segunda-feira, 25 de julho de 2016

E o esporte como via pública de inclusão social ?

Manifestantes foram as ruas protestar contra os Jogos Olímpicos na passagem da tocha por São Paulo, na Av. Paulista



Fonte: CARTA MAIOR
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Tentativas de apagar a tocha olímpica refletem cansaço com evento das corporações

24 de julho de 2016 às 15h03

Em Cascavel foi com extintor; em Jundiaí com Coca-Cola litro


Sem Clima para os Jogos: a Pálida Chama Olímpica da Rio 2016

Adriano de Freixo e Thiago Rodrigues*

Nas últimas semanas, a tocha olímpica tem percorrido inúmeras cidades brasileiras sob o patrocínio do principal grupo de mídia do país, do maior banco privado nacional, de uma montadora de automóveis japonesa e da mais famosa multinacional de refrigerantes.

Neste percurso por terras brasileiras do símbolo que pretensamente representaria o espírito olímpico, o que tem chamado atenção – mais até do que própria tocha – são as inúmeras tentativas de apagá-lo em diversos pontos do Brasil.

Longe de ser algo inédito – pois atos similares já ocorreram anteriormente em outros países-sede – ou de ser uma demonstração da proverbial iconoclastia brasileira, tais protestos têm que ser entendidos no contexto da crescente reação global à forma como os megaventos esportivos são organizados, assim como às entidades que os organizam, como o COI e a FIFA.

Esses organismos esportivos traduzem seu imenso poderio econômico – visto que o esporte é um negócio cada vez mais lucrativo que se configura em milionárias verbas publicitárias e/ou decorrentes das vendas dos direitos de transmissão dos eventos – em grande influência política, possibilitando, inclusive, sua ingerência em questões internas dos países e/ou cidades que sediam os eventos por eles organizados, conseguindo, por exemplo, alterar legislações nacionais para remover entraves legais à realização dessas competições.

Em 2013 e 2014, tal reação já se manifestou como um dos pontos da agenda dos diversos protestos de rua ocorridos no Brasil, em que apareceram com destaque as críticas aos altos gastos para a realização dos grandes eventos esportivos (Copa do Mundo e Olimpíadas) e o descontentamento com a ingerência da FIFA e do COI visando o atendimento de suas exigências pelo governo brasileiro.

Questionamentos similares também aconteceram em outras partes do mundo. Recentemente, os cidadãos de Viena, na Áustria, se opuseram através de um referendo a que a cidade se candidatasse a sediar os jogos olímpicos de 2028, por avaliarem que os altos custos do evento, por conta das exigências do COI, não compensariam os eventuais benefícios gerados por ele.

Na mesma direção, o parlamento sueco recusou a possibilidade de que Estocolmo se candidatasse a sediar os jogos de 2022, por avaliar que a cidade tem questões mais importantes a cuidar, uma vez que eventuais prejuízos teriam que ser cobertos com dinheiro público.

Tais reações negativas da cidadania dos países democráticos têm levado as duas grandes organizações esportivas internacionais a preferirem que seus grandes eventos aconteçam em países com regimes mais fechados, como a China, a Rússia ou Catar, onde o controle estatal restringe as manifestações contrárias por parte da opinião pública, e as mudanças legais enfrentam menos resistência parlamentar; ou em países chamados “emergentes” como o Brasil, ansiosos por maior projeção internacional e com instituições “democráticas” significativamente permissíveis ao poder corruptor dos interesses econômicos mobilizados pelos “megaeventos”.

No Brasil de 2016, as Olimpíadas, até agora, parecem ter empolgado somente os jornalistas e comentaristas esportivos dos canais abertos e fechados pertencentes ao principal oligopólio midiático nacional. Em meio a uma intensa crise política e econômica, a população, de modo geral, não tem demonstrado muito entusiasmo pelos jogos, apesar dos esforços de seus patrocinadores em promovê-los.

No Rio de Janeiro, a cidade-sede, a crise nacional se mistura com a crise local e o prometido “legado olímpico” é questionado e visto com desconfiança por amplos setores da sociedade. Anos de obras públicas, transtornos no já caótico trânsito carioca e promessas de novas alternativas no transporte público, redundaram em construções mal-acabadas ou entregues parcialmente.

