quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Os jornalistas autômatos do Brasil



Sylvia Moretzsohn: 'Jornalistas argentinos dão exemplo de dignidade'

Repórteres e editores do 'La Nación" repudiam editorial do periódico


Jornal do Brasil
O editorial do jornal argentino “La Nación, de segunda-feira (23/11), que defende a anistia aos militares que atuaram na ditadura, foi repudiado pelos jornalistas da própria empresa.
O texto intitulado “No más venganza “(Chega de vingança) critica a prisão de militares acusados de crimes durante a ditadura vigente no país de 1976 a 1983.
A jornalista e professora da UFF, Sylvia Moretzsohn, no seu artigo intitulado "Jornalistas argentinos dão exemplo de dignidade", publicado na terça-feira (24/11) comenta que o  texto ousava comparar a luta armada de resistência ao regime militar nos anos 1970 aos recentes atentados em Paris e defendia uma revisão nas penas dos que cometeram crimes durante a repressão naquela época. Segundo ela, o próprio presidente eleito, o conservador Maurício Macri desmentiu o editorial, sem citá-lo, em sua primeira coletiva após a vitória, garantindo que manteria os processos.

Leia aqui o editorial na íntegra
Segundo o artigo de Sylvia Moretzsohn, os protestos dos jornalistas se multiplicaram pelo Twitter:
"Trabalho em La Nación, mas não concordo com o editorial de hoje. Não sou o único jornalista de LN que pensa assim".
"Trabalho para o jornal La Nación. O editorial de hoje é grave sob qualquer perspectiva. Um tiro contra a democracia e o país".
"Repudio o editorial de La Nación de hoje. Nem esquecimento, nem perdão. Não ajuda nem um pouco ao governo que apela ao entendimento. Triste".
"O editorial representa a empresa, não seus trabalhadores".
E comemoravam:
"Há algo de bom no editorial de hoje do La Nación: gerou uma onda de repúdio sem precedentes entre os trabalhadores do jornal".
"É um orgulho ver que tantos companheiros de trabalho repudiam o editorial".
De acordo com Sylvia, pouco depois, o jornal publicava em seu site um texto sobre a repercussão negativa do episódio. Ao final, reproduzia a nota dos jornalistas, suprimida pouco depois, sem qualquer justificativa ou esclarecimento aos leitores: não houve sequer informação sobre a "atualização" do texto, o horário de publicação se manteve. Mas a nota pode ser lida em outro site, e é assinada pelas "comissões internas de imprensa e gráficos":

Protesto ganhou força nas redes sociais, logo após jornalistas se reuniram na redação para foto
Protesto ganhou força nas redes sociais, logo após jornalistas se reuniram na redação para foto
Os jornalistas se reuniram na redação e posaram para uma foto, na qual seguravam placas com os dizeres “eu repudio o editorial”. A imagem foi divulgada nas redes sociais, com o seguinte comunicado:
“Os trabalhadores do La Nación S.A. dizemos NÃO ao editorial que, com o título “Chega de vingança”, foi publicado hoje, segunda-feira, 23 de novembro de 2015, na página 32 do jornal.
Nós que trabalhamos no jornal La Nación, nas revistas que edita a empresa, nas versões online de todos os produtos jornalísticos, entendemos que a vida democrática implica na convivência de distintas ideias, projetos e identidades políticas. Convivemos, entre essas paredes, trabalhadores que expressam essa diversidade e, a partir de nossas diferenças, construímos um sentido comum.
Tendo em vista essa diversidade, rejeitamos a lógica que pretende construir o editorial de hoje, que em nada nos representa ao igualar as vítimas do terrorismo de Estado e o acionamento da Justiça em busca de reparação nos casos de crimes contra a humanidade aos castigos aplicados a presos políticos e a uma “cultura da vingança”.
Os trabalhares do jornal La Nación dizemos SIM à DEMOCRACIA, à continuidade dos julgamentos dos crimes contra a humanidade e dizemos NÃO ao ESQUECIMENTO.
Por MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA”

