sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Imprensa aloprada

O papel da mídia na atual 'crise' brasileira

 A mídia se tornou um partido que passou a atuar no jogo político de maneira privilegiada, sem precisar de votos ou prestar contas aos seus eleitores.

Geniberto Paiva Campos



“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma” – Joseph Pulitzer


1. Parece haver um problema de matriz cultural interferindo no cotidiano da política brasileira.

Durante décadas fomos educados para respeitar o que se apresentava na forma impressa, assumindo como verdadeiras as suas notícias, informações e, eventualmente, suas (raras) opiniões. Jornais, revistas e outros tipos de publicação gozavam de um respeito reverencial, o qual era transferido aos jornalistas, editores, diagramadores e até linotipistas, todos profissionais envolvidos na nobre missão de (bem) informar.

Os jornalistas brasileiros eram profundamente respeitados e admirados pelos diversos segmentos populacionais que dependiam do acesso aos órgãos da imprensa para obter informações confiáveis. E que sabiam reconhecer a veracidade e o estilo da escrita destes profissionais.

Com o advento das mídias eletrônicas (rádio e televisão) a partir do século passado, esse sentimento de respeito e admiração transferiu-se para os profissionais dessas novas áreas.

Em reciprocidade, havia um profundo respeito desses profissionais para com os seus leitores, radiouvintes e telespectadores. Para com o seu público, enfim.

Esse acordo informal entre os jornalistas e o público consumidor de notícias, baseado na verdade e na decência, raramente era descumprido. Havia uma ética implícita nesse relacionamento.

Como esperado, muitos jornalistas que alcançavam notoriedade profissional enveredavam pela política. São vários os exemplos desse fato. Positivos e negativos. Esse entrelaçamento entre jornalismo e política não causou maiores prejuízos aos comunicadores, nem tampouco à política ou à gestão pública. E a comunicação social passou a ser exercida de maneira mais cuidadosa. E na medida que a Comunicação passou a ser algo mais complexo e ganhou as cátedras acadêmicas, os jornalistas assumiram maior importância no âmbito da sociedade.

O que viria a acarretar profundas mudanças nesse relacionamento respeitoso entre os órgãos de comunicação e os seus fiéis seguidores foi a percepção crescente da importância da Informação numa sociedade agora essencialmente urbana e industrializada, que ao adquirir novos hábitos culturais, tornou-se uma sociedade de consumo de massa.

A TV, o rádio, o jornal e as revistas assumiram gradativamente o papel de orientadores desse consumo. E perceberam que era facilmente alcançável orientar outras escolhas dessa sociedade “em trânsito”.

2. A criação dos grandes conglomerados midiáticos foi a evolução natural desse processo. O qual tornou-se irreversível pela força incontida da comunicação através do rádio, e principalmente da TV, nos hábitos de consumo e na formação da opinião (a temida “opinião pública”) da sociedade. Consequentemente, a mídia tornou-se orientadora não só dos hábitos de consumo como também das mais diversas escolhas dos cidadãos. Principalmente com o avanço do conceito de “propaganda”. Na prática, tudo poderia se transformar em “produto”. Objeto de desejo dos indivíduos (também chamados de “público alvo”), desde que bem manipulado pelas técnicas dessa nova arte. A partir desse ponto os acordos éticos, implícitos no relacionamento entre mídia e público foram “flexibilizados”. O sistema capitalista entendeu perfeitamente, e passou a usar, sem maiores escrúpulos, a força incontida da publicidade e da propaganda na formação de hábitos e comportamentos dessa nova sociedade, valendo, principalmente, para quem viesse a dispor do controle da mídia, impressa e eletrônica. (E o conceito de cidadania evaporou-se. Foi para o espaço… E o Jornalismo, enquanto missão social, e serviço público, foi extinto)

