quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Temporada de denúncias

Reforma e conta de Cunha trarão temporada de “denúncias” contra Lula   

  
publicado 01/10/2015                    
Brito: é como num jogo de xadrez.
bessinha cigana cunha
O Conversa Afiada reproduz artigo de Fernando Brito, extraído do Tijolaço:


Reforma e conta suíça de Cunha trarão temporada de “denúncias” contra Lula


Desde que a decisão do Supremo de tirar a “exclusividade” de Sérgio Moro sobre a investigação dos casos de corrupção surgidos a partir da Lava Jato já era possível notar. E, agora, com os sinais de que o PMDB pode voltar à base do Governo e a divulgação das contas de Eduardo Cunha, o “senhor do impeachment” na Câmara, torna-se evidente que vai surgir um pipocar de “denúncias” contra Lula.

Como num jogo de xadrez, onde a perda de peças faz mirar quase que exclusivamente no Rei os movimentos, a oposição – quem quiser se esqueça da frase da ex-presidente da Associação de Jornais, Judith Brito, sobre quem era a oposição no Brasil – segue o roteiro de evitar que: a) os fatos desmontem a capacidade de  Eduardo Cunha de criar a “crise do impeachment” com a votação – mesmo transversa, através do famoso “recurso de plenário” – dos pedidos de impedimento da Presidenta da República e b) a construção de uma situação mínima de viabilidade política do Governo que reabilite suas condições de administrar, mesmo sem brilho, e não arraste para o fundo as possibilidades de Lula candidatar-se em 2018.

Para isso, tudo vale. Desde atribuir “crime” ao que é absolutamente legítimo, a atuação do ex-presidente em favor da projeção internacional de empresas brasileiras no exterior até histórias estrambóticas envolvendo “o filho do Lula”, embora variando de filho, desta vez…

(Sobre o assunto, leia o ótimo “O estupro diário do jornalismo“, publicado agora há pouco pelo Luís Nassif.)

Este e o caminho principal, paralelo a um “recapeamento” da “via de esquerda” da candidatura Marina Silva, esburacada pelo apoio a Aécio Neves ano passado, com  a ajuda do vício udenista de parte do PT que não entende – ou não liga – para o fato de que, antes de tudo, está em questão a luta para que não se restabeleça a hegemonia conservadora que sempre marcou o Brasil.

Fora, é claro, a insatisfação com a perda de “boquinhas” – seja pelas dificuldades econômicas, seja pela necessidade de ceder espaços – que deixa “bolada” muita gente de baixos teores ideológicos.
 
Fonte: CONVERSA AFIADA
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A discrição cúmplice dos jornalões com o “suiçalão” de Eduardo Cunha

escondecunha

Em qualquer país do mundo,  seria manchete a confirmação que o presidente da Câmara dos Deputados, terceiro na linha de sucessão presidencial de um governo que  está ameaçado de sofrer impedimento, e tanto da Presidenta quanto do seu vice, no caso da ação do TSE (é o que se noticia todos os dias, não é?) teve descobertas contas ilegais num banco suíço.

Não é “suspeita”, “denúncia”, “suposição” ou “dizem”. É informação oficial da Justiça da Suíça, com documentos, confirmada aqui pela Procuradoria Geral da República.

É uma “bomba”, no velho jargão jornalístico. Porque nem é preciso provar que o dinheiro é de corrupção, a simples evasão de divisas e a não declaração de patrimônio – obrigatória tanto como candidato quanto na posse do mandato – já é crime previsto no art. 13 da lei de improbidade administrativa, que vale também para os deputados:
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

Basta estar confirmada a existência da conta, de direito ou de fato, através de parente que não tenha razão econômica para tal para que se peça a condenação de Cunha e, antes disso, a cassação do seu mandato.

Nas edições de hoje da Folha e do Estadão, como assinalado na imagem, a notícia é uma “notinha” de primeira página.

Os destaques são para “suspeitas”, não para fatos; para o “supõe-se” e não para acontecimentos.

Claro, Cunha ainda pode ter serventia. Como escreveu um  daqueles inomináveis da Veja, citado hoje no ótimo artigo de Paulo Nogueira, no DCM, será que nossa imprensa “espera que Cunha derrube Dilma antes de ser preso.”?

O jornalismo brasileiro – salvo as ainda muitas exceções que, por isso mesmo, não o comandam – tornou-se o exercício do facciosismo político.

Um tipo destes, apanhado em flagrante, que se recusa até a negar que tenha as tais contas, esquecido (talvez nunca tenha sequer pensado nisso) de que é um homem público,, um servidor graduadíssimo da sociedade, o comandante do processo legislativo faz isso e dão-lhe “dez centímetros”, se tanto, das capas do jornais da “moralização” do país.


Que nome pode ter isso senão o de  cumplicidade?

Fonte: TIJOLAÇO

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