sábado, 16 de abril de 2016

Todo Apoio aos Gaviões

“É ditadura? Confiscaram nosso material contra Globo e CBF”, diz fundador da Gaviões.
Postado em 16 Apr 2016

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Ato da Gaviões no Anhangabaú (SP)
Ato da Gaviões no Anhangabaú (SP)
Alexandre de Moraes, Secretário de Segurança de Alckmin e chefe da Polícia Militar, junto com agentes da Policia Civil e apoio do Ministério Público, realizou ontem (15/abril) a Operação Cartão Vermelho. Com 32 mandados de busca e apreensão, a operação concentrou-se nas torcidas organizadas Gaviões da Fiel, Camisa 12, Pavilhão 9 (corintianas), Mancha Alvi Verde (palmeirense), Independente (sãopaulina) e prendeu 26 pessoas, a maioria da Gaviões. As sedes da Pavilhão 9 e da Gaviões da Fiel foram lacradas.
Segundo o promotor Paulo Castilho, foi “Uma resposta para mostrar que quem quiser peitar o sistema vai se dar mal”. Que sistema? Quem responde ao DCM é Chico Malfitani, que em 1969 fundou a Gaviões.
DCM: De qual sistema o promotor está falando?
Chico: Boa pergunta. Que sistema? Enfrentar o sistema é confrontar o PSDB, a Globo. Precisa ficar claro isso. Esse discurso dele não é para o ladrão de merenda nem para quem comete chacina na periferia, né? O pano de fundo disso é: povo organizado dá medo nas intituições. Porque povo organizado desafia, cobra. É o que estamos fazendo aqui hoje.
A Operação Cartão Vermelho ocorreu no mesmo dia em que a Gaviões havia agendado mais um protesto. Acredita que tenha sido proposital?
Não há golpe só em Brasília. Há um golpe aqui em São Paulo, meticulosamente bem traçado. Desde o dia em que o promotor Paulo Castilho chamou as torcidas para discutir a paz e na saída nossos presidente e secretário foram agredidos. Depois desse dia, fizemos nosso protesto em frente a Assembléia Legislativa e no dia seguinte a polícia invadiu nossa sede.
Qual foi o pretexto naquele dia?
Queriam encontrar os pedaços de pau e ferros pelos quais os nossos dirigentes teriam sido agredidos. Faz sentido? Foi intimidação.
A motivação é política então?
Claro. Agora conseguiram um mandado judicial para fechamento de nossa sede. Na subsede do ABC confiscaram os caixões que construímos para simular um enterro que faríamos hoje da Globo, do Capez, da CBF. O que é isso, ditadura? Não podemos protestar? Mandar a Dilma tomar no cu no estádio pode, é bonito. É isso?
A polícia deteve e acusou um palmeirense pelas agressões aos dirigentes da Gaviões. Acredita nessa hipótese?
Aí é que está. Na véspera de um jogo Corinthians e Palmeiras, que sempre foi de muita tensão, você anunciar que foi um membro da Mancha Verde quem agrediu dirigentes da Gaviões é para botar lenha na fogueira. Por que não deixaram para anunciar isso depois, se é que foi ele.
Mas a torcida não foi ingênua de cair nessa?
Não. Como você segura 107 mil associados? Como de costume, nós avisamos a PM onde poderia haver pontos de encontro com risco de conflitos. Estranhamente, em algumas estações de metrô e da CPTM não havia policiamento. Trens que normalmente levam uma torcida passam reto pelas estações nas quais há torcida rival, naquele dia pararam e abriram as portas. São coincidências em cima de coincidências.
Entre os presos, estão pessoas identificadas nesse último conflito que resultou na morte de um homem de 53 anos, além do rapaz que assumiu ter disparado o sinalizador que matou o menino Kevin Spada na Bolívia.
Nós cometemos erros, é obvio. Mas a violência não está nas torcidas organizadas, está na sociedade brasileira. O Brasil é o campeão mundial de assassinatos. Será que tem mais bandido na Gaviões da Fiel ou nos gabinetes das secretarias dos governos? A PM comete chacinas, alguém vai fechar a PM por isso? Faz mais de um ano morreram oito meninos da Pavilhão 9, assassinados em frente à quadra no final de uma festa. Todos ajoelhados, foi execução. Cadê os culpados?
Quais as soluções?
Agora nós iremos conclamar todas as torcidas de São Paulo a nos unirmos. Queremos paz, democracia e liberdade nos estádios. Campanhas publicitárias podem ser feitas também, tem tanta gente que ganha dinheiro com o futebol, por que não se faz isso?
Colocam violência na novela, transmitem MMA mas não fazem uma campanha esclarecedora. Criminalizam a gente como criminalizam a esquerda. A população está sendo enganada, como se só tivesse bandido lá. Querem acabar com as torcidas sendo que a violência é uma questão que o estado não consegue lidar.
Uma das pautas no protesto de hoje diz respeito ao futebol moderno. Está chato?
Estão acabando com alegria do futebol. Não pode bandeira, não pode papel picado, não pode tambor. Daqui a pouco vão proibir o drible.
O DCM acompanhou toda a manifestação que ocorreu de forma pacífica no vale do Anhangabaú. Além da denúncia da perseguição política, a pauta abrangia:
Repúdio à proposta de torcida única; Transparência nas contas do estádio do Corinthians; Preço popular dos ingressos; Fim do monopólio das transmissões de jogos às 22h; Transparência das entidades FPF e CBF; Punição dos ladrões de merendas
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Guilherme Mendes: Quem vai parar a Gaviões?