Além disso, a edificação de unidades desportivas e da infraestrutura para as delegações esportivas levou ao truculento despejo de centenas de famílias vivendo no entorno do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca e à gentrificação do centro do Rio de Janeiro travestida de “revitalização urbana”.

As denúncias de superfaturamento e do envolvimento entre empreiteiras e políticos, soma-se à insatisfação geral causada pela falência financeira do estado do Rio de Janeiro. A ajuda financeira emergencial enviada pelo governo interino federal foi condicionada às obras tidas como “fundamentais” para a realização das Olimpíadas – e não aos projetos completos – e à segurança dos Jogos, enquanto os serviços fundamentais aos cidadãos estão comprometidos – a agonia de uma das maiores e mais tradicionais universidades públicas do país, a UERJ, é um bom exemplo disto – e os salários dos servidores estaduais atrasados.

No campo da segurança pública, a chegada de tropas da Força Nacional, do Exército da Marinha mudou a rotina da Zona Oeste, cercou favelas e expôs exercícios militares voltados à contenção de manifestações e eventuais “ataques terroristas”.

A Lei sobre Terrorismo, aprovada em tempo recorde em dezembro de 2015, e sancionada em março de 2016, é ambígua o suficiente para afirmar que não visa criminalizar movimentos sociais enquanto define como “atos de terrorismo”, além das ações contra infraestrutura estatal, “sabotar o funcionamento (…) de instituições bancárias e sua rede de atendimento” (Lei 13.260/16, Art. 2, § 2º, IV).

Lembrando das Jornadas de Junho de 2013, e de como bancos foram alvo das manifestações, fica aberto o espaço nebuloso para que protestos possam ser, não apenas “criminalizados”, mas efetivamente securitizados em tempos de golpe conservador.

Além disso, a penúria estadual somada às reiteradas denúncias do fracasso do programa das UPPs, num contexto de volta dos confrontos entre traficantes e policiais nas “comunidades pacificadas”, pode deixar uma brecha para que o “estado de calamidade” de hoje no Rio, se transforme, em “estado de emergência” e as tropas fiquem.

Assim, nesse quadro, a tocha, longe de representar o espírito olímpico, passou a ser vista, por parte de setores expressivos da nossa sociedade, de forma explícita ou não, como o símbolo de um conjunto de frustrações e de expectativas não atendidas. Ela parece muito mais associada aos interesses das grandes corporações e a uma entidade perdulária, invasiva e envolvida em transações nebulosas, do que aos chamados “ideais olímpicos” preconizados pelo Barão de Coubertin.

Desse modo, a personagem principal que prepara o clima para cada Olimpíada percorre o Brasil sem clima nenhum para recebê-la. A alegria forçada dos apresentadores de TV não é suficiente para dar fôlego à brasa morna dos Jogos no Rio de Janeiro. E coroando tudo isso, segue o odor fétido e o lixo flutuante de uma Baía de Guanabara que seria despoluída para a Olimpíada, mas não foi.


*Professores do Departamento de Estudos Estratégicos e Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense – UFF e Coordenadores do Laboratório de Estudos sobre a Política Externa Brasileira – LEPEB/UFF.


Fonte: VIOMUNDO
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A Vila Olímpica está um lixo, mas para a Globo o que vale são seus funcionários levando a tocha. 
Postado em 24 Jul 2016
por : Kiko Nogueira


Sandra Annenberg não gostou de ser chamada de “fofa” por Bonner

No domingo, 24, correu o mundo a notícia de que a delegação australiana se recusou a se hospedar na Vila Olímpica.

Os atletas chegaram no sábado e encontraram um pequeno Vietnã. O site The Age deu o comunicado dos australianos ao COI, em que as queixas vão de fios elétricos descobertos a banheiros bloqueados e escadarias sem luz.

Torneiras foram abertas e descargas foram dadas simultaneamente, à guisa de “teste de stress”. Água escorreu das paredes acompanhada de um forte odor de gás.

