quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O mito da imprensa democrática

O mito da imprensa democrática
Por Luciano Martins Costa, no site do FNDC:

Os jornais brasileiros de circulação nacional, aqueles que determinam o eixo da agenda pública, encerram o mês de novembro com a mesma pauta que iniciou o ano de 2015. Não se trata da saraivada de denúncias, declarações, vazamentos e revelações factuais sobre fluxos de dinheiro ilegal ligados a campanhas eleitorais. Essa é apenas a espuma do noticiário e dificilmente saberemos em que os fatos atuais se diferenciam do histórico da corrupção, a não ser pela evidência de que alguns atores estão sendo responsabilizados.

O que a chamada imprensa tradicional do Brasil está produzindo é um projeto recorrente na política nacional, que se associa em ampla escala ao contexto do continente e, em menor grau, se relaciona também com o cenário internacional. Trata-se do programa de desconstrução de políticas que, no longo prazo, poderiam consolidar o ensaio de mobilidade social observado nos últimos anos em boa parte da América do Sul.

São muitas as razões pelas quais as principais corporações da mídia têm interesse em desmobilizar a geração que saiu da miséria para se inserir no protagonismo social na última década. A principal delas é a mudança no perfil do eleitorado de algumas regiões do País, aquelas mais impactadas pelos resultados econômicos dos projetos sociais de renda básica.

Observe-se que, nos últimos nove anos, aconteceram em São Paulo, mais precisamente na sede do Instituto Itaú Cultural, pelo menos sete eventos internacionais de análise dos efeitos dessas políticas públicas sobre a economia. Estiveram presentes economistas, sociólogos, pesquisadores e gestores de programas que engajaram dezenas de milhões de famílias nos mecanismos das contrapartidas, que melhoraram a renda da população atolada nos estratos mais baixos da pobreza.

Esses seminários chamaram a atenção de profissionais de diversas áreas, mas, até onde foi possível observar pessoalmente, não produziram a menor curiosidade na imprensa. Para ser mais preciso, deve-se dizer que, num desses eventos, esteve presente, misturado à plateia, um antigo coordenador de Economia do jornal O Estado de S. Paulo – que dizia, para quem quisesse ouvir, que se sentia tão perdido naquele ambiente como um cachorro que havia caído do caminhão de mudanças.

Essa absoluta falta de interesse diz muito sobre o funcionamento da mídia tradicional: desde o lançamento do primeiro programa de incremento da renda básica, até o advento da presente crise – que tem sido em grande medida insuflada pela própria imprensa -, os editores que ditam a agenda institucional boicotaram, quando não demonizaram explicitamente, essa tentativa de inverter o desenho histórico da pirâmide social.

O leitor e a leitora atentos devem se perguntar: o que isso tem a ver com a crise política, as dificuldades econômicas e os escândalos que não saem das manchetes?

Ora, apenas os midiotas se satisfazem com o cardápio oferecido pela mídia diariamente, pela administração cuidadosa de fragmentos vazados de investigações, pela alimentação constante das idiossincrasias internas dos compostos político-partidários e pela manipulação indecorosa de indicadores econômicos. Foi certamente por um arroubo de consciência que o jornalista e apresentador Sidney Rezende denunciou o catastrofismo do noticiário econômico – o que lhe custou imediatamente o emprego na GloboNews.

O que está em curso, na agenda da imprensa hegemônica do Brasil, é um projeto fascista de poder, que tem sua essência na conhecida lição oferecida por Roland Barthes no dia 7 de janeiro de 1977, quando inaugurou a cadeira de Semiologia Literária no Colégio de França. Esse projeto se desenvolve à sombra de mitos construídos e alimentados pelo sistema do poder arbitrário, ao qual a imprensa, como instituição, sempre serviu sob o disfarce da defesa da modernidade.

A “imprensa democrática” é um mito criado pela imprensa. O que há de democrático no ecossistema da comunicação social são as vozes dissonantes daquilo que Barthes chamou de “discurso da arrogância”, ou o “discurso do poder – todo discurso que engendra o erro”. Esse poder arbitrário se aloja na linguagem, e mais precisamente na linguagem jornalística. Mas essas vozes dissonantes – que costumamos chamar de “imprensa alternativa” -, por sua própria natureza de negação do discurso predominante, não são capazes de se impor como uma linguagem em favor da democracia.

É certo que a justificativa moral da atividade jornalística sempre foi o pressuposto da objetividade: considera-se que o texto noticioso, bem como a imagem com finalidade informativa, correspondem sempre a interpretações objetivas da realidade. Só que não. A linguagem jornalística, apropriada pelo sistema do poder arbitrário, se transforma em mera produção de conceitos com o objetivo claro de oferecer uma interpretação reducionista da realidade, subjetiva e condicionante de uma visão de mundo estreita e conservadora.

