Documentário dos EUA mostra como a mídia de direita faz a lavagem cerebral nas pessoas
( Adaptado do Alternet )
Vocês já repararam como as pessoas tem se transformado em outras ultimamente, como o médico e monstro? Cidadãos antes cordatos, educados, gentis, de repente viraram cães raivosos, espumando pela boca, prontos a atacar o próximo. E o alvo de sua ira é sempre o mesmo, a esquerda, personificada no PT e em Lula, e as minorias: negro, gays, mulheres. Eu sempre fico com a impressão que o problema dessas pessoas não é política... Mas o que aconteceu para que elas ficassem assim? Será que a mídia tem alguma responsabilidade nisso?
Um documentário que estreia este mês nos EUA, The Brainwashing of My Dad ( A lavagem cerebral de meu pai, em tradução livre), explora um dos mais bizarros fenômenos de mídia norte-americanos: o perigoso poder que a mídia de direita pode exercer sobre os cidadãos comuns (lembrando que nos EUA há alternativas "liberais"; no Brasil só existe mídia de direita).
Quando a cineasta Jen Senko tentou entender a transformação do pai dela de um homem apolítico que votou a vida inteira no partido Democrata em um fanático de direita furioso, descobriu as forças por trás da mídia que o fizeram mudar completamente: um plano de Roger Ailes (CEO da FOX News)durante o governo de Richard Nixon para o controle da mídia pelos republicanos; o Powell Memo, conclamando líderes empresariais a influenciar as instituições de opinião pública, especialmente as universidades,a mídia e os tribunais; e, no governo Ronald Reagan, o desmantelamento da Fairness Doctrine (política governamental que garantia equilíbrio nas notícias de TV, com a obrigatória veiculação de visões opostas de determinado tema).
À medida que a busca de Senko avança, descobrimos que o pai dela é parte de um contingente muito maior, e que a história afeta a toda a sociedade norte-americana.
Utilizando entrevistas com personalidades da mídia, linguistas e ativistas de movimentos sociais, incluindo Noam Chomsky, Jeff Cohen, George Lakoff e outros, The Brainwashing of My Dad revela o plano de direcionar os EUA para a direita nos últimos 30 anos, principalmente através de manipulação midiática. O resultado disso é que hoje há menos vozes, menor diversidade de opinião, desinformação massiva intencional e uma enorme divisão do país. Alguém aí pensou no Brasil?
O documentário mostra como isso aconteceu (e ainda está acontecendo) e coloca questões como a quem pertencem as ondas de transmissão, que direitos nós temos como consumidores de mídia e qual a responsabilidade que o governo tem de fazer essas ondas serem realmente justas, acuradas e próximas à verdade.
Será que o filme vai ser exibido nos cinemas no Brasil? Tenho minhas dúvidas. Mas é sempre bom lembrar o já clássico Além do Cidadão Kane, do britânico Simon Hartog, sobre o poder de manipulação da TV Globo sobre os brasileiros.
Fonte : SOCIALISTA MORENA
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Quem é você ? Você sabe ?
Uma quarta-feira, já por volta de nove horas da noite, resolvo ligar o rádio.
Quem sabe acontece um milagre, me pergunto, enquanto percorro todas as emissoras, AM e FM.
Nada de novo, inovador, e muito futebol.
Futebol que em uma emissora tem como atração um narrador que atende por Garotinho, enquanto que na emissora vizinha, o narrador atende por Garotão da Galera. Ambos na faixa dos setenta anos.
A narrativa da partida de futebol, pelo rádio, tem que, e se tem que então deve, passar emoção ao ouvinte, mesmo que a partida esteja sendo marrada não desperte nenhuma emoção, como tem sido o futebol brasileiro da atualidade.
Durante a narração vendem-se, plano de saúde, seguro de vida, medicamentos, combustíveis, mobiliário popular, noite em motel, almoço em churrascaria e muito mais.
Os narradores, comentaristas e repórteres fazem agradecimentos a parentes, amigos, conhecidos, autoridades, celebridades, políticos e o pessoal da polícia. Tudo isso, que não é pouca coisa, acontece com a bola rolando, durante o jogo.
Quando resolvem narrar o jogo passam, para o ouvinte, uma emoção com possibilidades de desfechos e perigos que não são condizentes com o que de fato acontece no campo de jogo.
