quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Os golpistas hemorróidicos

O golpista não tolera é ouvir que é um golpista

POR FERNANDO BRITO · 01/09/2016


Pela segunda vez, nas últimas horas, a política conduziu-me à infância.

Os militares que tomaram o poder em 64, tal como o Michel Temer de hoje, ficavam furiosos ao serem chamados pelo que eram: golpistas.

E, como não tínhamos o chique anglicismo do “impeachment”, surgiram os nomes populares, grandiosamente irônicos: Revolução, Redentora, Gloriosa e, quando queriam ser formais, “Movimento Cívico-Militar”, que era o único lugar em que os civis vinham antes dos militares.

As coisas tinham outros nomes: os delatores premiados eram mesmo “dedo-duros” mas não deixavade ser premiados: subiam nas carreiras denunciando os chefes por simpatias esquerdistas. O “lulopetismo” era “a república sindicalista” e a Venezuela, coitada, tomou o lugar da União Soviética…

Jânio de Freitas, que o viu já sem as nuvens da infância como eu, conta melhor esta história, que começou ontem, os seus primeiros arreganhos.

Nenhum golpista já admitiu ser golpista

Janio de Freitas, na Folha

Em inúmeras vezes, nas sessões do impeachment que presidiu, o ministro Ricardo Lewandowski disse ao plenário, com pequenas variações de forma: “Neste julgamento, os senadores e senadoras são juízes, estão julgando”. Entre os 81 juízes, mais de 70 declaravam o seu voto há semanas, e o confirmaram na prática. Um princípio clássico do direito, porém, dá como vicioso e sujeito à invalidação o julgamento de juiz que assuma posição antecipada sobre a acusação a ser julgada. O que houve no hospício –assim o Senado foi identificado por seu presidente, Renan Calheiros– não foi um julgamento.

Os que negam o golpe o fazem como todos os seus antecessores em todos os tempos: nenhum golpista admitiu ser participante ou apoiador de um golpe. Desde o seu primeiro momento e ainda pelos seus remanescentes, o golpe de 1964, por exemplo, foi chamado por seus adeptos de “Revolução Democrática de 64”. Alguns, com certo pudor, às vezes disseram ser uma revolução preventiva. É o que faz agora, esquerdista extremado naquele tempo, o deputado José Aníbal, do PSDB, sobre a derrubada de Dilma: “É a democracia se protegendo”. Dentre os possíveis exemplos pessoais, talvez nenhum iguale Carlos Lacerda, que dedicou a maior parte da vida ao golpismo, mas não deixou de reagir com fúria se chamado de golpista.

As perícias e as evidências negaram fundamento nas duas acusações utilizadas para o processo do impeachment de Dilma. As negações foram ignoradas no Senado, em escancarada distorção do processo. Para disfarçar essa violência, foi propagada a ideia de que a maioria dos senadores apoiaria o impeachment levada pelo “conjunto da obra” de Dilma: a crise econômica, as dificuldades da indústria, o aumento do desemprego, o deficit fiscal, a suspensão de obras públicas, as dificuldades financeiras dos Estados e outros itens citados no Congresso e na imprensa.

Se os deputados e senadores se preocupassem mesmo com esses temas do “conjunto da obra”, teríamos o Congresso que desejamos. E os jornais, a TV e os seus jornalistas estariam sempre mentindo com suas críticas, como normal geral e diária, sobre a realidade da política e dos políticos.

Nem as tais pedaladas e os créditos suplementares, desmoralizados por perícias e evidências, nem o “conjunto da obra”, cujos temas não figuram nos interesses da maioria absoluta dos parlamentares, deram base para acusações respeitáveis em um processo e um julgamento. Se, no entanto, envoltos por sofismas e manipulações, serviram para derrubar uma presidente, houve um processo, um julgamento e uma acusação ilegítimos –um golpe parlamentar. Os que o efetivaram ou apoiaram podem chamá-lo como quiserem, mas foi apenas isto e seu nome verdadeiro é só este: golpe.

Esse desastre institucional contém, apesar de tudo, um ponto positivo. A conduta dos militares das três Forças, durante toda a crise até aqui, foi invejavelmente perfeita. Do ponto de vista formal e como participação no esforço democratizante que civis da política e do empresariado estão interrompendo.