Em muitos países do chamado primeiro mundo as autoridades públicas, percebendo precocemente a imensa força política dos aglomerados midiáticos, estabeleceram regras e limites, através de legislação específica. Sendo os exemplos mais evidentes a Inglaterra e os Estados Unidos da América. O que não veio a ocorrer na América Latina e especificamente no Brasil. Abrindo uma imensa via para a atuação dos órgãos de comunicação, agindo sem qualquer controle legal. E a mídia, habilmente e absolutamente livre em suas manobras, espertamente passou a associar esse controle – essencialmente democrático – com a censura à liberdade de expressão. De modo que o Brasil entrou no século 21 permitindo a propriedade cruzada dos meios de comunicação. Embora a Constituição, promulgada em 1988, a proibisse expressamente. Mas este artigo dependia de uma regulamentação infra-constitucional, nunca posta em prática. Simplesmente porque isso não era do interesse de três ou quatro famílias proprietárias de conglomerados de rádios, TVs, revistas e jornais.

Qual um trem desgovernado, esses conglomerados foram gradativamente assumindo um papel cada vez mais relevante e decisivo no jogo político. E, rapidamente, os donos das organizações jornalísticas assumiram o papel de empresários. E que dispunham de um produto de alto valor para venda: a formação da opinião pública. Tornando-se bilionários. Criando cidadãos de segunda classe, despolitizados e absolutamente crentes (e militantes) daquilo que a mídia decidia divulgar como verdade. E, mais ainda, dispostos a ir às ruas e avenidas do país, propagando as palavras de ordem dos conglomerados midiáticos. Estes, meros porta-vozes do neoliberalismo.

Estava criado, portanto, um novo partido político. O qual passou a atuar no jogo político de maneira privilegiada. Por não precisar de votos. Ou de prestar contas aos seus eleitores ou à justiça eleitoral. Por prescindir de realizar convenções e debates para indicar seus candidatos e escolher seus projetos e propostas. Usando, ao extremo, o seu poder político, tornou-se o quarto poder (com tendência a assumir o primeiro lugar nessa hierarquia). Exercido no âmbito familiar e restrito aos proprietários das empresas jornalísticas, que se tornaram verdadeiras dinastias.

E os jornalistas? Estes, com raras e honrosas exceções, foram se transformando em meros serviçais dos seus patrões. Dispostos, para garantir os vínculos com suas empresas, a assimilar, acriticamente, as ideias e os projetos do interesse das suas organizações. Raramente coincidentes com os interesses nacionais.

(George Orwell ao publicar, em meados dos anos cinquenta, o seu profético livro “1984”, jamais poderia imaginar que a sua ficção política iria, tão rapidamente , assumir foro de realidade. O seu imaginário “Big Brother” e a Novilíngua tornaram-se verdades singelas, passando a conviver naturalmente com as sociedades mais vulneráveis e dóceis ao seu apelo).

3. Diziam os poetas e seresteiros, antenas da raça: “o tempo não para…” E não permite recuos e a volta ao passado, completam os descrentes e os cínicos. E, como falava um antigo compositor cearense: “ o passado é uma roupa que não se veste mais”.

Daí que o mundo mudou. Na Comunicação essas mudanças foram intensas. E introduziram novas e interativas formas de relacionamento nessa área. A síntese perfeita emissor (ativo) >>> receptor (passivo) foi superada por algo totalmente novo, muito sério, profundo e definitivo, denominado apropriadamente pelos teóricos de Revolução Digital. E nada será como antes, profetizaram, definitivos, os rapazes mineiros do “Clube da Esquina”.

O telefone celular, a internet, conectaram as pessoas com a facilidade permitida pelas novas e surpreendentes tecnologias de comunicação. E que não param de evoluir. E quem não evoluir, aderindo à nova onda, vai ficando para trás.

Em resumo, o receptor de notícias e informações deixou de ser a instância passiva dessas novas formas de conexão. A interatividade tornou-se um dos elementos irreversíveis da Comunicação. Como consequência, tornou-a mais democrática.

