quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Progresso Encantador

Antropoceno: a era da manipulação da informação

85,5% das importações audiovisuais da América Latina são originárias dos EUA, e elas estão tentando construir a ideia de que não existe aquecimento global.



Najar Tubino reprodução

Enojar é o verbo inspirador deste texto. Depois de muito pesquisar sobre a concentração de poder no mundo hoje, onde 147 transnacionais controlam outras 43 mil, o que corresponde a 40% do mercado mundial, onde os três principais veículos de economia do mundo ocidental fazem parte da carteira de clãs conhecidos há séculos, como os Rothschild, Agnelli, ou já na era moderna, os Murdoch, donos do The Wall Street Journal, do Dow Jones e da Fox News, que divulga diariamente as mentiras sobre as mudanças climáticas e o aquecimento global. The Economist, a revista inglesa de 1873 é a outra fonte, muito celebrada pelos neoliberais e conservadores por sua respeitabilidade, transparência e ética.

Ao iniciar 2016, a revista publicou uma capa sobre o Brasil quebrado e desorganizado, com uma foto da presidenta Dilma Rousseff cabisbaixa. Em agosto de 2015 a Pearson, dona da revista vendeu 50% das ações – 27,3% foram compradas pela família Agnelli, os outros 23,7% pelo próprio Grupo Economist. Ocorre o seguinte: os outros 50% pertencem aos Rothscild, aos agentes financeiros Schroder, aos Agnelli e a Cadbury, maior fabricante de doces do Reino Unidos, que foi engolido pela Kraft Foods, dos Estados Unidos. O detalhe: estas famílias detêm a maioria das ações classe A, que dão direito a indicar a maioria dos 13 membros da diretoria. Ou seja: eles mandam e estabelecem as diretrizes editoriais.

Negócio perfeito no capitalismo

Pior: o grande negócio da The Economist é o Economist Intelligence Unit, que em 2014 faturou US$93 milhões, mais do que os US$37 milhões do Financial Time Group, que publica o jornal FT, que também era da Pearson e foi vendido no ano passado para o grupo japonês Nikkei por US$1,3bi. Este é o funcionamento perfeito do capitalismo: os cães farejadores levantam a situação das empresas, dos setores econômicos em todo o mundo – inclusive faturando com a publicidade- depois entregam para os seus patrões, que no mesmo momento, sairão pelo mundo comprando ações, empresas, terras, de barbada. Um golpe que o clã dos Rothschild britânico instituiu no então poderoso império por Nathan, que se instalou na City londrina em 1809.

A estratégia límpida e transparente, naquela época não tinha o sustentável, conhecida historicamente como o Golpe na Bolsa de Londres consistiu no seguinte: seus informantes presentes na Batalha de Waterloo forneceram o resultado final da carnificina ao patrão, logo em seguida começou a vender os papéis na Bolsa espalhando o boato que Napoleão vencera. Ao mesmo tempo, seus agentes passaram a comprar os papéis por ninharia. Logo depois, o poderoso império ficou sabendo da vitória do seu exército e os papéis explodiram. Então caía o Império Napoleônico e nascia oficialmente o império especulativo dos Rothschild.

No Planeta Mentira não há mudanças climáticas

Mas vamos voltar ao Antropoceno, o novo período geológico que será definido este ano, com as mudanças da espécie humana. Na realidade os mais de sete bilhões de habitantes do mundo não sabem exatamente em que planeta vivem. O controle exercido pelos 30 maiores conglomerados de mídia expõe apenas a sua visão da Terra. Nela, as mudanças climáticas, a destruição de florestas, a extinção de espécies, da miséria da própria espécie são apenas ingredientes do mercado, do sistema econômico que necessita crescer infinitamente, porque sem crescimento não haveria planeta. E afinal, como os 85 bilionários – com mais de 20 bilhões de dólares - poderiam viver e usufruir das maravilhas da natureza, com seus iates, seus clubes de golfe, seus carros esportivos, suas ilhas exclusivas?

