sábado, 30 de abril de 2016

E a voz do povo ?

Senador leva advogada a dizer que Temer cometeu mesmo erro que Dilma

Sem dizer que foram assinados pelo vice, Randolfe Rodrigues perguntou a Janaina Paschoal se decretos eram crime
ESTADÃO CONTEÚDO 

Brasília - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) esperou até 1h da manhã para poder pregar uma peça na autora do pedido de impeachment, Janaína Paschoal, na sessão dedicada a ouvir os denunciantes. Ele fez uma explanação apresentando a edição de decretos de créditos suplementares específicos e pediu, em seguida, a opinião de Janaína sobre essas atitudes.
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A advogada Janaína Paschoal criticou a ideia que vem sendo encampada por um grupo de senadores para que sejam feitas novas eleições
Foto: Agência Brasil/ Fabio Rodrigues Pozzebom


A jurista defendeu que os créditos suplementares sem a autorização do Congresso Nacional configuram crime de responsabilidade e devem ser punidos com o impeachment. "Muito bem, fico feliz com sua opinião, porque a senhora acabou de concordar com o pedido de impeachment do vice-presidente Michel Temer. Essas ações que eu li foram tomadas pelo vice", disse Randolfe.

A professora ficou constrangida e tentou se explicar. Apenas algumas horas antes ela havia dito que não havia indícios suficientes para pedir o impeachment de Temer. "O Vice-presidente assina documentos por ausência do presidente, por delegação. Neste caso, não há o tripé de crimes continuados e intercalados entre si", tentou justificar.

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Capiberibe: eleição já! PEC ou plebiscito

Ela pode voltar do Alvorada para o Planalto!   

publicado 30/04/2016              
bessinha republica angora
O Conversa Afiada já conhecia as linhas centrais do raciocínio do senador João Capiberibe (PSB-Amapá).

Nesse sábado, em entrevista a Luiz Maklouf Carvalho do Estadão (em comatoso estado), Capiberibe afina a sintonia de sua proposta:


‘Escolher Dilma ou Temer não resolve crise’

Dando como certo que a presidente Dilma Rousseff será afastada provisoriamente pelo Senado, por até 180 dias, o senador João Capiberibe (PSB-AP) considera como “muito provável” que a oposição não consiga os 54 votos (2/3 dos 81 senadores) necessários para a cassação definitiva de seu mandato na última etapa do processo. “Nunca vi esse quórum ser atingido em matérias que dividem radicalmente governo e oposição – como esta”, disse Capiberibe ao Estado.

(...)

Por que o sr. vai votar contra o impeachment?
Porque o impeachment é um instrumento que mais divide do que soma – e só aprofunda a crise política e econômica.

Mas parece iminente a possibilidade de o Senado aprovar a aceitação do processo – e o consequente afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff.
Isso deve ocorrer no máximo até o dia 15 de maio. Mas é apenas o começo do processo de impeachment, que pode se estender por 180 dias, e vai provocar mais divisão, mais acirramento, mais sectarismo político. Não acredito que um governo saído do confronto possa conciliar vencedores e vencidos para fazer um pacto e sair da crise.

(...)

Qual é a sua proposta do ponto de vista prático, viável?
Instituindo eleição em outubro. Nós começamos com seis senadores (Capiberibe, Walter Pinheiro, Randolfe Rodrigues, Lídice da Matta, Paulo Paim, Cristovam Buarque), mas hoje já estamos com 11 (José Reguffe, Elmano Férrer, Roberto Requião, Rose de Freitas, Benedito de Lira), com perspectiva de crescer.

Como isso seria viabilizado?
O caminho é uma PEC, uma mudança nas regras, em função da crise, que exige uma solução urgente, que o impeachment não vai trazer. Também pode ser por uma consulta plebiscitária, que é mais simples. Dependeria apenas de um decreto legislativo, de competência do Senado.

