quarta-feira, 16 de março de 2016

Em Defesa da Democracia

Ignacio Delgado: Mídia é o maior problema no funcionamento da democracia no Brasil

publicado em 16 de março de 2016 às 14:12
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A VINGANÇA IMPOTENTE DA HISTÓRIA
por Ignacio Godinho Delgado, especial para o Viomundo
Quando os historiadores escreverem sobre os dias de hoje, os meios de comunicação de massa e seus produtos serão apenas objeto e fontes da pesquisa, não os donos da narrativa que se naturaliza na percepção da grande maioria, apesar da resistência da blogosfera, de entidades várias da sociedade civil e dos movimentos sociais.
Tem sido assim no Brasil há décadas. A imprensa brasileira foi decisiva na orquestração da crise que levou ao suicídio de Vargas, em 1954, e à deposição de Goulart, em 1964. Todavia, nos estudos de História, os elementos de sua narrativa se esfumaçam diante da pesquisa rigorosa dos acontecimentos, que coteja fontes de variada procedência e as submete às críticas próprias do ofício, além de considerar dimensões contextuais multifacetadas, no plano estrutural e conjuntural, e a sequência e desdobramentos dos eventos analisados.
Até aqui, a mídia brasileira não tem passado nos testes das análises históricas. Por isso, não tem ficado bem na fita. Ela mesmo sabe que sua associação ao golpismo transbordou dos estudos acadêmicos para alcançar cada vez mais a consciência das pessoas, embora seu poder ainda seja considerável.
Por isso, mesmo com a regulação democrática da mídia ausente da agenda política do país, é possível imaginar que, de forma incremental, em meio à afirmação crescente das novas mídias, os meios de comunicação convencionais tendam a perder influência.
Mas, de todo modo, tal influência é ainda significativa. Com 20% de audiência, o Jornal Nacional tem um alcance muito maior que as emissões cacofônicas das redes sociais. Assim, quando a história dos dias que correm for contada, seu papel – e de seus parceiros na mídia convencional – na ampliação da crise política atual, e numa eventual derrubada de um governo legitimamente eleito, será devidamente considerado.
História à parte, a mídia brasileira é o maior problema no funcionamento da democracia no país. Tal como opera, num regime de oligopólio familiar e de emissão unilateral e regionalmente concentrada das informações, ela dificulta a constituição de uma esfera pública democrática. Mina, ainda, a afirmação de redes horizontais, que sustentem relações densas e organizadas entre os cidadãos, de modo a garantir o capital social necessário à eficácia das instituições democráticas.
Basta ver as manifestações de domingo. De fato, elas foram convocadas por grupos que operam fundamentalmente nas redes sociais, sem ancoragem na organização das pessoas em favor de interesses ou movimentos de opinião.
Foram, por sua vez, engendradas a partir de um calendário de eventos cuidadosamente construído por segmentos partidarizados e fora de qualquer controle, no Judiciário e na Polícia Federal, além da própria mídia (prisão de João Santana, sequestro de Lula por Moro, divulgação de trechos selecionados da delação de Delcídio).
Por fim, contaram com a narrativa opressiva (o “fogo de saturação”, de que fala Fernando Brito, no Tijolaço) dos meios de comunicação convencionais, com destaque absoluto para as edições do Jornal Nacional das duas semanas que antecederam as manifestações.
Quem foi às ruas? Não a “sociedade civil”, pois não se viu por lá qualquer entidade representativa de nada, à exceção da FIESP de Skaf. Esteve nas ruas uma massa atomizada, cheia de ódio, mirando vagamente o combate à corrupção, confiando em ações salvacionistas da Polícia Federal, e em Moro, o herói providencial, acima das instituições.
Qual é mesmo o nome disso?

Ignacio Godinho Delgado é Professor Titular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), nas áreas de História e Ciência Política, e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia-Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT-PPED). Doutorou-se em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1999, e foi Visiting Senior Fellow na London School of Economics and Political Science (LSE), entre 2011 e 2012.
Fonte: VIOMUNDO
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Lula precisa da rua para repactuar o Brasil com a democracia, o desenvolvimento e a justiça social (dia18/Masp/16 hs)

Fonte: CARTA MAIOR
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Levante da Juventude: Lava Jato, a nova novela golpista da Globo