Como instrumento da linguagem, observa Barthes, a língua não é reacionária nem progressista: ela é fascista, “pois o fascismo não é impedir de dizer, é obrigar a dizer”. Como instrumento do poder, a linguagem da imprensa hegemônica do Brasil produz esse “discurso da arrogância” a serviço do fascismo.

(Para ler: “Aula”, de Roland Barthes)
* Luciano Martins Costa é jornalista, mestre em Comunicação, com formação em gestão de qualidade e liderança e especialização em sustentabilidade. Autor dos livros “O Mal-Estar na Globalização”,”Satie”, “As Razões do Lobo”, “Escrever com Criatividade”, “O Diabo na Mídia” e “Histórias sem Salvaguardas”.


Fonte: Blog do Miro
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Torcida do Palmeiras impede entrada de equipe da Rede Globo no Allianz Parque

Jornal do Brasil
Na noite da última quarta-feira (2) o Palmeiras conquistou o tri campeonato da Copa do Brasil contra o Santos, no Allianz Parque. A partida, como de costume, teve transmissão ao vivo da Rede Globo, porém, os funcionários da emissora, Kléber Machado, Casagrande e Caio Ribeiro, foram impedidos pelos torcedores palmeirenses de entrar no estádio para realizar a transmissão, que teve de ser feita dos estúdios da Globo, na Zona Sul de São Paulo.

Segundo a coluna Ktv, quando os torcedores avistaram o carro que transportava a equipe da Rede Globo chegando na arena, impediram a passagem do veículo. Os funcionários se sentiram ameaçados e resolveram retornar aos estúdios.

Os motivos dos protestos contra a emissora se devem ao fato de a Globo não chamar o estádio alviverde pelo nome, Allianz Parque. Além de alegarem que a emissora dar preferência aos jogos do arquirrival Corinthians.

Durante a partida, a Globo registrou 31 pontos no ibope, contra 9 pontos da Record e 7 pontos do SBT. Em comparação, a partida que culminou com o título brasileiro do Corinthians, teve um registro de 24 pontos no Ibope.

Até o momento a emissora não se pronunciou sobre o caso.

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Podemos tirar, se achar melhor”: Folha retira vídeo de ocupações de estudantes do ar após visita de Alckmin


Funcionários do jornal confirmaram à Fórum que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) visitou a redação na última terça-feira (2) acompanhado da assessora de imprensa do governo e, poucas horas depois, uma reportagem em vídeo sobre ocupações de estudantes contra a ‘reorganização escolar’ foi tirada do ar

03/12/2015
Por Ivan Longo; da Revista Fórum
Foto: Fernanda Sunega/Prefeitura de Campinas
O jornal Folha de S. Paulo, que até semana passada chamava de “reorganização escolar” o fechamento de mais de 90 escolas imposto pelo governo do estado de São Paulo, adotou, agora, uma nomenclatura ainda mais sutil: “reforma de ciclos”. A adoção de um termo ou de outro, no entanto, passa longe de uma decisão que aparenta ser, senão uma blindagem, pelo menos uma flexibilidade em mudar seu direcionamento editorial de acordo com a ocasião.
Poucas horas depois de uma visita do governador Geraldo Alckmin (PSDB) à redação do jornal, um vídeo sobre o dia a dia de algumas ocupações de estudantes que são contra a proposta do governo foi retirado do ar.
De acordo com o próprio ‘Painel’ do jornal, Alckmin foi recebido, nesta terça-feira (2), em um almoço na empresa da família Frias. Ele estava acompanhado de Marcio Aith, subsecretário de comunicação do governo, e Isabel Salgueiro, assessora de imprensa. A presença de um subsecretário de comunicação e de uma assessora de imprensa sugere que o assunto do encontro foi a imagem do governo no veículo, já que, em menos de duas horas depois da visita de Alckmin, o vídeo publicado sobre os estudantes na manhã do mesmo dia, que mostrava as péssimas condições das escolas estaduais e o cotidiano das ocupações, já não estava mais disponível.
Reprodução: Coluna Painel do jornal Folha de SP
A informação de que, de fato, houve a visita e de que o vídeo foi retirado do ar pouco depois foi confirmada à Fórum por funcionários do jornal, que preferiram não se identificar.
Internautas, no entanto, conseguiram salvar a reportagem antes que ela fosse excluída do site.
Link para a reportágem
Procurada pela Fórum, a Folha de S. Paulo ainda não se manifestou sobre o ocorrido