Essa revolução, como esperado, provocou um choque nos conceitos e nos fundamentos das empresas de comunicação que presumiam ter conseguido a forma perfeita – e definitiva – de controle da notícia, da arte de transformar opiniões em fatos, criar verdades. Enfim, de manipular o seu público de acordo com os seus interesses de lucro e acumulação.

Para onde caminha a humanidade nestes tempos novos e surpreendentes? Como será a comunicação dessa nova era?

São perguntas que estão sendo respondidas na vivência do dia-a-dia. Podemos ter, pelo menos, uma certeza, (ou, que seja, uma nobre e democrática aspiração): não voltaremos aos tempos obscuros do domínio incontrastável da mídia hegemônica.

Com a palavra os teóricos da Comunicação. Os para sempre conectados militantes das chamadas mídias sociais. E, claro, os estrategistas políticos. Essa luta apenas começa.


Fonte: CARTA MAIOR
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As espúrias relações entre a mídia e o Judiciário

         No Brasil a 'lógica da notícia' substituiu a 'lógica do direito: nós já sabemos todos os vereditos antes mesmo dos julgamentos.        


Tatiana Carlotti
reprodução
Com auditório lotado, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé promoveu na noite desta quinta-feira (21.01) um debate entre o deputado Wadih Damous (PT-RJ), o jurista Pedro Estevam Serrano e o jornalista Paulo Moreira Leite. Na pauta: “a mídia e a judicialização da política”, com ênfase na politização e desmandos do Judiciário brasileiro e na ditadura da opinião pública, perpetrada pelo Partido da Imprensa Golpista (PIG) neste país.

Abrindo as discussões, Pedro Estevam Serrano explicou a corrupção sistêmica que existe hoje no país entre dois subsistemas sociais: o da comunicação, que define o que é notícia e o que não é; e o da Justiça, que determina o legal e o ilegal. Segundo o jurista, o problema é quando a “lógica própria do direito” é substituída pela “lógica da notícia”. “Nesses casos, a gente já sabe o resultado [do julgamento] antes dele ocorrer”.

Serrano sustenta que “a sociedade não é democrática quando isso ocorre”. “Processos judiciais que recebem atenção da mídia são exercidos de forma corrompida”. A defesa nesses casos não passa de “mera maquiagem”, “uma coisa é o que está no processo, outra é o que a mídia cria”, afirmou. O problema se agrava, apontou, quando a “corrupção sistêmica” passa a ser usada de forma refletida e racional. “Neste caso, a disfuncionalidade acaba servido para que o Judiciário, ao invés de agente de direito se torne um agente de exceção”.

Fraude é a nova forma de autoritarismo
Ao avaliar que as formas autoritárias não deixaram de existir na sociedade brasileira, ele apontou que agora elas precisam satisfazer as formas democráticas: “a conduta ilícita hoje é realizada com aparência de licitude. A fraude é a nova forma de autoritarismo, expressando medidas próprias de um estado de ditadura no interior da democracia”.

Para tal, um dos mecanismos é a eleição de um “inimigo” coletivo, que sob a alcunha de “terrorista” ou outro termo, passa a ser desprovido de sua condição humana, perdendo a “proteção jurídica e política que qualquer ser humano precisa”. Serrano citou como exemplo, a campanha midiática contra os réus do julgamento da AP 470, o chamado Mensalão. Ele também alertou o uso desse procedimento na Operação Lava Jato.

Chamando a atenção para “o processo de exceção na América Latina” que se dá em um contexto de fortalecimento da corrupção sistêmica entre mídia e jurisdição, ele ponderou que embora esse processo seja mais ameno no Brasil, do que foi em Honduras e no Paraguai, ocasionando na destituição de presidentes democraticamente eleitos, existe “uma potencialidade disso se tornar cada vez mais grave [aqui no Brasil] e se transformar num caso sistêmico”.

