possível fazer pouco para superá-los.

Surgem, de modo crescente, movimentos que denunciam a política tradicional e os partidos de centro. Eles pedem políticas de transformação radicalmente novas. Mas há dois tipos de movimentos assim, que poderíamos chamar de uma versão de direita e uma de esquerda. A versão de direita pode ser encontrada na campanha de Donald Trump à Casa Branca, na cruzada anti-drogas do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, no Partido da Lei e da Justiça, na Polônia, e em muitos outros. Para a esquerda, a prioridade número um é evitar que estes movimentos controlem o poder de Estado. Eles são basicamente xenofóbicos e exclusionistas. Usarão este controle do Estado para esmagar os movimentos de esquerda.

Ao mesmo tempo multiplicam-se, à esquerda, movimentos que se organizam com base em políticas radicalmente novas. Isso inclui a tentativa de Bernie Sanders para concorrer à presidência dos EUA pelo Partido Democrata; o esforço de Jeremy Corbin para que o Partido Trabalhista britânico reassuma seu apoio histórico a posições socialistas; o Syriza, na Grécia; o Podemos, na Espanha e muitos outros. Obviamente, quando tais movimentos parecem próximos a alcançar o poder de Estado, a direita (tanto a tradicional quanto a que se diz radicalmente anti-establishment) une-se para derrotá-los ou para forçá-los a modificar sua posição de modo abrupto. Foi o que aconteceu com o Syriza.

Portanto, este esforço tem limites implícitos. Os novos movimentos de esqueda acabam forçados a se comportar como outra versão de um partido social-democrata de centro-esquerda. Isso cumpre um papel. Limita, no curto prazo, os ataques aos mais pobres, reduzindo danos. Mas não ajuda na transformação social.

O objetivo de médio prazo, de estabelecer um novo sistema-mundo que seja mais democrático e igualitário, requer ação política de outro tipo. Requer organizar-se em toda parte, na base da sociedade, e construir alianças a partir de lá – mais do que a partir do poder de Estado. Este foi o segredo do fortalecimento recente dos movimentos anti-establishment de direita.

Para que prevaleça, na luta que ocupará os próximos vinte ou quarenta anos e que definirá o sistema sucessor do capitalismo existente – agora em declínio definitivo – a esquerda precisará combinar uma série de politicas. Alianças de curto prazo, para minimizar o mal que os orçamentos restritos fazem aos mais pobres. Oposição duríssima ao controle do poder de Estado pelos movimentos anti-establishment de direita. Constante organização política pela base. Isso é muito difícil e exige constante clareza de análise, opções morais sólidas sobre o tipo de outro mundo possível que queremos e sabedoria tática.

Fonte: Blog do Miro
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Hoje a seleção brasileira joga contra a Venezuela, lá na Venezuela, em jogo válido pelas eliminatórias da Copa -18, na Rússia.

Como é de conhecimento do caro leitor, o futebol nem de longe é o esporte mais popular na Venezuela, talvez ficando em terceiro...

O futebol venezuelano evoluiu nos últimos 20 anos, porém ainda está longe de ser uma força no continente.

A primeira vez que a seleção brasileira jogou contra a Venezuela foi no ano de 1969, em Caracas, pelas eliminatórias da Copa de 1970.

Naqueles tempos de chumbo, o então ingênuo futebol venezuelano não oferecia nenhuma resistência ao futebol brasileiro.

Naquele jogo de 1969, o primeiro tempo terminou empatado sem gols. O treinador da seleção brasileira esperou que todos os jogadores voltassem para o vestiário. No vestiário, esperou que todos se "acalmassem" e que terminassem de falar .
Olhou para os jogadores e disse:
' vocês são infinitamente superiores a esses caras e não conseguem sair ganhando. Voltem e tratem de ganhar o jogo'.
Disse , de forma dura, assertiva e direta.
Os jogadores voltaram para o segundo tempo e a seleção brasileira venceu por 5 X 0.
O treinador era João Saldanha, o João Sem Medo, de opções morais sólidas e sempre claro e direto.

Quanto a seleção venezuelana, os jornais locais comemoraram como um feito histórico, comparável a uma conquista, o empate sem gols no primeiro tempo daquele jogo.

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