Fonte: BRASIL DE FATO
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Torcida do Palmeiras expulsa a Globo

Por Altamiro Borges
A sempre atenta Keila Jimenez, do site R-7, registrou a curiosa cena: "A conquista do título da Copa do Brasil pelo Palmeiras, na noite de quarta-feira (2), foi marcada por bons índices de audiência e por uma guerra declarada da torcida palmeirense contra o narrador da Globo Cléber Machado... A partida registrou 32 pontos de Ibope na emissora... Mas se a audiência foi boa, o clima entre a torcida, a Globo e e o narrador Cléber Machado nunca foi pior. Muito criticado e xingado nas redes sociais, Cléber foi obrigado a narrar o título do Palmeiras no estúdio da Globo na zona sul de São Paulo".

Segundo relato da jornalista, a equipe global sequer conseguiu entrar no estádio alviverde. "O carro da emissora foi surpreendido pelo movimento batizado de "hell's green" (inferno verde), formado por torcedores palmeirense que, antes do início da partida, tomaram as ruas em torno do estádio para recepcionar o ônibus do time. Segundo fontes da TV Globo, estavam no veículo o narrador Cléber Machado e os comentaristas Casagrande e Caio. Ameaçada com garrafas, pedras e chutes no carro da emissora, a equipe acabou retornando para a sede". Ela foi recebida aos gritos de "Fora Globo".

O episódio confirma a crescente revolta das torcidas - e não apenas da palmeirense - contra o império global, que monopoliza as transmissões no Brasil. Em setembro passado, o núcleo "Futebol, Mídia e Democracia", fundado pelo Centro de Estudos Barão Itararé, lançou a campanha "Jogo 10 da Noite, Não". A iniciativa visa mudar o absurdo horário das partidas, que fica refém da programação da TV Globo, prejudicando os torcedores e os próprios times. A campanha ganhou rápida adesão, com os torcedores de vários cantos do Brasil produzindo cartazes, faixas e adesivos. Aos poucos, o refrão "O povo não é bobo, fora Rede Globo", constantes nas manifestações populares, poderá ganhar ainda maior força nos estádios do país.

Fonte: Blog do Miro
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A linguagem seletiva da grande imprensa define, ou tenta definir, a realidade.

Na linguagem da grande mídia a opinião publicada pelos meios de comunicação é apresentada com sendo a opinião pública.

Longe disso, a opinião pública raramente aparece publicada na velha imprensa.

Assim sendo, a velha mídia cria um universo paralelo, que é percebido pela população, que ora ignora, ora aceita , ora rejeita.

No caso de grupos de afinidades, como uma torcida de um time de futebol, a linguagem usada pela imprensa não apenas foi rejeitada como funcionários da TV Globo foram impedidos de entrar em um estádio para transmitir um jogo de futebol.

Isso aconteceu ontem durante a partida final da Copa do Brasil entre Palmeiras e Santos, no estádio do Palmeiras, conhecido como Allianz Parque.

Allianz, uma companhia de seguros alemã, parceira da Sociedade Esportiva Palmeiras na construção e exploração do estádio, não patrocina o futebol na globo, logo seu nome, que é o nome do estádio, é omitido pelos jornalistas e comentaristas de globo.

Pense agora, caro leitor, nas inúmeras omissões e manipulações de linguagem que a velha mídia produz diariamente , seja por motivações comerciais, seja por motivações políticas.

A linguagem e o jogo de palavras são o teatro de operações de guerras e de hostilidades, em que a velha mídia, diariamente, publica opiniões em nome de uma suposta opinião pública.

No caso de uma torcida de um time de futebol, a omissão e a manipulação de linguagem midiática, teve resposta para além da linguagem jornalística.

Imagine agora, caro leitor, se assim o desejar, se grupos afins ou mesmo parcela significativa da sociedade civil resolve se voltar contra a grande imprensa através de ações objetivas e contundentes, como por exemplo, impedindo o trabalho de profissionais da imprensa em função dos assuntos abordados.

No caso de uma torcida de um time de futebol, a TV globo sentiu na pele o efeito da manipulação de linguagem.

A paixão conduziu o grupo de afinidade para uma ação objetiva.

E é justamente a paixão das pessoas, que pode mover as peças de um tabuleiro, como por exemplo, exigir a democratização dos meios de comunicação.

A grande imprensa brasileira pode ser qualquer coisa, até mesmo imprensa, mas democracia e compromisso com a verdade não passam nos projetos de jornalismo.


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