Serrano defendeu, ainda, a necessidade de um controle social sobre a magistratura e, principalmente, sobre a Polícia Federal. “A violência é institucionalizada. É preciso submeter a Polícia Federal ao controle da sociedade civil”. Ele também denunciou a promiscuidade no meio da jurisdição”, citando o caso dos vazamentos de informações pela polícia. “Se a informação é do interesse de todos, ela deve ser divulgada de forma oficial, por meio de assessoria de imprensa e para todos os órgãos de comunicação. Um agente policial, pessoa física, não pode ser a fonte da imprensa”.

Sob a premissa de que a “Jurisprudência não é uma ciência, como falam os positivistas, mas um campo de luta, onde há disputa de poder”, Serrano comentou a necessidade de valorização e fortalecimento dos juristas progressistas no país. “Não há uma faculdade de direito relevante neste país que não tenha quadros importantes no plano progressista. Nós não somos ouvidos”.

Desmandos da Lava-Jato
Em seguida, o jornalista Paulo Moreira Leite mencionou a tentativa de golpe que a direita vem promovendo no país. “A minha geração viveu a vitória da recuperação da democracia que culminou na Constituição. Não foi total, muita coisa ficou para ser regulamentada, mas nós não tínhamos a noção da importância dela na época. Nossos adversários querem se livrar da Constituição de todas as maneiras”.

Moreira Leite citou, como exemplo, as aspas de um livro, de um juiz brasileiro que, mencionando os direitos e garantias individuais, afirma que o indivíduo deve estar livre de coerção física e psicológica. “Esse juiz se chama Sérgio Moro. Ele sabe o que está acontecendo quando prende uma pessoa”, denunciou o jornalista, relatando a situação dos réus da Operação Lava Jato, “presos antes de serem julgados” e sob “coerção psicológica”. “As pessoas estão presas injustamente, não tiveram como se defender. ”

Paulo Moreira aproveitou para responder a todos os que apoiam a Operação Lava Jato, argumentando que “pelo menos pegaram os empreiteiros”, ou que não se trata de uma operação seletiva: “ou assumimos que o direto vale para todos, ou não vai dar certo. Pegaram [os empreiteiros] porque existe uma questão política. A justiça brasileira vem sendo um instrumento de restauração conservadora”.

Sobre a representação do PSDB para colocar o PT na ilegalidade, Moreira Leite foi categórico: “é o que fizeram com o Partido Comunista antes, utilizando-se de um pretexto no estatuto. A democracia está ameaçada nesse processo. Isso está acontecendo”. Segundo o jornalista os ataques da direita só poderão ser enfrentados se formos capazes de debater o valor da democracia e de questionar a absoluta falta de elementos concretos para o pedido do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Destacando o absurdo da tese das pedaladas fiscais, que motivaram o pedido do impeachment, ele destacou “vale tudo” e que “há pessoas dispostas a fazer esse tipo de serviço. É preciso ter estômago para fazer isso. Quem faz sabe que está fraudando, sabe que é mentira. E eles vão fazer”. Moreira Leite também comentou a necessidade de uma mudança na política econômica do governo, avaliando positivamente a decisão do Copom de não aumentar a taxa de juros Selic.

E passou o recado: “A capacidade de sacrifício [do povo] é grande, mas sem resposta acontece o que sempre acontece: as pessoas desanimam. O que está vindo [exigirá das pessoas] ter de sair de casa muitas vezes”.

Lava Jato está a serviço de um projeto político partidário
Concluindo os trabalhos, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) falou sobre a espetacularização da Justiça, destacando que a Constituição brasileira é uma das mais avançadas no mundo, “mas na ´vida real´ é que são elas”. Ele lembrou que a Carta Magna de 1988 deu condições ao Ministério Público Federal ser hoje o mais poderoso e arbitrário do mundo.