Sem contar os outros 300, que estão na lista da Bloomberg, que possuem juntos US$3,7 trilhões e que ao longo de 2014 ganharam mais US$524 bilhões, segundo a pesquisa do professor Luiz Marques, no livro “Capitalismo e Colapso Ambiental”. Para reforçar um pouco mais o poder: as sete principais holdings financeiras dos Estados Unidos – JP Morgan Chase, Bank of America, Citigroup, Wells Fargo, Goldman Sachs, Metlife e Morgan Stanley detêm mais de US$10 trilhões em ativos consolidados, o que corresponde a 70,1% de todos os ativos dos Estados Unidos. São eles que controlam a riqueza mundial, dos 147 grupos que controlam os 43 mil – uma pesquisa do ETH Instituto Federal Suíço de Pesquisas Tecnológicas, de Zurique, selecionaram as 43 mil corporações entre 30 milhões.

Ricos não podem pagar impostos

Eles constataram que os banqueiros são os intermediários que possibilitam a articulação da rede. É claro que as famílias bilionárias do mundo participam de tudo isso. Sem esquecer, que parte desta fortuna, segundo a Tax Justice Network, pelo menos US$21 trilhões estão em paraísos fiscais. Porque o Planeta ficcional criado pelos conglomerados da mídia instituiu que os ricos não podem pagar impostos. Prejudica os negócios, o crescimento. Uma citação do final do livro de Thomas Piketty – O Capital no século XXI – que definiu 300 anos de dados sobre a desigualdade econômica em 669 páginas:

“- A desigualdade entre a taxa de crescimento do capital e da renda e da produção faz com que os patrimônios originados no passado se recapitalizem mais rápido do que a progressão da produção e dos salários. Essa desigualdade exprime uma contradição lógica fundamental. O empresário tende a se transformar, inevitavelmente, em rentista e a dominar cada vez mais aqueles que só possuem sua força do trabalho. Uma vez constituído o capital se reproduz sozinho, mais rápido do que cresce a produção. O passado devora o futuro”.

A desigualdade será a norma no século XXI

E pode investir em educação, conhecimento e tecnologias não poluentes, nada disso elevará as taxas a 4 ou 5% ao ano, como rende o capital. A experiência histórica indica que apenas países em recuperação econômica, como a Europa nos 30 anos gloriosos pós- segunda guerra, ou a China e os emergentes podem crescer neste ritmo por um tempo.

“- Para os que se situam na fronteira tecnológica mundial e em última instância para o planeta como um todo, tudo leva a crer que a taxa de crescimento não pode ultrapassar 1 a 1,5% ao ano, no longo prazo, quaisquer que sejam as políticas a serem seguidas. Com o retorno médio do capital na ordem de 4 a 5% é provável que a desigualdade das taxas de crescimento já citadas voltem a ser a norma no século XXI, como sempre foi na história.”

O divertimento ao invés da realidade

Conclusão: o Planeta criado pelos conglomerados continua executando a mesma plataforma, desde o século XIX, sendo que somente nos períodos posteriores às guerras mundiais que as fortunas foram taxadas. E o que faremos nós no século XXI? Já sabemos que o aquecimento aumenta, os eventos climáticos se aceleram e o agronegócio continua dominando mais áreas de floresta do planeta. Neste momento, entra a outra parte dos conglomerados de mídia – o entretenimento. A força da Disney Company – faturou US$45 bi em 201- e pagou US$21bilhões pela franquia da séria Star Wars e ainda produzirão outros cinco filmes.

E pretendem vender US$5 bilhões em produtos licenciados – videogames, publicações, música, brinquedos. O mercado é grande: parques temáticos em Paris, Hong Kong, Tóquio, agora em 2016, Shangai, na China. Compraram todos os talentos, a Pixar, de Steve Jobs- era o maior acionista individual da Disney -, os heróis em quadrinhos da Marvel, na figura canhestra do Homem de Ferro, rico, cibernético e arrogante. Depois ainda compraram os estúdios de George Lucas. Total: mais de US$15 bilhões. Ou seja, não acreditem em caos climático, divirtam-se.

No Planeta de mentira informação é entretenimento

A revista das famílias poderosas, a The Economist – fez uma daquelas matérias pegajosas sobre “a força” da Disney, em dezembro de 2015. Um trecho:

“- A estratégia deles é a seguinte: os filmes aparecem no centro, a sua volta estão os parques temáticos, os licenciamentos, a música, as publicações e a televisão, Cada unidade da companhia produz conteúdo e impulsiona as vendas das demais”.

