terça-feira, 9 de agosto de 2016

Manipulação a gente vê na velha mídia

Vende-se otimismo: como em todo golpe, o derrotismo virou ufanismo



Depois de três anos bombardeando a todos com pessimismo, ódio e com a percepção de um país em frangalhos, destruído, derrotado, não deixa de ser curioso observar a súbita guinada da mídia brasileira, com o auxílio providencial dos Jogos Olímpicos. O Brasil de repente parece outro lugar, com mais humor, energia e esperança no futuro. “Este é um país que vai para a frente” seria o lema perfeito para os tempos que vivemos, se não tivesse sido um dos slogans utilizados pela ditadura militar para ludibriar os incautos. Ops.

Como em todo golpe que se preza, o derrotismo explícito da velha mídia e de seus sabujos a soldo se transformou rapidamente em um ufanismo rastaquera, vulgar. Exatamente como em 1964, agora os (de)formadores de opinião reconhecem que este é um país incrível, capaz de espantar o mundo com seus feitos, como a abertura de uma Olimpíada. Ora, e quem é que não sabia disso? Somente os vira-latas da imprensa e os que vestiam camisetas da CBF para protestar até outro dia apostavam no vexame, que seríamos incapazes de fazer uma festa daquelas. Pois eu acho até que foi fraca para o potencial que temos.

A festa idealizada por Fernando Meirelles, Daniela Thomas e Andrucha Waddington foi bonita, mas infelizmente contribuiu para este clima ufanista, ao pintar um país onde brancos, negros e índios convivem pacificamente e onde se respeita a natureza exuberante como nenhum outro. Nada mais oposto ao que vivemos e viveremos com os golpistas no poder. OK, faz parte do espetáculo, ninguém mostra suas desgraças e incoerências em eventos como este, mas que foi irônico assistir aquilo neste momento, foi.

O otimismo está à venda nas manchetes e nos telejornais, que se igualam enquanto versões replicadas do Jornal Nacional da época da ditadura. As Olimpíadas são a nova Copa de 1970, usada pelos militares para convencer os brasileiros de que o país ia bem. O apresentador da TV Globo Galvão Bueno chegou a mentir aos telespectadores dizendo que o presidente ilegítimo Michel Temer tinha sido “vaiado e aplaudido” na abertura. Que papo furado, Galvão! Temer foi apenas vaiado. O jornal italiano La Repubblica fez o dever de casa e mostrou a quem quiser ouvir.

Assistir às transmissões dos jogos ao vivo pelas emissoras de televisão é para quem tem estômagos fortes, e não me refiro aos embates entre os atletas. São vomitivos os comentários exagerados, falsamente contaminados por um otimismo recém-inventado para enganar trouxas. Aliás, é só isso que a mídia brasileira tem feito nos últimos tempos: enganar trouxas. Só um trouxa acreditaria que o país “catastrófico” de menos de seis meses atrás se transformou em um paraíso de uma hora para outra e que isso se deve ao “novo” governo imposto por um mal disfarçado golpe apoiado mais uma vez pelos meios de comunicação.

Claro, é fácil sorrir diante das câmeras quando se almeja apenas o lucro e é principalmente isso que as emissoras querem com os jogos, uma forma de ajudá-las a sair da bancarrota em que se encontram. Para obter audiência, é preciso transmitir a imagem de um país “vencedor” e as Olimpíadas caem como uma luva. Cheguei a ouvir um comentarista dizendo que a abertura dos jogos “resgatou a auto-estima dos brasileiros”. E quem a destruiu?

Comparemos com o clima reinante na Copa do Mundo em 2014, com Dilma Rousseff ainda no poder e candidata à reeleição. A velha mídia torceu contra desde o primeiro momento. Falou-se inclusive na possibilidade de alguma das novas arenas simplesmente desabar, matando gente, o que felizmente não aconteceu. Derrota para a Alemanha à parte, a Copa do Mundo foi um sucesso, a maior de todos os tempos, apesar do derrotismo constante da mídia, que só larga o complexo de vira-latas quando interessa, como agora.