Em sua visão, o aspecto mais preocupante é a excessiva politização da Justiça brasileira: “e no mau sentido, a Justiça fazendo política. O que o juiz Sérgio Moro faz é política. Ele é um agente político e eu ousaria dizer partidário. A Lava Jato, com sua seletividade, está a serviço de um projeto político partidário”. Segundo Damous, todas as vezes que o Judiciário se curva para dar satisfação à opinião pública, ele atua autoritariamente porque “sai da dimensão da ordem que arbitra para ser um protagonista da política, fazendo coro com a chamada opinião pública”.

Lembrando que a opinião pública vem sendo a expressão do fascismo no país, Damous salientou que “o desprezo por direitos e garantias fundamentais gera uma preocupação, uma perplexidade e uma ameaça à democracia”. E questionou: “é aceitável que órgãos de imprensa façam campanhas por condenações judiciais, tomando partido e divulgando a sua versão da acusação, enquanto à defesa resta apenas a nota de rodapé?”

Citando uma charge de O Globo, publicada nesta quinta-feira (21.01), que transmite a ideia de que os advogados são piores do que os bandidos, Damous destacou que isso não é “mera piada de mau gosto”, mas reflexo de um discurso que mostra a “espúria ligação entre grandes setores da imprensa com setores do poder Judiciário brasileiro”. Em sua visão, Sérgio Moro é produto disso. “Ele fala o que o senso comum quer ouvir”, lamentou.

O deputado foi taxativo: “Essa história de prisão preventiva como regra para obter delação premiada é uma forma análoga à tortura, porque é coação”. Segundo Damous, as condenações vão acontecer, “isso já estava anunciado”. Ele também passou o recado: “Nós não podemos ter medo e, mais do que nunca, devemos defender a democracia e a Constituição que custou um preço caro para várias gerações de brasileiros”.

Por fim, questionado pela plateia sobre o absurdo pedido de extinção do PT pelo deputado Carlos Sampaio, vice-presidente jurídico do PSDB, Damous garantiu: “eu vou cuidar disso”.

No final do debate, houve o lançamento dos livros “A Outra História da Lava Jato, de Paulo Moreira Leite; e “A Justiça na Sociedade do Espetáculo”, de Pedro Serrano.  

Fonte: CARTA MAIOR
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O Brasil em ação: corro, opção, ou corrupção

A mídia golpista não nos deixa muita opção ao nos escancarar diariamente manchetes infames, inverídicas, desrespeitosas, virulentas.     


José Carlos Peliano*
reprodução
Explico melhor. Aproveitei o título porque me soou bem nos ouvidos. A brincadeira com palavras ainda é uma alternativa de aliviar o espírito num país que afunda em lama de um jeito ou de outro

Da chuva que resolveu descer de vez das nuvens desde fins de dezembro pela maior parte do país, dos extenuantes processos de corrupção, do afogamento do rio Doce pela negligência desumana da Samarco e pelo descaso inominável que alguns ditos brasileiros fazem país afora.

A opção de correr do título é a de sair atrás de lugar nenhum e procurar qualquer lugar do Brasil onde ainda se possa respirar melhor, andar descalço pelas ruas, sentar na frente de casa para conversar e saudar os passantes, e ver o sol se por para não ter de cantar a música Epitáfio dos Titãs.

A mídia golpista não nos deixa muita opção ao nos escancarar diariamente manchetes infames, inverídicas, desrespeitosas, virulentas. Sabem que mentem e atacam para jogar mais lama no ventilador, mas não se importam, querem isso mesmo.

Onde está a honestidade e o respeito público das concessões de rádios e TVs? A bendita imparcialidade noticiosa dos jornais e revistas? Querem derrubar o país simplesmente porque não querem mais o governo eleito democraticamente.