É perfeito, se aliar isso a canais de esportes – ESPN – que fatura a metade da grana na Disney, que é uma das quatro líderes mundiais. As outras são: Google, que mais fatura em publicidade, depois a Comcast, que tem a maior rede de televisão a cabo do mundo, e é proprietária da rede NBC e da Universal. Depois vêm a 21st Century Fox, da News Corporation, de Rupert Murdoch; Viacom, dona da MTV e da Paramount, mas dividiu a corporação, criando a CBS Corporation, outra rede dos Estados Unidos. Na lista agora constam Facebook e Baidu, o Google chinês, em faturamento de publicidade.

85,5% das importações audiovisuais dos Estados Unidos

Mas eles não têm o poder dos conglomerados tradicionais. Faltou a Time Warner Company, dona da CNN, que é outra das bases de informação no mundo, além do Carlos Slim, dono da telefonia na América Latina, que agora tem 16,8% das ações do The New York Times, maior acionista individual. Último dado enjoativo desta que é a praga maior desta era geológica: 85,5% das importações audiovisuais da América Latina – 150 mil horas de filmes, seriados e programas jornalísticos- são originários dos Estados Unidos. E em todos estes conglomerados tem a participação acionária dos maiores fundos de investimento ou de pensões do mundo, como é o caso da Vanguard Group – 160 fundos nos Estados Unidos e 120 fora deles -, que estão processando a Petrobras nos Estados Unidos, e que os Rothschild são acionistas.

A família Rothschild – significa a casa do escudo vermelho, baseado no escudo da cidade de Frankfurt, onde Mayer Amschel Bauer, considerado o primeiro banqueiro internacional começou o império. Segundo a versão popular, com uma fortuna do nobre alemão Guilherme IX, que fugia de Napoleão, e deixou três milhões de libras esterlinas em dinheiro e obras de arte, para ele administrar.

Outros negócios dos Rothschild

Ele investiu bem, conta a lenda, que não dividiu um centavo dos lucros. Também diz a lenda que não são judeus étnicos, mas se converteram ao judaísmo no século oito da era cristã. Os Rothschild, em seus vários ramos, são detentores de tudo o que é importante no mundo. A De Beeres, maior empresa de exploração, lapidação e comércio de diamantes, os extratores de minérios Rio Tinto e Anglo American, como acionistas. O Barão francês Edouard, já falecido, em 2005 comprou 37% do jornal Liberation, considerado um veículo que defende ideias de esquerda.

Recentemente se associaram com os Rockfellers na Rússia unindo ativos de US$40 bilhões. Até hoje, as cotações do ouro são definidas no prédio da N M Rothschild & Co, que no Brasil se chama Rothschild, e trabalha no ramo de assessoria financeira, focada em fusões e aquisições, reorganizações societárias. Conta com 50 escritórios espalhados pelo mundo. No Brasil já prestaram serviços para o Itaú Unibanco, no fechamento de capital da Redecard, fizeram o laudo de avaliação do Santander Brasil, que vendeu parte do controle, além da BM&F, Camargo Corrêa, OI e Ambev.

No Laudo de avaliação do Santander, a Rothschild Brasil esclarece: que não possui informações comerciais e creditícias de qualquer natureza que possam impactar o laudo; não possui conflito de interesse, que lhe diminua a independência necessária ao desempenho da função. E que receberia US$800 mil pelo laudo. Algumas linhas adiante: e mais US$4,5 milhões pelo trabalho de assessoria do Santander S.A., que não é o Santander Brasil. Entenderam: tudo ético, transparente e sustentável. E nós estamos ferrados com este planeta mentiroso, que os conglomerados inventaram.

