terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Esse dique já rachou


Dique golpista começa a rachar


Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

O povo não é bobo. Ou não é tão bobo quanto a mídia pensa.

Comentário que pesquei no site do Globo, abaixo da matéria sobre Jaques Wagner, novo alvo da pistolagem política:



Quando entrei na notícia, era o comentário mais recente, aparecendo, portanto, em destaque.

Esse tipo de reação tem crescido. Sabe-se que a grande mídia, em especial o grupo Abril, contratam empresas especializadas em produzir comentários para os portais.

Os blogs da Veja e mesmo o Antagonista são usuários mais conhecidos dessas técnicas de iludir o leitor e o anunciante, para dar a impressão de uma audiência que não existe.

No caso dos blogs da Veja, os serviços são inclusive de péssima qualidade, e muitos comentários são produzidos quiçá eletrônicamente, por robôs, como se pode constatar pela quantidade bizarra de comentários assinados com nicknames, seguidos de textos repetitivos e redundantes, além da recusa destes mesmos serviços de instalar sistemas de comentários via Facebook, que dificultam o controle e a censura.

Quando aparecem comentários críticos às conspirações midiático-judiciais, é porque o sistema de controle rachou.

O dique da manipulação está começando a se romper.

A grande imprensa iniciou a semana com a nota apocalíptica de sempre, o que ajuda a criar um clima de pessimismo, que o mercado reflete no boletim Focus, o qual por sua vez abastece a mídia, num sistema de retroalimentação desgraceiro e doentio.

A grande imprensa continua a demitir em massa, criando nas redações um clima de terrorismo que resulta numa obediência cega do profissional aos ditames editoriais.

Os jornalistas passam a ter medo até mesmo de pensar diferente. De olho na sobrevivência, os profissionais não apenas vendem sua força de trabalho. Vendem também suas ideias, seus sonhos. Isso é o que o sistema atual pode fazer de mais cruel com a juventude disposta a trabalhar nas redações.

Com o recesso parlamentar, o sistema de pistolagem política depende da Lava Jato para vender conteúdo aos jornalões. De posse de um conjunto gigantesco de informações, um punhado de bandidos travestido de autoridades vende seletivamente vazamentos para uma imprensa interessada especialmente num determinado tipo de informação.

Os vazamentos da delação de Cerveró sobre o governo FHC servem para legitimar uma farsa. E digo farsa não porque desacredite da existência de atos de corrupção, tanto no governo FHC quanto nos governos posteriores. Refiro-me ao método de investigação, baseado em delações, de um lado, e num jogo calculado de vazamentos.

Daí que a agenda política nacional continua estreita. Os brasileiros não conhecem o Brasil. A quantas anda a economia brasileira real?

Por que a imprensa esconde que o Brasil tem o monopólio absoluto da produção mundial de nióbio, minério estratégico e essencial na produção de armas, satélites e produtos tecnológicos? Será porque não interessa à família Itaú, detentora deste monopólio?

Por que a imprensa parou de divulgar amplas reportagens-denúncia (se é que fez alguma vez) sobre a tragédia de Mariana?

A quantas anda a questão fundiária no país?

A nossa imprensa vive presa a uma agenda política incrivelmente curta, e repetitiva. Todos os jornais e revistas só falam de dois ou três assuntos, sob a mesma ótica.

A sociedade brasileira tornou-se muito mais complexa do que seu noticiário. Evidentemente, o monopólio cria essas distorções.

A ameaça de um novo delator de oferecer cem nomes de pessoas, envolvidas em algum esquema, transforma a Lava Jato numa grande pantomina. A delação premiada, definitivamente, vulgarizou-se.

Os réus entenderam que podem falar qualquer coisa, e serão premiados. Se não houver provas, não tem importância: a PF se encarregará de inventá-las, através de suposições as mais esdrúxulas possíveis. Os relatórios da PF tornaram-se peças de ficção, em que o policial, de posse de um conjunto volumoso de vazamentos, constrói uma teoria qualquer, a qual, desde que dentro da linha da mídia, será chancelada e defendida por esta custe o que custar.

As previsões econômicas para este ano ainda são bastante ruins: o boletim Focus, que colhe previsões da iniciativa privada, estimou que o PIB deve cair 3% este ano. Para o ano que vem, contudo, espera-se crescimento. Todos os fundamentos sinalizam que o ciclo negativo se esgota este ano. Aliás, já no segundo semestre deste ano, as luzes devem começar a surgir ao fim do túnel.

Politicamente, inclusive, este ano pode ser bem melhor, em virtude da realização das Olimpíadas e das eleições municipais. Melhor no sentido de possuir uma agenda política um pouco mais abrangente. O golpismo tende a se encolher, constrangido, diante do espetáculo de novas eleições livres e democráticas.

As Olimpíadas servem para erguer o astral, além de atrair, para o país, a atenção global, abrindo excelentes oportunidades para trocas culturais, políticas e comerciais.

Fonte: Blog do Miro
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O governo deveria tratar a imprensa como um partido de oposição?
Postado em 12 jan 2016

por : Paulo Nogueira


Muito dinheiro público nisso aí

Mino Carta escreveu, em seu editorial na última edição da Carta Capital, que o governo deveria tratar a mídia como um partido de oposição.

O mesmo ponto fora defendido, dias antes, pelo escritor Emir Sader.

Não sei exatamente o que isto significaria na vida prática. Um corte substancial no bilionário Mensalão da publicidade oficial posta nas grandes empresas jornalísticas, provavelmente.

Um olhar mais rigoroso para empréstimos a juros maternos do BNDES para essas mesmas companhias, também.