Mas não vamos mais perder tempo com esses pulhas. Vamos negá-los, não os assinando nem os lendo mais. Exemplo magnífico nos deu a professora Sylvia Moretzsohn, representante do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Rio, que cancelou esses dias sua assinatura de quase 30 anos da Folha de São Paulo

As razões alegadas foram postas numa carta endereçada ao jornal onde ela afirma categoricamente que tudo tem limite. Ela afirma não rejeitar opiniões de direita, ela defende a pluralidade. Mas a notícia tem de repassar a informação com substância e não ser simplesmente opinativa e ponto.

Acredito que a professora foi muito generosa e demorou a tomar a atitude pois o referido jornal assim como os demais da grande mídia golpista só informam o que querem e bem entendem. Serão certamente lembrados mais tarde como os que ajudaram nas tentativas de afundarem o Titanic do país.

Mas a lama está esparramada por todos os lados. O lamaçal escorre Brasil afora superando e destruindo os diques e barreiras antes reconhecidos pela maioria esmagadora dos brasileiros. Da dignidade, do respeito, da cidadania, da humanidade.

Hoje a lama permite tudo como fizeram, por exemplo, Wanderley Silva, ex-lutador de MMA, e João Pedrosa, jornalista. Ambos, como outros que jogam no mesmo time, disseminam ódio e calúnias na internet.

O primeiro culpou a presidenta pelo atraso de uma obra em Goiás e o segundo tem culpado o governo por qualquer coisa, além de ter atacado por impropérios de baixo nível a vida pessoal de Chico Buarque.

Tudo porque este, um dos maiores compositores do Brasil de todos os tempos, tem apoiado o governo atual e seu partido. O compositor decidiu entrar na Justiça contra este e outros caluniadores.

Isso beira o fim do mundo. Ninguém respeita mais ninguém, tudo é possível fazer inclusive falar mal abertamente, mesmo sem razão ou sem a menor evidência como prova, de qualquer um em qualquer lugar a qualquer hora.

A questão é mais ou menos essa: se as coisas já não estão boas do lado da economia, aqui e no mundo, se as perspectivas de melhora são turvas e pouco objetivas, e se a solução for atirar para qualquer lado a torto e a direito, o que vai sobrar e quem vai sobrar? E quem vai recolher os escombros?

O deputado Carlos Sampaio do PSDB/SP resolveu participar do tiroteio entrando com uma ação no STF pedindo extinção do PT. Alega usuais absurdos políticos, os quais são sempre acobertados legalmente pela imunidade parlamentar, ou seja, disse e escreveu o que quis e bem entendeu.

Só que o argumento maior é o dos casos citados e julgados de corrupção. Como se o seu partido não tivesse também participado da lama, até agora conhecida, com pelo menos cerca de US$ 300 milhões! Sendo o mesmo motivo, espera-se que ele peça também a extinção de seu partido.

Aqui uma digressão. Criticam quem defende o PT e o governo por atacar na mesma moeda a oposição. Jogar lama na lama. Se alguns membros do PT receberam propina, dizem, porque revidar com casos de propina da oposição?

Duas razões. A primeira, velha conhecida, é que a mídia golpista só dá manchetes do PT e do governo. Assim, o contraponto nas redes sociais é oportuno, urgente e necessário. A segunda, até há pouco sabida mas escondida oficialmente, é que o PSDB já era do time da corrupção há muito. Pelo menos desde 1999 ao contrário do que nos empurraram goela abaixo desde o mensalão.

O Juiz substituto da 3a Vara Federal do Rio de Janeiro aceitou denúncia do Ministério Público Federal sobre pagamento de propina da empresa holandesa SBM Offshore a técnicos da Petrobras de 1999 a 2012. Período do 2o governo de FHC. Finalmente, um magistrado resolve passar a oposição a limpo.

Uma curiosidade, o Juiz Vitor Barbosa Valpuesta, substitui o juiz antigo que andava passeando nos carros apreendidos de Eike Batista em processo judicial aberto no Rio de Janeiro.

