quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Metástase social

Uma nação omissa



Por Arnaldo César (*)

Assolados por golpes, traições, maracutaias, roubalheiras de toda sorte, corrupção das grossas, propinagem descarada, desvio de função e descaramento generalizado, os brasileiros perderam a capacidade de se indignar. Uma presidente, legitimamente eleita, é destituída sem motivo num processo de impeachment meia bomba e a vida segue calmamente.
Dentro deste clima de total e absoluta promiscuidade, um grupo de parlamentares, na calada da noite, tentou golpear seus pares, na marotíssima manobra para anistiar aqueles parlamentares que fizeram traquinagens com o Caixa 2 de campanha. Manobra vergonhosa!
E, o pior: todos os partidos, inclusive o encalacrado PT, foram pegos com a boca na botija de mais esta patranha. Todos tem o rabo preso e estavam ansiosos para livrar suas respectivas biografias na hipótese de suas contas vierem a ser investigadas por uma razão qualquer.
Geddel Vieira Lima
Geddel Vieira Lima defendeu os colegas espertinhos que quiseram anistiar o Caixa 2 das campanhas. Temer, o desautorizou e disse que está havendo problema de comunicação no seu (dfes)governo. Problema de comunicação ou falta de sinceridade? Foto: reprodução internet
Os formadores de opinião, especialmente os jornalistas que vivem e trabalham em Brasília, acostumados a toda sortes de vilanias trataram a questão como mais uma asneira praticada pelos nobres representantes do povo.
Teve até um ministro do governo golpista, Geddel Vieira Lima, que veio a público defender os seus colegas espertalhões.
Ninguém, no Brasil de hoje, pode ser considerado uma vestal. Nem mesmo o “Rei da Moralidade Pública”, o juiz Sérgio Moro, comandante em chefe da “República de Curitiba”. Nunca, em nenhum momento, ele deixou de politizar suas ações na Lava jato. Mandando ás favas, a indispensável neutralidade que um magistrado deve cultivar nos tribunais.
A omissão dos cidadãos diante disso tudo é um sinal claro da fragilidade em que se encontra a democracia do País. Assim como todas as demais instituições que garantem o funcionamento da Nação. Senão vejamos:
O Legislativo está em frangalhos, tentando legislar em causa própria para se proteger das roubalheiras praticadas pelos seus membros.
Executivo é ocupado por um usurpador, sobre o qual recaem suspeitas de ter recebido propinas. O mesmo acontece com a maioria do seu ministério, constituída por políticos envolvidos com a Justiça.
Dias Tofoll: alerta aos colegas ministros do STF
Dias Toffoli: alerta aos colegas ministros do STF
No Judiciário não é diferente. Em vez de se contentar em ser o fiel da balança da institucionalidade brasileira, ele tem atuado ultimamente em consonância com interesses políticos partidários. Tanto que um de seus membros, o novato Dias Toffoli, pediu vênia para alertar os colegas ministros que estavam passando dos limites.
Se a democracia brasileira está totalmente estropiada, o Estado de Direito padece das mesmas feridas. Virou moda no Brasil acusar, julgar, punir e encarcerar sem precisar provar nada. Basta um procurador ou um juiz se convencer de que um crime foi cometido. Atua-se, hoje no Brasil, exatamente, como se fazia na Alemanha nazista, dos anos 40.
A coisa anda tão escancarada que soou brincadeira – para não dizer estupidez – o discurso do presidente usurpador no plenário das Nações Unidas, quando vociferou que “o impeachment feito no Brasil era um exemplo de democracia para o mundo”.
Depois de tamanha tolice, dá para entender as razões pela qual Barack Obama e todo e qualquer chefe de estado que se preze não terem dado as caras na sede da ONU, para prestigiar o pronunciamento do “Senhor Fora Temer”. Um sujeito, diga de passagem, ousado. Tanto que não teve qualquer prurido em ir lá mentir descaradamente sobre o número de refugiados acolhidos no Brasil.
Num ambiente contaminado em que os Três Poderes agem em função dos interesses pessoais ou de seus grupos, não será surpresa que um ex-presidente venha a ser encarcerado, sem qualquer prova cabal, e ninguém mova uma palha qualquer por ele.
Nas favelas do Rio, o espertalhão que acha que leva vantagem em tudo é conhecido como “Malandro Agulha”. Por uma razão muito simples: sempre acaba levando na cabeça.
É o caso dos brasileiros que, até agora, só têm levado na cabeça.
Até quando aceitarão calados tal situação?
(*) Arnaldo César é jornalista e colaborador do blog. 

Fonte: MARCELO AULER
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A PRISÃO DE MANTEGA E O ESTADO DE DIREITO.


A prisão de Guido Mantega, no Hospital Albert Einstein, onde estava acompanhando a esposa, que tem câncer, sem flagrante ou fato novo que a justifique e de maneira absolutamente desnecessária - o ex-ministro é uma figura pública, com endereço conhecido, que teria comparecido normalmente para depor caso tivesse sido intimado a isso, se o objetivo era a preservação de eventuais provas, a questão poderia ter sido resolvida por meio da expedição de mero mandato de busca e apreensão - só se explica pela busca da espetacularidade e de pressão sobre o detido.
Ela mostra, de forma inequívoca, a que grau de terror stalinista o Brasil está sendo alçado neste momento, diante do acovardamento do Congresso e das autoridades que deveriam assegurar a prevalência das garantias individuais, da letra constitucional e do Estado de Direito.

