quarta-feira, 27 de julho de 2016

O novo é a contracultura. Ecologia, Humanismo e Espiritualidade

“Nossa luta não é só por democracia, mas por outra civilização”, diz Mujica

Para o senador e ex-presidente do Uruguai, a mudança cultural deve ser o motor das novas gerações.


De Curitiba (PR), 
“Fomos transformados em uma máquina de consumismo. A acumulação capitalista necessita que compremos, compremos e gastemos e gastemos. Vendem mentiras até que te tiram o último dinheiro. Essa é a nossa cultura e a única saída é a contracultura”, afirmou o ex-presidente do Uruguai - Créditos: Henry Milleo
“Fomos transformados em uma máquina de consumismo. A acumulação capitalista necessita que compremos, compremos e gastemos e gastemos. Vendem mentiras até que te tiram o último dinheiro. Essa é a nossa cultura e a única saída é a contracultura”, afirmou o ex-presidente do Uruguai / Henry Milleo

Para o senador e ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, o atual contexto político do Brasil e da América Latina, com o avanço das forças de direita, não pode ser visto com desânimo. “Nós aprendemos muito mais com as derrotas do que com as vitórias. É preciso levantar e começar de novo”, declarou Mujica durante o Seminário Democracia na América Latina, que reuniu milhares de pessoas nesta quarta-feira (27) em Curitiba.
Segundo o senador, a democracia está em risco no mundo inteiro devido a duas questões centrais: a concentração da massa financeira nas mãos dos ricos e a crescente desigualdade na Terra. “Nunca o homem teve tantos recursos e meios científicos e técnicos para erradicar a fome e a miséria dos povos", disse o ex-presidente, enfatizando que o grande problema não é ecológico, mas político. “Temos 80 senhores que possuem o mesmo que outros 3 bilhões de habitantes”.
O ex-presidente destacou que, antes de mais nada, é preciso mudar a cultura. “Sem mudar a cultura não muda nada”, sentenciou. Como cultura, entende-se, a mentalidade de vida. Deixar o consumismo de lado, promovendo principalmente a vida e a felicidade humana como centro da sociedade. 
Mujica opinou ainda que o crescimento econômico só se justifica se ocorrer para o desenvolvimento da felicidade humana. “Fomos transformados em uma máquina de consumismo. A acumulação capitalista necessita que compremos, compremos e gastemos e gastemos. Vendem mentiras até que te tiram o último dinheiro. Essa é a nossa cultura e a única saída é a contracultura”, afirmou.

Democracia em foco

Organizado pelo laboratório de Culturas Digitais, projeto do Setor de Educação da UFPR, o evento ocorreu com o objetivo de fomentar o debate sobre a ameaça aos regimes democráticos na América Latina, a partir do atual contexto de golpe institucional no Brasil.
Sobre esse assunto, na opinião de Pepe Mujica, é necessário pensar um outro modelo de democracia. “A democracia do futuro não pode ser a democracia de gente sob medida, de campanhas e propaganda para satisfação do mercado. Aquela vende um candidato político como se fosse pasta de dente. Se a política é isso estamos fritos”, criticou.
“A democracia é uma luta permanente, não é o conformismo. E o nosso papel é lutar por um mundo melhor. O que vale é a vida”, finalizou.