Fonte: CARTA MAIOR
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Para superar o capitalismo (II): a indústria da moda

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Cultura do descarte: vestuário tornou-se indústria que mais emprega e segunda mais poluidora. Para consumo frenético, trabalho ultra-precário. Como escapar do “fast fashion”?
Por Mauro Lopes, editor do blogCaminho para Casa
Leia também:
Para superar o capitalismo, sistema de morte (I)Informado pela Teologia da Libertação e pensamento do papa Francisco, colunista escreve sobre grandes impasses contemporâneos. No primeiro texto, o papel dos bancos e da aristocracia financeira
Escrevo uma breve série de meditações sobre o capitalismo a partir do ensinamento da Igreja e do Papa Francisco, que no II Encontro dos Movimentos Populares, em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), em julho de 2015, qualificou o sistema de “ditadura sutil”. Para o Papa, o capitalismo “é insuportável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos…” Antes, em abril, um dos líderes da reforma da Igreja, o cardeal de Tegucigalpa, Óscar Andrés Rodriguez Maradiaga, ex-presidente da Cáritas mundial e coordenador do grupo encarregado da reforma da Cúria romana havia afirmado que o capitalismo é “um sistema econômico que mata”. Não são ensaios nem artigos, apenas breves meditações que buscam colocar-se a serviço da Igreja, que busca retomar o caminho original dos ensinamentos de Jesus.
2. A indústria da moda
Tempos atrás, quando o dólar ainda estava ao preço “me engana que eu gosto” e a classe média se esbaldava na Flórida e pelo mundo afora, minha mulher e eu fomos a NY. Conhecemos algo novo. Roupa a preço de banana. Numa tal Forever 21 compramos um vestido a 7 dólares (algo como R$15 à época); numa outra H&M, preços inacreditáveis também. Numa japonesa, Uniqlo, igual. Ressoava em nossos ouvidos a cantilena da direita: é mais barato porque o mercado é imenso e porque eles não têm a quantidade de impostos daqui do Brasil! Mas eis que a Forever 21 abriu quase trinta lojas no Brasil e… praticam os mesmos preços!
Como assim? Mas não era mais barato “lá” e “aqui” é tudo mais caro? Pois é. Tudo bem que assim chamado “mercado consumidor” cresceu exponencialmente ao longo dos governos do PT e, afinal, a história de que o Brasil tem a maior carga tributária do mundo é para enganar os trouxas – segundo a Fundação Heritage, a conservadora e americana, sinônimo de “insuspeita” para a direita brasileira, nossa carga tributária é a 32ª do mundo, atrás de países como Alemanha, Hungria, Holanda e outros. Mas, de fato, mesmo assim, o mercado brasileiro ainda é bem menor que o americano e a carga tributária no país é mais alta que na sede do capitalismo.
Então, qual o segredo? Como estas redes vendem a preços tão baixos tanto nos EUA como no Brasil?
Aquilo que faz a festa dos consumidores está baseado na mais abjeta exploração do trabalho humano que um setor econômico produziu na história recente do capitalismo.
Para entender isso, é preciso contextualizar brevemente a indústria da moda. Ela sofreu uma transformação radical no século 21, atingindo valores e volumes sem precedentes. Nenhuma outra cadeia de produção é tão dependente de trabalho humano como ela: são centenas de milhões de trabalhadoras e trabalhadores, desde as plantações de algodão à rede de indústrias, confecções e comércio em todo o mundo. Seu faturamento alcança US$ 3 trilhões/ano! Comercializa-se 80 bilhões de peças de roupas por ano, 400% a mais que há 20 anos.
Esses números estrondosos são a expressão de uma revolução chamada “moda rápida” (fast fashion), a moda do século 21. Tudo o que conhecemos da moda do século 20 foi enterrado. As mais velhas, os mais velhos lembram-se que existiu um tempo de duas estações da moda: a primavera/verão e outono/inverno. Dois momentos de lançamentos no ano. Isso acabou. Hoje há 52 estações por ano, uma a cada semana. Lançam-se modelos, estilos, novidades a cada semana. Mesmo as empresas da “alta moda”, como a Prada e a Louis Vuitton, agora produzem de quatro a seis coleções por ano, e não apenas duas.
No passado, comprava-se um casaco para durar 15, 20, 25 anos – hoje troca-se de casaco a cada ano; os homens compravam 4 ou 5 camisas por ano – compram 10 vezes mais; para cada festa uma roupa diferente; vai sair com alguém interessante? – compre uma blusa, uma camiseta, um lenço, um sapato! Moda rápida. Em velocidade alucinante. Porque tem de tudo o tempo todo a preços cada vez mais baratos.
