quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Com a verdade vindo à tona, jornalistas de globo choram... de raiva !

Sem a comoção do mundo ocidental, nos últimos dois anos EI matou mais de 100 mil muçulmanos

Por Conceição Oliveira novembro 17, 2015 14:56
Sem a comoção do mundo ocidental, nos últimos dois anos EI matou mais de 100 mil muçulmanos
Não é só Paris, países de maioria muçulmana sofrem gravíssimos atentados inclusive no interior de suas mesquitas. Parem de tratar islamismo como sinônimo de terrorismo. Segue uma breve lista de alguns atentados do Estado Islâmico ocorridos em 2015 que nos ajudam a compreender a crônica e a indignação de Lelê Teles.
11/01/2015 – Paris, França: ataque ao semanário satírico Charlie Hebdo deixou 12 pessoas mortas
20/02/2015 – Derna, Líbano: Três carros-bomba mataram ao menos 40 pessoas em Derna.
20/03/2015 – Sana, Iêmen: 137 mortos num atentado dentro de uma mesquita
19/04/2015- Líbia: Dezenas de cristãos foram mortos, alguns decapitados.

22/05/2015- Arábia Saudita: Mais de 20 pessoas foram mortas e 120 ficaram feridas em um ataque suicida ligado ao “EI”
17/06/2015 – Sana, Iêmen: uma série de ataques com carros-bomba na capital mataram ao menos 30 pessoas.
26/06/2015- Tunísia: um atirador disfarçado de turista em um resort no Mediterrâneo matou ao menos 38 pessoas – a maioria de turistas britânicos.
1/07/2015 – Península do Sinai, Egito: terroristas do EI mataram dezenas em ataques simultâneos na Península do Sinai.
20/07/2015 – Suruc, Turquia: ataque a um centro cultural, deixando ao menos 32 mortos
24/09/2015- Arábia Saudita: ataque suicida que deixou 15 mortos, sendo que 12 deles eram membros da força de segurança saudita.
06/10/2015 – Iêmen: uma série de ataques de homens-bomba em duas das maiores cidades do país matou 25 pessoas. Menos de duas semanas antes, um outro atentado no país também deixou mais de 20 mortos após a explosão de bombas em uma mesquita.
31/10/2015 – Balneário de Sharm el-Sheik, Egito: grupo afiliado ao “EI” reivindicou um ataque que derrubou um avião de uma companhia aérea russa. O Airbus 321 decolou da região turística egípcia com destino a São Petersburgo, na Rússia. As 224 pessoas que estava a bordo morreram.
12/11/2015 – Beirute, Líbano: duplo ataque suicida destruiu uma área comercial da cidade, bem na hora do rush, deixando 43 mortos e mais de 200 feridos. Foi o pior ataque à cidade em anos.
13/11/2015 -França: 6 ataques quase simultâneos na região central de Paris deixou ao menos 120 mortos e centenas de feridos.



SERÁ QUE VAI TER CHARGE DO CHARLIE HEBDO?
Por Lelê Teles
acordei hoje cercado por beatos nas redes sociais. todos rezando por Paris.
curioso e incréu, fui checar as razões dessa repentina e genuflexa beatificação da humanidade.
e qual não foi minha surpresa.
um odioso ataque à Cidade Luz, metralhadoras fuzilando metaleiros numa boate, sons de bombas estragando uma partida de futebol, mais de cem pessoas mortas, centenas de feridos.
isso é rotina na maior parte do mundo, como se sabe.
mas o barulho de ontem foi imediatamente descrito como o maior ataque terrorista desde o 11 de setembro?
sério, cara?
e aquele atentado no qual morreram 140 pessoas numa escola no Paquistão, por que não entrou no ranking?
e os milhares de civis, crianças, mulheres, velhos e enfermos em hospitais assassinados pelos mísseis israelenses, tão no ranking?
as vítimas inocentes dos drones assassinos tão nesse ranking?
é possível, é humano, orar pela morte de uns e nem sequer chorar pela morte de outros?
quando caiu um avião russo, com mais de 200 pessoas, na Península do Sinai, os chargistas franceses fizeram graça.
graça também fizeram dos refugiados sírios que corriam pra lá com medo dos barbudos malvados.
qual é a graça agora? teremos charges ou só orações?
Quanto ao avião russo, tem dois artigos de Valentin Vacilescu aqui e aqui, pra quem lê em francês, que mostram razões para todos começarmos a rezar.
Obama diz que agora todos vão investir contra o Estado Islâmico. antes, claro, era tudo de mentirinha.
aqueles drones jogando bomba na cabeça de crianças era pura mise-en-scène.
não faltam os que falam que foi um crime perpetrado por muçulmanos, sem se dar conta de que esses barbudos malvados já mataram mais de 100 mil muçulmanos só nos últimos dois anos.
é como dizer que são cristãos os que soltam bombas a partir de drones na cabeça de crianças afegãs.
essa própria conversa mole de reza já é um agendamento com viés político-religioso, o tal choque de civilização; isso é ideologia na veia.
como diz Vacilescu isso é intoxicação.
e por falar em intoxicação, lembrem-se, o Rio Doce tá morrendo, bem aqui diante de seus olhos, suas lágrimas podem ajudar a limpar aquela sujeira.
e oh, aos que estão rezando por Paris, parem.
é por causa de rezas que essas porras estão acontecendo.