Por ser um Magistrado novo, o Juiz deve ter aceitado a denúncia por estar fora da rede de influência de outros juízes conservadores em cujos gabinetes dormitam alguns processos de denúncia contra intermediários ou membros da oposição.

Por fim, mas não menos importante, exatamente para fechar com chave de ouro, veio hoje a público uma informação, já cochichada há tempos pelos corredores oficiais e não, mas ainda não testemunhada oficialmente por ninguém. Sobre FHC.

Luis Nassif comenta em seu blog que está finalizando a biografia de um interessante homem público brasileiro, o ex-ministro Antônio Dias Leite, oriundo da Cepal.

Em entrevista a Nassif em 2007 Dias Leite comenta da personalidade não muito confiável de FHC. Ressalta sua pouca disposição administrativa, a que chama de inação administrativa, a qual não tem paralelo no país.

E a inação se agravava por sua peculiar mania de afirmar não afirmando. Isto é, prometia na frente e não cumpria atrás, mesmo atuando na frente de um jeito positivo e operante, mas não na retaguarda.

Um ex-presidente que tem sua cara revelada, a qual já afirmou várias vezes críticas mordazes à presidenta e apoios ao seu processo de impedimentos, hoje à beira do ostracismo, é também colaborador do lamaçal em que se encontra o país.

Corro? Qual opção? Acho que correr sim mas igualmente respirar fundo e tirar da força da cidadania um voto de confiança nos demais que como eu querem um Brasil melhor. NÀO VOTO NULO, VOTO NU-LO-CAL CERTO: A URNA! Mas renovando, nada de dar salvo conduto para quem já sabemos que não valem a lama que fazem no Congresso Nacional!

Fonte: CARTA MAIOR
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O caso PF-Estadão: o retrato da formação de quadrilha entre polícia e mídia

estadopink
A manchete do Estadão de hoje, não foi desmentida apenas pela nota divulgada ontem à noite pelo Instituto Lula, que reproduzo ao final.
Foi desmentida pelo próprio documento que deu origem à sua publicação: as declarações de Lula ao delegado da Polícia Federal, cujas indagações a Lula nem precisariam ser feitas porque, sem qualquer elemento senão suposições, é impensável obter alguma informação neste tipo de depoimento.
A coisa chega ao absurdo – além dos citados pelo ex-presidente – de Lula ser indagado – vejam bem! – sobre um “documento” de um suposto lobista onde “há uma solicitação dos trabalhadores da indústria aeronáutica sueca para que o declarante (Lula) manifestasse seu apoio à contratação da SAAB (fabricante dos Gripen) junto à Presidenta Dilma Rousseff”.
Francamente, em que isso serve a uma investigação policial?
É tão “legítimo” imaginar – veja que maravilha, um delegado de polícia e uma redação de jornal que se contentam em imaginar – que a contratação do “filho do Lula” (porque é  só por isso que o negócio provoca interesse), dois anos depois, pela empresa deste fulano fosse o pagamento de propina- além do mais irrisória e desproporcional diante de um negócio de quase R$ 30 bilhões – fosse pagamento pelo “lobby” dos sindicatos suecos.
E tratar como “combinação” uma visita de um governador de Estado (Eduardo Campos) e do presidente de uma grande montadora (Clodomiro Belini, da Fiat) pedindo, que fosse, a prorrogação  de uma legislação (dos tempos de FHC, aliás) o que tem de ilegítimo.
Não tem, mas tem de ter.
A mente deformada da Polícia Federal e da mídia conservadora funciona assim: “já temos o criminoso, vamos encotrar o crime ou algo que possa se parecer com crime”.
É a lógica da ditadura, bem exposta pelo jurisconsulto Merval Pereira, ontem.
Que só não ofende aos fascistas e aos covardes, hoje sobrando neste país.
A nota do Instituto Lula:

