sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Verde amarelo delirante nas ruas

Os farsantes que definham a democracia brasileira

A elite brasileira verde e amarelo segue com seu discurso despolitizado de ódio à esquerda e aos 'perigosos comunistas'.

Luciana Burlamaqui : jornalista, cineasta, diretora do longa-metragem Entre a Luz e a Sombra e produtora da Zora Mídia, voltada para produção de filmes focados em temáticas humanistas.



Vivemos uma grande farsa no Brasil encenada por políticos, mídia, juízes, advogados e a sociedade civil de direita.

A TV Globo finge que noticia de forma imparcial, mas não dá voz equilibrada a Dilma, Lula e o Partido dos Trabalhadores, além de diminuir o espaço e o tom quando a denúncia atinge o governo golpista e o PSDB. Muitos jornalistas da emissora agem como atores e atrizes a serviço de seus chefes para preservarem o gordo salário no final do mês.

Juízes do Supremo Tribunal Federal dificultam qualquer investigação contra Aécio Neves e só se manifestaram contra Eduardo Cunha, depois do impeachment consumado no Congresso.

A Constituição é aviltada pelo governo golpista na destituição, por duas vezes, do presidente da EBC Ricardo Melo, e no desrespeito ao poder legal de voto negado ao Conselho Curador da emissora, fulminando-o novamente com sua destituição.

A perseguição movida pelo medo da conspiracão - o alimento da alma destes políticos – começou de forma espúria, contra o garçom do Planato José Catalão demitido sumariamente sem qualquer justa causa e seguiu implacável na destituição de vários nomes de peso em todas as áreas do executivo federal.

José Serra, ministro golpista das relações exteriores finge que se preocupa com o Brasil e lança uma política internacional que revela seu preconceito contra os países mais vulneráveis e sua visão anti-América Latina, subjugada aos interesses do capital americano.

Os ministérios dos homens brilhantes, que Temer elogiou em entrevista a Sônia Bridi na TV Globo, logo após assumir interinamente, é de horrorizar qualquer ser humano lúcido neste país. Mas a farsa, dá voz a voz de Temer, pela emissora. Uma roda de farsantes que dá as mãos e finge que nada de errado está acontecendo. O áudio do ex-ministro e presidente do PMDB, Romero Jucá desenhando de forma cristalina o golpe contra a presidenta Dilma é abrandado pela emissora. Segundo os comentaristas da Globo News; Merval Pereira, Renata Lo Prete e a turma que os acompanha, o áudio do senador e ex-ministro, não tem nada a ver com golpe. O mesmo grupo de jornalistas passou todo o período do impeachment dando risadas desreipetosas sobre a presidenta Dilma e fazendo fofocas ao vivo sobre a destituição dela.

Temer finge que foi eleito pelo povo brasileiro e que vai unir o país. A Globo finge que não tem nada a ver com a manipulação que fez para criar e intensificar a crise econômica, e tenta demonstrar que não há nenhum protesto relevante (milhares de pessoas nas ruas todos os dias) pedindo a saída do golpista Michel Temer. O objetivo das organizações Globo é a saída do poder em definitivo do PT, Lula e Dilma. Para alcançar este objetivo, vale tudo.

As lideranças dos movimentos de direita fingem que está tudo bem e desapareceram diante das notícias de corrupção e golpe desmascarados desde o áudio de Jucá que tinha a intenção de levar Michel Temer ao poder para estancar a Lava Jato.

As notícias internacionais do golpe trazem a verdade. Os movimentos de rua gritam com a alma e o coração. Os artistas que ocuparam os escritórios do MINC em todo país se mantém leais a causa e, a partir deles, começam a surgir os primeiros documentários desta farsa histórica.

A Polícia Militar segue barbarizando em todo o país, com o apoio do governo golpista do Temer, e em São Paulo a mando também do governo fascista de Geraldo Alckmim.

A elite brasileira verde e amarelo segue com seu discurso despolitizado de ódio à esquerda e aos “perigosos comunistas”. E as eleições para prefeitos seguem com seus candidatos da direita fortemente despreparados, fazendo política à moda antiga: promessas vazias, sorrisos falsos, pouquíssima realidade, nenhum conhecimento sistêmico das cidades e suas fichas sujas jogadas debaixo do tapete por milagres inexplicáveis da mão da “justiça”.

Estamos em um salve-se quem puder!

Só a união de todos os grupos e indivíduos progressistas em diferentes frentes com o objetivo de fortalecer a pressão popular no Brasil e junto aos orgãos internacionais de peso pode, talvez, nos salvar das nuvens de trevas que intoxicam nossa alma com o gosto amargo da opressão e do riso sarcástico dos ladrões de votos.

Somos milhões ao lado da verdade.

Chega de farsa!

Fonte: CARTA MAIOR
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Ex-senador italiano prevê mais protestos e não exclui guerra civil no Brasil

"Sindicatos vão se unir na luta contra ofensiva de patronato escravocrata", diz José Luiz Del Roio

O ex-senador italiano José Luiz Del Roio, autor de “A história de um dia: 1º de Maio”, destacou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que as propostas do presidente Michel Temer são anti-histórias, embutem violência social e forçarão a união das centrais sindicais para combatê-las.