Fonte: MARIA FRÔ
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Wagner Iglecias: Não são atentados os que ocorrem no Afeganistão, Paquistão, Iraque, Síria, Líbia?

homenagem_mortos_Paris_Foto: JB Gurliat/Maire de Paris

CIVILIZAÇÃO FÓSSIL
por Wagner Iglecias, especial para o Viomundo
publicado em 17 de novembro de 2015 às 10:54

Neste domingo, durante discurso feito na reunião dos BRICS no G-20, na Turquia, a presidente Dilma Rousseff citou o Estado Islâmico em referência aos atentados em Paris e disse que é urgente “uma ação conjunta de toda a comunidade internacional no combate sem tréguas ao terrorismo”.
Vindo de alguém na posição dela não se podia esperar algo muito diferente disso. Mas trata-se de uma declaração protocolar, oca, formal, dado que combater o terrorismo é combater a consequência, e não as causas do problema. Visões como essa só darão mais combustível ao belicismo crescente, à xenofobia contra o Islã e tornarão cada vez mais difícil a construção da paz.
Muçulmanos não são seres irracionais e sua fé religiosa não está além ou aquém das outras crenças ocidentais, como o Cristianismo e o Judaísmo. Grande parte do avanço científico e tecnológico europeu ao longo de séculos é fruto do convívio com os povos islâmicos, é bom que se diga. E tampouco estamos vivendo um “Choque de Civilizações” entre o Islã e Ocidente, como sugeriu um dia o pensador conservador estado-unidense Samuel Huntington. Por outro lado é óbvio que os atentados terroristas na França, provavelmente perpetrados pelo Estado Islâmico, nos soam horripilantes. E são mesmo.
Mas fica a pergunta: não são atentados como os da capital francesa, ceifando a vida de tantos inocentes, que ocorrem quase que semanalmente há mais de uma década se considerarmos o conjunto de países (ou ex-países) como Afeganistão, Paquistão, Iraque, Síria, Iemen, Libia, Somália, Quênia, Nigéria e outros, dos quais muitos de nós aqui, no Extremo Ocidente, na longínqua periferia do Império, nem ficamos sabendo?
Talvez o que mais nos apavore, além das terríveis imagens vindas da tragédia de Paris, uma das capitais culturais de nosso tempo, é imaginar a hipótese de que esta rotina macabra não seja mais uma exclusividade de países pobres e distantes, e que possa a partir de agora ser parte do cotidiano das sociedades mais ricas do mundo, exatamente aquelas nas quais tantos de nós se espelham.
Logicamente seria muita pretensão deste que vos escreve, ou de qualquer outra pessoa, tentar responder à questão sobre quais são as causas do terrorismo contemporâneo. Afinal trata-se de um tema  demasiadamente complexo, que carece ser analisado a partir de múltiplos aspectos. Mas tenho a impressão de que a instabilidade política instigada pelo Império e seus prepostos europeus no Oriente Médio e no Magreb na última década e meia é a principal razão para este novo ciclo de instabilidade global que se forma a partir daquela região do mundo.
Sim, a Líbia de Muamar Gaddafi, o Iraque de Sadam Hussein ou a Siria de Hafez al-Assad (pai de Bashar al-Assad) eram ditaduras. Houve neste países presos políticos e perseguições a opositores. Mas é certo que havia também alguma estabilidade institucional e não ocorria o banho de sangue, na escala atual, como este promovido na região desde a primeira Guerra do Golfo e as posteriores incursões ocidentais naquela parte do mundo.
Organizações internacionais estimam que no Iraque teriam sido assassinadas apenas entre 2003 e 2006 entre 600 mil e 1 milhão de pessoas. Durante os seis primeiros meses de guerra civil para por fim ao governo de Gaddafi na Líbia, em 2011, estima-se que entre 30 mil e 50 mil pessoas tenham sido mortas. Na atual guerra para derrubar o governo de Bashar al-Assad na Síria estima-se que 250 mil pessoas já tenham perdido a vida, 7 milhões tenham se deslocado forçadamente dentro do território sírio e outros 4 milhões tenham saído ou tentado sair do país por conta da violência.
As incursões feitas pelo Ocidente contra governos da região são, ao menos ao nível do discurso, para levar àqueles povos a liberdade e a democracia. Trata-se, curiosamente, de países não alinhados aos governos dos EUA e da Europa e situados sob ricas reservas de petróleo, gás natural e outros recursos fósseis fundamentais ao modelo de desenvolvimento ocidental. Modelo de desenvolvimento que faz com que os estado-unidenses, que constituem apenas 5% da população do planeta, sejam responsáveis por 14% da emissão global de gases de efeito estufa e consumam 25% da energia mundial. Modelo de desenvolvimento baseado em trabalho excessivo, consumo exacerbado e desperdício. Modelo de desenvolvimento que formou uma sociedade disciplinada e individualista, na qual parcela significativa da população vive movida a ansiolíticos, antidepressivos e outras drogas. Modelo de desenvolvimento que irá buscar aonde for necessário, em qualquer lugar do mundo, os recursos para a sua alimentação e a sua continuidade. Modelo de desenvolvimento que se orgulha de suas garantias e liberdades individuais, de seu protagonismo, de sua liderança e de sua democracia. Mas modelo de desenvolvimento que, em verdade, resulta numa civilização fóssil, calcada numa sociedade que para dar sentido à sua forma de viver depende da exploração insana e permanente de recursos energéticos esgotáveis e poluidores, aonde quer que eles estejam e ao custo que custarem.
Buscar as razões para as ações terroristas é muito difícil. Mas os atentados não são causa, e sim consequência. Fato é que enquanto bombas e tiros ocorrem em algum lugar, ceifando vidas inocentes, seguimos na marcha batida de um tipo de civilização predatória, belicista, individualista e alienada, no qual a vida humana parece ser menos importante que o lucro, a solidariedade menos importante que a ganância e a natureza menos importante que a riqueza material de uma pequena parcela da Humanidade.
Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP

Fonte: VIOMUNDO

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Chomsky: Invasão do Iraque pelos EUA é a raiz do terrorismo e o pior crime do milênio

Por Conceição Oliveira novembro 18, 2015 10:01
Chomsky: Invasão do Iraque pelos EUA é a raiz do terrorismo e o pior crime do milênio
Como sempre, Chomsky desvela o que todo discurso midiático esconde. Neste vídeo ele discute os significados de terrorismo no direito internacional e para os que são atacados diuturnamente pelos senhores da guerra. Para Chomsky o Estado mais extremo, radical e fundamentalista do mundo, a Arábia Saudita, é o principal aliado dos Estados Unidos.
De acordo com Chomsky, a própria CIA reconhece que o Estado Islâmico é resultado da invasão estadunidense no Iraque: ‘o pior crime do milênio’ praticado pelos EUA. Centenas de milhares de pessoas foram mortas, torturadas, o país destruído, 4 milhões de pessoas deslocadas e 2 milhões de refugiados, sob os olhos de todo o mundo sem qualquer reação para proteger as vítimas do Iraque.

Fonte: MARIA FRÔ
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Donos da mídia e a paternidade do terror

Por Rita Coitinho, no site Vermelho:

Parece cruel supor que o os verdadeiros responsáveis pela tragédia que se abateu sobre Paris na última sexta-feira sejam os próprios poderosos franceses e seus aliados da Otan. Assim como parecia insensível a atitude de quem atribuía aos próprios (poderosos) estadunidenses a responsabilidade pelos atentados de 11 de setembro de 2001.

Parece. Mas nem tudo o que parece é. A realidade é sempre mais complexa do que apontam os fatos tomados isoladamente. E é por isso que a crítica marxista ao positivismo foi arrasadora. Olhado isoladamente o fato social nada nos diz, são suas múltiplas conexões que podem nos fornecer um olhar mais aproximado do todo social e alguma explicação da realidade em toda a sua complexidade.

