sábado, 30 de janeiro de 2016

Sobre triplex, iates e fantasmas

O ‘Triplex do Lula’ versus a casa dos Marinhos numa ilha. 


Postado em 29 jan 2016

por : Paulo Nogueira

O casarão dos Marinhos: acima da lei
O casarão dos Marinhos: acima da lei











“Se o assunto é casa de frente para o mar …”
Começa assim um e-mail que me chega às mãos. É uma óbvia referência à exploração da imprensa em torno do ‘Triplex do Lula’. O e-mail segue deste jeito. “Nunca, nunca o assunto foi tratado pela mídia nacional.” E enfim um link para uma reportagem da Bloomberg.
Reconheço o texto: o DCM tratou do assunto, numa monumental solidão.
Os protagonistas do artigo da Bloomberg são os irmãos Marinho e uma ilha ‘deles’ perto de Paraty.
Os Marinhos dividiram o poder assim. Roberto Irineu, o primogênito, é o presidente.
João Roberto, o segundo, é o editor, e dele emanam as diretrizes a serem seguidas por todas as mídias do grupo.
José Roberto, o caçula, cuida da Fundação Roberto Marinho, e é tido, nas Organizações, como um cruzado do ambientalismo.
Mas parece que seu cuidado com o meio ambiente vale para o mundo, mas não para a família Marinho.
Veio à luz espetacularmente, algum tempo atrás, essa propriedade. Quem a tornou assunto nacional foi o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, suspeito de irregularidades, em depoimento na CPI da empresa.
Antes de seguir, um registro cômico. A Globonews vinha dando ao vivo o depoimento até Costa falar na ilha. Ele disse que, em suas novas atividades, tem um contrato firmado para vender a ilha. “É um projeto chamado Zest”, afirmou.
Neste momento, a Globonews interrompeu a transmissão da CPI da Petrobras e foi para outro lugar. Os editores mostraram agudo senso de sobrevivência.
Pausa para rir.
A matéria da Bloomberg assinala que milionários brasileiros se dizem donos de ilhas e praias. “Mas não é isso que a lei diz.” Bem, a ‘Ilha dos Marinhos’ permanece num véu de fumaça.
Mas não a casa monumental deles na ilha. A melhor matéria feita sobre ela – e as polêmicas que a rondam — não veio da Folha, ou da Veja, ou do Estadão.
Veio de fora, da Bloomberg. A Globo não goza, com a Bloomberg, do esquema de proteção que Folha, Veja e Estadão lhe garantem no Brasil.
“Os herdeiros de Roberto Marinho, que criou as Organizações Globo, maior grupo de mídia da América do Sul, construíram uma casa de 1 300 metros quadrados, um heliponto e uma piscina numa área da Mata Atlântica que a lei, supostamente, preserva para manter intocada sua ecologia”, disse a Bloomberg, numa reportagem de 2012.
José Roberto, o homem-natureza da Globo, aparentemente não se importou em derrubar árvores em sua propriedade, e muito menos se intimidou diante da lei.
A Bloomberg foi ouvir o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Falou com Graziela Moraes Barros, analista ambiental do instituto. Ela foi investigar a suntuosa casa, que recebeu diversos prêmios arquitetônicos.
“Os Marinhos quebraram a lei ao construir a casa”, disse ela.
Dois guardas armados, ela contou, impedem que outras pessoas usem a praia — pública — em frente da casa. De certa forma, isso lembra a infame ocupação de um terreno público pela Globo ao lado de sua sede em São Paulo.
Coloquemos assim: a Globo trata o Brasil como propriedade privada, e ninguém dá um basta nisso.
Um juiz ordenou em 2010 que a casa fosse derrubada, mas evidentemente que não foi.
Não é fácil fiscalizar as coisas na região.
Em abril de 2013, uma bomba foi colocada na casa de uma analista ambiental do ICMBio. Ela não se feriu, mas se assustou. Pediu para ser transferida para fora do Rio de Janeiro. “Tenho família e estou com medo”, disse ao jornalista Andre Barcinski.
“Não foi o primeiro caso de profissional que abandonou a região”, contou Barcinski. “Há dois anos, uma fiscal ambiental pediu transferência depois ter dois carros queimados, em 2008 e 2011, na porta de casa.”
De volta à reportagem da Bloomberg, topo mais uma vez com Graziela. Ela se saiu com uma frase que é especialmente dolorosa, porque verdadeira.
“Muita gente diz que os Marinhos mandam no Brasil. A casa mostra que eles certamente pensam que estão acima da lei.”
Pausa para um lamento.
E clap, clap, clap de pé para a brava Graziela pela capacidade de enxergar e descrever o Brasil em poucas palavras.
Não apenas o Brasil, aliás — mas sua mídia, que finge não ver um palacete várias vezes maior e infinitamente mais caro do que um plebeu apartamento no igualmente plebeu Guarujá.
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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O “iate” do Lula e o jornalismo “sem noção”