Considere.

Em 2011, o BNDES liberou um empréstimo de pouco menos de 30 milhões de reais para que a Abril reformasse sua TI no departamento de Assinaturas.

Faz sentido?

Quando se lê, hoje, que os Civitas despejaram 450 milhões de reais na Abril para mantê-la de pé fica claro que não.

A família tinha e tem recursos para não recorrer ao dinheiro público de um banco mantido pelos contribuintes.

Isso foi no governo Dilma.

Na era FHC, o BNDES financiou a nova – e pateticamente inútil – gráfica da Globo. (A Globo não enxergou a internet.)

De novo: fazia sentido?

Veja a riqueza pessoal dos Marinhos para chegar a uma rápida resposta. Não, não e ainda não.

Um parêntese. Em editoriais vigorosos, jornais e revistas reclamam sempre cortes de gastos do governo. Alguém já viu um único editorial condenando as despesas bilionárias com propaganda?

O mesmo vale para o BNDES. São denunciados com frequência brutal empréstimos que teriam propósitos mais políticos do que qualquer outra coisa.

Mas e os empréstimos para empresas de jornalísticos cujos donos estão entre as pessoas mais ricas do país? Por que eles não investem seu próprio dinheiro em novos empreendimentos?

Isto é capitalismo: arriscar. A Globo apostou obtusamente no aumento das circulações quando a internet já se avizinhava. Mas quem pagou o preço do erro não foi a empresa. Fomos nós, o povo.

É coisa do Brasil.

Cerca de 25 anos atrás, Murdoch enxergou uma oportunidade da tevê por satélite. Era um investimento altíssimo, e ele teve que recorrer a empréstimos – mas de bancos particulares.

Quase quebrou, porque foi uma aposta fora de hora. Para que sua companhia não entrasse em colapso, Murdoch foi obrigado, sob pressão dos credores, a se associar a um rival na tevê por satélites. Só há pouco tempo, muitos anos depois, ele teve recursos suficientes para comprar a parte que teve que vender.

A isso se dá o nome de capitalismo. De verdade. Não o capitalismo de araque que existe no Brasil e do qual desfrutam, esplendidamente, as empresas de jornalismo.

Eu acrescentaria o seguinte: rever a publicidade oficial e os empréstimos (doações) de bancos públicos deveria ter sido prioridade no governo PT. Em nome da decência, da transparência e, por que não, até de um capitalismo moderno.

Meu ponto é: o governo não precisa tratar a imprensa como um partido de oposição, embora ela se comporte como tal.

Basta tratá-la sem os privilégios vergonhosos, sem as mamatas abjetas que parece impossível derrubar.


Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Em delação, ex-deputado Pedro Corrêa cita FHC em compra de reeleição

Jornal do Brasil
Condenado a 20 anos de prisão na operação Lava Jato, o ex-deputado e ex-presidente do PP Pedro Corrêa acertou os termos de sua delação premiada. Segundo informações da coluna de Ancelmo Góis desta terça-feira (12), no jornal "O Globo", as revelações envolvem o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e a compra da reeleição, aprovada pelo Congresso Nacional no governo do tucano.
De acordo com o colunista, Corrêa "diz ter contado tudo de podre que sabe desde que foi eleito deputado pela primeira vez, em 1978, pela Arena" e que as histórias que serão relatadas passam "pela distribuição (concessão) de rádios na época de Sarney e pela reeleição de FH".
Nome de ex-presidente tucano aparece relacionado à compra de reeleição, em delação de ex-deputado
Nome de ex-presidente tucano aparece relacionado à compra de reeleição, em delação de ex-deputado
Este é o segundo dia consecutivo que Fernando Henrique Cardoso é alvo de denúncias. Nesta segunda-feira (11), veio à tona a delação do ex-diretor da Petrobras, no qual garante que a que a compra do conglomerado de energia argentino Pérez Companc (PeCom) pela estatal brasileira em julho de 2002, por US$ 1,02 bilhão, "envolveu uma propina ao governo FHC de US$ 100 milhões". Cerveró atribuiu as informações a diretores da Perez Companc e a Oscar Vicente, executivo argentino que presidia a empresa.
Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Já vem de longa data, mais de uma década, que o jornalismo da grande mídia se resume as notícias sobre as Instituições.

O foco sempre nos Poderes da República.

Neste início de ano, com o Congresso Nacional e o STF em férias, os principais jornalistas locutores de telejornais também entram em férias.

De alguma forma, eles, os jornalistas, também fazem parte do Poder, das Instituições.

Assim sendo, como bem descrito no artigo acima, o Brasil se resume as notícias dos Poderes.

No entanto, um apêndice poderoso e desestabilizador continua operando, produzindo vazamentos seletivos para que a chama se mantenha acessa.

Neste universo da fatos irreais, um processo de abertura de impedimento da presidenta da república, fica parado, em stand by, por conta das férias.

Conclui-se, ou pelo menos inclina-se um observador atento a concluir, que tal processo é apenas uma peça do processo de desestabilização e golpe que tais grupos desejam para o país, pois, como se sabe, um processo de impedimento de um presidente da república é algo que envolve fatos gravíssimos que não podem ficar a espera do momento adequado para sejam apurados.

Como no processo atual de impedimento os fatos para tal processo ainda estão sendo procurados de maneira a justificar o próprio processo - o que já caracteriza um golpe pois os fatos é que devem justificar a abertura do processo - pode-se , assim , esperar um período de descanso para, então, voltar no momento adequado com notícias "quentes" sobre a situação política e econômica do país.


Esse dique já rachou.

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