Estadão distorce depoimento de Lula

Em sua desesperada campanha para envolver o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em atos ilícitos que jamais foram cometidos, O Estado de S.Paulo voltou hoje (22) a manipular informações sobre a edição de medidas provisórias dirigidas ao desenvolvimento regional.
Lula jamais admitiu que tenha havido “compra de MPs” em seu governo ou que tenha tratado com lobistas sobre sua edição. O que ele chamou de “coisa de bandido” foi uma suposição levantada pelo delegado, que pediu a Lula para formular juízo sobre uma palavra “no sentido pejorativo”.
Isso fica bem claro na leitura do depoimento prestado por Lula ao delegado Marlon Cajado na condição de informante (nem como testemunha, nem como investigado) em 6 de janeiro deste ano, páginas 5 e 6:
(…) apresentado ao Documento 04, o qual trata de trecho encontrado em material computacional do escritório da Marcondes e Mautoni, que trata da MP 512/2010, afirmando que, “a MP foi combinada entre o pessoal da Fiat, o presidente Lula e o governador Eduardo Campos, e perguntado se a informação procede, o declarante [Lula] diz que “combinação”, nesse sentido pejorativo, é “coisa de bandido” e que não ocorreu, esclarecendo que se reuniu algumas vezes com o então governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos, o qual levou Beline [Cledorvino Belini, presidente da Fiat América Latina e presidenta da Anfavea de 20 10 a 2013], não se recordando se ele estava na condição de representante da Fiat e/ou de presidente da Anfavea, e que foram esclarecidos os benefícios da construção da fábrica da Fiat em Pernambuco (…)
No mesmo depoimento, Lula esclareceu que as MPs 471/2009 e 512/2010 foram debatidas com governadores, líderes políticos, sindicais e empresariais dos Estados do Nordeste, Norte e Centro-Oeste, para prorrogar e estender a novos projetos os incentivos fiscais estabelecidos desde 1997 e 1999 às indústrias automotivas e de autopeças nestas regiões.
Desde 1o. de outubro de 2015, O Estado de S. Paulo vem tecendo uma rede de desinformação sobre estas MPs, sonegando ou falseando dados sistematicamente, em prejuízo de Lula, de seus familiares e dos leitores. A obsessão do jornal é vincular a edição das MPs (ou qualquer ato do ex-presidente Lula) a um suposto favorecimento a empresas e escritórios de lobby e consultoria.
Mesmo tendo sido informada que a empresa LFT, de Luiz Cláudio Lula da Silva, só foi contratada para prestar serviços à Marcondes e Mautoni em 2014, a reportagem do Estado omitiu deliberadamente este fato e associou o contrato à MP editada em 2009, cinco anos antes.
Exposta publicamente esta incongruência, o jornal tentou vincular o contrato à compra dos caças suecos Grippen, decidida pelo governo brasileiro em dezembro de 2013, quando Lula não era mais presidente da República.
As duas hipóteses foram negadas por Lula, por serem absurdas, como se pode conferir na íntegra do termo de depoimento do ex-presidente à Polícia Federal, que está ao final desse texto.
As notícias manipuladas do Estadão levaram o jornal a acreditar em seus próprios delírios, a ponto de afirmar que “o esquema (de compra de medidas provisórias), que resultou na Operação Zelotes, foi revelado numa série de reportagens do Estado em outubro”.


Só Que Não
A Operação Zelotes foi deflagrada em março de 2015, a partir de investigações iniciadas em 2013, que apontaram o favorecimento de grandes empresas (inclusive do setor de comunicação) em decisões do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). Os desvios seriam da ordem de R$ 19 bilhões.
A partir da “série de reportagens” do Estadão, como num passe de mágica, a Operação Zelotes se transformou numa devassa em torno do contrato da LFT com a Marcondes e Mautoni, e o desvio de R$ 19 bilhões sumiu do noticiário. A manipulação de hoje no portal do Estadão é mais um nó nessa teia de intriga e desinformação.
Leia, abaixo, a íntegra do depoimento:

Fonte: TIJOLAÇO
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