iate
Folha hoje se supera.
Apresenta como “prova” da ligação de Lula com o sítio que ele nunca negou frequentar, em Atibaia, um barco comprado por D. Mariza, sua mulher e mandado entregar lá.
A “embarcação”, como se vê no próprio jornal,  é um bote de lata comprado por R$ 4.100.
Presta para navegar num laguinho, com a mulher, dois amigos e o isopor, se ninguém fizer muita gracinha de se pigar em pé, fazendo graça.
É o “iate do Lula”, quase igual ao Lady Laura do Roberto Carlos e só um pouco mais modesto do que as dúzias de lanças que você vê em qualquer destes iate clubes que existem em qualquer cidade praiana.
A pergunta, obvia, é: e daí que o Lula frequente o sítio? E daí que sua mulher tenha comprado um bote, sequer a motor, para pescar umas tilápias, agora que já não pedem, como nos velhos tempos, fazer isso na represa Billings?
Qual é a prova de que a reforma do sítio foi paga pela Odebrechet (segundo a Folha) ou pela OAS (segundo a Veja)?
E se o Lula frequentasse a mansão de um banqueiro? E se vivesse nos iates – os de verdade – da elite rica do país?
O que o barquinho mixuruca prova a não ser a absoluta modéstia do sujeito que, quatro anos atrás, escandalizava essa gente carregando um isopor para a praia?
Os jornais, a meganhagem e a turma do judiciário – que já não se separam nisso – estão dedicados a destruir o “perigo lulista”.
Esqueçam o barquinho: o que eles querem é ter de novo o leme do transatlântico.
Perderam até a noção do ridículo, convencidos de que já não há resistência a ele nas mentes lavadas do país.
E acabam revelando que, em suas mentes,  o grande pecado  de Lula, que ganha em  palestras pagas o suficiente para comprar uma “porquera” daquelas por minuto que passe falando, ou para alugar uma cobertura na Côte D’Azur do Guarujá  é continuar pensando como pobre:  querendo comprar apartamento em pombal e barquinho de lata para ficar de caniço, dando banho em minhoca.
É que ter nascido pobre é um crime que até se perdoa, imperdoável mesmo é continuar se identificando com eles.
 Fonte: TIJOLAÇO
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Nilo Batista: Corte Europeia já pune “publicidade opressiva” como a usada contra Lula

publicado em 29 de janeiro de 2016 às 19:26
Nilo
Imprensa e Justiça
Corte Europeia de Direitos Humanos já decidiu que a condenação de jornalistas por publicidade opressiva não viola a liberdade de comunicação
A centralidade que a questão criminal assumiu, visível nas altas taxas de encarceramento ou na criminalização do cotidiano privado e da vida pública, responde às transformações econômicas das últimas décadas.
Interessa-nos um aspecto dessa centralidade: a espetacularização do processo penal e os sérios danos que causa a direitos fundamentais e ao estado de direito.
A espetacularização do processo penal não é novidade. Na Inquisição, a colheita de provas e o julgamento eram sigilosos.
Falsas delações e torturas são eficientes na obscuridade; a festa era a execução da pena de morte.
Com a adoção da pena de prisão, a execução numa cela tornou-se uma rotina sem apelo jornalístico. O espetáculo deslocou-se para a investigação e o julgamento.
Basta ligar a TV à tarde: deploráveis reality shows policiais, nos quais suspeitos são exibidos e achincalhados por âncoras “policizados”. Diz a Constituição inutilmente que “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”, garantia repetida pelo Código Penal e pela Lei de Execução Penal.
Mas é no noticiário “sério” sobre inquéritos e ações penais que reside um grave problema, opondo a liberdade de comunicação à presunção de inocência e ao direito ao julgamento justo. A liberdade de imprensa geralmente prevalece sobre o direito à privacidade.
Contudo, quando o confronto se dá com a presunção de inocência e o direito ao julgamento justo, a solução é distinta, como se constata em países democráticos.
A Corte Suprema dos EUA manifestou desconforto por ter identificado “julgamento pela imprensa” e anulou condenações. Numa delas, registrou que “o julgamento não passou de uma cerimônia legal para averbar um veredicto já ditado pela imprensa e pela opinião pública que ela gerou”.
Alertou que o noticiário intenso sobre um caso judicial pode tornar nula a sentença e que a publicidade dos julgamentos constitui uma garantia constitucional do acusado e não um direito do público.
Na Europa, o assunto preocupa legisladores e tribunais. França e Áustria criminalizaram a publicação de comentários sobre prováveis resultados do processo ou sobre o valor das provas.
Em Portugal, a publicação de conversas interceptadas em investigação é criminalizada, salvo se, não havendo sigilo de Justiça, os intervenientes consentirem na divulgação: o sigilo de Justiça vincula todos aqueles que o acessarem a qualquer título.
A Corte Europeia de Direitos Humanos já decidiu que a condenação de jornalistas por publicidade opressiva não viola a liberdade de comunicação.
Não será por meio da criminalização da publicidade opressiva que se poderá reverter o lastimável quadro que vivemos, onde relações entre agentes do sistema penal e alguns jornalistas produzem vazamentos escandalosos, editados e descontextualizados, com capacidade de criar opiniões tão arraigadas que substituem a garantia constitucional por autêntica “presunção de culpa” e tornam impossível um julgamento justo.
Entre nós, existem casos em que todo o processo se desenvolve na mídia. Nesse cenário, pelo menos deveria ser exigido dos meios de comunicação aquilo que é exigido dos tribunais e das repartições públicas: obedecer ao contraditório.
Hoje, após a longa veiculação da versão acusatória, segue-se breve menção a um comentário do acusado ou de seu defensor, que frequentemente desconhece a prova já divulgada para milhões de telespectadores.
Se vamos persistir neste caminho perigoso — afinal, o sistema penal é historicamente um lugar de expansão do fascismo — pelo menos o contraditório obedecido pelos tribunais deveria ocorrer na mídia.
Se a autoridade policial ou o Ministério Público divulgar sua acusação por três minutos, o acusado ou seu defensor deveria desfrutar do mesmo tempo para falar o que quisesse em sua defesa. Já que o processo se desenrola na mídia, que haja pelo menos paridade de armas. A prática atual é abertamente antidemocrática.
Nilo Batista é professor de Direito Penal da UFRJ e da Uerj
Fonte: VIOMUNDO
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Depois do "triplex" do Lula, agora é vez do "iate" do Lula.
Estamos no final do mês  de janeiro, e em poucos dias, em fevereiro, o congresso nacional retoma os trabalhos.