Foto: Leandro Taques
Convidados 
Participaram da mesa, junto com Mujica, a integrante da Rede de Mulheres Negras do Paraná e Secretária de Direitos Humanos da ABGLT, Heliana Hemeterio dos Santos; o Doutor em História pela FFLCH-USP, Gilberto Maringoni; a Mestre em Educação pela UFPR e professora da Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA), Lívia Morales; e a pesquisadora na área de políticas educacionais e movimentos sociais da UFPR, Andrea Caldas.
Durante sua exposição, Gilberto Maringoni criticou incisivamente a política de Estado mínimo proposta pelo governo interino de Michel Temer. De acordo com ele, as propostas de cortes orçamentários nos programas sociais representam uma opção política. ˜É o livre mercado e ele só tem uma alternativa: o ajuste fiscal e reduzir direitos sociais. Não tem saída porque estamos sem dinheiro”, disse ele, reproduzindo o discurso majoritário do atual Governo Federal.
Hemeterio questionou a efetividade da construção democrática em um país no qual, a cada 23 minutos, um jovem negro é morto. “A democracia latino-americana não inclui o povo negro. Não podemos falar de democracia a partir do nosso umbigo, sem incluir as mulheres negras, as mulheres lésbicas, as mulheres pobres", avaliou. 
A professora Livia Morales, da UNILA, destacou a necessidade de respeitarmos e valorizarmos as diversidades. “A política é o lugar da diferença. Quem gosta de tudo igual ao mesmo tempo é fascista. Precisamos aprender a lidar com as diferenças, conversar com as pessoas”, afirmou.
As falas foram recheadas de palmas e gritos por “fora Temer” e “fora Beto Richa”.

Foto: Leandro Taques

Tecnologia e participação social
Apesar de não ser aberto para perguntas, o seminário utilizou a tecnologia para fomentar o debate. Por meio da ferramenta “Delibera”, construída pelo Laboratório de Culturas Digitais, os participantes puderam enviar perguntar e votar nas mais interessantes.
O esforço de desenvolver ferramentas e metodologias de participação é um dos principais focos do projeto. Segundo o coordenador executivo do Laboratório, João Paulo Mehl, as pessoas precisam se apropriar do conhecimento gerado e também gerar conhecimento. Ele reforça que a tecnologia não dever ser tratada apenas sob o ponto de vista do especialista, mas de todos, desde os povos indígenas, aos programadores, designers e quilombolas.
Nesse sentido, a tecnologia utilizada e desenvolvida pelo Laboratório, por meio dos softwares livres, é aberta para ser revista, aprimorada e replicada por qualquer pessoa. Um dos exemplos de utilização da plataforma “Delibera” se dá no Conselho Nacional de Política Cultural, onde a ferramenta permite dar transparência e elaborar metodologias de decisões coletivas para o aprimoramento e fortalecimento de políticas publicas e programas.
Para Mujica, as tecnologias “não têm moral”. Portanto, caberá aos homens e mulheres da nova geração fazer o bom uso delas. “A evolução tecnológica, gostemos ou não, irá mudar a dinâmica social”, lembrou, afirmando que a interação proporcionada pelos meios digitais promove outro tipo de integração, que pode fazer com que a democracia no futuro seja muito mais desenvolvida do que a atual democracia representativa.
Fonte: BRASIL DE FATO
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O Tijolaço não entra na onda da “vira-latice” olímpica

POR FERNANDO BRITO · 27/07/2016
Para você encontrar meu nível de simpatia pelo prefeito Eduardo Paes, vai ter de pedir uma destas sondas de petróleo e cavar bem fundo. Não é zero, é abaixo de zero.

Mas não vou entrar nessa da mídia de ficar fazendo parecer que tudo é um caos, porque não é verdade.

Há falhas – várias, em vários graus -, há insensibilidade social mo caso de remoções, roubalheiras devem ter sido feitas – e não falo do público só, mas do privado.

Mas é próprio da elite midiática brasileira andar com uma lupa amplificando nossas deficiências.

Os apartamentos da Vila Olímpica – aliás, feitos pela iniciativa privada – não são nenhum pardieiro e, se não fosse a estupidez – perdão, não vejo como fugir da palavra – escrota do Prefeito com a historinha do canguru, não era nada que 48 h de eletricistas, bombeiros hidráulico e gasistas não resolvessem.

Eduardo Paes, cujo caráter já ficou evidente no seu comportamento em relação a Dilma Rousseff – que, com Lula, são os responsáveis por grande parte das obras de mobilidade e revitalização que o Rio recebeu – ,é um personagem que não vai passar da eliminatória de outubro na Rio 2016 eleitoral.

Mas o Rio não é este personagem e nosso país não é o caos que apregoam.