A ligar o ex-ministro a um suposto caso de propina, que teria sido encaminhada não a ele, mas a "publicitários" não identificados pela imprensa, há apenas uma declaração da polêmica figura de Eike Batista, que alega ter feito tal contribuição, também supostamente, em benefício do PT, a seu pedido.

Homem de reputação ilibada, Guido Mantega nunca foi beneficiado pessoalmente - ao contrário da cambada de bandidos enviados para casa pela Operação Lava-Jato em troca de delações premiadas, a maioria delas sem provas materiais, e todas com óbvias e ululantes conotações políticas - por um único centavo de dinheiro alheio.

Odiado pela malta neofascista tupiniquim, que contra ele tem protagonizado uma série de agressões covardes - uma delas foi no próprio Hospital Albert Einstein, no ano passado - e o acusa, hipocritamente de ter contribuído para o "descalabro" da economia, para essa gente, na verdade, seu maior crime, parece ter sido o de colaborar com um projeto que tirou o Brasil da decima-quarta economia do mundo e o levou para o oitavo posto em pouco mais de 10 anos; que pagou a divida com o FMI, de 40 bilhões de dólares, em 2005; que diminuiu a Divida Bruta Pública, de 80% em 2002 para menos de 70%, agora; que cortou pela metade a divida líquida pública, de 60 para 35% do PIB; que economizou 370 bilhões de dólares em reservas internacionais, quase 1.5 trilhão de reais, que estão no banco e que transformaram o Brasil no quarto maior credor individual externo dos EUA - procurem por Major Foreign Holders no Google.

Se pagou a quantia e sabia estar cometendo corrupção ativa, Eike Batista cometeu um crime, que só confessou cinco anos depois do fato.

Porque ele não foi preso, temporariamente, da mesma forma que Mantega, que sequer viu a cor do dinheiro?

Aguarda-se, agora, a posição da defesa do ex-ministro, e a resposta do STF a essa arbitrariedade, mais um desafio que se coloca à autoridade da Suprema Corte, como o novo bloqueio bilionário decretado, esta semana, sem sustentação legal, contra empreiteiras, pelo TCU.

Fonte: MAURO  SANTAYANA

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Bresser-Pereira: “Por que tanto ódio? Nunca tinha visto isso na minha vida. É muito grave”

22 de setembro de 2016 Redação


Entrevista de Bresser-Pereira para a revista Os Brasileiros:

"O fundamento desse ódio é um elitismo muito violento dos brasileiros, que vem ainda da escravidão, e especialmente da classe média. A classe média viu que tinha sido esquecida no governo Lula. Os muito ricos estavam ganhando muito dinheiro, e o governo tinha uma clara preferência pelos pobres.

Eles viram que tinham ficado excluídos e viam a ascensão social desses pobres, que andavam de avião com eles, entravam nos shopping centers com eles, entravam nas universidades. As elites brasileiras só admitem a ascensão isoladamente, muito individualmente. Mas uma coletiva é inaceitável.

Há ainda outro fator. De repente apareceu o mensalão, um escândalo político grave exatamente no partido que estava promovendo essa política que as incomodava tanto. Então, o ódio teve um destino: virou um ódio ao PT e ao Lula, e a Dilma depois. Nunca tinha visto isso na minha vida. É muito grave.

Fonte: O CAFEZINHO
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Mantega foi detido em um hospital enquanto acompanhava a esposa que estava sendo operada de um câncer.

A Polícia Federal e turma do Moro selecionam, cuidadosamente, os momentos para efetuar a prisão.

Se não bastasse a fragilidade de provas para as prisões-espetáculo que o país assiste bovinamente no telejornal antes da novela, ainda são incorporados aspectos de monstruosidade, brutalidade e , claro, um ódio sem precedentes.

Na escalada do ódio até o estupro passa a ter como culpada a estuprada, que seduz e provoca e, assim sendo, merece ser estuprada, conforme revelou recente pesquisa de opinião onde 1/3 da população assim se manifestou.

"Seduzir e provocar" pode-se atribuir como associado a beleza da vítima, algo que para o estuprador só poderia ser desfrutado pela força, pelo poder econômico, o que em tese são a mesma coisa.

Cabe lembrar que novelas que a população assiste bovinamente, tem relativizado e romantizado o estupro.

O ódio contra os quadros do PT e também contra o partido, também tem sido incentivado , diariamente, ao logo de anos, pelos telejornais que acontecem antes das novelas que tem cenas de estupro e que a população assiste bovinamente. Um ódio acumulado por treze anos e que agora se manifesta como metástase do tecido social.

Com origem nas elites e em grande parcela da classe média inculta e fútil, esse ódio interdita qualquer debate e confronto civilizado de ideias com a esquerda lulopetista, e, assim como no estupro, somente através da força e do poder econômico pode-se derrotar o PT.

Por valorizar a cultura e o equilíbrio social os governos do PT se assemelham a "mulher que por ser bela é a culpada pelo estupro".

Assim sendo, os quadros do PT são os responsáveis pelo sucesso do país, e, como tal, devem ser detidos, presos e alijados da vida pública.

Para isso, a atuação dos Poderes como se manifesta no momento, só é possível com o apoio incondicional da grande mídia, que , além de divulgar e incentivar o estupro, ajuda a formar alienados, incultos, idiotas e bestas raivosas, prontos para atacar, principalmente aos domingos na Av. Paulista e na Av. Atlântica, dia que não tem novela depois do telejornal que se assiste bovinamente.

É da ignorância, somente da ignorância, que a grande parcela da classe média precisa se libertar, para ser de fato livre e feliz.

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