sábado, 19 de março de 2016

Vem pra Democracia


reprodução

Quando vocês tiverem dúvidas quanto a que posição tomar diante de 
qualquer situação, atentem… Se a Rede Globo for a favor, somos contra. 
Se for contra, somos a favor!
Leonel Brizola



RT @zededao13 Júlia Lemmertz e Alexandre Borges, unidos contra o Golpe e contra o fascismo...

 Carta Maior Retweeted
Palmério Dória ‎@palmeriodoria
Só um repórter descerebrado da Globo News é capaz de dizer que 11 quarteirões da Paulista estão tomados apenas por militantes do PT.
rodrigo vianna ‎@rvianna
Globo do golpe manipula cobertura. Deve ter a concessão cassada!
#Dia31VaiSerMaior #VemPraDemocracia

View image on Twitter

Fonte: CARTA MAIOR
_______________________________________________________________

Independente dos números o protesto de ontem foi expressivo, histórico, em um momento em que o presente tenta repetir o passado.

Surpreendeu as oposições e até mesmo o lado que ontem esteve nas ruas.

A política pode ser comparada às nuvens, mudam de um lugar para outro, desaparecem do céu, cobrem todo o céu, ficam claras e escuras, alteram o clima e a temperatura.
No momento político atual do país, a população está vivenciando as quatro estações do ano em apenas algumas horas do dia.

São momentos fantásticos, porém, preocupantes.

Este blog, O PAPIRO, tem lado, o lado que defende a Democracia e o Estado Democrático de Direito, porém não distorce, omite, ou manipula os fatos.

O que está em jogo no momento do país tem contribuído para que cada lado se expresse de forma apaixonada, até mesmo exacerbada, algo que sempre prejudica a razão e o equilíbrio.

Isso tem acontecido em todas as classes sociais e mesmo em instituições aparentemente austeras e equilibradas.

A paixão é fundamental, necessária, se bem administrada e controlada. Sem paixão a vida torna-se robótica.

Encontrar a dosagem correta, tem sido um desafio que o Homem persegue desde os tempos de seus ancestrais.

Dito isto, e independente do que se pense sobre o assunto, entender o que está em jogo e onde o jogo é jogado torna-se imprescindível, necessário e urgente.

Assim sendo, não se pode deixar de avaliar a cobertura, ou a não cobertura, dos grandes, e mesmo nanicos, meios de comunicação privados.

Há, também, uma guerra na informação produzida.

Nos protestos de domingo, a favor do impeachment ( logo, a favor do golpe ) a cobertura da velha mídia, foi generosa, para não dizer indecente, já que durante todo o dia as emissoras de TV e de rádio não apenas divulgavam o que acontecia nas ruas do país, o que é correto, como incentivavam a população para que se dirigisse aos locais onde as manifestações aconteciam, o que é indecente.

A paixão golpista por mais dinheiro não pode atropelar a razão social democrática.

Ontem, nas manifestações em defesa da Democracia ( logo, contra o golpe ) a velha mídia não disponibilizou o mesmo tempo e os mesmos recursos materiais e humanos , e pouco informou sobre a gigantesca manifestação que acontecia nas ruas de um grande número de cidades do país, o que não é correto.

Hoje, no dia seguinte, nos jornais impressos e na mídia eletrônica, as manifestações de ontem são apresentadas como atos em defesa de Lula, Dilma e do PT, o que é apenas uma pequena fração da verdade, já que a motivação principal das manifestações de ontem foram a defesa do Democracia, defesa do Estado Democrático de Direito e rejeição ao processo de impeachment que acontece no Congresso Nacional que na realidade trata-se de uma ruptura democrática, o ato final de um processo de golpe de estado.

A estratégia da velha mídia tem sido noticiar os protestos como sendo de grupos contrários e a favor do governo, o que também, não é verdade.

Como os índices de aprovação do governo estão baixos, essa estratégia tem por objetivo desmobilizar o lado em defesa da Democracia.

No entanto, parece que a estratégia não funcionou, e é cada vez maior uma tomada de consciência na população de que há uma perseguição política ao grupo político que está no governo, e que há um processo de ruptura democrática com um possível impedimento da presidenta da república.

