Essa juventude não está entendendo nada…
É assim. Sempre foi assim. Mas também podia ser algo como: “na minha época…”.
Quando alguém começa a frase com um
na minha época sobram arrepios. Em geral, o que virá depois é algo
idealizado do que não se viveu. É mentira embalada em moralismo barato.
O essa juventude não está entendendo nada faz parte deste contexto.
Imagino que a galera que foi pras
ruas em 68 ouviu isso. Que os que eram estudantes em 1977 e peitaram a
ditadura cansaram de ouvir isso. E lembro-me bem dos que fundaram o PT
sendo chamados de irresponsáveis pela turma do partidão e do PMDB por
dividir a oposição em 82. Segundo eles, o partido era obra do Golbery.
Pois é, pois é. Tempo, tempo, tempo que talvez seja o segredo desta vida.Alguns petistas e supostamente gente madura que se diz de esquerda e que já ouviu isso quando jovem agora se junta ao discurso de que essa juventude não está entendendo nada para ajudar a massacrar o MPL e os que estão dizendo que transporte deveria ser um direito público. Que a tarifa não deveria ser tão cara.
Não se trata de concordar com todas as pautas e todos os métodos de luta do MPL, mas no mínimo de tentar entender que existe algo novo, um movimento que tem conseguido catalizar energias para discutir direitos.
Trata-se de imaginar que ali estão
se formando novas lideranças que podem oxigenar espaços de participação.
E trata-se de reconhecer que esses movimentos tem conseguido mobilizar
jovens.
Ou as ocupações de escolas por
secundaristas que levaram o governador Alckmin a recuar no seu projeto
de fechar escolas e fizeram seu secretário de Educação entregar o cargo
porque apostou no confronto com os estudantes não foi uma vitória desta
moçada? Ou o recuo no aumento da passagem em 2013 também não foi uma
vitória deles?
Não há país que tenha evoluído na
conquista de direitos sem que em algum momento seus cidadãos não tenham
tido que forçar a porta. Não é por dádiva que se amplia a cidadania.
Mas ao mesmo tempo, sempre o velho se enfrenta com o novo.
E o conflito de gerações no mesmo
campo é algo comum. Boa parte dos que envelhecem não conseguem entender
as novas formas de luta e de atuação daqueles que estão chegando. E que
percebem que não conseguirão nada se fizerem tudo do mesmo jeito.
Você acha que o MPL comete erros? E você e o seu movimento, não?
Você acha que há gente oportunista no meio dos que estão nas ruas? Certo, certo e nunca foi assim, né?
Você acha a proposta deles oportunista é irresponsável? Talvez você
não lembre, mas era isso que muitos falavam (pasmem!) em 84 quando se
organizou o primeiro comício das Diretas num 25 de janeiro.Um dia, amigos, a sociedade vai entender que é melhor cobrar um pouco mais de imposto para que todo cidadão possa andar de graça de transporte público. Porque ou será isso ou o caos da imobilidade.
E aí, esses jovens talvez já estejam maduros. E alguns deles (ou talvez muitos) podem vir a criticar a irresponsabilidade dos filhos dos outros que estarão lutando por uma outra ousadia. Ou mesmo por uma utopia.
Que assim seja.
Que venha a juventude que lute. E que ela continue não entendendo nada.
Só assim as coisas acontecem.
Fonte: Blog do Rovai
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Brilhante.
Se fala e escreve muito sobre as manifestações do MPL, mas poucos conseguem dizer algo útil.
Rovai foi ao ponto.
O velho sempre vê o novo, o diferente, como algo errado, e mesmo por vezes perigoso.
Cristalizados em seus conceitos, que provavelmente outrora foram questionados, os velhos, e eles são maioria em idade e em ideias, tremem de medo pelo novo.
Mudar é algo que coloca a maioria das pessoas em pânico, já que o novo é desconhecido, logo gera insegurança.
Assim sendo, qualquer ideia , movimento, que ultrapasse os limites do arcabouço de ideias definido como dominante, é imediatamente bombardeado, questionado.
A velha mídia, o túmulo da modernidade, o sarcófago onde habita o pior dos conservadorismos se apressa em rotular e bombardear novas formas de expressão, como no caso do MPL.
O movimento tem sido acusado diariamente nos telejornais rochosos de violar os conceitos básicos do regime democrático, o que em parte pode ser verdade, no entanto, o que é democracia nos dias atuais, pergunta-se.
Tarifas de transporte público caras e serviços de qualidade ruim, são uma violência contra a população, e , principalmente, uma violação dos princípios democráticos estabelecidos na constituição.
A democracia tem sido, diariamente ao longo de anos, violentada e desrespeitada por aqueles que acusam o MPL de ser anti- democrático.
Qualquer mudança e qualquer evolução não se dão por ideias cristalizadas, mas sim por novas ideias, novas formas de expressão e, principalmente, de luta.
Isso não significa uma defesa ou uma condenação a atuação do MPL, mas apenas uma constatação da realidade.
Novas ideias não são resolvidas com velhas ideias cristalizadas.
Não se consegue avançar sem luta.
Brilhante.
Se fala e escreve muito sobre as manifestações do MPL, mas poucos conseguem dizer algo útil.
Rovai foi ao ponto.
O velho sempre vê o novo, o diferente, como algo errado, e mesmo por vezes perigoso.
Cristalizados em seus conceitos, que provavelmente outrora foram questionados, os velhos, e eles são maioria em idade e em ideias, tremem de medo pelo novo.
Mudar é algo que coloca a maioria das pessoas em pânico, já que o novo é desconhecido, logo gera insegurança.
Assim sendo, qualquer ideia , movimento, que ultrapasse os limites do arcabouço de ideias definido como dominante, é imediatamente bombardeado, questionado.
A velha mídia, o túmulo da modernidade, o sarcófago onde habita o pior dos conservadorismos se apressa em rotular e bombardear novas formas de expressão, como no caso do MPL.
O movimento tem sido acusado diariamente nos telejornais rochosos de violar os conceitos básicos do regime democrático, o que em parte pode ser verdade, no entanto, o que é democracia nos dias atuais, pergunta-se.
Tarifas de transporte público caras e serviços de qualidade ruim, são uma violência contra a população, e , principalmente, uma violação dos princípios democráticos estabelecidos na constituição.
A democracia tem sido, diariamente ao longo de anos, violentada e desrespeitada por aqueles que acusam o MPL de ser anti- democrático.
Qualquer mudança e qualquer evolução não se dão por ideias cristalizadas, mas sim por novas ideias, novas formas de expressão e, principalmente, de luta.
Isso não significa uma defesa ou uma condenação a atuação do MPL, mas apenas uma constatação da realidade.
Novas ideias não são resolvidas com velhas ideias cristalizadas.
Não se consegue avançar sem luta.
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