Diferenças marcantes entre o Brasil e a Argentina
Sylvia Moretzsohn, em seu artigo destaca que não são poucas as diferenças entre a Argentina e o Brasil, especialmente quando se trata da maneira de encarar os crimes cometidos - inclusive solidariamente - durante as respectivas ditaduras. de acordo com a professora da UFF, lá, as fortíssimas resistências ao julgamento dos militares e seus colaboradores foram enfrentadas vigorosamente e o lema "ni olvido, ni perdón" acabou prevalecendo. Aqui, a Lei da Anistia, aprovada em 1979, acabou usada para o que de fato ela não acolhe - o perdão aos torturadores, a partir de uma interpretação propositalmente distorcida da expressão "crimes conexos", que supostamente abrangeria quem participou da repressão às ações de resistência ao regime. Pior: ainda que a lei beneficiasse também os torturadores, eles só poderiam ser anistiados depois de processados - pois a anistia só pode ocorrer no processo -, o que jamais aconteceu. E, ainda hoje, sempre que se volta ao tema, a reação contra o suposto "revanchismo" é imediata. Não por acaso, as Comissões da Verdade, tanto as regionais quanto a nacional, tiveram tanta dificuldade em trabalhar, e apresentaram resultados muito aquém dos esperados.

Quem imaginaria algo parecido no Brasil?
Para Sylvia, o caso do La Nación também evidenciou diferenças marcantes no comportamento de jornais e jornalistas. Quem imaginaria algo parecido no Brasil? Por aqui, em outros tempos, houve manifestações coletivas nos locais de trabalho, houve assembleias numerosas que chegaram a aprovar greves, mas isso foi numa época em que também tínhamos comissões de redação e alguma clareza sobre o papel de cada um na hierarquia das empresas, sobre as diferenças de interesses entre a massa de jornalistas e quem estava no comando. Por mais que tivéssemos, como sempre tivemos, dificuldade em nos assumir como trabalhadores. Mas, e hoje?
O episódio mais recente em que jornalistas de uma grande redação ensaiaram uma atitude rebelde ocorreu no Globo, em 2013, logo após a famosa primeira página de 17 de outubro daquele ano, que exultava com a possibilidade de punição exemplar aos "vândalos" recolhidos em massa pela polícia no Rio na noite anterior - e os "vândalos" eram manifestantes que estavam pacificamente sentados nas escadarias da Câmara dos Vereadores e do Teatro Municipal, na Cinelândia.
Foi o auge do descontentamento interno com a linha editorial que, desde o início dos protestos detonados pelo Movimento Passe Livre, em junho, não perdia uma oportunidade para condenar os movimentos sociais. Ativistas se movimentaram na internet para entupir a caixa postal do jornal com mensagens indignadas, que acabaram bloqueadas para a redação, o que aumentou a revolta dos jornalistas. Um grupo de profissionais mais jovens se reuniu para redigir uma carta aberta à direção da redação, mas logo se desmobilizou, com medo das consequências.
Desde então, o cenário só piorou, com a sucessão de passaralhos promovidos pelas empresas: viver permanentemente sob a ameaça de perder o emprego - e, pior ainda, de não conseguir arrumar outro, diante da sistemática eliminação de vagas - é a receita mais eficaz para fazer arrefecer qualquer ímpeto de contestação.