Com Temer na presidência, a palavra de ordem nas redações da mídia golpista é “otimismo”, o que não chega a ser uma novidade: o otimismo como instrumento do golpe é mais uma novela reprisada pela Globo e suas cópias. O roteiro é o mesmo: enquanto o povo celebra o delírio de que o Brasil “melhorou”, nossa pátria-mãe é subtraída em tenebrosas transações… Só falta agora ressuscitarem a “Semana do Presidente” para o clima de revival da ditadura se instalar de vez.


Fonte: SOCIALISTA MORENA
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Huck foi vaiado porque é um dos símbolos do golpe

Postado em 08 Aug 2016
por : Paulo Nogueira

Quem foi vaiado neste domingo no Rio não foi Luciano Huck, mas sim o mundo que ele representa.

Mais diretamente: quem foi vaiado foi o Brasil de Temer.

Huck é um dos símbolos do movimento golpista. É amigo de Aécio e, se não bastasse, um dos rostos abomináveis da Globo.

A Globo é tão rejeitada, hoje, quanto Temer. Então você pode dizer que a Globo também foi vaiada em Huck.

Huck provavelmente pensou que fosse ser aplaudido quando sua presença foi anunciada numa disputa. Mas é por falta de noção, e por viver num mundo de fantasia, preservado do contato com a parcela mais politizada da sociedade, aquelas pessoas que não se deixam manipular pelo Jornal Nacional, pela CBN e por aí vamos.

Mas repito: o alvo dos apupos foi Temer.

Temer, caso fique até 2018, vai ter que correr do povo como se fosse um Forrest Gump.

Já não há nada capaz de evitar o fim desastroso de sua gestão. Ele era um mero desconhecido até o golpe. Tornou-se, pelas circunstâncias, um rosto familiar.

Quando isso acontece, ou as pessoas se apaixonam pelo recém-chegado ou desenvolvem uma imediata repugnância.

Não preciso dizer em que categoria Temer se enquadra.

Ele não tem votos, não tem história, não tem carisma, não tem sequer ficha limpa. Neste momento, muitos brasileiros devem estar se perguntando, por exemplo, que destino ele deu aos 10 milhões cash que a Odebrecht, segundo seu dono, lhe deu numa campanha.

A pergunta óbvia feita por muitos é esta: quanto ele guardou para si mesmo? Oscar Wilde escreveu que resistia a tudo, exceto à tentação. É tentador ver uma mala gigante de cédulas e passá-las adiante, uma a uma.

O Brasil de Temer é repulsivo. É uma criação espúria da plutocracia para roubar direitos sociais. É detestado internamente, como mostram pesquisas mesmo que maquiadas como o último Datafolha, e desprezado externamente.

As vaias a Luciano Huck, ainda que merecidíssimas, foram na verdade destinadas a Temer, Serra, Cunha, Aécio, Jucá, Renan, FHC, Globo, Veja, Folha — todos aqueles e tudo aquilo que simbolizam o golpe.

De “macaca” a “heroína”, quantos que ontem xingaram Rafaela Dias hoje a bajulam?
Postado em 08 Aug 2016
por : Marcos Sacramento


Rafaela Santos

Neste momento o país aplaude a glória de uma mulher negra e ex-favelada. Mas não se iludam. A euforia diante do ouro da judoca Rafaela Silva não pode ser considerada um trunfo sobre o racismo.

Se a história fosse diferente, com a vitória da adversária Dorjsürengiin Sumiya nos segundos finais da luta, Rafaela estaria agora sendo ofendida com xingamentos alusivos à sua cor da pele.

Foi assim durante os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Na época, Rafaela era uma das esperanças de medalha da delegação brasileira, expectativa frustrada por um golpe ilegal da judoca que levou à sua desclassificação precoce.