Essa tomada de consciência de parcela da população, que provavelmente tende a crescer ainda mas nos próximos dias, deve-se aos fatos mais recentes que proporcionaram ações descabidas, desproporcionais, violentas e anti-democráticas,como nos casos da condução coercitiva de Lula, o pedido patético de prisão de Lula por promotores de São Paulo, os grampos ilegais e criminosos na presidência da república que expuseram intimidades de pessoas com foro privilegiado que sequer estão sendo investigadas pela operação Lava jato, a declaração explícita do juiz Sergio Moro de que deseja acabar com Lula ,e, por fim, mas sem esgotar o cardápio, a decisão absurda do juiz Gilmar Mendes de proibir a posse de Lula como Ministro da Casa Civil do governo Dima.

Isto posto, a gigantesca manifestação de ontem, independente da briga infantil sobre números alimentada na velha mídia já que o impacto visual do grande número de pessoas nas ruas das cidades fala mais alto, teve como objetivo principal a defesa da Democracia e a rejeição ao processo de impeachment, claramente caracterizado como golpe de estado.

E pela defesa da Democracia e contra o golpe, estiveram nas ruas eleitores e não eleitores do PT, pessoas que aprovam e não aprovam o governo, parcela da classe média, o povo, trabalhadores, estudantes e a juventude.

A próxima manifestação a favor da Democracia e contra o golpe, marcada para o dia 31 de março ( dia do golpe de 1964), desenha-se como uma mega manifestação pelo país, tendo em vista que cresce o número de pessoas que passa a ter conhecimento do jogo, do local onde é jogado, e do que está em jogo.

A construção do golpe de estado, travestido de processo de impeachment, é uma realidade.

Assim como no golpe de 1964 a história se repete, e coloca em cena, praticamente, os mesmos personagens.

Com exceção das forças armadas ( ativas no golpe de 1964 ), atualmente substituídas pelo Poder Judiciário, os personagens do golpe do século XXI são os mesmos do golpe de 1964:
a velha mídia privada, empresários nacionais e estrangeiros, a interferência dos EUA, e parcela da classe média e elites clamando por ordem.

Outro detalhe que difere o golpe de 1964 do golpe do século XXI, além da presença do Judiciário, se manifesta no processo do golpe.

Em 1964, devido a atuação da forças armadas, a ruptura democrática, o ato de tomada do Poder, aconteceu de forma abrupta, pelo uso da força.

No golpe do século XXI, a construção é lenta, quase que imperceptível para a maioria da população.

Por outro lado, os passos quando não bem planejados, e afobados, podem ter um efeito contrário, despertando na população uma tomada de consciência sobre o curso dos acontecimentos, como ocorre agora com o equilíbrio de forças, pelo menos nas manifestações de rua.

Por outro lado, tais passos, implantados de forma cuidadosa e criteriosa, corroem e destroem conquistas democráticas, rasgam a constituição, aprofundam o autoritarismo, consolidam práticas de exceção, validam perseguições a ativistas políticos, naturalizam práticas de racismo e preconceitos, e fortalecem a ação policial que restringe os direitos e liberdades da população.

Sem que a maioria da população perceba, o caminho para a implantação de um estado Policial e de Exceção já está pavimentado, cabendo ao impeachment da presidenta, o golpe final para a ruptura total do processo democrático vigente no pais.

Abrindo um parênteses, certa ocasião, já passadas algumas décadas, viajando pelo país parei em uma pequena, e pobre, aldeia de pescadores no nordeste do país. Bem recebido, fui convidado para uma sirizada que iria acontecer naquela noite. Sem carne de boi para churrasco, os encontros e festas eram com peixadas ou sirizadas. Cheguei para festa e topei com três panelões gigantescos, tipo panelas de rancho de forças armadas.
Um pescador colocava água nas panelas e, querendo me entrosar, perguntei o que iria fazer. Ele, o pescador, enquanto colocava a água e uns siris robustos na panela, disse que iria cozinhar os siris. Vivos, perguntei . O pescador disse que para preparar um bom siri, deve-se colocá-los vivos em panela com água fria e depois colocar a panela no fogo em um fogo bem baixo e tampar.
Disse ainda que quando os siris percebem o aumento da temperatura da água, tentam fugir , mas já morrem logo em seguida.

O golpe do século XXI segue a lógica de cozinhar siris.

Já se pode perceber que em nome da segurança por conta dos perigos terroristas, a democracia nos países ocidentais foi flexibilizada e direitos foram suprimidos.

Daí à implantação de um Estado Policial é um pulo, e quando a conjuntura favorece , os setores reacionários não hesitam em rasgar a constituição, como tentam agora no país.

No entanto, um passo mal planejado, apaga o fogo, abre a tampa da panela, e produz novos, impensáveis e inspiradores acontecimentos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário