quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Rio 40°C

  

Hoje um quiosque desabou, colapsou, foi ao chão no calçadão da praia de Copacabana. Um saldo de quatro feridos, sendo que duas pessoas eram clientes que consumiam no local.

Ainda nessa semana, o espelho d'água da lagoa Rodrigo de Freitas ficou coberto por uma densa espuma branca, fruto da poluição crônica de um ecossistema frágil e agonizante.

Na semana passada aconteceu um impensável assalto dentro de um vagão de uma composição da linha 2 do metrô. Vagão destinado as mulheres que foi assaltado por dois homens, que não se sabe como conseguiram fugir pelos trilhos, sem que os seguranças do Metrô, que com frequência agridem passageiros, pudessem detê-los.

Com o início deste mês, a violência explodiu em comunidades pacificadas na cidade, da zona sul a zona oeste, da zona norte ao centro, perseguições policiais e tiroteios reproduziram , em altos decibéis, uma trilha sonora de uma nota só em um estilo minimalista-bélico-destrutivo de triste lembrança para o carioca.

Mortos, prisões, e muita munição na disputa por territórios.

O secretário de segurança do estado, que pediu demissão nesta semana, ao sair afirmou que a situação vai piorar ainda mais, com aumento da criminalidade na cidade.

Diante de evidências catastróficas, o carioca se pergunta como as Olimpíadas e as Paralimpíadas aconteceram dias atrás com sucesso e sem nenhum incidente ou acidente grave. Teria sido o trabalho desenvolvido pela Fundação Cacique Cobra Coral, que tem contrato com a prefeitura para disseminar positivos fluidos sobre a cidade durante a realização de grandes eventos ?

Seja lá o que for, o quiosque na praia de Copacabana, próximo da Arena onde aconteceram as competições de volei de praia, esperou a diminuição do movimento para desabar. O mesmo fez a espuma de poluição, que aguardou o término dos eventos para voltar ao seu lugar e continuar sua vidinha. O metrô, que melhorou a nota da cidade no quesito mobilidade e ainda teve uma linha inaugurada pelo golpe com direito a fanfarra e pavonice político-midiática, isso antes dos eventos, esperou o final dos megaeventos para também entrar no circuito de barbárie da cidade.

E por fim, sem a menor intenção em esgotar o assunto sobre o teatro de absurdos que assola a cidade e também o país, as enaltecidas e civilizatórias Unidades de Polícia Pacificadoras, as UPP's, que desde o início de sua instalação foram saudadas pelas autoridades e pela mídia complacente com um marco civilizatório para a cidade, revelam-se, depois da realização dos megaeventos, como incapazes de promover a segurança nas áreas para as quais foram destinadas. Cabe lembrar que a população da cidade que não espera milagre vindo do mar ou das antenas de TV, já no início de instalação das UPP's tinha dúvidas quanto a eficácia e perenidade de ações que viessem a introduzir dignidade e civilidade nas comunidades pobres.

" isso daí é só pra copa e olimpíada, depois acaba tudo", disse o Mais Velho, referendado pela sabedoria popular, que aliás, nunca se engana.



De fato é que a barra na cidade está pesada, e tende a piorar com a chegada da estação do inferno.

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