quinta-feira, 20 de outubro de 2016

As sujeiras da imprensa esportiva




Nota sobre enquete publicada no Globoesporte.
Fluminense coloca pingos nos is sobre os verdadeiros escândalos do futebol. 
Ao contrário do que tentam distorcer, o Flu não esteve envolvido em episódios lamentáveis

O Portal GloboEsporte.com, quando coloca uma enquete lamentável, produzida de maneira jocosa, sem contextualização dos fatos, demonstra que não respeita as leis do futebol brasileiro e pior, não faz uma reflexão séria sobre os verdadeiros problemas que afetam a maior paixão nacional. Após a exibição da leitura labial do que ocorreu nos 13 minutos de paralisação do Fla-Flu do dia 13/10/2016, exibida domingo passado no programa Esporte Espetacular da TV Globo, esperávamos mais comprometimento com a informação, mas para uns, a chacota é o único foco. Pena que certos veículos parecem ter muito mais torcedores do que jornalistas. O azar deles é que sempre quando o Fluminense Football Club tem convicção de seus direitos, jamais aceitará calado e baixará a guarda. De todo modo, já que a preguiça (ou seria falta de vontade?) impede uma apuração histórica mais criteriosa, sem entrar em detalhes, vamos enumerar algumas situações vergonhosas do esporte bretão que costumam ser varridas para debaixo do tapete:

Escândalo das Papeletas Amarelas - O episódio de um suposto suborno do Flamengo aos árbitros do Campeonato Carioca nunca foi esclarecido e os resultados do Estadual de 1986, ano em que o Fluminense poderia ser tetracampeão, foram mantidos
.
Caso Ivens Mendes - Houve o vazamento de áudios dos presidentes de Atlético-PR e Corinthians que insinuavam o benefício dos clubes em arbitragens. Na Itália, em situação semelhante, a Juventus foi rebaixada para a Série B e perdeu dois títulos nacionais. Já no Brasil, nenhum clube foi punido. A decisão foi ampliar o número de participantes do Campeonato Brasileiro de 1997, não valendo os critérios de descenso do ano anterior, repetindo o que houve em 1993, quando o Grêmio, por exemplo, foi beneficiado.

Caso Sandro Hiroshi - O Campeonato Brasileiro de 1999 transcorria normalmente. Internacional e Botafogo disputavam rodada a rodada quem cairia para a Série B. Até que houve a denúncia de uma suposta escalação irregular do atleta Sandro Hiroshi, do São Paulo, e os clubes grandes ameaçados de rebaixamento foram os únicos a conquistar os pontos no STJD. Se valessem apenas os pontos conquistados dentro de campo, o Gama permaneceria na Série A e inconformado com isso, o clube brasiliense levou o caso para a Justiça Comum. A tarefa de organizar o Campeonato Brasileiro de 2000 passou então para o Clube dos 13. Assim, nasceu a Copa João Havelange, que teve 116 participantes.

Máfia do Apito - Em outubro de 2005, a revista Veja tornou público que um grupo de investidores havia negociado com o árbitro Edílson Pereira de Carvalho para garantir resultados apostados em sites. Os 11 jogos apitados pelo juiz no Campeonato Brasileiro foram anulados pelo STJD. Se os resultados das partidas fossem mantidos, o Internacional seria campeão, mas com os novos jogos, o Corinthians conquistou a taça, por ter um ponto a mais.

Estádio - Diferentemente de certos clubes, que ganham o patrimônio já pronto do Governo, o Fluminense, utilizando somente de seus próprios recursos, construiu o Estádio das Laranjeiras em 1919 para sediar o Campeonato Sul-Americano de Seleções.

Campeonato Paulista de 2001 - O Santos tentou anular a derrota na semifinal do Campeonato Paulista para o Corinthians por uso de ponto eletrônico dos jogadores adversários

Campeonato Brasileiro de 2003 - O Paysandu foi punido pelo uso de atletas irregulares. Corinthians e Ponte Preta ganharam os pontos do jogo, mesmo sem ter vencido em campo.

Campeonato Brasileiro de 2012 - O Palmeiras ingressou no STJD em 2012 pedindo anulação da derrota para o Inter em razão de um gol com a mão feito pelo atacante Barcos.

Campeonato Carioca de 2013 - O Flamengo tentou anular o empate com o Duque de Caxias pelo Campeonato Carioca alegando interferência externa.