Novas eleições, portanto.
Para unificar a sociedade, é preciso colocar uma urna no meio. A presidente foi legitimada nas urnas, mas perdeu a legitimidade no momento em que engavetou o programa de governo que tinha registrado na campanha. Perdeu a legitimidade e mergulhou na impopularidade, e perdeu o apoio do Congresso.

(...)

E o vice Michel Temer?
Tampouco tem legitimidade, e não terá capacidade de aglutinar vencidos e vencedores para construir um governo de conciliação nacional. A escolha que nos está posta é difícil. Tanto a presidente Dilma está rejeitada pela população, 61% querem o impeachment dela, mas também 58% querem o impeachment do vice-presidente. Escolher entre um e outro não resolve a crise.

(...)

Qual é a sua expectativa em relação à última votação, no final do processo?
É uma incógnita. Nós teremos um cenário de quatro, cinco, ou até seis meses para a conclusão do processo de impeachment. É um tempo muito longo, duvidoso, e, sobretudo, polêmico, que vai continuar paralisando o País. Eu tenho observado algumas figuras da política brasileira ressurgindo no vácuo do Temer presidente: Roberto Jefferson, Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima, Romero Jucá. Esse naipe de políticos levanta muitas dúvidas sobre a capacidade do Michel Temer de conciliar o País em torno de princípios éticos. Daí a ineficácia do processo de impeachment, porque ele prolonga a crise por tempo quase indeterminado. Nesse jogo da crise, todos perdem, poucos ganham.

E o que pode acontecer no período de afastamento de Dilma?
Serão quatro a seis meses de paralisia. As pessoas se iludem pensando que na hora que afastar a Dilma resolve a crise. Mas é o contrário. Na hora que afasta, aprofunda a crise.

Por quê?
Ela pertence ao partido mais organizado do País, com uma base social profunda e ampla, uma grande representação parlamentar, com vários governadores em Estados importantes. O cenário será de confrontos, de acirradas discussões, de profundos ressentimentos.

O sr. prevê uma resistência política da presidente e dos partidos que estão com ela?
Eu não tenho a menor dúvida. Os vencidos vão se entrincheirar contra os vencedores. É por isso que eu vou insistir na necessidade do pacto.

E qual é a sua previsão para a decisão final?
Para chegar à cassação do mandato da presidente – que é do que se trata nesse momento – eles vão precisar de 54 votos, ou 2/3. Eu nunca vi nenhuma votação no Senado, numa disputa sem acordo, conseguir tudo isso de votos. Conseguir isso, no clima de disputa acirrada, é muito difícil. E é claro que durante esse período de resistência nem a presidente, nem o PT vão ficar parados, esperando o pior acontecer. Ela pode voltar do Palácio da Alvorada para o Planalto. É bom que se pense nessa possibilidade, porque ela é concreta.

Fonte: CONVERSA AFIADA
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O país vive um momento confuso.


O argumento para o golpe em curso é ridículo. No entanto, o golpe, o ridículo em curso, tem apoio incondicional da maioria do Congresso, do STF, do empresariado e da velha mídia.

Os apoiadores do estupro da democracia resolveram tirar a presidenta Dilma e ocupar um lugar que não conseguem através do voto livre, direto e democrático.

O povo , que em maioria não aprova o governo Dilma, não vê no golpe a saída para a crise. Não aceita que o vice , o Maçom das Trevas, tome de assalto a presidência.

Naturalmente, sugestões para vencer a crise vão surgindo, e , como todas as sugestões apontam para que o povo se manifeste, os apoiadores do golpe rejeitam de imediato, Nem mesmo espaços na velha mídia para debater o assunto são disponibilizados. Aliás, a velha mídia após o 17 de abril, adotou como pauta as articulações para formação do novo governo do Maçom das Trevas. Quando o assunto é economia, surge a figura do possível ministro opinando. Quando é política externa, aparece o futuro ministro. E assim vai.

O governo, de fato e de direito, que existe, para a velha mídia não mais existe. Assim como o povo brasileiro que neste momento deixou de existir e está sendo impedido de se manifestar.