Del Roio destaca que a mobilização contra Temer será muito forte. Ele avalia o grupo no poder tem pouco tempo, não quer eleições e virá como um trator. "Trator que vai se encontrar com as praças, as ruas e as greves", afirma.

Del Roio é um ativista político, e reuniu seis centrais sindicais para a reedição, agora em setembro, de seu livro "Primeiro de Maio, sua Origem, seu Significado, suas Lutas"


Entrevista da 'Folha' com José Luiz Del Roio

Veja as principais declarações de José Luiz Del Roio na entrevista:

"Aumentou a exploração. A tecnologia tende a isolar os trabalhadores. E agora estamos com uma velha batalha de quando acabou a ditadura: a questão da jornada de trabalho." "A desculpa é sempre a mesma. É a desculpa que já davam em 1886: não pode porque o lucro do patrão cai a um ponto tal que ele fecha tudo. É a mesma desculpa que era usada no Império: acabar com a escravidão seria o fim da lavoura no Brasil."

"Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria, falou em chegar a 80 horas. É a mesma coisa que dizer que tem que voltar a escravidão. Um pouco pior. Porque na escravidão o escravo era um instrumento de trabalho e o patrão tinha que dar de comer para ele, se não perdia o dinheiro."

"Não existe possibilidade que uma central sindical possa aprovar uma PEC 241 ou a destruição da CLT."

"Se se propõe o bloqueio de todo o investimento social, está se propondo o canibalismo. É uma irracionalidade, uma violência social, uma crueldade, um desmanchar a esperança de um povo de forma violenta."

"É demais a violência da oligarquia escravocrata brasileira."

Sobre a unificação das centrais sindicais

"Eles têm um inimigo que é feroz demais. Eles têm que lutar contra. Eles vão se unificar na luta contra essa ofensiva de um patronato escravocrata. Não é um patrão moderno. Nunca rompemos de verdade com o escravismo no Brasil. As relações de trabalho foram escravistas durante 350 anos e não houve uma ruptura como nos EUA. Para a maioria dos descentes dos escravos continua havendo discriminação. Isso marcou sempre as relações de trabalho no Brasil. A chamada hoje Polícia Militar, tão violenta, nasce já na colônia para reprimir escravos, negros. Há uma linha de continuidade, não tem ruptura, ela continua reprimindo negros."

Enfrentamento

"É a questão de sobrevivência. Central que não fizer isso não sobreviverá. Porque a mobilização será muito forte. Esse governo quer ficar 20 anos no poder. É evidente que não quer eleições; fará de tudo para ficar. O tempo legal que ele tem é muito pequeno: dois anos. Não dá para fazer tudo isso. Para fazer tudo, tem que vir com um trator. Trator que vai se encontrar com as praças, as ruas e as greves."

Governo Temer

"Vai ser instável pelo conjunto de forças que deram o golpe, que são contraditórias e ávidas. Querem privatizações, Estado mínimo e aumento da mais valia. Há uma brutal concentração de riqueza no mundo, o tal 1%, que na verdade é 0,1%. O governo Temer vai ajudar o 0,1%, vai dar muito milho para o pato. Muita gente vai querer ganhar algum milhinho, e não tem milho para todo mundo. Haverá divisão. Alguns vão querer a privatização de tudo; outros, não. Surgirão contradições no grupo, que não é estabilizado e que é muito envelhecido."

"Esse governo não tem projeto, a não ser a exploração violenta de seu próprio povo. São muito atrasados na análise mundial. Pensam que estão na época da guerra fria, do pujante desenvolvimento do capitalismo ocidental. Mas esse modelo está com um problema insolúvel e teórico: a taxa de lucro do capitalismo é decrescente há mais de 10 anos. Não adianta ampliar a exploração da mão de obra que isso não se inverte. É preciso mais ciência sem fronteira O inverso do que está sendo feito. Isso vai nos levar à barbárie, pois é o contraposto do que tem que ser feito. É anti-histórico."

"Esse governo não sabe o que é nação. Não sabe onde está no mundo. Está muito preocupado com suas igrejinhas, quanto eu vou ganhar, como eu escapo de ser processado. Onde estão os projetos? A questão nacional é fundamental para todos."

Guerra civil

"Longinquamente, não excluo. No bem ou no mal, com grandes infâmias e grandes lances patrióticos, as Forças Armadas têm um projeto nacional. Podemos discuti-lo, mas está escrito, foi feito no governo Lula. Até quando essa força vai suportar a destruição do Estado brasileiro e da sociedade? Queremos crescer e ser povo feliz, mas a as contradições que essa classe dominante tem abraçado pode levar a esse tipo de coisa."

"Estou preocupado com a crise objetiva econômica do país, resultante da crise internacional e da crise política. Estou preocupado com a falta de visão total desse governo, com a sede de vingança social contra o povo. Como eles estão fora da história e do quadro internacional, eles não têm condições de recolocar esse país minimamente no caminho do desenvolvimento e do equilíbrio social. Suas contradições internas são fortes. Não é um governo com um projeto como o dos militares. Esse governo não tem força nem projeto. É muito a curto prazo e não vai resolver os problemas da energia, da indústria, da tecnologia, das relações internacionais, de como tratar a população, a sociedade civil. Esse governo que não dura."

Fonte: Jornal do Brasil
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