quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Os Caçadores de Cabeças Voltaram

Guerra suja contra o jornalismo que informa

Nos últimos dias, desde a vitória de Mauricio Macri, o jornal argentino Página/12 tem sido vítima de ataques cibernéticos contra sua edição eletrônica.

Página/12
reprodução
Nos últimos dias, desde a vitória de Mauricio Macri, o jornal argentino Página/12 tem sido vítima de ataques cibernéticos contra sua edição eletrônica.

É ingênuo supor que estes ataques estão desvinculados ao clima de revanche estimulado pela ultradireita argentina.

Desde a sua fundação, em 1987, o Página/12 manteve como linha editorial a defesa dos direitos humanos e, junto com ela, os juízos contra os genocidas que atuaram durante a ditadura que deixou 30 mil mortos e desaparecidos. Entre os redatores do nosso diário estão os jornalistas investigativos que revelaram a trama do genocídio do Estado, cujos culpados foram processados e presos na última década.

Pouco tempo depois da eleição de Macri começamos a observar os sinais da vingança: houve grafites contra os defensores dos direitos humanos e o diário La Nación, primo-irmão do brasileiro Estado de São Paulo e conhecido pela sua linha conservadora, publicou um editorial exigindo a libertação dos genocidas. Um texto que mereceu o repúdio dos próprios jornalistas desse matutino, num fato sem precedentes na história argentina.

Fonte: CARTA MAIOR
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O Brasil está na mira de Wall Street


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Ao comentar a situação político-econômica do Brasil, Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira afirma que “Wall Street está por trás da crise brasileira”, numa referência ao ambiente-sede das grandes corporações financeiras dos Estados Unidos.

Moniz Bandeira sobre o impeachment: O Brasil está na mira de Wall Street

De acordo com o cientista político Moniz Bandeira, professor aposentado da Universidade de Brasília e que há mais de 20 anos vive em Heidelberg, na Alemanha, “o objetivo das ações externas contra o Brasil é quebrar a economia e comprar as empresas estatais a preço de banana”.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Moniz Bandeira fala das ameaças imperialistas e também das questões de ordem política relacionadas à possível instauração de um processo de impeachment contra a Presidenta Dilma Rousseff. Para ele, está em curso um golpe no Brasil “que deve ser contido para não produzir graves consequências para a História do país”.
“É difícil precisar quais são os interesses”, diz o cientista político de Heidelberg. “Mas são interesses estrangeiros, eu creio, em grande parte, de Wall Street e através de outras entidades como The National Endowment for Democracy, USAID e outros que estão incentivando esse golpe no Brasil, aliados às forças internas da direita.”

Sputnik: O objetivo seria quebrar a economia e comprar as empresas brasileiras a preço de banana?
Moniz Bandeira: Exatamente, isso é verdade. Eles querem quebrar a economia brasileira – e é aí que eu vejo mais a ação de Wall Street – e comprar as empresas, como estão fazendo, a preço de nada, com o real desvalorizado a esse ponto.

S: Nós podemos acreditar, então, que o Brasil está na mira de Wall Street?
MB: Está na mira, claro, porque a questão não é só o Brasil, é internacional, é a luta contra a Rússia e a China, mas eles não podem muito contra a China. E querem derrubar a Rússia através da Síria e da Ucrânia. São duas frentes que os Estados Unidos abriram, porque a luta na Síria não é tanto por democracia, isso é bobagem, os EUA não estão se importando com isso. Eles querem mudar o regime para tirar a Base Naval de Tartus e também um ponto em Latakia, ambos da Rússia.

S: Voltando ao Brasil. O senhor entende que o país voltará a sofrer assaltos especulativos?
MB: É muito complicada a situação aí. Eu não estou certo de nada a respeito do Brasil, é muito difícil. Porque é muito difícil também dar um golpe – um golpe civil como eles querem. As Forças Armadas estão contra o golpe. Elas são um fator de resistência nacionalista no Brasil, assim como o Itamaraty.

S: O senhor disse que há órgãos no exterior financiando a grande mídia no Brasil. A mídia, ao pregar o golpe, facilita a entrada das grandes corporações internacionais em prejuízo das empresas brasileiras?
MB: Claro, sobretudo no setor de construção, que tem sido alvo principal desse inquérito, que, aliás, é inconstitucional, é tudo ilegal. O objetivo é destruir as grandes empresas brasileiras, as construtoras que são fatores de expansão mundial do Brasil, e permitir que entrem no mercado brasileiro as multinacionais americanas.

S: O senhor entende que as agências de inteligência dos EUA continuam a espionar a Presidenta Dilma Rousseff e as grandes empresas estatais do país?
MB: Claro, nunca deixaram de espionar. Espionam no Brasil e em todos os países. Se você ler meu livro “Formação do Império Americano”, publicado há dez anos, você verá como eu mostro isso documentado. Já no tempo de Clinton faziam isso. Não há novidade nenhuma na atuação dos EUA. Eu estudo essa questão dos EUA há muitos anos. Acompanhei de perto toda a problemática de Cuba. Estou com 80 anos, desde os meus 20 anos eu assisto a isso que eles fazem na América Latina.