No Senado, por mais contundentes e claros que sejam os argumentos provando a farsa do processo de impeachment, os senadores apoiadores do golpe continuam repetindo que a presidenta cometeu crime de responsabilidade. Foi decidido que deve-se tomar o poder através da suavidade violenta, e não há nada que poderá impedir o assalto.

A possibilidade de o golpe ser derrotado na última eleição no Senado, quando será exigido 2/3 para a aprovação - 54 dos 81 senadores - é real. No entanto, quando a votação acontecer , o governo das Trevas já estará lá pelo quarto ou quinto mês, e durante esse período, de tudo fará com extrema generosidade com os senadores indecisos para conseguir, no senado, os votos necessários. É a eleição final e definitiva, que afastará de vez a presidenta , ou poderá coloca-la de volta no cargo.

Que situação grotesca.

Imagine, caro leitor, Dilma, na próxima semana sendo afastada do cargo e Trevas assumindo. Ao assumir, ainda como interino, pretende mudar todos os ministros, as políticas do governo escolhidas nas urnas e ainda aplicar na população um pacote de maldades, que na novilíngua dos golpistas, será para resgatar a confiança. Cabe informar que a tal confiança, repetida diariamente pela velha mídia, nada tem a ver com as necessidades da imensa maioria da população, pois destina-se a agradar o deus mercado, a Plutocracia. Lembre-se, o governo é das trevas, da escuridão, dos subterrâneos, do reino de Hades, assim como a lógica hegemônica no mundo. Isso será feito por um interino, que pode sair ao final de quatro meses.

Tudo isso é surreal, no entanto ,os apoiadores do golpe, nesse jogo de cartas marcadas, argumentam sobre a situação do país como em perfeita normalidade.

E o povo ?

Bem, uma parcela delira e vibra, pois é informada pela velha mídia, e acredita que o melhor dos mundos esta por acontecer.
Já a maioria assiste, isso mesmo, apenas assiste, perplexa, por vezes atenta, tentando imaginar a viagem, esperando, esperando, esperando, esperando, assim como pedreiro Pedro, de Chico:


Pedro Pedreiro
Chico Buarque

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando

Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando prá trás
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol, esperando o trem
Esperando aumento desde o ano passado para o mês que vem

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro espera o carnaval

E a sorte grande do bilhete pela federal todo mês
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem
Esperando a festa, esperando a sorte
E a mulher de Pedro, esperando um filho prá esperar também

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém

Pedro pedreiro tá esperando a morte
Ou esperando o dia de voltar pro Norte
Pedro não sabe mas talvez no fundo
Espere alguma coisa mais linda que o mundo

Maior do que o mar, mas prá que sonhar se dá
O desespero de esperar demais
Pedro pedreiro quer voltar atrás
Quer ser pedreiro pobre e nada mais, sem ficar

Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol, esperando o trem
Esperando aumento para o mês que vem
Esperando um filho prá esperar também

Esperando a festa, esperando a sorte
Esperando a morte, esperando o Norte
Esperando o dia de esperar ninguém
Esperando enfim, nada mais além
Da esperança aflita, bendita, infinita do apito de um trem

Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem

Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem


A espera, o distanciamento, mesmo que atento pode ser trágico.

Se existe massa crítica para agir, a ação deve ser agora, não se pode esperar, pois as cartas estão marcadas, e o povo, somente o povo, pode e tem poder para mudar o rumo dos nefastos e obscuros acontecimentos que assistimos.

Um governo interino, natimorto, ilegítimo, que nasce rejeitado pelo povo, só pode ser algo vindo dos subterrâneos, das sepulturas, da noite escura. E ainda mudando tudo, sem o apoio popular, e que pode ser mudado novamente.

Tudo isso é um golpe escancarado e os golpistas tratam o povo brasileiro como formigas, inofensivas, imbecis, incapazes.

O Maçom das trevas não pode assumir, se assumir deve ser retirado do poder, mesmo que para isso seja necessária a força.