O El País mostra, hoje, que confusões de última hora foram comuns em Londres, Atlanta e Sochi, na Olimpíada de Inverno, na Rússia, há dois anos. “Dá pra se hospedar na Vila Olímpica, não há nada traumático“, dizem os atletas da delegação espanhola.

O fracasso das Olimpíadas pode ser político – a ausência de metade dos chefes de Estado que se previa, por conta do impeachment – e pelo clima de apreensão pela onda de violência mundial, na qual nossas autoridades fizeram questão de embarcar, em troca de mídia.

Esportivo não é – até porque nessa aí 7 a 1 não nos trespassa a alma – como foi o único fracasso da Copa, há dois anos atrás, com uma campanha de que tudo seria um caos. Ou alguém se esqueceu do “imagina na Copa”.

O resto é a louvação do “sport business”, interessadíssimos em explorar comercialmente a atração da competição e, com isso, promover os esportistas a uma espécie de subcelebridades.

O mundo do esporte – aliás, o mundo e a vida real – passa muito bem sem isso.

Recomendo a todos a leitura da matéria do Globo Esporte, da qual reproduzo um trecho abaixo, sobre a frugalidade com que se hospedam e comem os atletas cubanos de luta olímpica, que estão entre os favoritos da modalidade.

É o que a inculcação dos valores da classe média que pensa ser elite não consegue assimilar: é possível o bom viver com simplicidade. Não é ser escravo, é ser livre. Escravidão é aquela que coloca as pessoas, como dizia Noel Rosa, tendo dinheiro sem comprar a alegria.

E viver eternamente sendo escravo desta gente que cultiva a hipocrisia.



Vida em hostel, almoço em bar: astroscubanos desfrutam Rio sem glamour




Um grupo de homens altos, fortes e que andam sempre uniformizados tem chamado a atenção da vizinhança de um agitado hostel na Tijuca, bairro residencial da Zona Norte do Rio. É lá que a seleção cubana, dos multicampeões Mijain López, Ismael Borrero e Yasmany Lugo, escolheu para ficar nas duas primeiras semanas do período final de preparação para a Olimpíada. A rotina dos atletas tem sido treinar em dois períodos na Confederação Brasileira de Wrestling (CBW) e descansar nas horas vagas. As grandes refeições (almoço e jantar) têm sido feitas em um conhecido bar e restaurante especializado em petiscos no mesmo bairro.A escolha do hostel como QG da seleção cubana de luta olímpica se deveu à proximidade com o centro de treinamento da CBW, que fica a cerca de 2 km. O translado para os treinos tem sido feito através de uma van, alugada pela federação cubana. Inaugurado em 2013, o hostel – que fica a dez minutos a pé do Maracanã – vem sendo a casa de alguns atletas de luta olímpica nos últimos anos, os quais se hospedam no local para se deslocarem com facilidade para a CBW. Habitué do hostel, a lutadora goiana Keila Calaça, que é suplente da seleção feminina, foi quem indicou o local aos cubanos, que não têm do que reclamar nestes primeiros dias de estadia.– Cubanos e brasileiros são muito parecidos. No hostel e nas ruas todos nos cumprimentam. No restaurante, muitos param para tirar foto com a gente. Essa energia tem sido espetacular. Quando estamos aqui é como se estivéssemos na nossa segunda casa. O clima também ajuda muito, porque não é tão diferente de Cuba. Temos passado dias muito proveitosos, pois, como temos gasto pouco tempo para deslocamento, estamos aproveitando ao máximo o nosso tempo de treino – afirmou o chefe da delegação cubana, Raúl Trujillo.Todo o primeiro sábado do mês, o local recebe uma concorrida roda de samba. A direção do hostel prepara uma festa de despedida para os cubanos no último fim de semana da delegação no local. A seleção de Cuba fica no hostel até o dia 2 de agosto. A partir de então, os atletas se mudarão para um hotel de grande estrutura, possivelmente na Zona Oeste. A luta olímpica da Rio 2016 começa no dia 14 e vai até o dia 21. A competição será na Arena Carioca 2, na Barra da Tijuca

Fonte: TIJOLAÇO

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