Também em 2013, o Vasco perdeu por 5 a 1 para o Atlético Paranaense e foi rebaixado. O jogo teve confusão entre torcida e o cruzmaltino pediu os pontos do jogo no tribunal.

Fonte: FLUMINENSE F.C.
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O dia em que a imprensa esportiva aprender a fazer jornalismo, estará ajudando o futebol brasileiro a evoluir.

Na década de 1960, o Botafogo formou equipes que entraram para sempre na história do futebol brasileiro. Precisamente na segunda metade daqueles anos, o Botafogo de Carlos Roberto, Gerson, Rogério, Roberto, Jairzinho e Paulo Cesar, dentre outros, era quase que imbatível. Bicampeão carioca nos anos de 1967 e 1968, o clube tentava o tricampeonato no ano de 1969. Sua torcida crescia em número e, consequentemente, em barulho. Os botafoguenses, devo admitir, eram insuportáveis, no bom sentido, naqueles anos de grandes transformações sociais, no Brasil, como em todo o mundo.

O campeonato carioca de 1969 estava cercado de grande expectativa, pelo suposto tri, que mesmo para as demais torcidas do Rio seria difícil de ser evitado. Exceção para Nelson Rodrigues, que em suas crônicas pregava diariamente a humildade dos tricolores, que em assim se comportando poderiam alcançar o título, não do tri, mas do Tricolor, como de fato aconteceu. Com as sandálias da humildade de Nelson, o Fluminense disputou o carioca.

Vasco e Flamengo, clubes de maiores torcidas do Rio de Janeiro, e assim sendo de grande interesse para a imprensa, viviam uma década de poucas conquistas e apresentavam, quase todos os anos, equipes que eram motivo de piada. O Flamengo ainda conquistou os cariocas de 1963 e 1965, enquanto o Vasco, faturou , apenas o último torneio Rio-São Paulo no formato antigo, no ano de 1966, empatado com Santos, Corinthians e Botafogo, um ocaso em preto e branco.

O Botafogo, time da moda, com sua torcida "insuportável" despertava inveja nas demais torcidas, o que, de alguma forma, passou a fazer parte do conteúdo jornalístico esportivo daqueles anos. O principal jornal de esportes, o Jornal dos Sports, aos poucos foi abraçando a causa contra o Botafogo, de maneira que a torcida do Botafogo passava a levar para os estádio faixas e cartazes em que pediam para que os botafoguenses repudiassem o Jornal dos Sports. O clima de perseguição tinha contaminado a imprensa.

Já pelo final do campeonato, uma rodada dupla no Maraca, em dia de meio de semana, a noite, reuniu os times de Botafogo, Flamengo, Vasco e mais um time pequeno da cidade. Em pleno Maraca lotado, três grandes torcidas dividindo espaço nas arquibancadas. Era uma tragédia anunciada. O Botafogo perdeu o jogo, e com isso ficou fora da disputa do título, o gerou uma onda de alegria e raiva no estádio. As torcidas do Vasco e do Flamengo, encurralaram a torcida do Botafogo, no pequeno espaço que lhe foi reservado, e promoveram um massacre, uma covardia raras vezes vista em um estádio de futebol. O clima existia, e com ajuda da imprensa. O massacre foi motivo de teses e análises anos depois, e muitos historiadores do futebol admitem, de bom grado, que aquele dia teria sido o marco zero de um longo processo de decadência do Botafogo que durou 20 anos.

O Fluminense, que não tinha nada a ver com a história, assumiu a liderança da competição e com as sandálias do Nelson conquistou o título. No entanto, naquele campeonato um acontecimento marcou a história do clube das três cores que traduzem tradição. O Tricolor tinha o artilheiro da competição , Flávio, O Minuano, e na mística tricolor sempre que o clube tem um artilheiro fatura o título. Flávio, em um jogo contra o Vasco pelo segundo turno, ainda no início, foi expulso, o que ficaria automaticamente suspenso do próximo jogo, contra o America, que naqueles anos era grande e dava trabalho.