A resposta de Eduardo Paes foi 100% brasileira. A nossa vila, garante ele, “é mais bonita que a de Sydney”. Que beleza, temos Carnaval, temos um Fusca e um violão, sou Flamengo, tenho uma nega chamada Teresa etc etc.

Naquele mesmo domingo, uma outra Olimpíada, impecavelmente organizada, estava sendo desenhada na Globo.

O Esporte Espetacular, principal programa da área na emissora, não deu absolutamente nada sobre o vexame. Jornalistas e apresentadores se dedicaram a cantar as maravilhas da passagem da tocha olímpica pela cidade cenográfica.

Regis Rösing, Cleyton Conservani e mais uma uma moça que berra muito narravam como 2 500 manés eram privilegiados de arrastar seus corpinhos suados naquele território mágico.

Foram 5 quilômetros em que não faltaram efeitos especiais, como um carro atirado para o alto, pegando “de surpresa” o coitado do repórter que fingia estar trabalhando a sério.

Haverá duas versões da Rio 2016: a da Globo e a real. O grupo se apropria dos Jogos como faz com o futebol, a Fórmula 1, o cinema ou a política. Não há grande negócio que não passe pela Globo. O que você pensa que é público, na verdade, tem dono.

Acabam acontecendo situações surreais e a ridícula prova no Projac não é a única delas.

Funcionários globais foram escalados para carregar a tocha. Sandra Annenberg foi apenas a mais patética. Também fizeram parte da festa Glenda Kozlowski, Isabela Scalabrini, Marcos Uchoa, elencos inteiros de novelas. Galvão Bueno, se não foi ainda, irá.

O colunista de TV Flávio Ricco estranhou em sua coluna no Uol: “entende-se que os [contratados] da Band e Record, que também têm os direitos de transmissão, não estão bem preparados fisicamente”.

Recentemente, o ator Henri Castelli esteve no programa de Fátima Bernardes. O assistente de Fátima, um humorista sem graça chamado Felipe Andreoli, apareceu carregando o fogo olímpico com a mulher dele, Rafa Brites.

Fátima falava da cena animadíssima, até que Henri lhe chamou a atenção.

— Mas ele é de Barretos?, perguntou Henri.

— Acredito que não, respondeu ela.

— Por que ele está conduzindo a tocha, então?

— Eu vou conduzir na sexta-feira da próxima semana, dia 29, falou Fátima, desconcertada. Eu escolhi uma cidade próxima do Rio muito por conta das gravações. Mas ele… Eu vou ficar devendo pra você, mas tenho certeza que alguém da produção já deve estar ligando. A gente vai ter a informação. Se não for hoje, mando a resposta amanhã.

Desnecessário dizer que a explicação nunca viu a luz do sol. Fátima e os demais paus mandados não têm ideia clara de por que estão fazendo essa palhaçada.

Que tipo de acerto é esse com o Comitê Olímpico? Qual o protocolo? Qual o critério? Há cachê para os corredores da Globo? O lutador de MMA Lyoto Machida, por exemplo, ganhou 21 mil reais do governo do Pará. O sujeito que apresenta o Jornal Hoje pagou mico de graça? É medo de perder o emprego? É pela pátria? É pela tartaruga do Doutor Roberto Marinho?

Jamais saberemos. A Rio 2016 já está mergulhada na confusão entre jornalismo e entretenimento em que a Globo é especialista. O duro é que nem obrigando os empregados mais ou menos famosos a atuar nesse teatro a coisa empolga.

Metade dos brasileiros não concorda com a realização e 63% acham que haverá mais prejuízos que benefícios com os Jogos, segundo o Datafolha.

E ninguém contava com o auxílio luxuoso do ministro Alexandre de Moraes, uma das cabeças mais brilhantes de sua geração, e sua engenhosa guerra ao terror.


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      A tocha olímpica deveria ser levada por cidadãos locais comprometidos com o desenvolvimento do esporte como via pública de inclusão, só que não, fizeram a desonra da chama olímpica grandes empresários e pseudo jornalistas/celebridades.


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      Funcionários da Globo vivendo numa bolha, que patético. Que esteja aí a oportunidade de bilhões de seres humanos verem o golpe que está em curso no Brasil.


      Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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