segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Ninguém ganha no Rio com 41,50% dos eleitores

Descobriram os culpados pelos votos nulos, brancos e abstenções: Dilma e Lula.

Postado em 31 Oct 2016
por : Kiko Nogueira


Dilma e Lula

Abstenções, votos brancos e nulos somaram 32,5% do eleitorado no país, um aumento expressivo com relação a 2012 (26,5%). Em São Paulo, no Rio e Belo Horizonte, essa votação foi maior que a dos eleitos João Doria, Marcelo Crivella e Kalil.

Segundo Gilmar Mendes, presidente do TSE e opinador oficial da nação, há um “estranhamento” entre o eleitor e os políticos.

“Alguma coisa se traduz nessa ausência ou também na opção pelo voto nulo”, disse numa coletiva. No primeiro turno, Michel Temer afirmou que o alto índice era “uma mensagem à classe política”.

Aécio, desesperado com mais uma derrota, desta feita de seu homem em BH, João Leite, escreve na Folha que “nada mais inútil e manipulador que a simples negação da política, já que esta se constitui no território do debate e do diálogo que sustentam o ambiente democrático”. É uma cacetada pouco sutil em Alckmin e Doria.

É sintomático que os protagonistas de um impeachment cascateiro venham agora a público dar lições de democracia e fazer, numa boa, leituras em que não avaliam o próprio papel nesse desencanto generalizado.

Ora, depois que 54 milhões de votos foram atirados no lixo em meio a um processo vexaminoso, como convencer as pessoas de que, agora, vai ser para valer?

O sujeito que votou num projeto em 2014 está vendo uma outra agenda tomar conta sem que ele seja consultado. Para que se dar ao trabalho de ir à urna?

Na miríade de explicações, estão conseguindo culpar Lula e Dilma. Valdo Cruz, da Globo News, e o velho e ruim Ricardo Noblat, entre outros, conseguiram enxergar um “simbolismo” na ausência de ambos em suas sessões eleitorais.

Ele ficou em casa, em São Bernardo do Campo, ela em Porto Alegre. Lula completou 70 anos e não precisava. Dilma foi visitar a mão em Belo Horizonte e vai ter de justificar.

Na verdade, o candidato de cada um não estava na disputa, daí o forfait. Erraram? Sim. Qual a intenção do ato? Eles podem responder.

Mas foi um “mau exemplo”, diz Cruz. “Deles esperava-se o contrário, o de mostrar a importância de uma eleição.”

Se a ideia era fazer ironia, ponto para o autor. O pior, no entanto, é que ele estava falando sério. Enquanto olham obsessivamente para Dilma, Lula e o PT, a Igreja Universal toma conta do Rio de Janeiro. Amém.

Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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A eleição de Lula em 2002, um homem do povo e ligado aos trabalhadores, foi uma resposta do eleitor brasileiro contra um modelo, um estilo, que dominava o pais desde a redemocratização, em 1985. Modelo e estilo associados ao clientelismo, a corrupção e ao favorecimento de apenas uma pequena parcela da população brasileira.

Lula e o PT eram sinônimos de ética na política, um partido diferente dos demais. No governo, infelizmente, o PT reproduziu as mesmas práticas dos governos anteriores, toma lá dá cá, corrupção e outras. Enquanto o país crescia e o desemprego era bem reduzido, o brasileiro preferiu não dar muita importância aos casos de corrupção no ciclo petista. Tanto é verdade que o barulho que a mídia fez com o mensalão em 2005, seria suficiente para que Lula não fosse reeleito em 2006. Lula foi reeleito e ainda elegeu Dilma em 2010, que foi reeleita em 2014. O povo tinha emprego e o país andava. A partir de 2013 esse cenário se modifica quando a população vai às ruas insatisfeita e pedindo mais. Entra em cena a operação Fim do Brasil, ou Lava Jato, que de forma seletiva e em conluio com a grande mídia, expõe, apenas, as armações do PT.

Estavam criadas as condições perfeitas para acabar com o PT e seus quadros. Com a economia em queda e o desemprego subindo, o brasileiro não poupou o PT. Aceitou o golpe contra Dilma e o resultado dessas eleições, com abstenções estratosféricas, é a mensagem do povo brasileiro com o desencanto daquilo que se esperava como a última trincheira de ética na política, o PT. Tanto é verdade que os adversários diretos e explícitos do ciclo petista, também, de alguma forma, foram rejeitados pelo brasileiro. Exceção para uma facção do PSDB de São Paulo, que sai vitorioso nas eleições. De uma maneira geral,o brasileiro quer mudanças, reformas, transformações no sistema político brasileiro. Essa conversa de que o eleitor rejeitou a política e os políticos não está errada, porém não é correta. O brasileiro está insatisfeito com o sistema político, não com a política, até porque todo mundo faz política todos os dias, em casa, com o porteiro do edifício, no trabalho e até com os animais domésticos.

Leia abaixo um excerto de um artigo do BRASIL DE FATO, sobre as eleições no Rio de Janeiro:

No Rio de Janeiro, por exemplo, não compareceram às urnas 1.314.950 eleitores, 149.866 votaram em branco e 569.536 anularam os votos. Ou seja, 2.034.352 optaram por não votar nem em Marcelo Crivella (PRB), que venceu a disputa com 1.700.030 votos, nem em Marcelo Freixo, que conquistou 1.163.662 votos.

Isso significa, em percentuais, que 41,50% dos eleitores do Rio de Janeiro habilitados para votar não queriam nem Crivella nem Freixo. Em outras palavras, o Ninguém venceu a eleição do Rio, já que Crivella teve 1.700.030 votos - 34,70% dos eleitores - e Freixo 1,163.662 votos - 23,80% dos eleitores -

O novo prefeito do Rio de Janeiro tem ,apenas, 34,70% dos eleitores. Naturalmente, os eleitos sempre tem que fazer composições na Assembléia Legislativa para obter a tal governabilidade. Além disso, pelo resultado, Crivella terá que fazer composições e acordos com o povo do Rio de Janeiro, já que praticamente 2/3 da população da cidade não apoia o prefeito eleito.

Lula e Dilma não foram os culpados pelas altas taxas de abstenção, como afirma o jornalismo sujo, podre e fedorento da grande mídia.

Lula e Dilma representavam a última trincheira do brasileiro para a consolidação de uma política limpa, cansado estava o povo com a podridão política dos anos 90, 80 e o período da ditadura militar.

Que venham reformas e que venha o novo.

O que o povo escolheu nessas eleições não significam as tais mudanças alardeadas por um tipo de jornalismo que também tem sido rejeitado pelo brasileiro, que também quer novas regras para os meios de comunicação do país.


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