Não há como compreender os acontecimentos de Paris por uma lógica dualista que opõe a “nós” (ocidentais, cristãos etc.) e a “eles” (orientais, não cristãos etc.). Primeiro porque não há “nós”, numa comunhão perfeita, onde os “ocidentais” seriam uma comunidade coesa e livre de conflitos. E porque não há “eles” como um amálgama social formado por valores estranhos ao tal do “ocidente”, um conjunto coeso, que compartilha valores e aspirações “anti-ocidentais” e violentas.

Enquanto a mídia ocidental chora as vítimas francesas e aplaude o discurso de guerra de Hollande (tal como fez com Bush em 2001) como um ato de honra, o Líbano chora seus mortos e feridos num atentado ocorrido pouco antes do de Paris, a Síria lamenta cinco anos de atentados quase diários e de proporções maiores, a Palestina chora a diáspora de décadas e o Quênia lamenta a centena e meia de estudantes mortos em uma universidade. A dor francesa é de todos nós, é claro, mas por que para a mídia ocidental ela é mais dolorida do que a dor libanesa, síria ou queniana? Talvez porque “eles” sejam diferentes de “nós” e, portanto, mais “acostumados” às asperezas dos conflitos, afinal “eles” são a origem do mal.

Essa é a versão da mídia ocidental, que nos é empurrada diariamente em noticiários e comentários de “especialistas”. Se olharmos mais de perto, porém, e fizermos algum esforço de conexão entre os fatos, não será difícil encontrar a mão do governo francês na origem do Daesh (ou Isis), assim como não era difícil mostrar as conexões entre os EUA e a Al Qaeda e, agora também, o Daesh. Talvez alguém aponte aqui alguma falta de sensibilidade, mas é impossível deixar de atentar para que transcorridas poucas horas após a odiosa tragédia de Paris - nem bem identificados e chorados os mortos - o governo francês já sobrevoava a Síria e bombardeava “áreas controladas pelo DAESH”. A mesma França que se opunha, há poucos dias, à ofensiva russa, iniciada em 30 de setembro com a autorização do governo constitucional de Assad, contra as instalações dos terroristas na Síria. A mesma França que financia os bandos armados que desestabilizam a Síria e que tem múltiplos interesses geoestratégicos a defender naquela região.

Já não assistimos algo semelhante em 2001? Os atentados de 11 de setembro não foram seguidos de um discurso inflamado de Bush Jr. onde se invocava a proteção de “deus” e o posicionamento do mundo, a favor ou contra os EUA? Logo Bush Jr., cujas conexões com as empresas petroleiras atuantes no Oriente Médio eram amplamente conhecidas? Logo os EUA, que apoiaram, treinaram e financiaram Osama Bin Laden para fortalecer a Al Qaeda como instrumento de guerra contra a presença soviética no Afeganistão?

A propaganda midiática esquece-se de propósito dessas conexões. E ignora, também de propósito, o sofrimento dos povos daquela região do mundo. Trata-os como “outros” para tornar honrosa a guerra da agressão promovida pelas potências do ocidente e de Israel. Perpetua a velha forma da propaganda antecipada, que prepara o caminho palatável da guerra de agressão. O que a grande mídia faz a respeito dos episódios recentes não é muito diferente do que os grandes jornais já faziam no final do século XIX, como mostra essa passagem do livro “História da Nação Latino-americana”, de Jorge Abelardo Ramos a respeito das agressões dos EUA a Cuba (que visavam sua anexação):

“O magnata do jornalismo marrom, William Randolph Hearst, proprietário doJournal, enviou para Havana [em 1898] o seu melhor desenhista, Frederic Remington, e o seu famoso jornalista, Richard Harding Davis, os quais contratou por três mil dólares ao mês para preparar a opinião pública norte-americana em relação à guerra que o seu jornal preconizava. Entretanto, ambos os jornalistas passavam suas entediadas tardes no bar do Hotel Inglaterra bebendo. Até que um dia, por acaso sóbrio, Remington telegrafou para Hearst: “Tudo está tranquilo (...) Não haverá guerra (...) Desejo voltar”. Hearst respondeu com outro telegrama que se fez célebre: “Por favor, fique. O senhor providencie os desenhos e eu providenciarei a guerra”.

Mais de cem anos depois os magnatas da informação continuam fazendo o mesmo que o proprietário do Journal: providenciando a guerra. Ou, como expressou recentemente o vice-ministro russo da Defesa, Anatoly Antonov, travando, permanentemente, uma “verdadeira guerra de informação”.

“Em tempo de guerra, a primeira vítima é a verdade” (Boake Carter).
Fonte: Blog do Miro
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