O tom de voz dos narradores seduz e produz uma âncora no ouvinte pelo lado adolescente da audiência, falando para adolescentes ou transformando adultos em adolescentes.
De alguma forma, o esporte nos remete a emoções e sentimentos adolescentes, já que para muitas pessoas a prática esportiva é um significante que vem desde a primeira infância.
Olhando por esse lado, Garotinho e Garotão, são nomes, apelidos, marcas, bem apropriadas.
Se o caro leitor nem de vez em quando ouve rádio, mas assiste televisão, e assiste a programação da parte da tarde, por exemplo, vai assistir as mesmas notícias sobre crimes, acidentes e transtornos causados por chuvas todos os dias.
O leitor sabe que no verão chove muito, quase todos os dias, em muitas regiões e cidades do país, como a cidade de São Paulo, por exemplo, que chove todos os dias.
Chove todos os dias, todos os dias ruas ficam alagadas e todos os dias os apresentadores dos programas, em tom de sensacionalismo explícito, tentam ancorar a audiência com algo que se repete, que não é novo, não é extraordinário, e mais, é de conhecimento da população.
Assim como os narradores de futebol pelo rádio, os apresentadores dos programas de televisão usam o tom de voz, a emoção, um suposto e original perigo que não existe, e se existe é de conhecimento de todos.
Do futebol pelo rádio e passando pelos programas de televisão nos fins de tarde, há algo em comum na comunicação com o público, algo que assemelha as técnicas de venda de abordagem direta, formas e meios de sedução e convencimento, importâncias fabricadas, emoções artificiais, necessidades induzidas, spams cênicos.
Esse universo cênico e de propaganda também abrange o jornalismo nas emissoras de televisão.
Nos telejornais, os apresentadores passam ao público, ou tentam passar, uma imagem de seriedade, austeridade e credibilidade. O sensacionalismo também existe, assim como o tom de voz e as expressões faciais que sugerem, dependendo da situação, que a notícia apresentada é grave e de suma importância, diferentemente dos programas de final de tarde e das transmissões de futebol no rádio, onde o sensacionalismo é uma constante e a emoção está sempre a flor da pele, respectivamente.
Assim sendo, os telejornais se utilizam de uma gama maior de elementos de linguagem, tanto a linguagem verbal quanto a linguagem gestual, que combinados com as notícias apresentadas e as importâncias atribuídas ao que deve ser noticiado, produzem realidades específicas, e, de alguma forma, atuam na opinião pública criando conceitos, fabricando necessidades e estimulando emoções, assim como Garotinho, Garotão e apresentadores de final de tarde na TV.
Pode-se assim entender que a comunicação conduzida pela mídia ( emissoras de rádio, TV, jornais, revistas ) atinge o público produzindo emoções, criando necessidades e fixando conceitos ideológicos.
Com o surgimento da internete, com suas redes sociais, blogues e sites de informação e opinião , o padrão de comunicação da velha mídia pode ser melhor observado e avaliado, já que a comunicação digital é, em essência, anárquica, direta, de múltiplas formas, plural e abrangente, o que se apresentou como um contraponto a um padrão que por décadas exerceu um pleno domínio da comunicação e da informação.
Tudo isso gerou uma quantidade imensa de informação, confiável ou não, que tem colocado a velha mídia tradicional por vezes em exposição desconfortável e, ao mesmo tempo, de forma parodoxal, gerando nas pessoas uma busca por informação confiável.
Recentemente, e a título de exemplo ao até aqui exposto, em um programa de jornalismo da TV Brasil na última segunda-feira, 07.03.2016, a jornalista entrevistava um médico virologista que prestava esclarecimentos, precisos profundos, sobre o vírus Zika, suas formas de contágios conhecidas, doenças correlatas e o estágio atual da produção de vacinas contra o vírus. As explicações, apesar da linguagem por vezes muito técnica do médico, foram de suma importância pelos esclarecimentos prestados, a ponto de uma outra pessoa que fazia parte da mesa e que seria entrevistada sobre outro assunto fazer uma pergunta , que revela bem o estágio atual da informação.