Grandes marcas garantem a oferta. Zara e H&M (esta ainda está ensaiando entrar no Brasil) disputam a liderança do mercado mundial da “moda rápida” – os grupos a que pertencem faturam ao redor de US$ 20 bilhões cada uma por ano. H&M tem mais de 3 mil lojas em 54 países; a Zara teve lucro superior a US$ 700 milhões apenas no primeiro trimestre de 2015 (nada menos que 28% superior a igual período de 2014). Mas há outras marcas, como a Forever 21, GAP, Uniqlo, Levi’s… Há cinco marcas brasileiras inseridas neste mercado: Riachuelo, Renner, Marisa, C&A e Hering.
Números fantásticos, aplaudidos pelos comentaristas econômicos das mídias tradicionais, que fazem a delícia dos amantes do capitalismo neoliberal.
Mas o que sustenta estes números, ou qual a resultante deles para o mundo?
A indústria da moda é a segunda maior poluidora do planeta hoje, atrás apenas da do petróleo.
A indústria da moda tornou-se a maior terceirizadora de “mão-de-obra” (de trabalho humano na verdade) do mundo. Para que se tenha uma ideia, apenas 3% das roupas compradas nos EUA são produzidas no país. O resto é feito nos países periféricos. Um pouco no Brasil. Mas o volume de produção está concentrado na Ásia, em condições inacreditáveis, que lembram as primeiras fábricas do capitalismo, numa relação pautada pela brutalidade e exploração. As pessoas não são contratadas pelas grandes marcas; há uma rede quase infinita de fábricas e confecções, elas sim contratadas, com base em apenas um princípio, que fez e faz a delícia dos capitalistas, mesmo os “moderninhos” que se dizem preocupados com o meio ambiente: “mais por menos”. O único item do contrato: fazer mais, cada vez mais, por menos, cada vez menos.
Assim é na China, maior produtor de roupas do mundo, seguido por Bangladesh e Camboja. Assim, como é público, acontece no Brasil. Trabalhadores e trabalhadores recebem entre US$ 2 e US$ 3 por dia; não têm registro nem qualquer benefício, não estão integrados a sistemas públicos de saúde ou aposentadoria, são proibidos de reivindicar ou se organizar.
Um dos símbolos da exploração é o que ficou conhecido como a tragédia do Rana Plaza, acontecida em abril de 2013, em Dhaka, capital de Bangladesh –no desabamento do edifício, onde trabalhavam mais de 5 mil pessoas, 1124 morreram. O desabamento revelou pela enésima vez as condições de trabalho de mulheres e homens nas confecções –se quiser, leia aqui uma reportagem feita à época pela BBC.
No Camboja, a repressão às manifestações de trabalhadores e trabalhadoras da indústria da moda tem sido cruel. No massacre de Phnom Penh, capital do país, em janeiro de 2014, cinco jovens foram assassinados pelas forças de segurança. O que eles pediam? Pode parecer absurdo, mas nada mais que um salário mínimo de US$ 160 (algo entre R$ 400 ao câmbio da época e R$ 650 a preços de hoje). Veja aqui um relato da situação no país pela Anistia Internacional.
Se você quiser ter uma visão global sobre a indústria da moda, não pode deixar de assistir o documentário The True Cost, um relato agudo e jornalístico sobre o que acontece no mundo hoje. O documentário está disponível no Netflix com legendas em português, e você pode ter acesso a ele, ao trailer e a outras reportagens clicando no sitehttp://truecostmovie.com/.
E no Brasil?
O Ministério do Trabalho realiza fiscalização específica sobre o trabalho em condições análogas à escravidão desde 1995. Mas apenas no governo Lula elas passaram a ser significativas. Em 2003, primeiro ano do governo do PT, o número de fiscalizações mais do que dobrou, em relação ao governo FHC, de 30 ou ainda menos para 67. Em 2006, a quantidade de operações realizadas anualmente ultrapassou a casa da centena.
O que é trabalho nestas condições? A definição do Ministério ilumina o assunto e, ao mesmo tempo, por si só é capaz de causar consternação e indignação: “Considera-se trabalho realizado em condição análoga à de escravo a que resulte das seguintes situações, quer em conjunto, quer isoladamente: a submissão de trabalhador a trabalhos forçados; a submissão de trabalhador a jornada exaustiva; a sujeição de trabalhador a condições degradantes de trabalho; a restrição da locomoção do trabalhador, seja em razão de dívida contraída, seja por meio do cerceamento do uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, ou por qualquer outro meio com o fim de retê-lo no local de trabalho; a vigilância ostensiva no local de trabalho por parte do empregador ou seu preposto, com o fim de retê-lo no local de trabalho; a posse de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, por parte do empregador ou seu preposto, com o fim de retê-lo no local de trabalho”. Veja aqui esta definição e saiba o que faz o Ministério do Trabalho na busca da erradicação do trabalho em condições similares à escravidão.