Até a retomada dos trabalhos no congresso a velha mídia tinha que manter um clima de pressão sobre o governo, sobre o PT e , claro, sobre Lula, de maneira que na volta do congresso o assunto do impeachment de Dilma possa ser retomado em um clima quente, de muitas "denúncias", "escândalos pra lá de escandalosos" e, com toda essa "imoralidade", conseguir adeptos entre os congressistas e , claro, o apoio da opinião pública.

Esse é um lado da alucinação midiática-jurídica que estamos assistindo, perplexos, claro, neste janeiro de chuvas comunistas anti - apagão.

O outro lado é uma perseguição constante, diária, criminosa, contra Lula, com o objetivo de impedir uma possível candidatura do ex-presidente nas eleições de 2018 e, ainda, tentar minimizar, ou até mesmo eliminar, a influência de Lula nas eleições municipais deste ano.

De uma forma ou de outra, o foco midiático -jurídico está nas eleições, em 2016 e em 2018, e na destruição do Partido dos Trabalhadores.

Tudo mundo sabe disso, no Brasil e no mundo, já que todo esse processo não acontece por acaso e tem ligações com o sistema econômico financeiro que governa o mundo próspero em um entusiasmado momento do processo de "modernização civilizatória ".
O triplex do Lula, que não é do Lula, seria uma meia -água, comparado com a mansão dos Marinhos construída de forma ilegal, irregular e em área de proteção ambiental na região de Paraty, no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro.

Cabe lembrar que a mansão tem sido utilizada com frequência para hospedar políticos e celebridades aliadas dos Marinhos, como no caso de FHC, que lá esteve recentemente por ocasião de uma participação do tucano na FLIP - Festa Literária de Paraty.

Quanto ao "iate" do Lula, pelas informações dos sites acima, seria nada mais do que um bote de alumínio, uma merreca daquelas que se alguém ficar de pé fazendo gracinha , o bote vira .
O tal "iate" nem motor tem, e caso Lula e amigos quisessem sair do tríplex do Guarujá para visitar os Marinhos e tucanos na ilha de Paraty, iriam levar algumas boas horas, talvez um dia, remando e remando, correndo o risco de ainda se deparar com o fantasma do Dr. Ulisses , que , segundo moradores e pescadores da região de Paraty , costuma aparecer por lá.

Quem sabe se o Museu do Amanhã ,aqui do Rio, da Fundação Roberto Marinho, não teria explicações para as aparições fantasmagóricas.

No entanto, isso é um assunto sobre o futuro, é o foco aqui é o presente.
Sobre o presente, o artigo do professor Nilo Batista lança luz sobre o comportamento criminoso da velha imprensa brasileira, alertando para o fato que em outros países a imprensa já foi duramente punida por comportamento semelhante, que o professor chama de publicidade opressiva.

Esse comportamento da velha mídia, por outro lado, se caracteriza como uma violência explícita, uma agressão deliberada, que se não for contida e punida pelo Judiciário pode acirrar ainda mais os acirrados ânimos no país, contribuindo , até mesmo - não se assuste, caro leitor - para uma guerra civil.

Um caminho desastroso, que , não por acaso, ganha contornos nítidos na vizinha Venezuela e começa a ganhar forma na também vizinha Argentina.

Dividir para dominar.
A gente já conhece essa história que já vem de longe.

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