sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

O perigo da parceria jurídico- midiática

A resposta à charge fascista do Globo



Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

A OAB divulgou charge resposta à charge puxa-saco de patrão e fascista de Chico Caruso, publicada no jornal O Globo.


A Globo, representante maior do golpismo no Brasil, lidera a campanha para criminalizar a política.

Nessa campanha, tudo que se relaciona com a política é igualmente criminalizado: os empresários que tem negócios com governos, blogueiros, movimentos sociais, sindicatos, simples militantes, e até mesmo, cúmulo do banditismo midiático, os advogados que defendem os empresários.

Os advogados, neste momento, estão sendo um estorvo para a mídia, porque eles, armados com seus conhecimentos constitucionais, estão se interpondo no caminho do golpe.

Não foi à tôa que um maiores constrangimentos do golpismo nojento que vimos em 2015 foram manifestos de juristas contra uma tentativa de impeachment sem base legal.

O golpe, para ser consumado, precisa levar políticos e empresários à execração pública, destruir um monte de empresas para produzir crise e desemprego, manter réus presos por tempo indeterminado (até forçá-los a entrar no jogo sujo das delações combinadas), ignorar quaisquer vícios ou erros nos processos.

Os advogados já entenderam que se trata de um processo puramente político, uma nefanda conspiração judicial, cujos julgamentos são feitos antecipadamente na mídia.

Sergio Moro ignora solenemente, com chancela da mídia, qualquer mínima defesa por parte dos réus. Os tribunais superiores, por sua vez, acoelham-se dirante da virulência dos meios de comunicação, que não hesitam em apelar para todo o tipo de ameaça.

Com este entendimento, os advogados se viram forçados, pelas circunstâncias, a fazer a batalha da comunicação. É a única maneira de defenderam seus clientes, já que a justiça está submetida de maneira quase absoluta a uma lógica midiática, ao invés de submetida às leis.

Então a mídia passou a atacar também os advogados, com todas as suas armas: editoriais, charges, manipulação da informação.

A OAB - mais esperta que o governo, por exemplo, que nunca responde - entendeu que, se quiser defender os advogados, precisa responder com as mesmas armas da mídia.

A charge-resposta da OAB:


Ainda sobre este assunto, vale ler a manifestação de Wadih Damous à violência simbólica do Globo aos advogados.

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No Brasil 247.

DAMOUS: CHARGE DE CARUSO “AFRONTA E DESRESPEITA” ADVOGADOS

Deputado federal Wadih Damous, ex-presidente da OAB-RJ, cobrou o comando nacional da entidade a se manifestar contra a charge de Chico Caruso no Globo, para ele, "instrumento do puxa saquismo" do cartunista com os donos do jornal; charge traz o seguinte diálogo: "- E esse aí, é mocinho ou bandido? – Pior: é advogado!"

21 DE JANEIRO DE 2016 ÀS 17:08

247 – O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) criticou duramente em sua página no Facebook a charge assinada por Chico Caruso e publicada nesta quarta-feira pelo jornal O Globo. Para ele, que é advogado, a charge "afronta e desrespeita" a categoria e é ainda um "instrumento do puxa saquismo" do cartunista com os patrões.

A charge de Caruso traz o seguinte diálogo: "- E esse aí, é mocinho ou bandido? – Pior: é advogado!". Damous criticou: "ultrapassou a todos o limites do achincalhe". "A tal charge afronta e desrespeita uma categoria profissional que possui uma honrada folha de serviços prestados ao país", acrescentou.

O deputado cobra a OAB para se manifestar contra "na defesa da advocacia agredida". Leia abaixo a íntegra de seu texto:

O PUXA SACO E A ADVOCACIA

A charge assinada por Chico Caruso, no jornal O Globo, ultrapassou a todos o limites do achincalhe. A tal charge afronta e desrespeita uma categoria profissional que possui uma honrada folha de serviços prestados ao país. E não a tratemos como mera piada de mau gosto. Trata-se, na verdade, de um ataque ao Estado de Direito e aos princípios dele decorrentes, como o devido processo legal, a presunção de inocência e o direito à defesa. Já não basta a criminalização geral de tudo e de todos. Agora, tentam desqualificar até o advogado de defesa. A charge jornalística sempre foi um poderoso e democrático instrumento de crítica política. Com Chico Caruso, foi rebaixada a uma espécie de extensão da linha editorial do jornal. Ou seja, instrumento do puxa saquismo. Esses são os tempos bicudos em que vivemos, onde imperam a mediocridade e a selvageria do senso comum. Espero que a OAB, de imediato, se manifeste na defesa da advocacia agredida.



Fonte: Blog do Miro
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Brasil vive cerco impiedoso da mídia


Por Lúcia Rodrigues, na revista Caros Amigos:

O ex-ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula, Roberto Amaral, classificou como cerco impiedoso, o que os meios de comunicação impõem ao país. A afirmação foi feita no Fórum Social Temático, em Porto Alegre, durante a mesa de debates sobre Democracia e desenvolvimento em tempos de golpismo e crise.

Para ele, a democracia corre risco gravíssimo. “Eu vivi 64 e, hoje, os meios de comunicação comandam a política brasileira, os partidos de centro, de direita, as associações de classe. Querem destruir a atividade civil”.

Amaral frisa que por trás do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff há algo mais preocupante. “Alguns pensam que a ameaça é sobre o mandato da Dilma. Mas esse é o menor dos perigos. O que eles querem é destruir o PT, e depois destruir todos os partidos de esquerda e progressistas. Não vão se contentar com a destruição de Dilma, em seguida vão querer aniquilar o presidente Lula. Por que tanto ódio?", questiona.