publicado em 16 de março de 2016 às 10:44
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Operação Lava-Jato: a nova novela golpista da Rede Globo
No próximo dia 17 de março a Operação Lava-Jato completa 2 anos. O enredo dessa trama começa a ser construído em 2014, apresentada pela mídia como a saída para a corrupção do país, despertando nos brasileiros a expectativa de mudança nas repulsivas práticas políticas que aqui se estabeleceram.
No seu segundo aniversário, a Lava-jato demonstra cada vez mais que seu principal objetivo é legitimar um golpe através da inviabilização do atual governo, e da criminalização do PT.
Tal operação e sua espetacularização, que mais se assemelha a uma novela da Rede Globo, é na verdade uma operação de exceção.
Ou seja, ela foge à regra de todos os procedimentos jurídicos estabelecidos. Vazamentos seletivos sistemáticos, intensamente explorados pela mídia, a inversão da presunção de inocência, prisões preventivas por tempo indeterminado são apenas algumas das inúmeras manobras utilizadas nessa investigação.
É como se o Estado Democrático de Direito pudesse ser flexibilizado em determinados casos, servindo a determinadas conveniências. O resultado disso é uma atuação politicamente motivada da Justiça. Uma operação que tornou-se um instrumento de perseguição política.
Essa acusação sobre a Lava-jato não é proferida somente nos círculos progressistas. O insuspeito Ministro do STF, Marco Aurélio Mello afirmou referindo-se a operação que “a pior ditadura é a Ditadura do Judiciário”. A ditadura do judiciário é a pior, porque ela não se apresenta como ditadura, mas como legalidade, portanto, inquestionável.
O grande protagonista da operação, o juiz Sérgio Moro, idolatrado pela elite paulistana no ato do último dia 13 de março, inspira-se no mesmo método da Operação Mãos Limpas, ocorrida na Itália na década de 1990. O vazamento seletivo de informações combinado com prisões e apreensões são fatores que contribuem para aumentar o ibope do espetáculo e criar uma narrativa de heróis e vilões. Qualquer semelhança com os roteiros globais, não é mera coincidência.
Ao afirmarmos a motivação política da Lava-jato, não se quer acobertar casos de corrupção, ou impedir investigações. É necessário que se apure, contudo, isso deve ocorrer dentro dos marcos da legalidade. Ao mesmo tempo o combate à corrupção deve recair sobre todas as forças partidárias, e não somente àquelas que são convenientes aos interesses da elite.
A parcialidade e a seletividade das investigações têm camuflado as denúncias envolvendo lideranças do PSDB, como o senador Aécio Neves, que foi citado cinco vezes em delações premiadas, mas teve seu inquérito arquivado. Sem contar o mensalão mineiro e os escandalosos casos de corrupção do metrô de São Paulo com Alstom e Siemens, entre outros.
O combate à corrupção, bandeira histórica da esquerda brasileira, deve continuar e ser intensificado. Há 3 anos atrás, motivados pelas mobilizações de Junho de 2013, lançamos uma campanha que denunciava a deterioração do sistema político e a necessidade de construir uma profunda Reforma Política através de uma Constituinte Exclusiva e Soberana no Sistema Político. Tivemos uma grande vitória com a proibição do financiamento empresarial de campanhas, em nosso ver, a espinha dorsal da corrupção no Brasil. Mas isso ainda é insuficiente. Precisamos de reformas profundas, como a do próprio Judiciário, para evitar a corrupção sistêmica.
Neste cenário extremamente complexo é preciso manter-se ideologicamente firme. Vamos retomar as ruas, demonstrando que somos contra a corrupção, mas não aceitaremos o golpe. É na luta que vamos forjar o novo ciclo que se abrirá. Que o povo brasileiro se levante e aproveite essa oportunidade histórica para transformar a forma como se faz política no Brasil. No dia 18 de março vamos mostrar a essa elite egoísta que ela não vai manejar a democracia conforme a sua vontade, e se o fizer, haverá resistência.
Fonte: VIOMUNDO
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A participação da juventude e dos estudantes nas ruas contra a tentativa de golpe jurídico-midiático em curso, revela o desgaste das ideias conservadoras e anti-democráticas defendidas pelas elites e parcela da classe média do país. Os jovens, de alguma forma, representam o novo e ,principalmente, a esperança.

A defesa da Democracia e do Estado de Direito, deve ser o ponto central das manifestações marcadas para os próximos dias.

Importante ressaltar que ao se defender a Democracia e o Estado de Direito, não se estará defendendo a maneira como o grupo político que está no poder vem conduzindo o governo.

Os manifestantes estarão defendendo a legalidade democrática, no entanto, de forma indireta estarão preservando o governo.

A velha mídia vem noticiando os protestos como sendo de grupos contra ou favor do governo Dilma, o que não é verdadeiro.

A multidão que esteve nas ruas do país no último domingo, em sua esmagadora maioria, não vota na esquerda e, naturalmente, critica o governo Dilma, chegando mesmo ao ponto de sem saber porque pedir o impeachment da presidenta.

Nos protestos do dia 18, certamente, a maioria dos manifestantes deve votar em partidos de esquerda, muitos devem votar no PT e irão defender Dilma, no entanto o foco central dos manifestantes , como disse anteriormente, é a defesa da Democracia e do Estado de Direito.

Assim sendo, o protesto do dia 18, sexta-feira, não será uma manifestação a favor do governo, como vem noticiando erroneamente e propositalmente a velha mídia.

Isto posto, o espaço para participação no protesto está aberto à todas pessoas, independente de orientação política e que queiram se manifestar em defesa da Democracia e contra a tentativa em curso de um golpe de estado jurídico-midiático.

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