O Fluminense, para surpresa de todos, entrou com uma liminar na Justiça comum que garantia a participação do Minuano. Flavio entrou em campo, jogou, e ainda, aos quarenta minutos do segundo tempo fez o gol que garantiu a vitória tricolor por 2 x 1. Uma tremenda discussão tomou conta da cidade. Antes pela especulação se iria ou não jogar e depois pelo fato de ter entrado em campo e ainda ter sido decisivo na vitória do Fluminense. Todo mundo opinava e ninguém entendia nada. Muitos, principalmente da imprensa ávida por índices de audiência, diziam que o Fluminense iria perder os pontos do jogo, que, caso acontecesse, beneficiaria o cambaleante Flamengo que ainda nutria alguma chance pelo título. O assunto futebol deu lugar ao jurídico, o que fez com que o sempre antenado radialista Washington Rodrigues, o Apolinho, na época na rádio Globo, criasse o termo Tapetão. Naqueles anos de ame-o ou deixe-o, Brasil Grande, e outras bobagens mais, o país vivia uma febre de construção de grandes estádios de futebol, que ganhavam o nome sempre terminando em ão. Era mineirão, batistão, castelão, e até em Arraial do Cabo, na época distrito de Cabo Frio e com no máximo cinco mil habitantes, foi inaugurado um estádio com o nome de Barcelão. Apolinho, cirúrgico e mestre em criar termos e expressões bem-humoradas - fruto da faculdade bairro do Engenho Novo onde cresceu - criou o termo Tapetão, para se referir ao "estádio" , com salões e tapetes, onde seriam decididas as partidas de futebol. O tapetão caiu no gosto popular e, naturalmente, o Fluminense ficou associado ao termo, devido a sua ousadia em escalar Flavio. Hoje, é muito comum na Justiça Desportiva o chamado efeito suspensivo, que garante que um jogador suspenso possa atuar. Ousadia ou enxergar a frente ?

Se o Fluminense ficou marcado pelo caso Flavio, o que é verdadeiro, não são verdadeiras as demais acusações que recaem sobre o clube, como apresentado pelo Globo Esporte, do Grupo Globo, e muito bem questionado e esclarecido na nota do Clube.

Que torcedores se utilizem de fatos , que a maioria desconhece, para efeito de gozações e brincadeira ligadas ao futebol, pode-se até admitir. No entanto, quando tais "informações" são apresentadas pela imprensa especializada, está se fazendo um desserviço ao futebol e a informação. Nesses casos as partes atingidas devem se manifestar e exigir o mínimo de profissionalismo da imprensa.

Ainda sobre sujeira , polêmicas e jornalismo de esgoto praticado pela imprensa esportiva, cabe recordar o caso de interferência externa em um jogo de futebol, quando a TV Globo, como de costume, deu um péssimo exemplo. Leia um excerto retirado do google, abaixo:

Como temos falado bastante de arbitragem por aqui, vamos recordar um momento histórico de J. R. Wright, um dos reis da polêmica do apito brasileiro. A matéria exibida em 2003 pelo Esporte Espetacular fala sobre a final entre Vasco x Flamengo pela Taça Guanabara de 1982. 2 jornalistas tiveram a idéia de colocar um microfone sem fio no Árbitro José Roberto Wright para registrar a dura vida do árbitro dentro das 4 linhas. Na época,esta reportagem causou uma grande polêmica em torno do Árbitro,da Rede Globo e do Flamengo,que chegou a cobrar como indenização à Rede Globo uma quantia de Cr$ 4,245 milhões. Pra variar, o Vasco foi roubado e Geovani pressionado o jogo todo pelo árbitro. Não é a toa que para a torcida vascaína, o juiz, que se diz tricolor, é conhecido como José Roberto Rato.

Além de pedir uma indenização à TV Globo, cogitou-se a anulação da partida. J.R. Wright, depois que engavetou o apito, passou a trabalhar na...Tv Globo, como comentarista de arbitragens.

Como pode constatar o caro leitor, as sujeiras da imprensa não são poucas e em nada contribuem para a evolução do futebol no Brasil.

Aos "profissionais" da imprensa esportiva, esse texto do PAPIRO, pode ser útil como um exemplo, uma evidência objetiva de um bom jornalismo, com fartos fatos e dados sobre um pouco, um corte, das polêmicas envolvendo os clubes com decisões judiciais.

O estágio atual da imprensa esportiva no Brasil pode ser comparado a um clube que busca qualificação para disputar a série D do campeonato brasileiro.

Globo e trapaça, é de longe que a gente conhece essa raça.

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