Assim perguntou:
“ suas informações foram excelentes, esclarecedoras, mas onde podemos obter informações precisas”, já que as informações que circulam são contaminadas com mitos, interesses de mercado e políticos ?
O médico pensou por alguns segundos, calado , e em seguida disse que a pergunta era excelente, e , antes de iniciar a resposta repetiu que tratava-se de uma excelente e profunda pergunta.
Cabe lembrar que tudo isso acontecia em um programa de televisão, de jornalismo, que produz informação e com entrevistas sobre diferentes assuntos, e que, de alguma forma, revela o estágio atual da comunicação informativa do país.
Quanto a resposta o médico indicou um site que contêm opiniões de especialistas sobre o assunto e artigos científicos.
A pergunta revela a preocupação das pessoas por fontes fidedignas de informação, revelando que a velha mídia não mais desfruta da hegemonia no setor e que as mídias digitais ainda produzem muita entropia.
E assim os fabricantes de emoções, os sensacionalistas das tardes, o jornalismo ideológico e violento, criam e fazem na vida das pessoas necessidades, emoções, conceitos, ódios, amores, ao bel prazer de seus interesses políticos, comerciais, ideológicos, doutrinários e outros.
As pessoas , assim sendo, agem e são aquilo que talvez, se soubessem, não gostariam de ser ou fazer, e, estão, talvez, em lugares ou locais , que se soubessem porque de fato ali estão, talvez não gostassem de estar.
Será que o filme vai ser exibido nos cinemas no Brasil? Tenho minhas dúvidas. Mas é sempre bom lembrar o já clássico Além do Cidadão Kane, do britânico Simon Hartog, sobre o poder de manipulação da TV Globo sobre os brasileiros.
Fonte : SOCIALISTA MORENA
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Quem é você ? Você sabe ?
Uma quarta-feira, já por volta de nove horas da noite, resolvo ligar o rádio.
Quem sabe acontece um milagre, me pergunto, enquanto percorro todas as emissoras, AM e FM.
Nada de novo, inovador, e muito futebol.
Futebol que em uma emissora tem como atração um narrador que atende por Garotinho, enquanto que na emissora vizinha, o narrador atende por Garotão da Galera. Ambos na faixa dos setenta anos.
A narrativa da partida de futebol, pelo rádio, tem que, e se tem que então deve, passar emoção ao ouvinte, mesmo que a partida esteja sendo marrada não desperte nenhuma emoção, como tem sido o futebol brasileiro da atualidade.
Durante a narração vendem-se, plano de saúde, seguro de vida, medicamentos, combustíveis, mobiliário popular, noite em motel, almoço em churrascaria e muito mais.
Os narradores, comentaristas e repórteres fazem agradecimentos a parentes, amigos, conhecidos, autoridades, celebridades, políticos e o pessoal da polícia. Tudo isso, que não é pouca coisa, acontece com a bola rolando, durante o jogo.
Quando resolvem narrar o jogo passam, para o ouvinte, uma emoção com possibilidades de desfechos e perigos que não são condizentes com o que de fato acontece no campo de jogo.
O tom de voz dos narradores seduz e produz uma âncora no ouvinte pelo lado adolescente da audiência, falando para adolescentes ou transformando adultos em adolescentes.
De alguma forma, o esporte nos remete a emoções e sentimentos adolescentes, já que para muitas pessoas a prática esportiva é um significante que vem desde a primeira infância.
Olhando por esse lado, Garotinho e Garotão, são nomes, apelidos, marcas, bem apropriadas.
Se o caro leitor nem de vez em quando ouve rádio, mas assiste televisão, e assiste a programação da parte da tarde, por exemplo, vai assistir as mesmas notícias sobre crimes, acidentes e transtornos causados por chuvas todos os dias.
O leitor sabe que no verão chove muito, quase todos os dias, em muitas regiões e cidades do país, como a cidade de São Paulo, por exemplo, que chove todos os dias.
Chove todos os dias, todos os dias ruas ficam alagadas e todos os dias os apresentadores dos programas, em tom de sensacionalismo explícito, tentam ancorar a audiência com algo que se repete, que não é novo, não é extraordinário, e mais, é de conhecimento da população.
Assim como os narradores de futebol pelo rádio, os apresentadores dos programas de televisão usam o tom de voz, a emoção, um suposto e original perigo que não existe, e se existe é de conhecimento de todos.