Ele ressalta que não há motivos para esse tipo de reação. “Em nenhum momento (o governo) ameaçou o capitalismo e a hegemonia de poder. Não fizemos a reforma agrária, a reforma política, a reforma tributária, não peitamos os meios de comunicação.”

“A direita latino americana aceita quase tudo, menos a participação popular. Para eles, é imperdoável o aumento do salário mínimo. Isso uniu a direita contra nós. Por isso, é preciso esmagar o ovo da serpente fascista”, enfatiza o ex-ministro.

O Fórum Social Temático continua nesta quinta, 21, com várias mesas de debates. O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, é um dos debatedores ao lado do ex-governador de Porto Alegre, Olívio Dutra, na atividade que discute a resistência contra a ofensiva imperialista na América Latina. Em outra mesa também na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a filosofa Marilena Chauí e o ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, ao lado de outros convidados debatem a luta contra o monopólio da mídia.

O Fórum Social Temático termina neste sábado, 23, com a assembleia de movimetnos populares. Em agosto, em Montreal, no Canadá, será realizado o Fórum Social Mundial. Esta será a primeira vez que um encontro do Fórum ocorre em um país do primeiro mundo. A cidade foi indicada por ativistas canadenses na última edição do evento, que ocorreu no ano passado, na capital da Tunísia.

Fonte: Blog do Miro
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Lá pelo início da década de 1990 o maestro Tom Jobim, sim, o Tom, deu uma declaração ao Gordo quando entrevistado no programa de Jô Sores.

Tom afirmou que temia médicos , advogados e religiosos.

O primeiro por atuar em um campo onde a vida e a morte das pessoas passam pelas mãos desses profissionais.

Os advogados por "determinar" se as pessoas podem ou não viver em liberdade.

E, por fim, os religiosos que dizem ter ligação direta com Deus.

Passados alguns dias da entrevista e Tom foi interpelado pela OAB para prestar esclarecimentos sobre sua declaração, que , segundo a OAB, feria a categoria de advogados.

Tom se retratou.

Naqueles anos, que já começam a ficar distantes, já existia uma atuação política da velha mídia em favor de políticos e partidos do campo da direita, como no caso das eleições presidenciais de 1989 em que o grupo Globo promoveu a vergonhosa manipulação, em favor de Collor, do debate final entre os candidatos Collor e Lula.

No entanto a manipulação político- midiática daqueles anos pode ser comparada como um aperitivo de entrada, frente ao banquete farto com que a velha mídia se alimenta com o noticiário manipulado e enviesado dos dias atuais.

De forma realista, a declaração de Tom não foi tão absurda, já que uma parcela de médicos , advogados e religiosos, frente ao poder que exercem sobre seus clientes e seguidores em função dos assuntos envolvidos, por vezes se utilizam desse poder e da fragilidade natural dos clientes - fragilidade fruto do desconhecimento dos assuntos abordados e que definem aspectos como vida e morte, liberdade e cárcere e ainda um poder superior - para obter diferentes vantagens, sendo as vantagens financeiras as mais comuns.


Antenado com o comportamento nada ético de parcela desses profissionais, principalmente sobre  o poder que exerciam sobre as pessoas,  João Saldanha, lá pelos anos da década de 1980, assim se manifestou:

"no futuro, em lugar de botequins, as esquinas terão faculdades de Direito"

Em alguns acasos , como no caso de médicos, até mesmo casos de abusos sexual e estupro tem sido relatados por pacientes que foram vitimas da turma do jaleco branco.

Essa é a realidade, que quando expressa de forma generalizada, como na declaração de Tom, incomoda , e com razão, uma parcela de profissionais, no caso Advogados, que trabalham sem se deixar corromper e em defesa da justiça e dos direitos humanos.

No entanto, toda charge política - e no caso a charge trata de política - como no caso da charge do jornal O Globo , deve ser compreendida no tempo e momento em que foi publicada.

E o momento atual é de um cerco jurídico - midiático contra os valores democráticos que visa destituir um governo legítimo e destruir um partido político de orientação popular e de esquerda.

Desta forma que a charge deve ser compreendida e, assim sendo, o grande perigo atualmente não são os advogados e sim uma parcela do Judiciário e de jornalistas, principalmente o jornalismo da velha mídia.

E por serem o perigo real que ameaça a democracia , um grupo de Advogados lançou, corretamente, um manifesto alertando a população contra a atuação de uma parcela do Judiciário - juízes e advogados - que em conluio com a velha mídia tentam desestabilizar o país e passar por cima de valores democráticos.

Certamente o manifesto desses Advogados foi recebido como um  empecilho, uma ameaça aos grupos que desejam atropelar a democracia, daí, a charge do Jornal O Globo.

Aliás, as charges de O Globo , como bem descrito no artigo acima, sempre se caracterizam como uma extensão do pensamento editorial do jornal e, para isso, Chico Caruso, o chargista , é apenas um capacho de seus patrões.

Analisando por esse ângulo, a charge de Chico Caruso no jornal O Globo não é tão absurda , já que a figura do advogado retratado no charge pode ser entendida como os magistrados e advogados que atualmente trabalham, com a velha mídia, para violar a democracia.

Esse cerco midiático deve ser combatido, e a declaração dos Advogados pode ser compreendida como a enzima que poderá catalisar a reação da sociedade civil contra a tentativa de golpe em curso.

Essa reação , que já existe em escala piloto em sites e blogues da internete, deve passar para a escala maior, de grande produção, até mesmo com ações responsáveis e objetivas de desobediência civil que atinjam , principalmente, as empresas da velha mídia.

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