quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Comemoração

Em comemoração aos quatro anos do PAPIRO, que acontecerá no dia 1°de março deste ano, publico artigo postado aqui neste blogue no dia 13/06/2012.
Passados quase quatro anos, como o conteúdo continua atual.



Para Não Dizer Que Não Falei de Futebol
13 de junho de 2012

No início desta postagem, uma pressão atormenta o autor.

Com o tempo bastante reduzido para tratar assuntos que exigem tempo  livre, o cursor do monitor , exigindo uma nova palavra a ser digitada, revela o tempo que passa, a palavra que ainda não veio, o texto que se faz necessário.

O diálogo com o monitor, ao som das teclas sendo manuseadas, aprofunda o tempo, silencia a palavra, clama pelo texto.

A criação se faz, pela dúvida, angústia, pelo tempo , pelo pulsar do cursor, pelo diálogo com a máquina, que nada mais é que um diálogo com o autor, com texto que não vem, com o tempo que vai.

A angústia da palavra perfeita , pedida incessantemente pelo pulsar do cursor, é o sofrimento da criação.

O marcador de tempo, ao lado direito no canto baixo do monitor é implacável. 

Nesses tempos, em que os olhos do mundo se voltam para o Rio de Janeiro, o tempo é curto para as necessidades dos homens, do planeta , da vida.

A conferência sobre o meio ambiente, a Rio +20, trata do nosso tempo, do tempo futuro, do tempo perdido, do tempo da terra, do tempo da vida.

Certamente seria o assunto a ser abordado , com as mudanças climáticas que alteram o tempo nas cidades, o nível dos oceanos, os humores dos animais.

Vinte anos se passaram da Rio 92, duas décadas, um bom tempo, para que medidas fossem tomadas, já naquela ocasião numa corrida contra o tempo, para aliviar o sofrimento da Terra, dos animais , dos vegetais.

Agendas foram estabelecidas, protocolos foram firmados, medidas concretas, porém, não foram tomadas.

Os vinte anos que se passaram, não foram anos em que se priorizassem a luz, a vida, os animais, as pessoas .

A primeira década, e ao mesmo tempo a última do século XX, foi a década das trevas, do reinado neoliberal, da tortura à democracia, da homogeneização da ignorância, da exclusão de todas as formas de vida.

Não foi um tempo em que a Terra estivesse no centro de todas as preocupações, pelo contrário, o que se discutia, o que se via, o que se lamentava, era a obsessiva ocupação de todos os espaços, a exploração voraz de todos os recursos naturais, o êxodo cada vez maior de populações afetadas, um gigantesco contingente de pessoas sendo jogado na miséria.

Tudo em nome em privilégio de poucos, para poucos.

As formas e métodos de extração e produção  não permitem que todos possam usufruir do tempo presente, construindo uma civilização para o tempo futuro onde somente poucos, bem poucos, possam viver.

O crescimento ilimitado, a generosidade infinita do planeta, já apresentam sinais inequívocos, desde o tempo da Rio 92, que o modelo atual é um fracasso total, talvez o maior de todos os tempos no contexto de um consenso civilizacional em escala global.

Assim sendo, ainda na expectativa do meu tempo, para encontrar um assunto a ser abordado nesse artigo, torna-se inevitável a escancarada interdependência entre  todos os grandes temas  do momento na imprensa brasileira.

O garimpo em busca da  verdade, em que memórias de uma guerra suja  sobre o tenebroso período da ditadura militar, certamente irá clarear o comportamento sobre a violência no tempo presente.

Também trará luz sobre as cachoeiras de corrupção que inundam a vida do país.

Corrupção que aflora pelas denúncias de livros sobre  privatarias, que ainda não foram investigadas.

Privatarias, que nasceram no período das trevas, em que a terra não foi ouvida.

Privatizações estranhas, que evoluíram para mesadas, que evoluíram para tentativas de golpes de estado, onde a imprensa , ainda no tempo presente, deseja ocupar o lugar da alta corte, e julgar e condenar seus adversários políticos.

Política que agoniza com as atuais formas de representação da democracia representativa, mas que , no tempo presente, não representa os interesses dos povos , da vida da terra.

Política sequestrada por não políticos, para benefício de poucos apostadores, em uma economia irreal.

Economia que não suporta os atuais meios de extração e produção de bens, beneficiando apostadores, corruptos, não políticos, torturadores que , de forma cínica e mentirosa, característica do tempo presente, dizem estar a serviço da humanidade do planeta.

Planeta que grita por um modelo sustentável, que é o assunto da Rio + 20, onde corruptos, torturadores, mentirosos, não políticos, exploradores, assassinos, estarão discutindo o presente, o futuro.
 
Assim nossa imprensa, em um cardápio variado de assuntos, no tempo presente, não demonstra clareza na abordagem dos temas.

Ignora uma CPI  que já foi criada e que ainda não foi instalada.

Não se sente a vontade com a comissão da verdade.

Ignora as memórias de uma guerra suja.

Apela para uma grande mesada  que não aconteceu, ou , se aconteceu, foi com seus parceiros políticos.

Trata a questão ambiental com sendo assunto para o futuro, assim como fez na Eco 92, em 1992.

Prefere fofoca , onde ministro desequilibrado está no foco.

São inúmeros os assuntos, mas o tempo é curto.

O cursor é implacável.

O relógio um carrasco.

Assim, teremos nos próximos dias, desse tempo de dúvidas, uma imprensa confundindo os leitores, acusando governos democratas em processo de reeleição em ditadores.

Ocultando os assuntos, fragmentando os contextos, infantilizando o noticiário ambiental.

Como a pauta, repleta de assuntos, não atende aos interesses da grande imprensa, é bem provável, nestes tempos de mentira, que novos factóides apareçam para desviar a atenção dos desatentos leitores, telespectadores e ouvintes da grande imprensa.

Entretanto nem tudo está perdido, o Vasco é líder do campeonato brasileiro de futebol.

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