S: O senhor fala em golpe em curso no Brasil. Qual a sua impressão, esse golpe pode ir avante?
MB: Tanto pode como não pode. As possibilidades são muitas. Ontem mesmo o Supremo Tribunal Federal tomou uma medida constitucionalmente correta, que foi anular essa comissão constituída na Câmara por meio de manobras. O que existe é uma luta de ratos e ladrões, um bando, uma gangue, montada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, contra uma mulher honrada e honesta como a Presidenta Dilma Rousseff, com todos os erros que ela possa ter cometido. Não há motivo legal nem constitucional para o impeachment.

S: A Presidenta Dilma Rousseff conseguirá superar todas essas dificuldades políticas e concluir o seu mandato em 31 de dezembro de 2018?
MB: É muito difícil avaliar a evolução da situação, porque ela é ruim internacionalmente. A situação internacional é muito ruim. Eu disse, em 2009, quando recebi o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia, que uma potência é muito mais perigosa quando está em decadência do que quando conquista o seu império, e os EUA são uma potência em decadência. São muito mais perigosos do que antes.
Fonte: O CAFEZINHO
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Bastou uma vitória do conservadorismo na Argentina para que os jornais alternativos - aqueles de que fato informam e que também de fato fazem jornalismo - começassem a sofrer ataques , ameaças e outras coisas mais.

A "verdade implícita nos conteúdos "da mídia corporativa, no Brasil, na Argentina e no Ocidente, não pode ser contestada, a ponto de que se tal "ofensa " for feita, os contestadores poderão sofrer  duras  e fortes represálias.

O mundo deve ser aquilo que a imprensa oficial do neoliberalismo afirma, independente dos fatos , já que a imprensa corporativa não se resume a produção de notícias, mas sim como um protagonista , um cão de guarda dos interesses neoliberais e, a realidade deve ser aquilo que o neoliberalismo define como real.


Toda e qualquer notícia oriunda de mídias alternativas - as mídias que de fato informam - deve ser desacreditada e sempre que possível, e para a mídia corporativa sempre é possível, o conteúdo deve ser rotulado como ideológico ,ou como teorias de conspiração.

Logo, uma  notícia sobre a possibilidade de um golpe de estado no país , que esteja sendo arquitetado por interesses de Wall Street, conforme o texto acima, seria, para a mídia corporativa, coisa de comunista interessado em desestabilizar a ordem democrática do mundo civilizado e próspero.

A ofensiva do ultra conservadorismo na América do Sul, e mesmo no mundo, coloca em risco as alternativas de produção de conteúdos de jornalismo crítico, com todos os desdobramentos de perseguições e violências contra pessoas empenhadas em pensar, refletir e debater a realidade do mundo atual.

Cuidado, caro leitor, não fique aí pensando , parado, pois você pode ser preso e torturado.


Metrô Linha 743
Raul Seixas

Ele ia andando pela rua meio apressado
Ele sabia que tava sendo vigiado
Cheguei para ele e disse: Ei amigo, você pode me ceder um cigarro?
Ele disse: Eu dou, mas vá fumar lá do outro lado
Dois homens fumando juntos pode ser muito arriscado!
Disse: O prato mais caro do melhor banquete é
O que se come cabeça de gente que pensa
E os canibais de cabeça descobrem aqueles que pensam
Porque quem pensa, pensa melhor parado.
Desculpe minha pressa, fingindo atrasado
Trabalho em cartório mas sou escritor,
Perdi minha pena nem sei qual foi o mês
Metrô linha 743

O homem apressado me deixou e saiu voando
Aí eu me encostei num poste e fiquei fumando
Três outros chegaram com pistolas na mão,
Um gritou: Mão na cabeça malandro, se não quiser levar chumbo quente nos cornos
Eu disse: Claro, pois não, mas o que é que eu fiz?
Se é documento eu tenho aqui...
Outro disse: Não interessa, pouco importa, fique aí
Eu quero é saber o que você estava pensando
Eu avalio o preço me baseando no nível mental
Que você anda por aí usando
E aí eu lhe digo o preço que sua cabeça agora está custando
Minha cabeça caída, solta no chão
Eu vi meu corpo sem ela pela primeira e última vez
Metrô linha 743

Jogaram minha cabeça oca no lixo da cozinha
E eu era agora um cérebro, um cérebro vivo à vinagrete
Meu cérebro logo pensou: que seja, mas nunca fui tiete
Fui posto à mesa com mais dois
E eram três pratos raros, e foi o maitre que pôs
Senti horror ao ser comido com desejo por um senhor alinhado
Meu último pedaço, antes de ser engolido ainda pensou grilado:
Quem será este desgraçado dono desta zorra toda?
Já tá tudo armado, o jogo dos caçadores canibais
Mas o negócio aqui tá muito bandeira
Dá bandeira demais meu Deus
Cuidado brother, cuidado sábio senhor
É um conselho sério pra vocês
Eu morri e nem sei mesmo qual foi aquele mês

Ah! Metrô linha 743



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