A reação de uns torcedores canalhas foi atacá-la nas redes sociais com xingamentos racistas que a levaram à depressão e a considerar largar o esporte. “Macaca” foi o mais gentil.

Naquela hora, todas as qualidades de Rafaela Dias foram ignoradas. O esforço e o talento necessários para disputar uma Olimpíada aos 20 anos de idade, as dificuldades financeiras da família e o estigma por ter nascido na comunidade empobrecida e violenta da Cidade de Deus, nada disso teve importância frente à ausência de uma medalha.

Hoje tudo isso é reconhecido. O perfil da atleta, pontuado por episódios de superação que seduzem a audiência, prolifera pela internet. Esteve no Jornal Nacional, onde foi bajulada por Galvão Bueno.

É bem capaz de aparecer no Domingão do Faustão ou ajudando Luciano Huck a ganhar audiência.

Por enquanto é a esportista mais querida do país, mas quantos que agora a idolatram a xingaram quatro anos atrás? Ou quantos estariam vomitando impropérios se a vencedora da luta fosse a judoca da Mongólia?

Prodígio do esporte, Rafaela não levou ouro por sorte ou imperícia das adversárias. Revelada pelo Instituto Reação, do judoca Flávio Canto, tem um currículo vencedor: conquistou medalha de bronze nos Jogos Pan-americanos de Toronto em 2015, prata no Pan de Honduras em Guadalajara e medalha de ouro no Mundial de 2013.

Mas é mulher negra. Basta que deixe de vencer para retornar à invisilidade, porque a grande mídia, assim como o brasileiro médio, dá valor apenas aos vencedores. “Só fortalece quem tem mais”, como cantou Mr. Catra.

Que ela aproveite o momento, mas não se deixe enganar pelos sorrisos que anda recebendo.
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Nota Oficial

O Fluminense informa que, ao contrário do que foi publicado na coluna do Ancelmo Gois, na edição do O Globo desta terça-feira, a atleta Rafaela Silva não foi dispensada pelo clube. Ela fez parte do projeto do judoca tricolor Flávio Canto e se desvinculou ao fim da parceria do Fluminense com o Instituto Reação.

O Fluminense trabalhou para ter um projeto em parceria com o Instituto Reação, mas em razão da situação em que foi recebido o clube em 2011, em condições financeiras muito ruins, não foi possível levar adiante. Uma pena, pois o trabalho realizado pelo Instituto é sensacional.

Provavelmente, em outra situação, o clube teria levado adiante a parceria. Mesmo assim, o Fluminense torce pelo projeto e pelos atletas desenvolvidos pelo programa. Parabéns a Rafaela pela vitória espetacular e ao tricolor Flávio Canto por ter idealizado e desenvolvido o Reação.

Fonte: FLUMINENSE F.C.
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Joanna desabafa após ataques em redes sociais: 'Brasil é racista, machista e homofóbico'

Joanna Maranhão não avançou à semifinal dos 200m borboleta e desabafou. Joanna lembra apelido 'namoradinha do Brasil' e fala sobre início de 'sucesso extremo': 'Por dentro, não era bem assim'
Após ser eliminada na fase classificatória dos 200 metros borboleta dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, nesta terça-feira, Joanna Maranhão desabafou.


A nadadora pernambucana afirmou ter visto ataques em sua página no Facebook após ficar fora da semifinal dos 200m medley por cinco centésimos, com pessoas lembrando inclusive o caso de estupro que ela sofreu quando criança.

Chorando muito, Joanna explodiu contra a cultura preconceituosa e machista do Brasil e prometeu tomar medidas judiciais.

Leia abaixo o desabafo da nadadora

"Ontem à noite foi o dia mais difícil para mim. Tentei ficar fora de rede social, mas fui no Facebook e vi uma enxurrada de agressões. Alguns dizendo que eu merecia ser estuprada, que minha história é uma grande mentira. Eu tentei segurar a onda, mas agora eu desabafei. É muito duro receber esse tipo de tratamento", começou a nadadora.