Abaixo, trecho da canção Bom Conselho, de Chico Buarque:

Bom Conselho Chico Buarque

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

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Carina Vitral: 74 universidades formaram comitês para barrar o golpe

29 de abril de 2016 às 19h12


UNE em evento no Paraná, na sexta-feira (29), que lembrou um ano do massacre de Curitiba pelo governador Beto Richa; na quinta-feira (28), a diretora de comunicação da UEE-SP e presidenta do DCE da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), Emanuelle Thomaziello e a estudante de Direito da FMU, Natália Miranda, foram agredidas durante uma manifestação em defesa da democracia; um homem tomou o megafone da estudante e deu pontapés antes de fugir
O formigueiro da juventude
por Carina Vitral*
As manifestações da juventude brasileira nos recentes dias e, em especial, na última quinta-feira, 28 de abril, são uma prova de que o consórcio político-midiático que planeja um golpe sobre nossas instituições peca pela arrogância ou pela cegueira.
A ofensiva de Michel Temer, Eduardo Cunha e Aécio Neves para atropelar a República pisando sobre os movimentos sociais trouxe o cálculo de que éramos inexpressivos como formigas.
No entanto, o Dia Nacional de Paralisações nas universidades e outros atos de revolta em todo o país mostram que, aos afoitos, cabe às vezes é meter o pé inteiro dentro do formigueiro e se dar mal.
Apenas os que não conhecem a história do Brasil imaginariam que um golpe de estado dessa magnitude contaria com a passividade de grupos como os estudantes.
No feriado do dia 21 de abril, milhares deles foram espontaneamente às ruas em defesa da legalidade.
No Dia Nacional de Paralisações, foram realizadas em todo o Brasil a suspensão de aulas, assembleias de estudantes, “trancaços” de portões e acessos, atos culturais e muitas outras atividades.
Os companheiros Cunha e Temer talvez não tenham visto a formação de 74 comitês universitários em 74 grandes universidades do país para barrar o golpe, a partir do movimento Universidade Pela Democracia.
Caso tenham visto, estão apostando alto ao minimizar a capacidade de organização dos estudantes universitários, professores, técnicos administrativos e comunidade acadêmica na mobilização social e na formação de opinião a respeito do momento que vive o país.
Menosprezam o fato da universidade brasileira, atualmente, não abrigar somente os filhos das famílias ricas, brancas e dos bairros nobres.
Estão lá os pobres, negros, índios, LGBT, personagens historicamente excluídos do ensino superior que compreendem com muita clareza que o golpe é também contra eles e contra o que eles representam hoje no país.
A confissão de desprezo pela educação a partir do chamado Plano Temer – que inclui até a vergonhosa desvinculação dos recursos para essa área na Constituição Brasileira – é uma fórmula didática para indicar que prounistas, cotistas, estudantes do FIES, do Ciência Sem Fronteiras e de outros programas estão do lado oposto ao do vice-presidente conspirador.
A juventude brasileira claramente não se sente representada pelos deputados que votaram pelo golpe no dia 17 de abril.
Os jovens do país, principalmente os que enfrentam mais dificuldades no seu dia a dia, sabem que a manobra de retirar a presidenta do país não tem, como objetivo, melhorar as suas vidas. Sabem que aqueles que sentarão na cadeira de Dilma não voltarão seus olhos para quem está por baixo na sociedade brasileira. Por isso, essa parcela da população não foi às manifestações a favor do impeachment.
Durante as jornadas de junho de 2013, muitos foram os que tentaram definir, controlar, explicar o que estava acontecendo, utilizando clichês e pensamentos prontos. No entanto, a diversidade daquelas manifestações abriu a porta para a criação instantânea e ininterrupta de novas narrativas no debate público brasileiro, que não permitem de forma nenhuma a interpretação simplória de que o impeachment golpista é fato consumado.
Da crise surgem novos fenômenos, novos personagens, novos fatos e possibilidades. A juventude sempre representa o novo. O formigueiro é uma das muitas forças da natureza que simplesmente entram em erupção, independente do que se espera dele. Não pisem. Não subestimem.
*É presidenta da União Nacional dos Estudantes
Fonte: VIOMUNDO
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