Do futebol pelo rádio e passando pelos programas de televisão nos fins de tarde, há algo em comum na comunicação com o público, algo que assemelha as técnicas de venda de abordagem direta, formas e meios de sedução e convencimento, importâncias fabricadas, emoções artificiais, necessidades induzidas, spams cênicos.
Esse universo cênico e de propaganda também abrange o jornalismo nas emissoras de televisão.
Nos telejornais, os apresentadores passam ao público, ou tentam passar, uma imagem de seriedade, austeridade e credibilidade. O sensacionalismo também existe, assim como o tom de voz e as expressões faciais que sugerem, dependendo da situação, que a notícia apresentada é grave e de suma importância, diferentemente dos programas de final de tarde e das transmissões de futebol no rádio, onde o sensacionalismo é uma constante e a emoção está sempre a flor da pele, respectivamente.
Assim sendo, os telejornais se utilizam de uma gama maior de elementos de linguagem, tanto a linguagem verbal quanto a linguagem gestual, que combinados com as notícias apresentadas e as importâncias atribuídas ao que deve ser noticiado, produzem realidades específicas, e, de alguma forma, atuam na opinião pública criando conceitos, fabricando necessidades e estimulando emoções, assim como Garotinho, Garotão e apresentadores de final de tarde na TV.
Pode-se assim entender que a comunicação conduzida pela mídia ( emissoras de rádio, TV, jornais, revistas ) atinge o público produzindo emoções, criando necessidades e fixando conceitos ideológicos.
Com o surgimento da internete, com suas redes sociais, blogues e sites de informação e opinião , o padrão de comunicação da velha mídia pode ser melhor observado e avaliado, já que a comunicação digital é, em essência, anárquica, direta, de múltiplas formas, plural e abrangente, o que se apresentou como um contraponto a um padrão que por décadas exerceu um pleno domínio da comunicação e da informação.
Tudo isso gerou uma quantidade imensa de informação, confiável ou não, que tem colocado a velha mídia tradicional por vezes em exposição desconfortável e, ao mesmo tempo, de forma parodoxal, gerando nas pessoas uma busca por informação confiável.
Recentemente, e a título de exemplo ao até aqui exposto, em um programa de jornalismo da TV Brasil na última segunda-feira, 07.03.2016, a jornalista entrevistava um médico virologista que prestava esclarecimentos, precisos profundos, sobre o vírus Zika, suas formas de contágios conhecidas, doenças correlatas e o estágio atual da produção de vacinas contra o vírus. As explicações, apesar da linguagem por vezes muito técnica do médico, foram de suma importância pelos esclarecimentos prestados, a ponto de uma outra pessoa que fazia parte da mesa e que seria entrevistada sobre outro assunto fazer uma pergunta , que revela bem o estágio atual da informação.
Assim perguntou:
“ suas informações foram excelentes, esclarecedoras, mas onde podemos obter informações precisas”, já que as informações que circulam são contaminadas com mitos, interesses de mercado e políticos ?
O médico pensou por alguns segundos, calado , e em seguida disse que a pergunta era excelente, e , antes de iniciar a resposta repetiu que tratava-se de uma excelente e profunda pergunta.
Cabe lembrar que tudo isso acontecia em um programa de televisão, de jornalismo, que produz informação e com entrevistas sobre diferentes assuntos, e que, de alguma forma, revela o estágio atual da comunicação informativa do país.
Quanto a resposta o médico indicou um site que contêm opiniões de especialistas sobre o assunto e artigos científicos.
A pergunta revela a preocupação das pessoas por fontes fidedignas de informação, revelando que a velha mídia não mais desfruta da hegemonia no setor e que as mídias digitais ainda produzem muita entropia.
E assim os fabricantes de emoções, os sensacionalistas das tardes, o jornalismo ideológico e violento, criam e fazem na vida das pessoas necessidades, emoções, conceitos, ódios, amores, ao bel prazer de seus interesses políticos, comerciais, ideológicos, doutrinários e outros.
As pessoas , assim sendo, agem e são aquilo que talvez, se soubessem, não gostariam de ser ou fazer, e, estão, talvez, em lugares ou locais , que se soubessem porque de fato ali estão, talvez não gostassem de estar.
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