O dedo na ferida
A jornalista e professora destaca que "eis que, de repente, um jornalista resolve publicar em seu blog um texto que sintetiza com precisão o ambiente em que atualmente a profissão se desenvolve". A partir de um título aparentemente inocente, "Chega de notícias ruins", Sidney Rezende pôs o dedo na ferida. Três trechos são particularmente contundentes:
"Há uma má vontade dos colegas que se especializaram em política e economia. A obsessão em ver no Governo o demônio, a materialização do mal, ou o porto da incompetência está sufocando a sociedade e engessando o setor produtivo".
"Reconheço a importância dos comentaristas. Tudo bem que escrevam e digam o que pensam. Mas nem por isso devem cultivar a 'má vontade' e o 'ódio' como princípio do seu trabalho. Tem um grupo grande que, para ser aceito, simplesmente se inscreve na 'igrejinha', ganha carteirinha da banda de música e passa a rezar na mesma cartilha. Todos iguaizinhos".
"Uma trupe de jornalistas parece tão certa de que o impedimento da presidente Dilma Rousseff é o único caminho possível para a redenção nacional que se esquece do nosso dever principal, que é noticiar o fato, perseguir a verdade, ser fiel ao ocorrido e refletir sobre o real e não sobre o que pode vir a ser o nosso desejo interior. Essa turma tem suas neuroses loucas e querem nos enlouquecer também".
Não faltaram cabeças para vestir a carapuça e a reação da turma das neuroses loucas não se fez esperar. Jornalista de vasta experiência, âncora da GloboNews há 19 anos, um dos raros a manter uma postura sóbria, contrária à tendência à informalidade engraçadinha que vem transformando os apresentadores de telejornais em animadores de auditório, Sidney publicou seu texto no dia 13 de novembro. No dia 14, trabalhou normalmente. Ao fim do expediente, foi comunicado de sua dispensa.
O mais curioso - o que apenas confirma a justeza das críticas do jornalista - é que essa demissão ocorre no momento em que as entidades patronais se movimentam contra a recém-aprovada Lei do Direito de Resposta. Falando diretamente ou através de colunistas famosos, contestam o que seria a imposição de uma "mordaça" - Míriam Leitão chegou mesmo a afirmar que a lei seria "a mais genuína representante do bolivarianismo no Brasil".
É o velho discurso refratário ao estabelecimento de qualquer forma de regulamentação da atividade jornalística, sob o argumento de que uma lei específica seria uma forma de cercear a liberdade de expressão e de imprensa. Nem se trata disso, como deveria ser óbvio, pois qualquer profissão deve obedecer a regras, e a própria ombudsman da Folha de S.Paulo apontou a dificuldade de se "defender sem reservas a autorregulação da mídia" diante da notória resistência de jornalistas em reconhecer erros. De todo modo, seria o caso de perguntar: os jornalistas têm liberdade de expressão?
Se as várias formas de vigilância que as empresas exercem regularmente sobre seus funcionários - e que certa vez associei à "maldição de Figaro", o famoso personagem de Beaumarchais que era livre para tudo, desde que não fizesse nada - já forneceriam uma resposta, a demissão de Sidney Rezende não deixaria qualquer dúvida.

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Direito de resposta irrita donos da mídia

Por Altamiro Borges
Os barões da mídia até agora não engoliram a aprovação da lei do direito de resposta e já organizam a sua artilharia pesada para sabotá-la. As três principais entidades patronais - Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão (Abert), Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e Associação dos Editores de Revistas (Aner) - já divulgaram manifestos raivosos contra o projeto finalmente aprovado no Senado e sancionado pela presidenta Dilma. Numa ação articulada, os grupos monopolistas também acionaram seus aliados para bombardear a nova lei. Em discurso nesta segunda-feira (23) num evento da Aner, o juiz Sergio Moro - novo herói da direita nativa - fez duros ataques ao direito de resposta. 
Para o midiático carrasco da Lava-Jato - operação famosa pelas prisões ilegais e vazamentos seletivos -, "a lei ficou vaga demais. A forma, procedimento e vagueza da lei em não estabelecer as hipóteses em que esse direito pode ser exercido acabam possibilitando que ela seja utilizada como instrumento de censura". A pequena plateia, composta por executivos e serviçais da Globo e da Veja, entre outros veículos, foi ao delírio com a sua declaração subserviente. Com certeza, o juiz seguirá com todos os holofotes da mídia na sua tentativa fascistizante de satanizar os políticos e a política no Brasil.
Outro aliado acionado foi o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, que nos últimos tempos se tornou um influente lobista dos barões da mídia. Em entrevista à Folha nesta sexta-feira (20), ele afirmou que a "a lei do direito de resposta é hostil à liberdade de imprensa" e que ela "é constitucionalmente duvidosa" porque tem dispositivos que tolhem o direito de defesa de veículos de comunicação. A entrevista no jornalão, que apoiou a ditadura no passado e hoje investe no golpismo, parece ter sido feito sob encomenda e revela a estratégia patronal para derrubar a nova lei.
Tanto que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que expressa os interesses de muitos escritórios de advocacia que prestam serviços aos monopólios midiáticos, já decidiu que irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a legalidade do direito de resposta. PSDB, DEM e PPS, que votaram contra a nova lei e gozam de total blindagem na imprensa partidarizada, também anunciaram que ingressão com ações contra este direito que é garantido em quase todo o planeta. Como se nota, a aprovação da lei do direito de resposta foi uma vitória da democracia, mas ela ainda corre riscos!

