domingo, 20 de dezembro de 2015

Pela Democratização das Transmissões



Carnaval carioca entra em guerra com a Globo

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Viviane Araújo a frente da bateria da Salgueiro

A Globo e as escolas de samba do Rio estão se estranhando. Por meio de uma mensagem nas redes sociais, a Unidos de Vila Isabel publicou um desabafo explicando os motivos da confusão.
A Globo teria decidido não exibir os dois primeiros desfiles das agremiações no domingo e na segunda-feira de Carnaval. No desfile de 2015, a emissora não exibiu só o primeiro desfile.
Já faz um tempo que a Globo pretende mudar a transmissão do Carnaval, diminuindo as horas de exibição e modernizando o evento na TV, tornando-o menos cansativo. As escolas não querem.
A mudança programadas para 2016 atingiriam em cheio escolas como Salgueiro e Estácio de Sá, que teriam só trechos de seus desfiles exibidos em um compacto. As escolas cariocas se rebelaram. Vários dirigentes e integrantes se pronunciaram nas redes sociais sobre o assunto, criticando a Globo.
"A Globo não vai exibir o desfile do Salgueiro na íntegra? Tá de sacanagem, não?", escreveu um internauta.
"A Globo não vai transmitir Estácio, Salgueiro e Ilha? Não acredito", disparou outro.
A escola Unidos de Vila Isabel foi para o Facebook reclamar.
"Queridos componentes, torcedores, apaixonados por nossa Vila Isabel. Queremos dar a todo o povo do samba uma satisfação sobre o assunto que dominou, nos dois últimos dias, as conversas no mundo do samba: a não transmissão ao vivo, pela TV Globo, da primeira escola de cada dia de desfile, Estácio de Sá e nossa Vila Isabel. Esta é uma decisão que envolve um contrato e penalidades comerciais do qual são signatárias as 12 escolas do Grupo Especial. Não se trata de não querermos, mas simplesmente de não existir no contrato uma forma de modificar este formato de transmissão através de qualquer iniciativa nossa. E este formato de transmissão não foi criado este ano. Os moldes do contrato entre escolas de samba e Rede Globo também não, pois foram estabelecidos há anos", postou a agremiação.
Na noite de ontem (19), integrantes de escolas cariocas foram para as redes sociais dizer que a emissora deve voltar atrás e realizar o desfile nos moldes da edição anterior, não exibindo apenas a primeira escola da noite.
A Globo pretende mexer na transmissão do Carnaval nos próximos anos, o quer dizer que essa briga está só começando.
Fonte: R7
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Podemos, a cultura enquanto política

O programa de política cultural do Podemos é um claro avanço no entendimento do cultural como território de participação e realização cívica.


Rui Matoso - Esquerda.net reprodução
No nos cansamos de repetirlo: sin tomarse la cultura en serio, no hay cambio político.

O programa de política cultural (Documento Programático de Cultura y Comunicación) que o Podemos apresenta aos eleitores espanhóis é um claro avanço no entendimento do cultural como território de participação e realização cívica. O seu aspeto mais revolucionário talvez seja o de contrariar eficazmente a obsessão neoliberal no fator produtivo e mercantil da cultura, para abrir novamente o campo cultural à participação direta dos cidadãos. E esta abertura é concretizada desde logo através da criação de uma Assembleia de Profissionais da Cultura e do Observatório Cidadão da Cultura.

A diferença notória face a outras propostas eleitorais divulgadas, é a de que o Podemos, para além da vontade política transformadora, elaborou uma adequada visão estratégica e uma definição muito concreta dos mecanismos institucionais, bem como dos instrumentos de ação que lhe permite um aumento da democracia cultural, a participação dos cidadãos na administração e gestão públicas, a renovação das instituições públicas de cultura, mas tambémneutralizar ao máximo as ingerências políticas e evitar um uso partidário da gestão dos assuntos culturais.

Uma política fundamentada como direito universal, como bem comum e como sector produtivo, que antes de mais parte do reconhecimento da sua dimensão política, isto é, da convicção de que a transformação cultural está intimamente ligada à transformação do político: a arte e a cultura partilham com a política a capacidade de ampliar os horizonte de possibilidade, permitem-nos construir enquanto comunidade um presente concreto para imaginar um futuro que não nos pode ser roubado. Neste sentido, a cultura – enquanto matéria de política pública – é entendida como capacidade ativa de cidadania, ou seja, como conjunto de ferramentas simbólicas e conceptuais que os membros de uma comunidade necessitam para lidar com a realidade difusa do mundo contemporâneo e para elaborar novas estratégias de vida coletiva.

De facto, o programa eleitoral do Podemos pretende recuperar o poder emancipatório do simbólico na vida concreta das pessoas, contrariando os efeitos nefastos dos modelos neoliberais de governação em disseminação desde a década de 1980. Defendendo a cultura como manifestação que nasce da participação, da riqueza da imaginação e dos encontros materializados nos quotidianos concretos. Porque a cultura não é algo de etéreo mais além das nossas vidas, mas está incrustada nas nossas estruturas vitais, sentimentais e simbólicas.

Mas não basta combater a mercantilização absoluta do cultural, urge igualmente anular as políticas culturais burocráticas e consensualistas tuteladas hierarquicamente, para pensar em formas político-culturais mais avançadas e mais democráticas. É neste contexto que o Podemos se assume como radical e identifica a política cultural como ferramenta de transformação do modelo social, assente em três objetivos: o acesso participativo, a sustentabilidade e a diversidade cultural, e o fundamento de gestão assente nos princípios de democracia efetiva, transparência e gestão responsável.