O pronunciamento de ex-presidente feito por Dilma corresponde à aspiração de grande parte do país. Mas a tarefa implícita no seu “até daqui a pouco” exigiria, em princípio, mais do que as condições atuais da nova oposição podem oferecer-lhe, no seu esfacelamento. À vista do que são Michel Temer e os seus principais coadjuvantes, não cabem dúvidas de que os oposicionistas podem esperar muita contribuição do governo. Mas o dispositivo de apoio à situação conquistada será, a partir da Lava Jato, de meios de comunicação e do capital proveniente de empresários, uma barreira sem cuidado com limites.

Desde ontem, o Brasil é outro.

Fonte: TIJOLAÇO
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Joaquim Barbosa diz que Temer não terá respeito e estima de brasileiros

Ex-ministro do STF disse que saída de Dilma é "impeachment tabajara"

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa disparou críticas contra o presidente Michel Temer, que tomou posse do cargo nesta quarta-feira (31), e atacou a legitimidade do processo de impeachment contra a presidente destituída Dilma Rousseff.

Em sua conta no Twitter, Barbosa definiu, ainda, como "patética" a entrevista dada por Temer logo após a posse e disse que o novo presidente está enganado se pensa que terá o respeito e a estima da população brasileira.

"Eu não acompanhei nada desse patético espetáculo que foi o 'impeachment tabajara' de Dilma Rousseff. Não quis perder tempo. Mais patética ainda foi a primeira entrevista do novo presidente do Brasil, Michel Temer. Explico: O homem parece acreditar piamente que terá o respeito e a estima dos brasileiros pelo fato de agora ser presidente. Engana-se", escreveu Barbosa.


Ex-presidente do STF fez críticas em sua conta no Twitter

O ex-ministro afirmou, desta vez em inglês, que o Congresso Nacional é dominado por forças conservadoras que cercam o novo presidente da República, segundo ele comparável aos velhos "caudilhos" da América Latina. Para Barbosa, a resposta da nação é uma questão de tempo: "Eles não têm votos! Espere por dois anos", disse, em referência às eleições presidenciais de 2018.

Já em francês, o ex-presidente do Supremo afirmou que Temer pensa que um "golpe de varinha jurídica" é o suficiente para legitimá-lo no cargo. "Que pobreza!", registrou Barbosa.



Ex-ministro registrou comentários críticos também em inglês e francês

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Joaquim Barbosa, como é de conhecimento do carto leitor, foi ídolo do jornalismo golpista durante o julgamento do mensalão.

Não foram poucas as vezes que Barbosa recebeu elogios pela grande mídia.

Entre os mais entusiasmados com o desempenho de Barbosa no julgamento do mensalão estava Merval, o imortal Pereira, que quase diariamente em sua coluna no golpista O Globo, cobria o magistrado de elogios e aplausos. O imortal Pereira se derretia, era puro êxtase em seu clitóris hemorróidico.

Passado o mensalão, e com a saída de Barbosa do STF, o jornalismo golpista colocou de lado o magistrado, os elogios desapareceram, assim como o êxtase hemorróidico de seus principais colunistas.

Hoje , Barbosa analisa o processo que culminou no afastamento de Dilma como uma farsa, uma comédia ao estilo do saudoso Bussunda do Casseta & Planeta da Tv Globo. Talvez em retribuição as homenagens e paparicadas que recebia de Globo.

Corretamente, Barbosa analisa a primeira aparição de Temer como presidente e escancara o ridículo na solicitação do golpista em não ser chamado de golpista. O mimimi, voltou.

Temer, que pediu respeito, não terá o menor respeito por parte da população, e duvido se conseguirá terminar o mandato.

Ontem, em seu pronunciamento pedindo para não ser chamado golpista, Temer reviveu Fernando Collor quando estava para ser afastado e pediu a população brasileira para ir às ruas com as cores verde e amarelo. O Brasil, na ocasião, se vestiu de preto.A partir de hoje, o que Temer e seus comparsas mais ouvirão será a palavra golpe, ou golpistas.

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