Fonte: Blog do Miro
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Enquanto jornalistas argentinos dão exemplo de dignidade, aqui no Brasil, nos grandes veículos de mídia, o jornalista deve seguir a mesma linha de pensamento e de ideologia de seus patrões, caso contrário será demitido, como ocorreu com o jornalista da Globo News recentemente.

É sempre bom lembrar, também, que nas organizações globo, em programas de entrevista e de jornalismo, as perguntas feitas pelos jornalistas são elaboradas, previamente, pelo Diretor da emissora, como afirmou jornalista que se demitiu de Globo.

Nem mesmo a liberdade para formular questões é permitido aos  jornalistas do Grupo Globo.

Para a velha mídia anacrônica e anti-democrática , direito de resposta é bolivarianismo e ditadura.

Para os jornalistas de velha mídia brasileira, jornalistas não cometem erros.

Por um lado não estão errados, já que se comportam como escribas autômatos, nos textos e entrevistas, e como atores da notícia, no caso de telejornais.

A propósito, eu sou amigo do Lula.

Já que citei Lula, cabe lembrar que as eleições no Brasil e na Argentina, tiveram seus vencedores, Dilma e Macri, respectivamente, com a mesma vantagem, algo aproximado em 3 pontos percentuais.

Antes de encerrar a apuração, o candidato Scioli, derrotado, admitiu a derrota e parabenizou o vencedor.

Aqui, no Brasil ,a diferença que deu a vitória para Dilma, foi motivo de pedido de recontagem de votos e , até hoje, passados mais de 12 meses do resultado da eleição, as oposições e a velha mídia estão empenhadas em um golpe de estado por não aceitarem a quarta derrota seguida para o PT.

Cabe ressaltar que em números absolutos essa diferença foi de 700 mil votos , na Argentina , e de 3 milhões de votos , aqui no Brasil. 

Já que o assunto principal é o editorial do jornal argentino La Nacion, cabe lembrar que recentemente o jornal O Globo publicou um editorial em que admitia ter sido um erro, um equívoco,  ter apoiado o golpe de estado militar de 1964.

Ora, quem conhece o  Grupo globo sabe  que o Grupo não só apoiou abertamente o golpe militar , como também apoiou o regime violento que se seguiu ao golpe  e durou 21 anos.

Muitos jornalistas que hoje trabalham no Grupo Globo e foram vítimas da ditadura militar, sofrendo torturas e mesmo tendo que se exilar em outros países, nada disseram sobre o "editorial arrependido".

Uma vergonha total. Uma falta de dignidade.

Somente a mídia independente e suja questionou o editorial arrependido de globo.

Ahhh ! Ia me esquecendo. 
Alguns militares, da turma de pijama e saudosos da ditadura militar, se manifestaram e criticaram o editorial de globo.

Ficou famosa a frase de um militar carente da ditadura sobre o suposto equívoco de globo - manifestado no editorial arrependido -  em apoiar o golpe. 

Assim o militar se manifestou na ocasião:

"equívoco , uma ova"

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