Em grande parte - quer na visão política, quer nas medidas - o programa do Podemos propõe muito daquilo que vimos defendendo nestes últimos anos no âmbito de uma política da cultura em Portugal, a começar pela criação de um Ministério da Cultura e da Comunicação, tal como proposto no Caderno Reivindicativo (p. 13). Em termos estratégicos, o enfoque na junção ministerial entre as duas áreas afins é a resposta necessária à complexa relação entre as esferas da comunicação e da cultura contemporânea, designadamente se atendermos aos processos recombinatórios dos meios e dos conteúdos na era digital.

No capítulo do financiamento privado (particulares e empresas), o partido espanhol propõe um mecanismo semelhante ao que já propusemos em Portugal no âmbito do mecenato, ou seja, um fundo coletivo que permita a realização de projetos apresentados pelos agentes culturais [vide proposta para Plano Estratégico da Artemrede (p. 63)]. Em Espanha, este fundo mecenático será denominado como Fundo Social de la Cultura.

Pelo que se dá a entender no documento, a planificação concreta das iniciativas e a implementação temporal das medidas tem como ponto de partida a elaboração prévia de um Pacto para a Cultura e Leis Específicas para o Setor Cultural, o qual terá como objetivo zelar pela independência do sector cultural e garantir que as boas práticas e a gestão responsável, democrática e transparente se sustenham, independentemente das contingências ou das alternâncias políticas

Fonte: CARTA MAIOR
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A transmissão de televisão de desfiles de escolas de samba é algo que existe somente aqui no Brasil.

Diferente do futebol, que existe em todo o mundo e se estabeleceu um padrão para as transmissões, principalmente no tocante as tomadas de imagens.

O diferencial nas transmissões de futebol fica por conta da atuação dos profissionais de cada emissora.

No caso dos desfiles das escolas de samba, Globo criou um padrão de transmissão que se repete por décadas e a emissora acredita que é o ideal.

É aí que reside o problema.

A tomada de imagens de Globo ,assim como a participação de repórteres e comentaristas envolvidos na transmissão, produz um conteúdo de gosto duvidoso e de qualidade mediana.

Globo prioriza as imagens e comentários sobre artistas e funcionários da emissora que participam dos desfiles, fazendo da transmissão uma ponte para promoção e propaganda dos programas da grade da emissora.

Outros artistas e pessoas de visibilidade que não pertençam ao grupo globo, muitas vezes são omitidos do espectador.

A tomada de imagens confunde o telespectador sobre o andamento do desfile, principalmente devido ao número excessivo de cortes, o que faz com que a transmissão fique ´próxima de algo como um vídeo clip, o que , por muitas horas , torna-se repetitivo e cansativo.

Além do mais, Globo enquadra o desfile como um programa de sua grade,assim como faz com o futebol,  filtrando e omitindo temas polêmicos que possam estar envolvido nos enredos das escolas.

A emissora abusa das aberturas e fechamento das imagens, além de utilizar câmaras em movimento em meio aos participantes do desfile, com imagens repetitivas de participantes que desejam aparecer diante das câmeras.

Se as transmissões dos desfiles tem se tornado cansativas, pouco disso deve-se atribuir ao trabalho artístico das agremiações, que a cada ano trazem sempre alguma surpresa interessante.

O problema está em Globo, que com sua exclusividade pétrea nas transmissões, não permite a concorrência.


Cabe lembrar que acabar com as expressões culturais genuinamente nacionais faz parte do projeto político de Globo.

O ideal seria que duas emissoras de televisão fossem credenciadas para transmitir os desfiles, com imagens geradas por cada uma das emissoras.

Talvez, quem sabe, a concorrência permitiria a ousadia criativa - que tanto se vê na parte artística dos desfiles das agremiações - das emissoras de televisão na busca de uma nova linguagem de vídeo para as transmissões

Querer reduzir as horas de transmissão dos desfiles, omitindo até mesmo algumas escolas, como deseja Globo, é querer colocar o problema da queda de audiência no espetáculo, o que não é verdade.

Tal decisão de globo reflete a arrogância da emissora e a incapacidade para uma auto análise crítica.

Cabe lembrar que a maioria dos programas da grade globo, vem caindo nos índices de audiência de forma lenta, gradual e constante, ao longo dos últimos anos.


O tão enaltecido , no passado, padrão Globo de Qualidade está em acentuada decadência.

Olê, Olá

Não chore ainda não, que eu tenho um violão
E nós vamos cantar
Felicidade aqui pode passar e ouvir
E se ela for de samba há de querer ficar
Seu padre toca o sino que é pra todo mundo saber
Que a noite é criança, que o samba é menino
Que a dor é tão velha que pode morrer
Olê, olê, olê, olá
Tem samba de sobra, quem sabe sambar
Que entre na roda, que mostre o gingado
Mas muito cuidado, não vale chorar
Não chore ainda não, que eu tenho uma razão
Pra você não chorar
Amiga, me perdoa, se eu insisto à toa
Mas a vida é boa para quem cantar
Meu pinho, toca forte que é pra todo mundo acordar
Não fale da vida, nem fale da morte
Tem dó da menina, não deixa chorar
Olê, olê, olê, olá
Tem samba de sobra, quem sabe sambar
Que entre na roda, que mostre o gingado
Mas muito cuidado, não vale chorar
Não chore ainda não, que eu tenho a impressão
Que o samba vem aí
É um samba tão imenso que eu às vezes penso
Que o próprio tempo vai parar pra ouvir
Luar, espere um pouco, que é pra o meu samba poder chegar
Eu sei que o violão está fraco, está rouco
Mas a minha voz não cansou de chamar
Olê, olê, olê, olá
Tem samba de sobra, ninguém quer sambar
Não há mais quem cante, nem há mais lugar
O sol chegou antes do samba chegar
Quem passa nem liga, já vai trabalhar
E você, minha amiga, já pode chorar

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