O ano em que houve mais trabalhadores resgatados foi 2007; nada menos que 5.999. Há uma concentração grande de casos no campo. Mas, mesmo depois de anos de repressão e campanhas, os números ainda são impressionantes. Em 2015, quase mil pessoas foram resgatadas (936, exatamente). Veja aqui a nota do Ministério sobre o assunto.
A indústria da moda entrou em evidência em 2012, quando a ONG Repórter Brasil, fundada em 2001 com missão de denunciar o trabalho escravo, passou a dedicar atenção a ela. Veja o site da ONG aqui.
A partir de 2009 a ONG começou a publicar as primeiras reportagens em seu site revelando as condições de trabalho patrocinadas por grandes marcas, mas o assunto ganhou grande repercussão em 2012: veja aqui. Uma série de fiscalizações flagrou os trabalhadores, em especial bolivianos e peruanos, submetidos a condições análogas à escravidão em pleno centro da maior metrópole do país, São Paulo. As marcas denunciadas: Zara, Renner, Marisa, Pernambucanas, M.Officer, Colloins, Le Lis Blanc, Bobbô, Hyppychic, Gregory, Cori, Emme, Luigi Bertolli, Unique Chic, 775, Talita Kume, As Marias, Seiki, Atmosfera, Fenomenal, Gangster.
Desde então, uma série de ações e pactos foram firmados com as próprias marcas para coibir o trabalho escravo. No entanto, segundo líderes da Pastoral do Migrante de São Paulo, com quem conversei no início de 2015, há centenas de confecções que continuam produzindo nas mesmas condições, em especial na região central de São Paulo e zona norte da cidade.
Com as ações fiscalizatórias e as denúncias mais frequentes, grandes marcas brasileiras começaram a deslocar parte de sua produção para o Nordeste e lançam mão, cada vez mais, do modelo de “terceirização”. É o caso da Riachuelo, Hering, C&A e Renner. Reportagem de dezembro de 2015 no site da Repórter Brasil denunciou as práticas da indústria na região, leia aqui.
É revelador examinar o discurso dos promotores das condições degradantes de trabalho e ver como ele é sempre o mesmo, no Brasil ou no exterior. A visão é sempre a mesma, a velha visão do colonizador que “faz o favor” de colonizar – a mesma conversa desde o século 15.
Segundo Flávio Rocha, CEO da Riachuelo com carreira política vinculada à direita no país e hoje uma espécie de “estrela” da mídia econômica conservadora, o Estado atrapalha tudo. Ele declarou à Repórter Brasil que “o céu era o limite”, mas que as fiscalizações “intimidatórias” do Ministério do Trabalho têm prejudicado os negócios. “Para Rocha, a melhora das condições de vida dos trabalhadores não é alcançada através da criação de normas trabalhistas, e sim pela demanda e competição por mão de obra.” Ou seja, como as pessoas não tinham emprego, não tinham nada, deveriam ser gratas às empresas por condições de trabalho degradantes.
Em The True Cost, uma entrevista com Benjamin Powell, diretor do Instituto do Livre Mercado, as fábricas no Terceiro Mundo “são parte de um processo que eleva os padrões de vida e levarão a salários mais altos com o tempo”. Pois, afinal, ele proclamou ao repórter no documentário, “as alternativas existentes para esses trabalhadores são piores que as nossas”.
É a lógica do descarte. Ou, como tem afirmado o Papa Francisco, o tempo da cultura do descarte. Descartem-se as roupas porque elas são tão baratas que podemos adquirir outras. Descartem-se os trabalhadores e trabalhadoras porque eles são tão baratos que podemos adquirir outros. É a lógica da indústria.
O que significa atuar com outra lógica? Exigir dos governos ações fiscalizatórias; apoiar iniciativas de organização dos trabalhadores e trabalhadoras; acolher os imigrantes que são alvos preferenciais da escravização. Em nossa família decidimos também nunca mais comprar roupas muito baratas – o baixo preço das roupas é o aparente benefício que recebemos pelo suor, lágrimas e mesmo sangue dos que a fizeram.
Fonte: OUTRAS PALAVRAS
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Realmente o progresso que vivenciamos nos tempos atuais é algo fantástico.