A Gaviões da Fiel, a maior, mais antiga e mais conhecida torcida organizada do país, transformou o Vale do Anhangabaú em sua arena. Mas, no centro do gramado de concreto, não havia bola: o futebol era a última das preocupações dos corintianos.

Por Guilherme Mendes, para a Mídia Ninja

Protesto da Gaviões da Fiel no Anhangabaú, centro de São PauloProtesto da Gaviões da Fiel no Anhangabaú, centro de São Paulo
A defesa era  pela democracia. O ataque, feito por quase dois mil manifestantes, era contra os desmandos de diversos setores do governo. A Gaviões da Fiel concentrou-se no centro de São Paulo no fim da tarde de um longo dia, que começou com o secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, invadindo a sede da entidade, no Bom Retiro, zona norte da capital.

Em uma ação espetacular e cinematográfica, acompanhada da grande imprensa, Moraes apontou facas de cozinha, anunciou a apreensão de dinheiro (segundo os advogados, usado para compra de ingressos) e manteve um pesado discurso contra a organização – a única a abertamente defender a democracia e posicionar-se contra o pedido de impeachment de Dilma Rousseff.

As ações da Gaviões passaram a chamar a atenção no início do ano, quando seus membros começaram a usar as arquibancadas como um novo palco para discussão política. As placas erguidas pela Fiel a cada jogo do Corinthians cobram investigação sobre o escândalo da merenda escolar em São Paulo, além de mudanças no sistema de transmissão dos jogos pela TV.

A primeira pergunta, “quem vai punir o ladrão de merenda?”, lembra o esquema de corrupção que envolve diretamente o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez, homem forte do governo Geraldo Alckmin e que há mais de 20 anos pressiona pelo fim de torcidas como a Gaviões.

O segundo questionamento “Futebol refém da Rede Globo” coloca em xeque as políticas monopolistas do canal, que transformou a religião de muito deles em um produto encaixado entre novelas, em conluio com a CBF, entidade máxima do futebol brasileiro. “O trabalhador tem o direito de ir e vir do jogo em horário decente”, afirmou Chico Malfitani, fundador e um dos membros da velha guarda da Gaviões: “A Globo não é dona do futebol”.

Sobre o posicionamento que o futebol deve ter nesse momento do país, Chico ressalta: “A gente acha em primeiro lugar que as torcidas organizadas e que as não organizadas do país têm que se unir primeiro para devolver a alegria do futebol brasileiro, a festa nas arquibancadas, a qualidade do jogo e afastar os dirigentes corruptos que são os verdadeiros ladrões do futebol”.

A Polícia Militar desde então promove forte repressão nas arquibancadas da Arena Corinthians, sob a desculpa de que tais manifestações são “ofensivas”. Após o jogo contra o Linense, em 19 de março, a PM usou da cavalaria e de bombas para tentar intimidar os torcedores. Na manhã dessa sexta, a Polícia Civil acompanhou o secretário no barracão da organizada.

Mas a perseguição da PM não surtiu o efeito desejado. O cântico criado nas arquibancadas ecoou pelo vale do Anhangabaú durante toda a concentração: “Eu não roubo merenda, eu não sou deputado, trabalho todo dia, não roubo meu estado”.

Para o Frei Agostino, 42, que acompanhava a manifestação, é extremamente importante que toda a sociedade debata o atual momento. O religioso, corintiano convicto, defendeu a união das torcidas de diferentes times contra os crimes cometidos pelo governo estadual. “Não é só o filho do corintiano, é o filho do palmeirense, é o filho do santista que está sofrendo com a falta de merenda”, afirma.

Nas palavras de um veterano da diretoria da organizada, que subiu aos microfones, “estes engravatados não entendem que eles podem tirar nossa camisa, nosso boné, nosso chinelo, mas nunca vai tirar nosso sentimento”. Para muitos deles, que cruzaram o mundo em 2012 – quando o Corinthians conquistou o mundial de clubes – o centro de São Paulo é apenas mais um estádio pequeno, onde a Gaviões vai fazer pressão como sempre fez, graças a milhares de homens e mulheres comuns.

Fonte: VERMELHO
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Quando comecei a frequentar o Maraca para acompanhar , principalmente, os jogos do Tricolor, lá pela primeira metade da década de 1960, os times de futebol, em sua maioria, tinham apenas uma torcida organizada. Eram raras outras facções de torcidas.
Novas torcidas organizadas, além da chamada torcida oficial, começaram a surgir a partir da segunda metade da década de 1960.

No Maraca, no lado da arquibancada onde ficavam os torcedores do Fluminense, tinha meu lugar favorito para assistir aos jogos. E foi justo nesse lugar, a partir do ano de 1970, que se instalou a torcida Força Flu.

Com camisas verdes, algo raro nas torcidas do time, a nova organizada logo chamou a atenção.

Permaneci no mesmo local assistindo aos jogos, sem necessariamente fazer parte do grupo de torcedores. Com a proximidade e o tempo, entretanto, fui conhecendo o comportamento da torcida e, naturalmente, mesmo sem me relacionar, fui adquirindo afinidade com aquele grupo, na época pacífico e criativo.

O verde e o índio, símbolos da Força, davam um toque guerreiro a torcida.

Guerreiro, que hoje, aos poucos, vai se transformando em novo mascote do clube.

E é sobre guerreiros, conscientes, em movimento único no país, que a torcida Gaviões da Fiel, do Corinthians, pode iniciar um movimento que venha a transformar de forma positiva a estrutura do futebol brasileiro.

Perseguidos por suas posições políticas em prol do futebol a Gaviões merece todo o apoio de todas as torcidas organizadas do país.

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