"O Brasil é um país muito racista, muito machista, muito homofóbico, vem de uma cultura futebolística que as pessoas acham que quando chega em um esporte olímpico elas têm o direito de nos tratar como tratam um jogador de futebol quando não ganham. Acho que nem os jogadores de futebol merecem esse tratamento que a gente tem. Eles têm, nós muito menos".

"Eu sempre me posicionei politicamente, porque sinto que todo ser humano tem um papel a fazer, mas eu quero um país para todo mundo. Não quero que a Tais Araújo seja chamada de 'macaca', que a Rafaela Silva seja chamada de 'decepção', amarelona'".

"Felipe Kitadai, Charels Chibana, Sarah Menezes não entraram para perder. É muito difícil as pessoas entenderam isso. Mas passar para a linha do desrespeito é difícil. Treinei muito para ser a melhor nadadora do Brasil e não sucumbir à minha depressão, e de repente as pessoas me questionando, questionando minha história".

"Combater pedofilia é uma missão na minha vida. Nunca toquei nesse assunto para ter mídia. Nunca fiz sensacionalismo para estar na mídia. É muito injusto. Foi uma experiência que eu não escolhi viver e lutei contra as dores que ela me causou. Não desejem que uma mulher seja estuprada, nem a morte da minha mãe".

"Pare de chamar uma atleta de 'macaca' para quatro anos depois estarem batendo nela. Rafaela é uma menina de origem pobre, que teve assistência de programas sociais, e muitas pessoas querem que isso acabe. É paradoxal".

"Mas se no Mundial do ano que vem algo acontecer para ela, as mesmas pessoas que hoje a aplaudem vão ser as mesmas que vão chama-la de 'amarelona'.

"Ontem foi muito pesado. Vou tomar as medidas jurídicas para isso"

Fonte: IG
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O que por anos era o país do caos, do pessimismo, da incompetência, da roubalheira, se transformou, depois do golpe, no país da beleza, do sucesso, do otimismo.

Manipulação a gente vê na velha mídia.

Acreditando que o golpe abriu as portas para o otimismo e o sucesso, um sem noção de Globo resolve querer aparecer mais do que os jogos. O resultado foi uma sonora vaia.

E eis que , uma judoca, pobre, preta e Silva, ganha a primeira medalha de ouro para o Brasil nos jogos. A velha mídia não perdeu tempo e na carona da judoca tenta faturar mais, ainda mais.

Por ser pobre, preta e Silva, Rafaela jamais desfrutou de espaço na velha mídia, ao contrário de outras atletas brasileiras, que nada conquistaram, porém ocupam tempo generoso na mídia, como musas, por exemplo.

Nos próximos dias a judoca ouro sera bajulada, ao extremo, em programas de TV, afinal Rafaela aumenta a audiência da podre mídia brasileira. Aumentando a audiência, Rafaela proporcionará mais lucros para as emissoras de TV, no entanto, não ganhará nada com isso e, tão logo passem os jogos, será olimpicamente descartada, esquecida, para ser cobrada na próxima olimpíada, e caso não conquiste medalha em 2020, será xingada, agredida nas redes sociais, sem ser defendida pela mesma velha mídia que hoje a enaltece.

No embalo da conquista de Rafaela, veia à tona a boa notícia de que a judoca foi beneficiária do programa Bolsa Pódio, do governo Dilma. Para esconder o programa vitorioso do governo do PT, o Jornal da Globo afirmou que Rafaela venceu pela sua força de vontade. Se isso não bastasse, o jornal O Globo inventou, através de um de seus blogueiros, que a judoca foi dispensada do Fluminense F.C, o que foi negado e esclarecido pelo clube em nota oficial.

Manipulação e desinformação a gente vê na velha mídia.

Rafaela somos todos nós, a maioria do povo brasileiro.

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