Imagino como seria a vida na cidade do Rio de Janeiro em um futuro próximo, bem próximo, alguns anos aí pela frente.

A mobilidade das pessoas terá um salto gigantesco, já que drones com capacidade para levar em torno de seis pessoas, circularão pelos céus da cidade em um grande número de aerovias, diminuindo o tempo de deslocamento .

Outros drones farão o serviço de entrega nas residências de compras em shopping centers e supermercados.

Os automóveis urbanos , ao estilo smart cars, movidos a eletricidade, dominarão a cena nas ruas da cidade.

Tanto o transporte aéreo como o transporte terrestre serão controlados por softwares, fabricados por outros softwares nos super- super computadores quânticos com seus qubits, milhares de vezes mais poderosos e eficientes do que o mais poderoso computador existente hoje no planeta.

Pouco a pouco irão substituir o doloroso trabalho das pessoas de pensar, isso mesmo , pensar.

A moda será cada vez mais descartável, pois as roupas terão um custo cada vez mais baixo, já que o trabalho escravo será cada vez mais comum, tendo em vista o crescimento da inteligência artificial que fará tudo, ou praticamente tudo, que as pessoas hoje fazem.

Por outro lado, as pessoas usarão um tipo de proteção em todo o corpo contra picadas de insetos, roupas que cobrirão todo o corpo, já que epidemias serão constantes devido as alterações climáticas e agressões sofridas pelo meio ambiente.

Além das epidemias alguns insetos terão um comportamento errático, já que por anos ingeriram grandes quantidades de agrotóxicos o que irá acarretar mutações, como acontecerá com um grupo de abelhas, que vez por outra, atacará as pessoas pelas ruas da cidade.

Devido ao aquecimento global, a cidade vivenciará terríveis ondas de calor, com a temperatura aproximando -se dos 50ºC , com sensação térmica em torno de 60ºC.

As praias da cidade desparecerão, já que elevação do nível dos mares tomará toda a areia das praias.

Grandes diques serão construídos em toda a orla da cidade, próximos as ruas da orla, onde o mar chegará e, vez por outra, com aumentos das marés e mesmo com ressacas, deixará com frequências as ruas e prédios da orla e mesmo de ruas próximas alagadas.

Os imóveis da orla e na proximidade da orla sofrerão um grande desvalorização e muitos ficarão abandonados ou mesmo serão invadidos por pessoas sem teto, principalmente oriundos de países dos continentes americano e africano.

Grandes conflitos acontecerão com moradores nas comunidades dos morros da cidade, já que os locais sofrerão um grande valorização, e as comunidades praticamente serão expulsas de suas casas, que darão lugar a grandes edifícios inteligentes e mesmo grandes condomínios de luxo.

O crime organizado crescerá ainda mais na cidade e dominará totalmente o Estado, como reflexo da situação mundial dominada por organizações criminosas.

Grandes eventos de entretenimento , como shows musicais, acontecerão com frequência na cidade, patrocinados por indústrias alimentícias e de bebidas.

A saúde e a educação pública serão destinadas somente as pessoas em situação de risco, o que não será um contingente desprezível.

O número de casos de morte por doenças degenerativas será altíssimo e dominará a causa de morte das pessoas, principalmente devido a constante e elevada exposição a radiação eletro magnética.

Realmente, o futuro é fantástico, até mesmo encantador.

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