quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Gratuidade sem mágica

Maricá mostra que passe livre é possível

Um ano depois de começar a fornecer transporte público gratuito, prefeitura vai ampliar sua frota de ônibus

02/02/2016
Por Fania Rodrigues,
Do Rio de Janeiro (RJ)
  
Frota de vermelhinhos terá um reforço de dez veículos (Foto: Fernando Silva)  
A partir de março, os vermelhinhos, como ficaram conhecidos os ônibus coletivos da prefeitura de Maricá, vão ganhar um reforço e passarão a funcionar com 23 veículos. 
Atualmente, a Empresa Pública de Transportes (EPT), da prefeitura, opera com 13 coletivos, que interligam regiões que não eram atendidas pelas empresas privadas de ônibus. Quatro linhas cortam a cidade, de Ponta Negra ao Recanto de Itaipuaçu, 24 horas por dia.
Em nota, a prefeitura de Maricá afirma que foram comprados dez micro-ônibus. “O itinerário está sendo definido e os veículos serão utilizados para beneficiar os moradores de bairros distantes do Centro, como Santa Paula e Espraiado, e dos condomínios do Minha Casa Minha Vida de Itaipuaçu e Inoã”, informou a assessoria de imprensa.
Maricá é o primeiro município brasileiro com mais de 100 mil habitantes a oferecer ônibus gratuito. Segundo a prefeitura, foram transportadas mais de 2 milhões de pessoas, em um ano de operação.
Além disso, o primeiro concurso público da empresa foi realizado em outubro de 2015 e teve quase 19 mil candidatos às 128 vagas oferecidas. Os motoristas e os demais funcionários aprovados devem ser incorporados à empresa a partir do dia 1º de março.
Queda de braço
Desde o ano passado, a prefeitura de Maricá vem lutando contra as grandes empresas que fazem o transporte coletivo no município. Elas tentaram impedir na Justiça o funcionamento dos ônibus gratuitos. A frota ficou um mês parada, em agosto do ano passado, mas voltou a funcionar depois que a prefeitura de Maricá venceu a queda de braço.
Há 40 anos as empresas Aviação Nossa Senhora do Amparo e Costa Leste monopolizavam o transporte público no município. 
Tarifa zero
Especialistas em transporte público, como o engenheiro civil Lúcio Gregori, que foi secretário de Transportes da gestão Luiza Erundina (1989-1993) na prefeitura de São Paulo, garantem que a gratuidade do transporte coletivo é possível no Brasil.
Segundo ele, os subsídios não precisam ser exclusivamente com impostos municipais, mas com a coparticipação de governos estaduais e federal. “Essa pode ser uma solução e não pode ser minimizada só porque o prefeito x ou o governador y diz que não tem dinheiro”, disse. 
Lúcio Gregori mostra ainda como a passagem no Brasil é cara se comparada a outros lugares do mundo. “É preciso uma discussão séria a respeito de como um país do porte do Brasil, que é a sétima maior economia do mundo, tem uma tarifa nessas proporções”, critica o engenheiro. Segundo ele, se fosse comparado com sistema de transporte de Paris (França) e Pequim (China), a tarifa de ônibus de São Paulo, que hoje é de RS 3,80, deveria ser de R$ 1,27. Comparando com os subsídios aplicados em Buenos Aires, a tarifa na capital paulista cairia para R$ 0,85. “Política é isso. É construir possibilidades e não gerir impossibilidades”, destaca Lúcio Gregori.
Fonte:BRASIL DE FATO
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Enquanto se discute a tarifa zero para transporte coletivo, a cidade de Maricá, na região metropolitana de Niterói no Rio de Janeiro, comemora um ano de transporte gratuito e de qualidade.

Uma decisão corajosa e bem sucedida da prefeitura do PT que governa o município.

Isto não significa que em Maricá tudo sejam flores já que a árvore que dá o nome a cidade é bem espinhosa,  porém ,para se alcançar um objetivo se faz necessário saber para onde ir ao se colocar os pés no chão e , depois, dar o primeiro passo.

Maricá deu esse passo e mostra que é possível a gratuidade no transporte coletivo de qualidade , sem a necessidade de mágicas ou ilusionismos.

Enquanto isso , prefeituras de grandes cidades e governos estaduais de grandes estados, como no caso do Rio de janeiro, cortam recursos de programas sociais enquanto mantêm benefícios para os empresários do setor de transporte.

No Rio de Janeiro o governador quer extinguir a FIA - Fundação para Infância e Adolescência - um órgão que por décadas presta relevantes serviços.

Os protestos contra o aumento e mesmo contra o preço das passagens de transporte coletivo se justificam, e poderiam se intensificar, independente de orientação política dos manifestantes, pois o que está em jogo é a qualidade de vida da população.

De reboque , pode-se incluir nas manifestações a saúde, a educação e a segurança.


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